Capítulo 5 - Fim.
— E o que você acha sobre isso? — Eliott encarou-me enquanto estamos nos ajeitando para dormir.
— Sobre o que? — Me fiz de desentendida.
Ele apenas levantou uma sobrancelha em descrença.
— Você acreditaria se eu dissesse que estou feliz — comentei ainda sem sorrir.
— Não é a senhora que diz todos os dias que precisamos de dinheiro, de uma casa melhor, nos divertir... isto é, ter conquistas que hoje não podemos? — Sentou-se ao meu lado na cama.
— Não é porque não tenho tudo isso que eu não sou feliz. Felicidade não se resume em ter tudo, mas com quem compartilhamos, TUDO ISSO. — Sorrir. — Quero estar com você, mas isso não me impedi de gostar do luxo, afinal de contas, essa é a minha natureza.
Quando foi que amadurece tão rápido? Sinceramente não estou me entendo. Sendo assim, acho que passar esse tempo na pobreza me ajudou em uma forma geral.
— Desde quando ficou tão filosófica? — Sorriu, demonstrando um brilho estranho que nunca vi nos seus olhos.
— Você quer mesmo saber? — Arqueei as sobrancelhas.
Com esse comentário sorrimos um para outro, em meio a algo novo que nunca tínhamos vivido. Nesse tempo aprendi a conhecer Eliott, pena que não tive esse pensamento quando ainda era uma princesa.
Quando o sol nasceu volto ao trabalho, na intenção em ter mais um dia de cansaço. Sendo assim, quando entro no palácio posso sentir a confusão por todo canto, com pessoas correndo, arrumações sendo feitas, ou seja, é oficialmente um dia de festa.
Como já sei as minhas funções, começo a limpar os quartos. Após várias horas me encontro no quarto do casal ao qual deverei arrumar para a noite de núpcias. Quando finalmente término os meus afazeres, vou até o encarregado dos serviços para ele me designar a outro setor.
— Ondina, a festa irá começar, preciso que você limpe o corredor que fica perto do salão principal — falando isso ele saiu afoito.
Suspirei e voltei a me acabar.
Enquanto estou esfregando o chão ouço sons de melodias, sendo estás, pianos, flautas, e todos os tipos de instrumentos musicais dos mais clássicos possíveis.
Paro o que estou fazendo e aproveito a distração para observa a festa. Enquanto abro uma pequena greta da porta sinto a melodia me aquecer, dissipando qualquer pensamento, trazendo-me uma nostalgia acolhedora.
Ô como amava festas, nem era pela diversão em humilhar os pretendentes do meu pai, mas pelo aconchego em que sentia em dançar.
Enquanto essa sensação me invade, deixo a greta aberta e começo a cantarolar uma música que combina com a melodia tocada pelos instrumentos ao mesmo tempo, em que rodopio dançando por todo o corredor, enquanto sinto a alegria me invadir.
Quando finalmente acabo, ouço um aplauso ressoar.
— Não imaginava que uma pessoa pudesse dançar e cantar tão bem.
Encaro a pessoa que falou no susto e observo o rei bode a minha frente.
— Majestade! — Faço uma reverência desajeitada, que por pouco não termina em uma queda, mas graças ao rei isso não aconteceu.
— Cuido princesa você pode se machucar. — Continuou comigo em seus braços focando sua atenção totalmente em mim.
— Você... — encarei seus olhos castanhos ainda surpresa pelo ocorrido.
— O que uma princesa do reino vizinho faz limpando o meu palácio? — indagou ainda perto de mim, com sua mão apoiada em meu braço.
Ainda continuei sem palavras o encarando, um pouco embriagada pelo momento. Senti sua mão no meu rosto, mas pelo súbito reflexo pulei o mais distante que pude.
— Com licença majestade, sou comprometida.
Com isso tentei sair de sua presença, mas ele segurou o meu braço impedindo a minha eminente fuga.
— Sei disso. Mas como seu marido, pretendo oficializar a cerimônia — falou colocando a sua mão novamente no meu rosto.
— Como? — perguntei surpresa.
— Você não está me reconhecendo sem a barba? — indagou encarando-me profundamente.
— Mas, como? — tentei me afastar, mas este não deixou.
— Foi apenas um trato que fiz com o seu pai. Ele concordou em me dar a sua mão se eu conseguisse fazer você mudar o seu modo de agir. E com o passar do tempo, tudo ocorreu tão bem que hoje chegou o dia do nosso casamento — disse suavizando sua voz em cada palavra.
— Eliott...
— Não quero que você sinta raiva de mim. Porém, fiz isso porque me interessei por você desde o primeiro momento em que te vi, e como você era difícil naquela época não tive muitas oportunidades em te conquistar. Então, aceita casar comigo? — senti as suas duas mãos repousar em meu rosto.
Não acredito que ele fez tudo isso para ficar comigo, ele brincou comigo? Mas... Eliott.
Tirei suas mãos de mim e me distanciei um pouco dele.
— Ondina... — senti os seus olhos mudarem para melancolia.
— Acho que tenho que me arrumar — senti a sua apreensão —, pois mesmo se eu quisesse jamais conseguirei ficar um dia sem acordar com seus gritos. — Sorrir com meu comentário.
Ele não esperou nem mais um segundo e veio em minha direção para me abraçar, rodopiando comigo no colo. Nesse meio tempo, os convidados, servos e súditos chegaram fazendo uma festa em todo o corredor.
— Vovó, vovó. Eles viveram felizes para sempre? — A menina perguntou animada.
— Você quer dormir para sonhar com a resposta? — A encarei sorrindo.
No mesmo instante Flora se deitou na cama, enquanto beijo sua testa e a cubro. Pouco tempo depois ela adormeceu feliz e serena. Apago o candeeiro e fecho a porta do quarto para enfim descansar.
— Mãe você não cansa de contar a sua história de quando conheceu o meu papai para os netos? — E mais uma vez sou interrogada.
— Como falei, o amor é construído com um tempo, como um pequeno quebra-cabeças, só estou tentando passar essa lição para os meus netos. Afinal de contas, a vida é feita de consequências e aquilo que ofertou, é o que receberá em troca. — Dei de ombros e ela apenas sorriu.
Agradeci a Eliott mentalmente por me fazer colher belas rosas, ainda mais por me ensinar uma Bela lição.
E em meio a alegrias inesquecíveis e sonhos inebriantes, caminho a passos lentos em direção ao salão real enquanto minha filha se direciona para terminar seus afazeres. Adentro no salão real atraindo a atenção de Eliott para mim, já que este se encontrava analisando a bela paisagem do jardim à fora como de costume.
— Por que minha Bela rainha está acordada a essa hora? — perguntou me encarando, com seu rosto marcado pela idade, mesmo assim com a formosura de 40 anos de casados.
— Colocando uma princesa para dormir com mais uma de nossas aventuras admiráveis. — Sorrir me encontrando em seus braços.
— Essa é a sexta neta que você conta a mesma história, acho que todos no reino já conhecem profundamente a nossa vida — disse como se fosse o obvio.
— Não há nada melhor do que perpetuar o que é belo e encantador. — Sorrir o beijando mais uma vez como das milhares de vezes que tinha acontecido.
O destino tem vez que traz medidas inconclusivas para nos ensinar uma lição, onde a dor se torna o melhor remédio para aprendermos a ser pessoas melhores e verdadeiras. Por isso, não deixe o destino tentar te educar, seja você mesmo a sua própria mudança.
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Obrigada por acompanharem a história até aqui, e não esqueçam de dizer vossa opinião. Tchau, tchau.
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