32 - Aqueles Que Se Escondem
Em meio à multidão de líderes que se dispersava, desviando dos outros com a cabeça baixa e passos apertados, uma felin de pelagem amarelada e um topete loiro arrepiado, já se dirigia rumo à saída parecendo aflita para se retirar. Kinmyuu teve de fazer um esforço para alcançá-la.
— Com licença, Rainha Mewluxia. Você teria um minuto?
A felin loira se virou de súbito para o Rei Supremo, surpresa ao ser abordada por ele. — Oh! O-olá, Grande Rei. É claro que sim. No que posso lhe ser útil?
Apesar de suas palavras, ela parecia apressada e visivelmente ansiosa para se retirar.
— Está tudo bem com você, lady Mewluxia?
Kin perguntou com sutil preocupação. Os poucos instantes que ela levou para encará-lo e responder, foram o bastante para reparar que ela parecia significativamente abatida; bolsas sob os olhos cansados de quem passou a noite em claro, e um certo temor presente nesses mesmos olhos incertos, como se estivesse em estado de alerta, esperando pelo pior. Toda a tensão que obviamente carregava trazia marcas de expressão em seu rosto, e ela não estava arrumada com o mesmo esmero e até a certa ponta de exagero como de costume.
— Sim, claro que sim. Está tudo ótimo, majestade.
A resposta dela apenas deixou claro o quanto havia algo de errado. No entanto, ela obviamente não queria comentar sobre, e respeitando sua privacidade, Kinmyuu preferiu não perguntar mais a respeito e ir direto ao principal.
— Ah, certo... Bem, longe de mim menosprezar sua presença na reunião, Lady Mewlúcia. Aliás, agradeço por comparecer. No entanto, gostaria de saber se está tudo bem com o rei Seikimyuu. Soube que a Usina Mestra sofreu um ataque durante essa madrugada...
Seikimyuu Voltvitz, era o Rei de Luxspark, o reino dos biotipos elétricos. Como herdeiro do trono em sua linhagem real, ele era o regente majoritário de sua nação, por isso seria mais apropriado que ele tivesse comparecido à reunião no lugar da esposa Mewluxia.
A rainha elétrica desviou momentaneamente o olhar para o lado antes de continuar a encarar Kinmyuu. Ela entrelaçou os dedos das mãos e respirou mais pesado. Mewluxia estava inquieta, como se algo a deixasse nervosa.
— Bem, sim, Rei Supremo. Realmente, a Usina Mestra de Luxspark sofreu um ataque que resultou num blecaute generalizado. Foi durante apenas alguns minutos, contudo... meu... marido achou melhor ficar para verificar pessoalmente se não houve danos mais graves e cuidar de aumentar as medidas de segurança. Afinal, qualquer risco que ameace a Usina Mestra é de máxima prioridade. Espero que compreenda, Grande Rei.
O rei semideus colocou as mãos para trás, enquanto assentiu para a rainha elétrica. Embora o relato dela não soasse mentiroso, Kinmyuu sentia que mesmo assim, havia algo de estranho em toda aquela situação.
— Sim, é claro que compreendo, Lady Mewluxia. Entretanto, eu realmente preciso conversar com o rei Seikimyuu justamente sobre esse ataque. Poderia ter a gentileza de pedir que ele entre em contato comigo o mais breve possível?
— Naturalmente, majestade. Darei seu recado pessoalmente assim que eu chegar ao palácio.
— Certo, obrigado. Eu agradeço sua atenção e lhe desejo um bom retorno — despediu-se o Grande Rei.
— Igualmente, Rei Supremo. Com sua licença. — A rainha elétrica fez uma pequena reverência e seguiu com passos curtos e apressados, deixando o saguão o mais rápido possível.
***
Algumas horas antes, no Mundo Reverso:
— Onde você estava? — Perguntou a princesa, quando o irmão reapareceu.
— Só explorando também. Lembrei que o papai tinha um quarto secreto aqui, só fui checar se tinha mudado algo. — O príncipe disse dando de ombros. Não mentiu, mas preferiu não se aprofundar para que Mewleficent não perguntasse mais a respeito, pois sabia que sua preferência pela "mãe vampira" era um tópico que causava certas divergências entre eles. Sendo assim desconversou, tirando o foco do assunto o mais rápido que pôde — Ei, mana! Saca só aquilo! — Mewdarthe apontou para o centro da sala, onde o trono de frente para o Sombríage chamou sua atenção.
Mewleficent correu até lá. Sabia que tinham pouco tempo para ver tudo, então era melhor ir direto ao que parecia mais interessante.
— Isso é tipo um trono menor daquele da sala do trono, só que... feito de ossos? — a menina indagou, circulando e olhando de perto o lugar onde o pai se sentava ao conversar com seu espelho demoníaco.
— Acho que é exatamente isso. Eu curti! Macabro e irado ao mesmo tempo! — comentou o falecido Príncipe das Trevas, que tinha uma fascinação natural pelo sombrio.
— Também gostei! Adoraria ter um no meu quarto, mas eu ia querer pintar de lilás. — Foi só então que Mewleficent realmente reparou no Sombríage — Miuau... Darthe! Olha só esse espelho.
A princesa se aproximou, o irmão fantasma flutuou até lá também. O Sombríage devia ter o triplo da altura dela e, comparado ao tamanho de Mewlef, o espelho parecia ainda mais largo. Ela o admirava boquiaberta, como se estivesse hipnotizada por aquele objeto. Foi chegando mais perto, um passo de cada vez. Até que, ao se olhar em sua superfície, viu algo que arrepiou seus pelos e a deixou espantada.
Mesmo invisível, o Sombríage refletia sua imagem normalmente; algo que um espelho comum não seria capaz de fazer. E outra coisa que um espelho comum de certo não faria, era refletir a imagem de um fantasma.
O príncipe chegou mais perto do espelho, atônito, olhando pasmo para si mesmo. Mewleficent se mostrava igualmente aturdida; estava acostumada a enxergar o irmão como se tivessem a mesma idade, pois era assim que ele se sentia baseando-se no crescimento de sua irmã gêmea, e portanto, a manifestação de sua alma assumiu a forma correspondente.
Contudo, o Sombríage revelava a representação espectral fiel ao último momento de conexão do príncipe com o plano terreno. A imagem refletia uma versão sua um pouco mais jovem — aos seis anos — a idade que perdera sua vida, e ele vestia um elegante traje principesco com o qual seu pequeno corpo foi velado e magicamente preservado por Devimyuu no cristal de etérima — mas não que o filhote soubesse dessa última parte.
Pela primeira vez em sua vida após a morte, Mewdarthe pôde ver como realmente era sua forma espectral numa representação eterna de como ele era no momento em que partiu.
— E-e-esse... sou... eu?! E-esse espelho me reflete! — exclamou o príncipe espírito, abismado. — C-como isso é possível?!
— Espera... esse não era aquele espelho secreto que o papai deixava coberto quando a gente vinha brincar aqui antes, e... e dizia que era perigoso? Se é assim, então esse espelho...só pode ser mágico!
Mewleficent supôs, tropeçando um pouco nas palavras, por ainda estar tão desacreditada quanto o irmão.
Contudo, após rapidamente se recuperar do choque de ver seu real espectro refletido, Mewdarthe chegou a uma conclusão ainda mais reveladora quanto à oportunidade que estava diante deles.
— Mewlef, é isso! Por algum motivo, eu nunca consegui fazer com que o papai me visse ou ouvisse como você. Mas com esse espelho, podemos provar pra ele que eu ainda estou aqui! Se eu conseguir falar com ele, mesmo que eu seja um fantasma, talvez tudo volte a ser como antes! — exclamou o menino, afoito.
Captando a ideia, a irmã gêmea demonstrou a mesma exasperação.
— Isso! Papai mudou desde que você morreu, e a avó Sil disse que é porque ele está triste e sente muito a sua falta. Mas, se ele ver que o seu espírito não foi embora, talvez não fique mais tão triste. Nós três estaremos juntos de novo e tudo será quase como sempre foi!
Os gêmeos estavam agitados com todas as possibilidades que aquele misterioso espelho lhes traria, porém, logo se aperceberam de um detalhe crucial que frustrou suas expectativas.
— Hmm, mas espera, a gente nem devia estar aqui. Se o pai souber que você entrou no lugar mais proibido do palácio, acho que vai te trancar no quarto até ficar adulta. Como vai conseguir falar pra ele que eu apareço nesse espelho sem que ele saiba que entrou escondida? Além do mais, mesmo quando a gente vinha ao Santuário com o papai, ele sempre escondia esse espelho. Acho que ele não deve querer que a gente chegue perto, senão, não manteria em segredo.
Mewlef sabia que o irmão tinha razão. Ela parou e pensou.
— Bom, se eu não posso falar o que vi por ser proibida de entrar nessa sala, então eu vou ter que fazer com que papai me deixe entrar. Se eu tiver permissão, vou poder perguntar desse espelho, daí você fica na frente dele comigo e bam! O papai finalmente vai te ver também!
— Parece um bom plano, mas meio impossível. Como vai fazer com que ele te deixe entrar?
— Bom, eu...
Enquanto a filhote pensava no que responder, ouviu o som de passos apressados dentro da sala. Com um arrepio gélido na espinha e o coração a mil, Mewleficent correu para trás do espelho. Mesmo sabendo que estava invisível, o medo falou mais alto e achou melhor se esconder. A princesa sabia que só havia um felin que podia entrar no Santuário das Sombras quando seu pai não estava — e era ele próprio.
Sem mover um músculo, restringindo até mesmo sua respiração, Mewlef encarava o irmão com os olhos arregalados, comprimindo tanto os lábios temendo fazer algum barulho que parecia até que sua boca desapareceu do rosto. Ambos tinham que sair dali e não podiam passar na frente do espelho ao fazer isso.
"Vamos por ali" Darthe disse mentalmente, apontando para o canto da sala. Se Mewleficent se esgueirasse pela parede, ela conseguiria dar a volta no Sombríage e atravessar sem que ele a refletisse. A irmã assentiu. Saiu de trás do espelho na ponta dos pés, rumando para a porta da sala. Foi sábia ao fazer isso, pois assim que Devimyuu entrou, foi diretamente até o espelho arcano e parou diante dele.
A filhote prosseguia em sua fuga silenciosa, quando, de repente, sentiu fluir uma pressão espiritual de uma forte magia no ambiente. Se tratava do puro poder de Devimyuu como um Semideus Arquemônio, despertando o Sombríage.
Aquela manifestação assombrosa de poder mágico fez Mewleficent congelar. Contudo, ela não paralisou por estar assustada e, sim, por se sentir fascinada. Precisava saber que poder era esse; não podia perder a chance de testemunhar de onde ele vinha e o que faria.
Ela virou a cabeça e olhou para trás. Viu o pai parado em frente ao espelho macabro. Sua imponência como o Grande Rei dos Reversos nunca lhe deu um ar tão majestoso aos olhos dela como naquele momento. Uma aura de energia em vermelho fúlgido contornava cada centímetro do corpo de Devimyuu, flamejando como pequenas chamas etéreas ardentes, tal qual o brilho que tomava suas íris antes douradas sobre os olhos agora totalmente negros como um mar úmbreo. Sua imponente capa real, que costumava arrastar-se pelo chão, esvoaçava poderosamente no mesmo ritmo que seus longos cabelos de ébano, conforme ele esticava o braço direito portando seu cajado mágico Abaddony em direção ao espelho, transferindo todo o poder do atributo demoníaco de sua magia para se controlar o Sombríage. Mewleficent reparava em cada detalhe presenciando tal cena magnífica. A menina simplesmente não conseguia parar de olhar.
"O que você tá fazendo, mana?! Vambora!"
"Não posso... eu tenho que ver isso!" Mewleficent respondeu mentalmente, com os olhos vidrados na imagem gloriosa de seu pai.
De seu camarote oculto, ela o observou o despertar do espelho funesto. A força que ela sentiu pesar no ambiente aumentou, devido à invocação dos poderes do Sombríage. Uma energia semelhante a que Devimyuu emanava procedeu das bordas pontudas e rubras do espelho, e sua superfície refletiva começou a se distorcer, aos poucos revelando outra imagem que surgia.
— Heil novamente, soberano. Sinto não ter sido possível contactá-lo mais cedo — saudou uma voz do ser que aparecia no espelho. Estranhamente soava num misto de duas vozes diferentes juntas.
— Corte esse lenga-lenga e vamos direto ao assunto, DarMage — disse Devimyuu, impaciente.
Pressionando o corpo de costas contra a parede, Mewleficent continuava imóvel, limitando até sua respiração ao mínimo possível. Ela observou o pai se sentar no trono de ossos, com parte da longa cauda passando pelas costas dele e se sobrepondo no apoio de braço. A ponta em forma de tridente balançava de modo sinuoso atrás do encosto, indicando que ele estava em alerta e um tanto tenso.
— Eu gostaria de saber como deseja que a entrega da réplica seja feita. No entanto, peço sua complacência, visto que não será seguro realizá-la hoje, majestade.
— Por que não? Por acaso foi incompetente o bastante para deixar os puros desconfiarem daquele seu fantoche idiota?
De pernas e braços cruzados, Devimyuu encarava DarMage com uma sobrancelha erguida e olhar de insatisfação. Era como se tentasse decifrar o velho bruxo sempre oculto por aquele capuz que escondia sua face. O Lorde das Trevas viu seu rosto apenas uma vez, quando era jovem e tinha acabado de tomar o trono.
Na época, Mewzhebere liderava os bruxos que ajudaram Devimyuu na conquista do reino e apresentou DarMage à sua nova majestade, afirmando que se tratava de um aliado muito leal, útil e poderoso. Foi a primeira e única vez que o lorde Arquemônio viu DarMage pessoalmente.
— De forma alguma, soberano. Contudo, estou sentindo um mal presságio envolvendo minha estúpida marionete. O senhor, melhor do que ninguém, sabe que bruxos superiores como nós não devem ignorar seus instintos. Eu quero garantir que o puro imprestável sob meu controle não fará nenhuma tolice que possa indiretamente comprometer a vindoura ascensão das Trevas. — explicou o feiticeiro infiltrado.
— Sei... Se gosta de ter sua cabeça sobre o pescoço, é bom que seja só isso mesmo — respondeu Devimyuu, com desprezo.
— Não tenho motivos para tentar enganá-lo. Sabe que desejo a libertação de nosso Soberano Ghanog para expurgar a maldita descendência da Luz mais do que qualquer coisa. Mas então, como vossa majestade deseja que suceda a entrega? Creio que o ponto de encontro continuará o habitual, correto?
— Exatamente. As autoridades dos puros já devem estar em alerta pelo sumiço do Grimório. É melhor que a entrega seja feita através de nossa segunda marionete. Assim que for seguro entregá-la, enviarei um contato de minha confiança para a interceptar. Transmita esse recado a nosso "colaborador" e mande-o ficar a postos.
— Como queira, Lorde das Trevas. Só insisto que mande alguém com um poder superior a fim de proteger a réplica, numa remota possibilidade de ser necessário lutar contra algum puro. Caso um confronto aconteça, não poderei estar presente para não comprometer meu disfarce.
— Não se preocupe quanto a isso. Não vou arriscar perder a receita desse feitiço. Enviarei um de meus Paladinos Negros mais habilidosos para essa missão. Foram pessoalmente treinados por mim e estão aptos para encarar o que for preciso.
A Ordem dos Paladinos Negros era a elite de guerreiros reais do exército do Lorde das Trevas. Todos os membros dessa unidade eram pelo menos primariamente biotipo mágico. Selecionados um a um rigorosamente, cada aspirante a paladino era submetido a um intenso treinamento supervisionado pelo próprio rei, que levava cerca de dez anos para ser concluído e onde apenas os mais fortes e poderosos em magia sobreviviam. Os que se habilitavam a serem paladinos da realeza detinham um poder altíssimo, ganhavam status, fama e riqueza e estavam prontos para cumprir com qualquer missão que sua majestade os enviasse.
— Perfeito, soberano. Assim que puder entregar a página a vossa majestade, entrarei em contato.
A imagem de DarMage desapareceu do reflexo do Sombríage, no que parecia ser um vórtice invertido de fumaça negra presa na superfície do espelho nefasto.
Assim que o contato foi encerrado, Devimyuu se dirigiu até uma das diversas prateleiras do Santuário, buscando algo em seu arquivo pessoal. A estante alta dominava a parede inteira, alcançando quase até o teto. Imponente e enigmática, era feita de madeira escura e entalhada com símbolos arcanos. Os livros de bruxaria dispostos ali eram em sua maioria encadernados em couro, com títulos dourados e esotéricos. A luz suave da sala destacava as lombadas envelhecidas, criando um ambiente de aura mágica mórbida.
Procurando algo, o rei bruxo observava a estante com olhos perscrutadores enquanto seus dedos deslizavam sobre as bordas dos livros. Devimyuu sussurrava palavras antigas, invocando sua conexão com o oculto. Sua expressão era uma mistura de concentração e ansiedade, sem ter ideia de que seus filhos gêmeos estavam a alguns metros dele, acompanhando cada gesto de suas ações. Ele poderia ter sentido a presença de Mewleficent se não estivesse com a mente tão centrada naquele momento; para a grande sorte da princesa.
Mewleficent precisava sair, mas sabia que assim que tentasse, independente de quão concentrado seu pai estivesse, ele com certeza ouviria o som característico da pesada porta mágica ao se abrir. A bruxinha não podia abusar de tal sorte, então apenas permaneceu onde estava, imóvel, limitando-se até mesmo a respirar com cuidado, esperando que isso ajudasse a controlar as batidas rápidas de seu coração repleto de ansiedade e adrenalina, temendo que talvez pudessem ser ouvidas.
Mewdarthe por um instante pensou que talvez devesse se colocar logo diante do Sombríage e deixar que o pai visse a imagem de seu espírito refletida. Isso poderia resolver tudo logo de uma vez, e daí, Mewleficent e ele não precisariam bolar um plano mirabolante para que a irmã conseguisse um convite para entrar no Santuário proibido. No entanto, após ver do que o espelho sombrio era capaz e toda a energia sobrenatural diabólica que ele carregava, entendeu perfeitamente porque seu pai costumava cobrir o Sombríage na época em que os dois irmãos ainda podiam entrar naquela sala.
O princípe não precisou pensar muito para deduzir que aquele devia ser só um dos artefatos sobrenaturais perigosos mantidos naquele lugar. Imaginou que se o pai percebesse que Mewleficent entrou escondida, ele ficaria furioso e talvez nem desse atenção quando ela tentasse contar que era possível enxergar o irmão fantasma no espelho. Conhecia seu pai quando ficava bravo, e era provável que Devimyuu nem sequer olhasse para o espelho, concentrado apenas em dar uma bronca gigantesca em Mewleficent e levá-la embora.
Realmente, era melhor esperar até que ela tivesse a permissão de estar no Santuário. Não tinha certeza de como, mas sabia que juntos os dois conseguiriam encontrar uma forma de conseguir isso.
Devimyuu continuava sua busca nas estantes repletas de conhecimento antigo e magias perdidas, até que, finalmente, seus olhos refletiram certo triunfo ao encontrar o volume desejado. Ele delicadamente retirou o livro da prateleira, revelando uma capa de couro negro desgastada pelo tempo. Símbolos demoníacos estavam gravados nela, parecendo ganhar vida conforme a luz pálida do lustre mágico no teto refletia sobre as marcas. O título estava escrito em uma língua antiga e estranha, destacando a natureza única e poderosa da obra; um registro de simplesmente todos os principais demônios que habitavam o plano infernal de Vilhell.
Devimyuu levou o códice maldito até a mesa retangular de obsidiana, e o abriu, revelando páginas amareladas contendo ilustrações sinistras e textos intricados sobre a invocação de seres demoníacos, tudo escrito com uma "tinta" vermelha que na realidade mais se assemelhava a sangue. O rei bruxo folheou as páginas que pareciam não ter fim até chegar naquela sobre a entidade que buscava. Correndo os olhos sobre os escritos que traduzia mentalmente ao lê-los, absorveu as informações rapidamente e em seguida fechou o livro, marcando tal página. E então, tão rápido quanto adentrou no Santuário das Sombras, o Lorde das Trevas se retirou com uma expressão determinada.
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