- Do que você está falando?

- Não seja ridículo Manuel ?

- Helena me contou do caso que esteve com você, e me disse que Afonso descobriu tudo por que ela disse que não aguentava mais mentir pra ele. Falei isso e ele se aproximou querendo me tocar.

- Não toque em mim, nunca mais vai tocar suas mãos sujas e assassina em mim.

- Não . Falou ele gritando. E continuo...

- Eu não tive culpa, não fui eu que matei ele.

- Foi você sim, por que nunca contou o que aconteceu aquele dia?

- Eu tenho....

- Tem o que ? As mãos sujas no caso, matou seu melhor amigo pra ficar com a mulher dele?

- Não matei ele, não matei ele, falou Manuel em um tom transtornado.

- Então por que nunca disse o que aconteceu no dia em que seu amigo morreu.

- É por que dói falar daquele dia, e ele me pediu pra não falar pra ninguém, não queria ficar com a fama de ...

- De corno do melhor amigo? Falei e ele começou a chorar.

- Eu errei, não tem um dia na minha vida que eu não me arrependo por isso.

- Se arrepende? Você é um monstro, eu devia ter te denunciado pra polícia naquele vez que espancou meu filho, agora entendo por que fez isso.

- Naquele dia ..

- Não fala nada, você teve sorte que Caizom não é igual você, eu te amava e enquanto você tentava me descartar eu fiquei lutando pra salvar meu casamento, como fui idiota.

- Me desculpa.....

- Desculpar????? Agora você quer desculpa. Por que não foi sincero comigo? Por que não me disse que estava apaixonado pela mulher do seu amigo e por isso estava abrindo mão de sua família. Falei enquanto ele ouvia e chorava e continuei..

- Admite que você só continuo comigo por que Helena te dispensou, ela me disse que você falou que iria se separar pra ficar com ela, e ela que disse que aguentaria mas esse peso no ombro.

- Por favor!!! Me escuta.

- Não quero mais ouvir uma palavra sua, vou embora e nunca mais ouse me procurar. Falei isso e subi para o quarto terminar de arrumar minhas mala.

Formou-se um silêncio na sala e entendi por que minha foi querer ir embora.

Fiquei com vontade de procurar meu pai e ouvir a versão dele da história, mas como ele não simpatiza muito comigo não acho uma boa ideia agora.

Mas quero saber, o por quê dele me tratar tão mal, o que o eu fiz pra ele não gostar de mim. Fiquei com isso na mente até encontrar um papel.

Sentei do lado da cama e abri o papel e comecei a ler .

" Já se passaram muitos dias não é mesmo ? Muitos momentos bons poderíamos ter vivido e está vivendo se nós ou a vida não tivesse armando tantas ciladas.

Me pergunto o por que de não ter dado certo logo de início, sendo que muitas vezes falamos de amor.

Compartilhamos sorrisos, lágrimas, livros em forma de texto e sentimentos através de palavras.

Formamos um casal logo no primeiro encontro, desde daquele seu gesto de heroísmo no pátio da escola.

Agente tinha tudo pra dá certo se não fosse todas essas ciladas.,..

Ciladas essas que nos roubou momentos mágicos, nos privou de muitos gozos e afastou de diversos tipos de prazeres.

Tem momentos que é tão confuso que eu nem sei descrever.

Não entendi o motivo de tantas energias fluírem contra, se tudo que o universo deseja é o compartilhamento do amor.

E eu te amei.....

Do meu jeito mais eu te amei....

Da minha maneira torci pra você ficar bem......

E do meu modo eu permaneci do seu lado.

Os planos fracassaram e você partiu....

O coração sangra cada vez que busco a sua presença e não encontro...

Sangra quando sinto fome do seu beijo e você não me sacia.

Talvez seja errado......

Eu tenho certeza que está tudo errado ....

Sinto que você nasceu pra mim e eu nasci pra você e nós nascemos pra nós.

Ainda sonho com nossos gêmeos correndo pela casa, sonho com a bagunça que nós três faremos"

Terminei de ler com os olhos marejados de lágrimas, lembro que esse dia em que escrevi foi quando Marcelo me disse que estava apaixonado por Laila.

Todos as lembranças inundaram a mente e fiquei imaginando como eu iria avisar Laila que estava indo embora, como ela saberia que eu ia morar no Rio de janeiro, e se ela não me escrevesse as cartas como me disse que faria.

As lágrimas começaram a cair, e eu queria dizer a minha mãe que não queria ir embora, só que eu não tinha esse direito, minha mãe estava certa em querer ir embora.

Limpei as lágrimas dos olhos, arrumei minhas malas e e sai na casa do diretor da escola avisar que estava indo embora e pedir para que enviasse minha transferência pelo correio para casa de minha irmã no Rio.

Cheguei na casa dele, toquei a campainha ele me recebeu, ficou surpreso com minha visita mas logo expliquei o caso e ele entendeu e concordou que mandaria tudo.

Voltei pra casa meu pai estava no escritório, pensei em ir falar com ele só que tive medo uma lembrança veio a mente ir....