20 - O Caminho do Herói
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O sol do início da tarde brilhava suavemente no céu de Nihsies, tingindo os jardins reais do palácio com um dourado cálido. Os horasis, áreas reservadas para os cuidados da cavalaria real, estavam silenciosas, exceto pelo som suave da brisa que agitava os galhos das árvores frondosas e as flores psíquicas que cercavam o espaço, em tons vibrantes de lilás e azul.
Um contraste gritante com a agitação que se dera há pouco menos de uma hora atrás, quando a certa distância, o majestoso salão do trono no interior do palácio parecia prestes a desmoronar, devido ao pandemônio causado pela crise de Mewthazar.
Alheio a tais acontecimentos, para Akenmyuu, a manhã havia sido preenchida com uma sessão de treinamento onde ele praticou tanto a equitação quanto o fortalecimento do elo psíquico com seu Mystralis chamado Stark.
Mystralis eram as principais montarias de Nihsies, como animais naturais do reino psíquico. Criaturas majestosas e etéreas, detinham um porte elegante que emanava uma aura sobrenatural. Seu corpo esguio era coberto por um pêlo brilhante que mistura tons suaves de lilás e azul prateado, com pontos luminosos espalhando-se ao longo de seu corpo que mudavam de forma levemente de acordo com sua respiração, representando sua conexão com as energias psíquicas do cosmos.
Dentro do estábulo real, Aken escovava cuidadosamente a longa crina lustrostrosa de Stark, um pouco emaranhada em seus chifres ramificados, feitos de um cristal psíquico translúcido que pulsava levemente em tons luminescentes de violeta e prata.
O animal enfim tinha se acalmado, enquanto o príncipe ainda tentava entender o que acontecera.
Há pouco mais de uma hora, tudo parecia bem; Stark galopava imponente com saltos precisos sobre os obstáculos do haras, trotando elegante e veloz, parecendo muito satisfeito em seguir as instruções que o príncipe lhe passava mentalmente, graças ao elo psíquico cada dia mais forte com seu pequeno cavaleiro.
Akenmyuu também se divertia ao conduzi-lo, sentindo um frio na barriga a cada salto bem calculado e o vento em seus cabelos platinados, mesmo sob o capacete de proteção. Nesses momentos, ele gostava de fingir que estava rumo a alguma missão épica, como os herois destemidos dos contos de fadas que lia para Myu-Tsuki.
Até que, subitamente, o corpo do Mystralis enrijeceu. Suas orelhas se curvaram para trás, os chifres pulsaram com um brilho fraco e sua respiração acelerou em um bufar tenso. Um arrepio percorreu a espinha de Aken quando sentiu a conexão entre eles vibrar como se uma onda de estática tivesse atravessado suas mentes. Até que, antes que pudesse reagir, Stark soltou um relincho estridente, ergueu-se nas patas traseiras e girou de forma brusca.
Tudo que o príncipe teve tempo de sentir foi uma força repentina puxá-lo para trás, enquanto suas mãos escorregaram das rédeas. O impacto veio rápido quando o filhote foi jogado ao chão. A proteção do traje de montaria amorteceu a queda, mas não o susto. Seu Mystralis nunca havia se comportado desse jeito. Ainda sentindo as mãos e o bumbum ardendo pelo impacto do tombo, Akenmyuu soltou um gemido surpreso, piscando atordoado enquanto a poeira subia ao redor. Stark seguia irrequieto, disparando coices violentos no ar.
Ainda tentando assimilar o que ocorreu, o príncipe mal tinha tentando se levantar quando os instrutores correram em sua direção para socorrê-lo. Eles imediatamente o tiraram dali, mas Aken não parecia tão preocupado consigo mesmo. Sua atenção estava fixa em seu Mystralis.
Stark continuava a relinchar e a se debater, os olhos brilhando em reflexos lilases acesos como chamas. Os cascos poderosos riscavam a terra com força, girando de maneira errática, como se o animal tentasse fugir de algo invisível. O elo mental que compartilhavam permitia que Aken captasse as mesmas sensações de perigo que afligiam sua leal montaria, o que provocou um arrepio por todo seu corpo, despertando seus sentidos de alerta. A energia no ar estava estranha, pesada, vibrante. Algo estava errado, muito errado.
O príncipe piscou com força buscando recuperar o foco. Seus olhos púrpura percorreram todas as direções, até que ele virou a cabeça na direção do palácio ao longe. Seu coração acelerou ainda mais, pois soube naquele mesmo instante que seu lar era o foco do que quer de perigoso que estivesse acontecendo.
Alternando o olhar entre Stark — que ainda tremia inquieto no centro do haras — e o palácio ao longe, Akenmyuu sentiu um aperto contra o peito, num misto de preocupação e urgência tomando seus pensamentos.
Sabia que os Mystralis eram sensíveis a ondas psíquicas, então, se Stark reagiu daquele jeito, algo realmente perturbador havia ocorrido. Seu pai estava fora, e Akenmyuu imediatamente não pôde deixar de se preocupar com a mãe e a irmãzinha no palácio. O medo lhe apertou o estômago.
Ele olhou uma última vez para Stark, que agora era contido pelos instrutores, e tomou uma decisão. Virou-se na direção do portão do haras e começou a correr. Porém, antes que pudesse continuar, uma figura imponente apareceu ao seu lado.
— Aken, espere.
Disse Odimyel, com suas asas luminosas se expandindo de forma protetora ao redor do neto. Sua presença angelical mantinha-se calma como de costume, porém, carregava uma gravidade que fez Akenmyuu hesitar.
— Vovô! Tem alguma coisa errada no palácio! Stark sentiu, e eu também! E o papai não está, eu preciso ver o que tá acontecendo!
— Não. — Odimyel cortou, sua voz serena mas firme. — É melhor que você fique aqui.
Aken ergueu a cabeça e encarou o rosto de seu avô e anjo da guarda, cujo olhar também se mantinha fixado no horizonte a certa distância, em direção ao palácio. Foi então que percebeu. Odimyel sempre trazia consigo um ar despreocupado e brincalhão, quase travesso, mas agora, seu semblante estava sério. Algo que o príncipe nunca havia presenciado antes.
Não era uma seriedade ríspida ou dura, mas carregava um peso que o príncipe não pôde ignorar e fez o filhote congelar no lugar.
— Mas… e quanto a mamãe? E a Suki? Elas vão ficar bem?
O menino perguntou hesitante, ainda sem mover um músculo, enquanto encarava o avô com um olhar temeroso.
— Vão sim. A Tsukinha está segura, ela também tem sua anja da guarda, lembra? E sua mãe é forte e poderosa o bastante para lidar com qualquer situação na ausência do seu pai. Além disso, ela está com bons aliados lá dentro, a sua avó e o Magistrado Mewhicann, então não se preocupe. Vai ficar tudo bem, Ake, mas agora, o vovô precisa que você obedeça e fique aqui, pode ser?
O avô anjo tentou confortá-lo, amenizando a seriedade em sua voz, quase voltando ao tom habitual.
Por mais que sua vontade gritasse para correr até o palácio, Aken respirou fundo e assentiu lentamente.
— ...Tá bom, vovô. Eu fico.
Odimyel relaxou um pouco, mas sua postura ainda era de alerta.
— Esse é o meu garoto.
Disse, pousando a mão sobre a cabeça do neto, bagunçando levemente seus cabelos.
Agora, a tempestade havia passado, trazendo uma calmaria surreal em comparação ao mencionado ocorrido que ainda tomava conta dos pensamentos do príncipe, se recordando de tais momentos.
— Pode me contar o que tá acontecendo agora, vô?
Akenmyuu perguntou, enquanto estendia para seu Mystralis uma meeple — fruta que parecia guardar um pouco da luz do sol em seu interior suculento, sob a casca roxa e dourada. O animal a aceitou com entusiasmo.
De volta a postura despojada, Odimyel, que estava de braços cruzados de forma descontraída, com um pé apoiado na parede do estábulo ao escorar nela e observando o neto, soltou um suspiro sutil, esfregando atrás da nuca.
— Olha, garotão, pra falar a verdade eu nem sei por onde começar direito, mas, digamos que… É um momento importante, onde muitas coisas significativas estão prestes a acontecer com o seu pai e… isso acaba envolvendo toda nossa família. Ainda preciso verificar mais a fundo, mas creio que o que aconteceu hoje faça parte disso.
Aken se virou, após oferecer ao mystralis mais uma fruta meeple. A expressão em seu rosto jovem não escondia toda a curiosidade atenta e ao mesmo tempo hesitação sobre o que o avô acabara de falar.
— Quando você diz parte “disso”, se refere à profecia que o papai está destinado a cumprir como escolhido do Lord Ghaceus? Porque a mamãe falou sobre, e que por esse motivo muitas coisas estavam prestes a acontecer e mudar, e que o papai talvez precisasse da nossa ajuda pra conseguir fazer tudo o que precisa.
Odimyel caminhou até ele, e novamente afagou seus cabelos os bagunçando de uma forma carinhosa e divertida.
— É… É bem isso sim. Você está no caminho certo, campeão. Todos nós vamos ajudar o seu pai no que ele precisar.
— Sei que nós vamos sim, mas, mesmo falando tudo isso, você ainda não explicou o que exatamente aconteceu no palácio mais cedo, vô…
Akenmyuu pontuou, cruzando os braços e encarando seu avô com um olhar de questionamento onde ele tentava parecer sério, mas só servia para deixá-lo mais fofo aos olhos de Odimyel.
— Bom, algo me diz que você vai descobrir assim que voltar pra lá…
O anjo comentou, com um olhar intrigante.
— Então já posso voltar? — O filhote perguntou, deixando nítida a ansiedade curiosa que acabara de aumentar.
— Sim, já é seguro. Ficarei te observando chegar, e depois vou me ausentar um pouco. Como eu disse, vou investigar um pouco mais sobre esse ocorrido. Mas você já sabe, precisando de mim, é só chamar que apareço no mesmo instante!
Akenmyuu o olhou intrigado.
— Ah, tudo bem, mas, você não falou que a vovó tá aqui no palácio? Não quer falar com ela antes de ir?
A expressão de Odimyel mudou instantaneamente, por mais que ele tenha tentado disfarçar, diante da pergunta inocente do neto. Ele desviou rapidamente o olhar, hesitante, como se, nem que por um milésimo de segundo, tivesse sido tragado por uma lembrança distante, uma lembrança de uma vida atrás, que agora não mais lhe pertencia. Ele se virou para Aken e sorriu de forma contida; um sorriso que, por mais que ele se esforçasse, não era capaz de ocultar a melancolia presente.
— Sabe o que é, meu neto, é que… o vovô realmente tem que cuidar disso. Angeligard deve ter alguma informação sobre essa confusão toda, então, vou aproveitar que você estará seguro no palácio e voltar ao Q.G do céu pra, você sabe… me informar, heh… Mas, mande um beijo pra vovó por mim, tá bom? Então, nos vemos mais tarde, ficarei de olho em você lá de cima!
Odimyel piscou para Akenmyuu e, com um último afago nos cabelos do neto, em questão de segundos ele desapareceu por completo, deixando apenas um resquício dourado cintilando no ar antes de se dissipar.
O príncipe ficou parado por um instante, ainda encarando o espaço vazio onde o avô estava. Não conseguiu deixar de notar o jeito estranho que ele reagiu quando mencionou sua avó. E, além disso, algo nele parecia apressado demais, como se estivesse evitando um assunto importante.
Mas, não era hora de pensar nisso. Aken estava mais ansioso para voltar ao palácio e quem sabe, conseguir algumas das respostas que tanto queria.
Sendo assim, ajustou as faixas de proteção nos pulsos, colocou os fones de ouvido e pegou o skate que havia deixado próximo a baia de Stark, quando chegou para a aula de equitação. Após despedir-se dele, com um impulso ágil, subiu na prancha e deslizou pela saída do haras, sentindo o vento bater contra seu rosto conforme ganhava velocidade.
O caminho de volta para o palácio passava pela ala sudeste, próxima aos Jardins Primaveris. O trajeto era sempre agradável, com as árvores de flores douradas e lilases tremulando levemente sob a brisa fresca, espalhando um perfume suave pelo ar, enquanto os pequenos lagos ornamentais ao longo do caminho brilhavam sob a luz do sol. Por mais que sua mente estivesse inquieta, o lugar sempre tinha um efeito relaxante sobre o príncipe.
Mas a calmaria durou pouco.
Assim que se aproximou da entrada sudeste do palácio, Akenmyuu notou um burburinho incomum entre os guardas. Eles estavam reunidos em pequenos grupos, concentrados em algo que brilhava em frente a eles. As telas holográficas projetadas de seus C-Techs piscavam no ar, e os soldados pareciam completamente absortos pelo que estavam assistindo. Alguns trocavam olhares animados, enquanto outros comentavam entre si com empolgação.
Com um olhar intrigado, o príncipe desceu do skate e se aproximou. Antes que pudesse perguntar do que se tratava, Mewrichter, um dos guardas mais jovens, recém saído da Academia Militar — um felin em seus 22 ou 23 anos, que ficara próximo de Akenmyuu por compartilharem o mesmo gosto por quadrinhos, videogames e filmes de ação — percebeu sua presença e o chamou de imediato.
— Aken! Vem cá! Você tem que ver isso!
O jovem soldado acenou ávido com a mão; os olhos brilhando de animação, enquanto estendia o C-Tech na direção do príncipe, revelando a gravação que todos ali assistiam com tanto entusiasmo.
Ainda não tendo crescido tanto quanto gostaria, Akenmyuu precisou se esticar um pouco para olhar melhor. Assim que seus olhos pousaram na tela do C-Tech de Mewrichter, os mesmo se arregalaram, e sua mente foi instantaneamente absorvida pelo que via.
Akenmyuu não tinha reconhecido o local de primeira, mas o vídeo se tratava de um upload vindo do próprio circuito interno do palácio, onde mostrava a sala do trono do trono em completo caos, envolta em luzes ofuscantes e ondas psíquicas distorcidas que tremulavam no ar como miragens destrutivas. E bem no centro daquele furacão de energia, uma figura imponente vestindo preto se destacava: o Magistrado Mewhicann.
O jovem príncipe até prendeu a respiração quando os disparos começaram. Mewhicann, com uma postura impecável fria como gelo, empunhava seu rifle mágico com cada tiro parecendo predestinado a encontrar seu alvo. Os feixes de energia obscurecida cortavam o ar em linhas perfeitas, impactando o campo de força roxo ameaçador com precisão cirúrgica. A cada impacto, faíscas crepitavam, e as ondas de distorção se intensificavam, como se o próprio espaço estivesse se partindo ao meio. O tempo parecia desacelerar enquanto Mewhicann movia-se entre os disparos. Sua expressão era imperturbável, e seu controle, absoluto.
Mewrichter deu zoom na tela no momento do golpe final. O décimo terceiro disparo atravessou a barreira com uma força esmagadora, e a explosão de luz que se seguiu iluminou toda a sala como um trovão divino. Quando o brilho roxo se dissipou, tudo que restava era o silêncio — e o magistrado em sua postura inabalável, como se já soubesse desde o início que venceria.
Akenmyuu piscou algumas vezes, tentando assimilar o que acabara de assistir. Seu coração batia disparado, e seu cérebro estava tão atônito pela ação que simplesmente recusava-se a acreditar.
— Isso é algum trailer?! Que filme é esse?! E quem é esse anti-herói novo?! Ele é incrível! É tipo um mago pistoleiro das sombras ou… ou… alguma coisa tão maneira quanto!
Exclamou o filhote em êxtase.
Mewrichter soltou uma risada ofegante, ainda tão empolgado quanto o príncipe.
— Acontece que não é um filme! Isso aconteceu de verdade, Ake! Bem aqui! Na sala do trono, hoje de manhã! EU TAVA LÁ! EU VI TUDO!
Akenmyuu sentiu uma onda de adrenalina percorrer seu corpo. Ele estava acostumado a ouvir histórias épicas, a ver cenas alucinantes em seus jogos e filmes favoritos, mas aquilo… aquilo era real, e acontecera em seu próprio lar apenas a algumas horas atrás. Aken estava prestes a explodir de empolgação. Seu coração martelava tão rápido que parecia que ia saltar do peito.
Até que tal empolgação foi imediatamente substituída por um sentimento incrédulo de frustração, ao se dar conta de uma coisa:
— E EU PERDI TUDO ISSO?! — O filhote passou as mãos pelos cabelos, inconformado, sentindo um gosto amargo por ter ficado fora justamente quando algo tão lendário aconteceu.
Mewrichter lhe dirigiu o mesmo olhar de incredulidade, misto de um pouco de pena.
— Pois é… Onde é que cê tava, carinha?
— No haras, na minha aula de montaria! Então foi por isso que meu mystralis perdeu o controle de repente e… Miargh! Eu não acredito que o vovô me proibiu de vir pra cá e eu perdi uma cena de luta tão épica quanto a do Capitão Mysticat gritando “Felinvengers, avante!” na batalha final contra o Thamewnos! Por quêêê??!!
O filhote exclamou desesperado, esfregando o rosto freneticamente com as mãos. Ele estava tão inconformado, que por um instante, Mewrichter achou que seu amiguinho da realeza estava prestes a ter um piripaque.
— Olha, sei que parece um saco, mas, tenta entender o lado do seu avô… — ele tentou consolar, pois era de conhecimento da maioria que o falecido rei Odimyuus, agora renascido como um anjo, era o mentor e guardião do neto. — Realmente não era um ambiente seguro pra crianças, Akezin… Tava cabuloso até pra gente. Quando ouvimos o chamado da rainha e nosso esquadrão chegou lá, a sala do trono tava um caos. O vice-rei de Magispell tava surtando, e aquela aura psíquica que saía dele nos fazia sentir como se o cérebro estivesse sendo espremido! Eu achei que fosse desmaiar a qualquer momento! Mas aí… aí… ELE chegou!
Mewrichter apontou dramaticamente para a tela, onde Mewhicann aparecia com sua arma arcana reluzindo entre sombras.
— O cara entrou sem hesitar, olhou direto pra aquele campo de força psíquico que nenhum de nós foi capaz de conter e só… começou! A sala do trono tinha virado um campo de batalha, mas o Magistrado Mewhicann chegou e simplesmente DESTRUIU aquele campo psíquico como se fosse nada! Cada tiro dele foi perfeito! Rápido e mortal, tipo um caçador implacável! Profissional, Ake, pro-fis-sional!
Mewrichter gesticulava exageradamente, revivendo a cena com tanta intensidade que parecia que ia levitar do solo de tanta empolgação. Ele continuou:
— Eu nunca vi nada igual! Quando o último disparo acertou, a barreira psíquica simplesmente EXPLODIU! O vice-rei de Magispell caiu no chão, o salão ficou em silêncio, e o Magistrado? Nem um fio de pelo fora do lugar! COMO SE FOSSE SÓ MAIS UM DIA NORMAL PRA ELE! Eu juro, cara, foi simplesmente ÉPICO! Sério, o lorde Mewhicann é o felin mais fod... quer dizer, mais badass que já vi na vida!
Akenmyuu não precisava ouvir mais nada. No lugar da anterior frustração por ter perdido tamanho espetáculo, uma energia vibrante percorria cada fibra do seu ser. Ele tinha que encontrar o Magistrado imediatamente. Precisava ouvir essa história direto da fonte.
Com o coração a mil, o garoto deu um salto para trás, virando nos calcanhares e disparou pelo pátio, deixando seu skate colidindo contra o chão com um estalo, rapidamente subindo nele enquanto ganhava velocidade.
— Valeu, Richter! A gente se fala! — gritou enquanto partia, sem olhar para trás.
— Aonde você vai?! — o guarda jovem adulto perguntou, com um sorriso maroto, pois já supunha pra onde o pequeno príncipe ia com tamanha ansiedade.
— Procurar o Magistrado Mewhicann! Meu vô disse que ele ainda tá aqui! EU PRECISO FALAR COM ELE AGORA!!!
Exclamou, conforme se afastava com cada vez mais velocidade, afoito demais para se lembrar da regra de sua mãe sobre não andar de skate dentro do palácio; e mesmo que se lembrasse, essa seria sua última preocupação, achando que valeria o risco de ser pego quebrando tal regra. Afinal, aquela era uma emergência, era por um “bem maior”.
Sendo assim, enquanto pegava mais impulso, a imagem do príncipe logo desapareceu, conforme ele deslizava pelos corredores em busca de seu mais novo ídolo que, ao que tudo indicava, salvara não só o dia, como também o palácio.
O observando a uma distância cada vez maior, o jovem guarda ficou para trás, ainda rindo e balançando a cabeça; no fundo desejando que pudesse voltar a também ter dez anos, para demonstrar à vontade toda aquela empolgação que acabara de partilhar com seu pequeno amigo príncipe.
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