05 - Em Nome da Luz
O hospital geral Madra-Yabbe era muito diferente do centro hospitalar nihsiano. O reino mágico - assim como os demais - dispunha de recursos médicos avançados e profissionais qualificados, contudo, obviamente a medicina de Magispell unia tratamentos tradicionais ao uso de poderosas magias de recuperação e feitiços de cura.
Enfermeiras usando chapéus cônicos brancos com um emblema de cruz prata transitavam pelos corredores, acompanhadas de carrinhos de medicamentos que as seguiam por si só. Sobre alguns havia pequenos caldeirões de cobre com vidros de poções semiprontas e misteriosos pózinhos coloridos. Curiosamente não se via nenhum médico a acompanhá-las, já que os mesmos se teletransportavam direto para os quartos de seus pacientes.
Kinmyuu não demorou a chegar ao Madra-Yabbe, após ter deixado Mewthazar no palácio de sua família. O Grande Rei sempre fazia todo o possível para evitar exaltações com sua presença; contudo, era inevitável causar certo alarde em qualquer lugar onde a Majestade Suprema desse o ar de sua graça.
Assim que as portas automáticas do hospital se abriram, deslizando para o lado, todos os olhos se viraram para o Rei Supremo. Rostos deslumbrados, expressões de surpresa e olhares pasmados se voltavam para Kinmyuu e, em menos de um minuto, quase uma dúzia dos felins presentes o rodeavam, ansiosos para saudar o rei semideus.
Embora já estivesse acostumado a atrair esse tipo de atenção, sua personalidade introvertida não conseguia deixar de se sentir levemente constrangido com toda aquela badalação ao seu redor. Todavia, o Rei Supremo sabia se manter externamente calmo de modo magistral - apesar de, na maioria das ocasiões, se forçar a fingir tal calma - e jamais deixava de ser gentil e atencioso com seus leais súditos e fãs. Até mesmo quando repórteres insaciáveis e paparazzi sempre a postos o abordavam incansavelmente, Kinmyuu pacientemente mantinha sua cordialidade.
Ainda cercado pelos súditos, o rei mal conseguia trocar o passo, até que a figura de uma outra felin chegou atrás dele por um instantâneo movimento de teletransporte.
- Com licença, com licença! - exclamava a fêmea, que vestia um terninho preto e óculos escuros. - Leais súditos de sua Majestade Suprema, ele agradece muito o carinho de vocês, mas receio que nosso Grande Rei tenha que ir agora. Vamos, majestade.
Ela tocou no ombro de Kinmyuu e, utilizando o teletransporte outra vez, desapareceu com ele dali. Ambos reapareceram no corredor do berçário da maternidade, um local mais tranquilo e livre de fãs exaltados.
- Ufa... Acho que te devo uma, querida. Obrigado - disse o rei, com um pequeno sorriso.
A felin, que se passava por uma agente de segurança real, na realidade se tratava de uma projeção psíquica, habilidosamente criada por Anmyuu.
- Sei que adora dar atenção aos nossos súditos, amor, mas achei necessário te tirar dali, já que temos assuntos de suma importância a tratar aqui hoje - argumentou a Rainha Suprema, desfazendo a projeção e trazendo de volta sua verdadeira imagem.
- Você fez muito bem. Tenho certeza de que não demoraria muito para a imprensa aparecer. Sabe como eles sempre nos encontram...
Sem demorarem mais, o casal real se teletransportou para o sexto andar, onde se encontrava o leito do clérigo mágico. Mewghand e a mãe ainda estavam no quarto conversando com os médicos, então Kin e Anmy ficaram aguardando do lado de fora. Enquanto esperavam que saíssem, a Rainha Suprema atualizou o marido sobre o estado de Mewelderm e o fato de não ter conseguido curá-lo.
Cerca de dez minutos depois, o rei mágico e a mãe finalmente deixaram o quarto e, por suas expressões faciais, subentendia-se que a situação do clérigo continuava preocupante. No entanto, uma ponta de esperança surgiu em Mewghand ao ver Kinmyuu. Talvez, como um semideus arcanjo, ele tivesse mais sucesso em ajudá-los a encontrar uma cura para seu pai.
- Obrigado por ter vindo, Kinmy - o rei mágico disse, ao passo que ele e o Rei Supremo se afastaram um pouco para conversar a sós - Sei que estamos no meio de uma crise, e eu não devia te pressionar com o fardo de me ajudar a resolver todos os meus problemas. Mas você é a minha melhor esperança. Ninguém consegue entender o que houve com meu pai. Todos os melhores magos médicos desse hospital já o examinaram, usaram seus maiores feitiços medicinais e magias de cura, mas nada surtiu efeito. Seja lá o que o atacou, está matando-o aos poucos e nenhum de nós sabe o que fazer! Talvez você seja o único que possa salvá-lo, Kin, afinal você é o semideus de nossa Era. Então, por favor, eu te imploro... Por favor, ajude ele!
Mewghand encobriu os olhos com uma das mãos a fim de segurar as lágrimas. O mago rei precisava se controlar. A última coisa que queria era se entregar ao desespero novamente.
- É exatamente para isso que estou aqui, Hand. - O Rei da Luz o olhou compassivo, segurando em seus ombros - Ajudá-lo com o que está passando não é um fardo, é minha obrigação. E quando digo isso, não me refiro só ao estado de seu pai. O desaparecimento do Grimório também é de suma importância, e não descansarei até que o encontremos.
A pedido de Mewghand, Kinmyuu entrou no quarto do clérigo. No leito, que flutuava acima de um selo circular de magia curativa, estava Mewelderm, deitado com aparelhos conectados a seu corpo rígido e inconsciente. Runas de cura foram conjuradas ao seu redor para mantê-lo estável após os colapsos de magia. O medidor cardíaco apitava lentamente, de acordo com sua pulsação fraca.
Kin observou com um aperto no peito; sua empatia o fazia se sentir muito mal ao ver qualquer um sofrendo. Ele logo percebeu o motivo do diagnóstico de Mewelderm ser um desafio para os magos médicos.
Indecifráveis marcas negras se ramificavam ao longo de todo o corpo entubado do felin, estendendo-se sobre seus membros cada vez mais. Não demoraria muito para as manchas nefastas tomarem o lugar de toda pelagem caramelada do clérigo, cobrindo-o por completo.
Kinmyuu nunca tinha visto marcas como aquelas e, pelo que notou, elas cresciam a partir do centro exato do tórax do felin, local onde um ataque brutal o atravessou. O Rei Semideus não precisou concentrar muito seus poderes para sentir que as manchas que gradativamente extinguiam a força vital de Mewelderm procediam de um golpe sobrenatural amaldiçoado.
As ramificações pulsantes não somente extraíam seu fôlego de vida. Aos poucos, elas também destruíam cada partícula de magia presente ou inserida no corpo dele. Por isso nenhum dos feitiços mais potentes utilizados até o momento foi capaz de curá-lo e muito menos os tratamentos médicos comuns tiveram alguma eficácia.
Primeiro, o desaparecimento inexplicável do Grimório, e agora um ataque amaldiçoado a esse nível... Dessa vez, o intuito de nossos inimigos está imensamente perigoso! Eu não posso deixar que as coisas continuem assim...
Com a longa cauda oscilando duvidosa, o Grande Rei trocava passos de um lado para o outro ante a cama hospitalar. Ansioso, ele levava a mão à boca, roendo a garra retrátil do dedo anelar.
Kin ainda não sabia com exatidão que tipo de maldição ceifava a vida de Mewelderm. Todavia, seu poder divinal como arcanjo terrestre o tornava plenamente capaz de reverter a situação; mas isso era em teoria. Kinmyuu tinha de fato um poder descomunal, desde a juventude ele aprendeu sobre suas habilidades e treinou anos a fio como usá-las. Entretanto, simulações e treinamentos não se comparavam a ter a vida de alguém dependendo diretamente do pleno uso de seu poder.
Pelo que me lembro, qualquer maldição invocada por poder demoníaco pode ser quebrada através de uma purificação com poder celestial. Mas ainda não consigo atestar que tipo de magia negra foi empregada junto com a invocação. Magias demoníacas têm um padrão de energia espiritual diferente e muito mais perigoso, além da maioria ser desconhecida...
O Grande Rei se via envolto nos pensamentos inquietantes que passavam por sua cabeça. A realidade era que, mesmo se tratando do felin mais poderoso do planeta, Kinmyuu sempre se sentia inseguro e tendia a duvidar das próprias capacidades. A ansiedade de desapontar aqueles que confiavam nele e o medo de falhar consumiam o felin semideus como uma chama devoradora.
Tudo que seu coração mais desejava era cumprir seu dever e ajudar Mewelderm; não somente pelo bem-estar do clérigo, mas também pelos familiares e conhecidos dele. Hesitante e ainda duvidando de si, ele olhava para uma das mãos, tentando organizar suas ideias e afastar os medos que teimavam em tentar invadir sua mente.
Eu tenho o poder necessário para acabar com isso, sei que tenho. Mas será que serei capaz de usá-lo corretamente para enfrentar algo que sequer conheço? Meus poderes divinos são incontestáveis, mas se mesmo com todo meu esforço, eu ainda não conseguir manejar esse poder como devo, posso não conseguir salvar Mewelderm... E agora, o que eu faço? A vida dele depende de mim, como devo proceder? E se eu não...
Evitando que uma crise de ansiedade o dominasse, o felin respirou profundamente, forçando-se a se focar. Ele cerrou o punho com força e seu olhar temeroso passou a ser determinado.
Não...! Eu tenho que me concentrar! Não posso me dar ao luxo de ter dúvidas. Falhar não é uma opção, e não vou deixar que isso aconteça. Eu sou o semideus arcanjo dessa Era. Mesmo que eu não confie em mim mesmo, devo confiar na posição que ocupo. Lord Ghaceus me enviou a este mundo para protegê-lo e vou cumprir meu dever custe o custar. Eu consigo!
- E então, Kinmy... Será que pode fazer algo por ele? - perguntou Mewghand, com um olhar aflito assim que o Grande Rei atravessou a porta, de volta ao corredor onde todos esperavam.
- As marcas que estão cobrindo o corpo do seu pai e sugam a vida dele provêm de algum tipo de maldição demoníaca, com certeza conjurada com magia negra. Eu posso, sim, livrá-lo, mas pra isso preciso de um bisturi. Pode pedir que me tragam um, por favor, Hand?
Apesar do pedido inesperado, a seriedade na voz e o modo como o olhar do Rei Supremo se mostrava focado transpareciam a certeza sobre o que dizia.
- Pode deixar que eu peço, Grande Rei - disse Myurgana, que estava logo atrás do filho.
Mewghand se perguntava o que Kinmyuu faria. Ele não sabia até que ponto iam as poderosas habilidades de um Semideus Supremo e não se achou no direito de questioná-lo. O importante era que a vida de seu pai fosse salva, independente dos meios que o Grande Rei utilizasse.
Em poucos minutos, a maga mãe retornou com os dois médicos atrás dela. Eles estavam ansiosos para saber o que o Rei Supremo faria e pediram a permissão dele para ficar e observar.
No quarto, o pequeno grupo de felins que incluía os médicos, Mewghand, sua mãe e Anmyuu - que também estava interessada em ver o que sucederia - se alinharam atrás do Rei Supremo, observando em silêncio.
Kinmyuu deu a volta no leito flutuante, parando ao lado do mesmo, segurando o bisturi. E para a surpresa de todos, ele não o utilizou em Mewelderm, mas em si mesmo. Ele fez um corte vertical em sua mão esquerda e esticou o braço sobre a área onde as marcas se ramificavam.
O semideus fechou os olhos, limpando a mente e elevando seu Nei.
Por favor, Lord Ghaceus, me conceda sua Luz e guie os poderes divinos deste teu descendente, Kin pediu numa breve prece. Subitamente, a pressão espiritual no lugar se tornou tremenda, aumentando exponencialmente a cada instante.
- Raios Sagrados do Sol Eterno, gotejem através da luz em meu sangue divino e que a força nefasta sobre este corpo seja erradicada pelo meu poder celeste!
O rei se encontrava de olhos fechados até então, mas os abriu, revelando seus globos oculares totalmente cobertos por um ofuscante brilho branco.
- Raidiin sacta, aeternmi solnnem attro luminna!
Irradiando por todo o quarto, uma aura luminosa como o sol encobriu o corpo do Rei Supremo, à medida que ele proferia aquela sentença na linguagem angelical Bemockian. Seu sangue poderoso adquiriu uma luminescência dourada mediante tal invocação, pingando denso e lentamente sobre a maior mancha negra central, de onde se ramificavam as demais.
Kinmyuu comprimia a palma da mão com força para que o corte sangrasse mais rápido. Assim que as gotas douradas terminaram de atingir o núcleo enegrecido, as ramificações foram se tornando também douradas. Em vez de raízes apodrecidas, as marcas passaram a se assemelhar com pequenos raios de sol, encobrindo todo o corpo do clérigo.
Os felins presentes observavam impressionados, até que por fim, o sangue de Kinmyuu se sobrepôs em todas as marcas do corpo de Mewelderm.
De imediato, a pulsação antes cada vez mais fraca do clérigo foi logo se recuperando, assim como seus batimentos cardíacos também voltaram à normalidade, conforme seu corpo absorvia a luz da sangria.
- Creio que isso deve bastar. Mas se for preciso, volto aqui e repito a purificação até que ele se cure por completo - afirmou o Rei Supremo, virando-se para o rei mágico.
Embora estupefatos por tamanha demonstração de poder, os magos médicos não perderam tempo em correr para examinar Mewelderm. Sacaram as varinhas mágicas brancas guardadas nos jalecos e principiaram a movimentá-las sobre o corpo do clérigo, com os cristais medicinais nas pontas das mesmas acendendo num brilho verde-claro.
- As magias curativas finalmente estão fazendo efeito e o corpo dele voltou a responder! - exclamou uma das doutoras.
- Sim, sua força vital está se revitalizando numa velocidade impressionante até para nossos feitiços medicinais mais avançados. É um verdadeiro milagre! O senhor realmente o salvou, Grande Rei Supremo! - afirmou o outro médico, mais velho e mais experiente.
A maldição demoníaca que atingiu Mewelderm foi proveniente de um ser muito habilidoso, possuidor de uma antiga magia negra de força descomunal. Contudo, o poder luminoso do Rei Supremo se impôs com uma força ainda maior, extinguindo por completo toda a energia sombria que ceifava a vida do clérigo, através do ritual de purificação executado por Kin.
Mewghand não hesitou mais nem um segundo em abraçar Kinmyuu, demonstrando sua eterna gratidão. Ele não sabia exatamente o que o Grande Rei tinha feito - na verdade, ninguém ali além de Anmyuu sabia - mas, de uma coisa ele poderia ter certeza: seu pai em breve se curaria, e isso era tudo o que importava.
- Muito obrigado, Kin... Eu nunca terei como te agradecer.
- Não precisa, Hand. Meu dever é cuidar de todos, seja como um povo ou individualmente. E é um grande prazer para mim ser capaz de cumprir esta função.
Era recompensador para Kinmyuu ver a expressão de alívio no rosto de Mewghand e da mãe Myurgana, enquanto se abraçavam. A esperança renascia para eles diante da perspectiva de que tudo ficaria bem. O Grande Rei agradeceu mentalmente aos céus por, mesmo com dificuldade, não ter permitido que seu medo de falhar o impedisse de cumprir o seu dever como o semideus daquela Era.
Posteriormente, o Grande Rei e sua esposa deixaram o hospital mágico e agora voltavam para Nihsies, dentro do espeedar limousine real, guiados por seu motorista androide.
- Estou tão aliviada que agora Mewelderm vai se recuperar! Eu sabia que conseguiria, meu amor - disse a Rainha Suprema ao marido.
- Agradeço sua confiança, mas o crédito não é todo meu, querida. Tenho certeza de que Lord Ghaceus me deu uma forcinha para usar bem o meu poder - respondeu o rei, modesto.
Anmyuu se aproximou mais, deslizando o corpo no estofado macio do assento.
- Isso sem dúvidas. Mas, de qualquer forma, queria te parabenizar e dizer que estou orgulhosa. Imagino que tenha ficado nervoso, mas você soube exatamente o que fazer e controlou bem a situação. E essa foi a primeira vez que executou um rito de purificação, não foi?
A rainha o olhava nos olhos e segurava sua mão. Anmyuu era quem melhor conhecia os medos e incertezas de Kinmyuu. Afinal, era ela a felin com quem ele mais se abria sobre seus sentimentos mais profundos.
- Foi, sim. Confesso que fiquei bem nervoso, ainda mais porque não consegui identificar que tipo de golpe amaldiçoado foi aquele... - O rei ainda se mostrava muito pensativo quanto a isso. - Para nós de outra espécie, já é muito difícil entender as estruturas de ataques mágicos, pior ainda é magia negra demoníaca. Mas, graças a Ghaceus, a purificação deu certo.
A limousine parou no semáforo de um cruzamento e Kin aproveitou a parada para se servir de uma taça de suco de meeple - uma fruta típica nihsiana - de uma garrafa mantida num dos compartimentos do luxuoso veículo.
- E além de ser um alívio, a recuperação de Mewelderm vai facilitar na investigação do desaparecimento do Grimório. Assim que ele estiver melhor, vai poder nos contar se viu alguma coisa - comentou ele, oferecendo uma taça do suco para a esposa.
Anmyuu educadamente recusou, pois se sentia levemente enjoada. Em seguida, ela abriu sua bolsa e apanhou um caderninho preto onde começou a anotar algo.
- Já esquematizando estratégias, meu amor? - perguntou Kinmyuu, que já conhecia muito bem para que aquele caderninho se destinava.
- Sim. Precisamos pensar num modo eficaz de realizar a procura pelo Grimório nos territórios dos outros reinos. E acho que será apropriado apresentar esse esquema na reunião - respondeu a rainha, sem tirar os olhos da página onde escrevia e rabiscava.
Além de Soberana Suprema, Anmyuu também era uma hábil estrategista. Para ela, arquitetar um esquema para organizar os felins designados à busca do Grimório seria semelhante a organizar as tropas numa estratégia de ataque e vitória.
Kinmyuu suspirou de leve e sorriu.
- Como sempre, tão perspicaz. Adoro observar toda a sua competência, mozão - disse o rei, admirando-a, ao passo que terminava de beber seu suco.
Anmyuu rapidamente ergueu a vista do caderninho e lhe sorriu de volta, piscando um de seus encantadores olhos azuis.
- Chegamos ao destino selecionado - informou-lhes a voz robótica do computador de bordo que controlava o piloto automático. O veículo real lentamente estacionava frente a um elegante prédio de estrutura clássica, com uma grande bandeira de Nihsies tremulando imponente na entrada.
Na fachada, escrito em letras prateadas de maneira bem destacada, encontrava-se o nome| "Prédio da Embaixada"
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