84: truth

— Park Jimin! — Taemin gritou, animado.

E novamente, o menor pegou-se surpreso com aquela situação, as câmeras foram em sua direção e tudo que conseguira fazer foi entreabrir os lábios, surpreso.

Seus olhos também mantinham-se arregalados, quase saltavam da cavidade ocular, seu coração quase saltava do peito, suas mãos tremiam e seu corpo fraquejou por alguns segundos.

— Esse momento é meu!

Diferente de Taehyung, que gritava palavras incentivo mas no fundo, xingava todos os palavrões possíveis enquanto batia palmas euforicamente.

Não conseguiu olhar para Jungkook, por mais que quisesse, um dos câmeras lhe pediu para que fosse pegar o prêmio o mais rápido possível.

Jimin suspirou, levando uma das mãozinhas até o cabelo, disfarçando a sensação de estar sendo observado por todos.

E era incrível, de fato. Da mesma forma que Taehyung havia detalhado, ele sentiu.

Sentira a mesma vontade de estravazar, de liberar sua euforia, mas, escolheu manter-se calmo, sorrindo para todos como se o holofote fosse apenas seu.

Dessa vez, não havia mais nada que pudesse interferir no seu momento, não ali, não dessa forma, não em rede pública.

O momento era apenas de Park Jimin.

Teria no máximo, três minutos para dar o seu discurso e sair do palco, contadissimos, regradissimos, mas, o menor tinha tudo em mente.

Já tinha feito uma base do que faria ali em cima, de que palavras teria que abranger e utilizar com mais verocidade, e de como deveria se portar.

Iria matar todos com bondade. E talento, também.

Jimin nunca havia se explanado publicamente dessa forma. Portanto, os olhares curiosos em sua direção não cessavam, todos queriam descobrir um pouquinho do modelo em ascensão.

Todos queriam um pedacinho de Park Jimin, seja insuficiente, ou bom demais para uma matéria que rendesse bons ou más comentários.

E infelizmente, estava ciente de que tudo que falasse ali em cima comprometeria sua carreira do início ao fim, serviria como influências para pré-modelos e geraria críticas imensas.

Mas, não conseguiu pensar que algo dessa gravidade poderia acontecer quando apertara a mão de Taemin e lhe dera um forte abraço. Já havia o conhecido em uma sessão de fotos, cujo o mesmo já havia tirado.

Sunmi, pelo contrário, apenas curvou-se e ergueu as mãos para lhe entregar o prêmio com fervor.

E Jimin o agarrou. E quase derrubou, arrancando uma risadinha breve de todos os espectadores, era uma gracinha.

Era pesado, e lindo. Tinha a grandiosa estampa do Seoul Fashion Awards estampada no ouro cru e maciço, além da grande câmera delineada sobre o material amarelado.

Quando aproximou-se do microfone, nada mais importava, além de quem amava, é claro.

Estava escuro, não via ninguém, apenas o holofote branco em sua direção, apesar de que todos estavam o vendo.

Jimin sorriu um pouquinho, e antes de começar a falar, a multidão começara a gritar, o aplaudindo e assobiando.

Era de certa forma, engraçado. Poucas pessoas sentadas ali o conheciam, mas metade estava enviando apoio moral para sair bem na fita.

E quando pigarreou para começar a falar, o pior aconteceu.

Havia dado branco em seus pensamentos, nada saía, nada entrava.

Buscou-se acalmar por alguns segundos, não poderia estragar aquele momento, nada se passava em sua cabeça, mas, não queria ter que passar vergonha em público no primeiro discurso.

Queria mostrar que era capaz de fazer isso, provar para si mesmo que aquela situação poderia ser superada. Que iria além de um branco estupido na memória.

— Eu... — Jimin começou, engolindo em seco. — Existiu um período da minha vida, que eu apenas olhava para todos à minha volta e me perguntava constantemente sobre o que estaria fazendo ali, naquele ramo, naquele mundo, naquele padrão de vida.

Olhou para o troféu mais uma vez, e abriu o sorrisinho fraco, suspirando, precisava ficar calmo.

— Foi justamente nesse período que eu me vi como um garotinho perdido em um universo extenso e cheio de situações abrangentes. — Continuou. — Quando criança, costumava me sentar em frente a televisão e assistir os vários modelos fotográficos dando entrevistas, desfilando no palco, tão cheios de si, tão glamourosos e repletos de luxúria.

Seu coração bombava drasticamente, mas, daquela vez, não iria falhar, e nem pensava em falhar.

— Esse prêmio não é só muito importante pra mim, para os meus fãs, pra minha carreira profissional... — Jimin falou, sincero. — É através dele que eu vejo que me tornei essa pessoa que tanto almejei, é através dele que vejo que todo o esforço que gastei por todo esse tempo valeu a pena.

Suas pernas fraquejaram por um segundo, sentiu que precisaria de um abraço assim que saísse dali, daquela situação, precisava de afeto.

— É através dele que eu vejo que nós somos muito além de uma premiação, de um palco, de uma pista, de um camarim cheio de maquiagem... — Jimin suspirou, acelerando a fala. — Somos o amor, somos quem desejamos ser, somos aquilo que revoluciona uma sociedade, e o que me deixa mais emocionado sobre essa conquista é que...

Jimin lubrificou os lábios, sorrindo brevemente, antes de tombar a cabeça para o lado e assentir para si mesmo.

— Não é o prêmio que faz de nós importantes, somos nós que o fazemos valer alguma coisa. — Jimin falou, orgulhoso. — Mantenham isso me mente. Não deixem que ninguém digam o contrário pra vocês, sigam os seus sonhos e não se rotulem por frustrações passadas. O presente é agora, façam valer a pena, porque eu tenho certeza que fiz, e não existe sensação melhor.

Quando parou de falar por alguns segundos, sentiu que todos estavam em silêncio por alguns segundos, baixou a cabeça e suspirou, observando o prêmio de forma intensa, quase possessiva.

— Sou Park Jimin, de Busan, o mesmo Park Jimin que conquistou esse prêmio, o mesmo Park Jimin que é forte diante de uma sociedade crítica, mas também sou o mesmo Park Jimin que acredita em si, e acredita que todos merecemos esse prêmio, porque somos nós quem o fizemos, acreditem em vocês mesmos! — Jimin suspirou, completo. — Muito obrigado.

Quando achou que ninguém fosse o aplaudir, percebera que na verdade, a multidão não estava calada porque havia rejeitado o discurso.

A luz foi tornando-se fraca demais para o ambiente, o deixando apto a ver todos os rostinhos, e foi aí que percebera, estavam surpresos porque nunca ouviram palavras tão verdadeiras saindo de um palco onde só habitavam discursos falsos.

Estavam surpresos porque Park Jimin havia falado tudo que precisavam ouvir, e não, o que queriam ouvir, o que os agradaria.

E para a figura de cabelos escuros e roupas apertadas em cima do palco, só restara respirar, respirar pelo cansaço, respirar para expirar o nervosismo, respirar para acalmar todas as células bombeando disparadamente em sua corrente sanguínea.

Estava orgulhoso de si mesmo, em fim. Desfrutando de todas as boas sensações que poderia alcançar no ápice da sua conquista; sentiu orgulho por poder segurar aquele prêmio em mãos e erguê-lo para si mesmo, como para todos ali.

O orgulho, pai de todos os vícios, conhecido como o substituto para o egoísmo. O orgulho como um amor desregrado de si mesmo; é o estado de um homem que se basta, que se admira em suas obras, vê em si qualidades que não tem e empenha-se para que os outros compartilhem da opinião que tem de si mesmo.

Mas naquele momento, tinha certeza de que havia conquistado todos ali por apenas falar a verdade. Porque sabia, sabia que mais mentiras acabariam com sua dignidade por completo.

E bem, naquela noite, Jimin já havia mentido o suficiente, para Jungkook, para Yoongi, para Taehyung, e até para si mesmo, enganando-se ao tentar sentir alguma repulsa por qualquer ser pensante naquela sala.

A verdade era que Park Jimin estava desesperado. E a grande solução para o dossiê de situações urgentes, é recorrer aos escombros da mentira.

Não podia evitar, muito menos assumir tudo aquilo para si mesmo e fingir que nada estaria acontecendo, porque estava, e Jimin, infelizmente, não tinha ideia de como controlar as consequências internas de suas ações.

Desceu do palco com um meio sorriso, acenando para todos com a plena sinceridade e paz de quem havia conseguido algo que havia lutado, e não pôde evitar as lágriams em seus olhos quando Taehyung, Yoongi e Hoseok já o esperavam, com braços abertos e sorrisos estampados em seus rostos.

— Taehyung-ah! — Jimin sorriu, enterrando o rosto no pescoço alheio, desistindo de lutar contra as lágrimas correntes e insistentes em seu rosto. — Eu...

— Jimin-ssi. — Taehyung sorriu de volta, ambos braços forçando-se um contra o outro, apertando o mais forte que pudesse. - A gente conseguiu, viu? Eu estou tão orgulhoso de você, você não tem noção.

— Meu Deus, ele tá chorando muito. — Hoseok comentou, soltando uma risadinha. — Deixa um pouquinho do Jimin pra gente também, Taehyung!

— Me desculpe, é só que... Esse é o meu momento! — Falou, limpando as lágrimas nas bochechas do menor.

— Vem cá, bebê. — Hoseok o aconchegou em seus braços, encostando a cabeça na sua, acariciando sua nuca com alegria. — Não chora, eu sei que você tá feliz, mas, você precisa sorrir!

— O-obrigado, Hoseok. — Jimin murmurou, baixinho, soluçando. — Obrigado principalmente pelas aulas de desfile que nós tivemos, por ter sido um bom amigo pra mim, pra Hyo, por tudo. Você é o solzinho mais incrível que eu já conheci.

— Ei, e eu? — Yoongi cruzou os braços, comprimindo um sorrisinho gengival prestes a sair dos seus lábios.

— E você? — Jimin sorriu, afetuoso, abrindo os braços para acolhê-lo de imediato. — Meu bichinho irritado. Eu te amo tanto, tanto.

— Eu sei. — Yoongi acabou por derramar uma lágrima orgulhosa, enquanto afagava o menor contra si. — Eu também amo você. Você tava tão bonito lá em cima, nem parece que acorda parecendo um zumbi.

— Yoongi! — Jimin bateu em seu peitoral, soltando uma gargalhada. — Se isso foi um elogio, muito obrigado!

— Foi sim, neném. — Yoongi sorriu. — I'm just a proud teacher.

— Todo bilíngue, repare. — Hoseok tocou sua nuca, acariciando. — Meus bebês sim.

— Vamos aproveitar pra dar uma volta, por enquanto! — Taehyung anunciou, animado. — Temos que exibir o Jimin por aí.

— Verdade! — Hoseok assentiu, encaixando o braço no do menor.

Jimin apenas deixou-se ser levado, erguendo o prêmio em rendição, com Yoongi atrás de si, reclamando do quão pesado aquele material era, e quando Jimin alegou que era ouro, o menor quase caíra duro.

— É tão bonito! — Yoongi gritou. — Podemos colocar numa pratileira especial? Daí quando tivermos vários e vários prêmios, podemos contar e vender tudo, e aí a gente compra uma mansão e...

— Yoongi! — Jimin gritou, soltando uma risadinha. — Relaxa e goza. Fica tranquilo, te deixo colocar no seu quarto.

— Eba! — Yoongi gritou, abraçando o prêmio.

— Parece que o nosso bichinho gosta mesmo de prêmios... — Taehyung acariciou seus cabelos.

— Isso aqui não é um prêmio! —Yoongi confrontou. — É mais que isso! É ouro! Esculpido pelo divino.

— Eu realmente não acho que Deus tenha colocado as mãos aí. — Hoseok falou, confuso.

— Cuidado com a burra. — Yoongi riu. — É ironia, Seok.

— Meu Deus, é Park Jimin! — Ouvira a voz adulta e feminina, virando-se quase de imediato. — Ele tá olhando pra mim, eu vou desmaiar!

— Chaerin noona! — Jimin sorriu, animado. — Quanto tempo que não te vejo, uh?

— Depois que a madame ficou famosa, esqueceu dos pobres. — A maior fez uma careta.

— Famosa? Esse é o seu sobrenome! Você ganhou apenas dois prêmios importantíssimos essa noite! — Ironizou. — Tá tão lindinha!

— Eu sei. — Chaerin deu de ombros. — Mas sinceramente, essa latex vermelho coça até lá no...

— Noona! — Taehyung gritou. —  Quanto tempo! Como estão os negócios na JC's?

— Bem, eu ganhei dois prêmios. — Chaerin sorriu. — Acho que já é o suficiente. Mas, ei! Enquanto você e o Jungkook? Soube que estiveram saindo!

— Nós somos amigos agora! — Taehyung deu de ombros. — Longa história, você ficaria entediada.

— E você, Jimin-ssi? — A maior perguntou, curiosa.

— Bem... Eu... Jungkook... — Jimin engoliu em seco. — Nada?

— Calma, Chaerin, agora é hora dele se fazer de desentendido — Yoongi revirou os olhos. — Jimin, ela sabe, sempre soube, e todo mundo sabe quando vocês estão brigados porque a energia da sala, das palavras, ela dica mais pesada. Não tem como não ter algo aí. 

— Se eu fosse o Taehyung babaca de antes, diria que Jeon Jungkook não sabe equilibrar seus negócios com um namorinho idiota, mas... — Taehyung suspirou. — Precisam ter calma com ele. Ele está fragilizado, e com certeza é muito mais que isso.

— Lindíssimo, falou tudo. — Yoongi deu de ombros.

— Uh? E não era você que estava ameaçando ele de morte por ter terminado comigo? — Jimin olhou incrédulo em sua direção.

— Bem, é... — Yoongi desviou o olhar, desconcertado.

— Agora a madame vai se fazer de desentendida! — Jimin vingou-se, esperando uma resposta do menor.

— Espera um segundo, vocês terminaram? — Chaerin cruzou os braços, indignada. — Tipo, de verdade mesmo?

— Longa história. — Jimin suspirou. — Espero que todos nós possamos ficar bem com tudo isso.

— Mas, bem, parabéns pelo prêmio! — Chaerin o abraçou novamente. — E sinceramente? Todo mundo já sabia que você ia ganhar, até mesmo os leitores.

— Ela tem razão. — Hoseok deu de ombros. — Estava tão óbvio! E você mereceu tanto!

— A sensação de estar lá em cima é tão incrível. — Jimin falou, empolgado. — Fiquei me sentindo um anjo!

— Você é um anjo. — Taehyung falou, sincero.

— Será que nós podemos falar dessa roupa? — Chaerin pediu, animada. - Quanto custou? Quantas pedras?

— Muito, tenha certeza. — Taehyung fingiu uma facada no peito. — Tive que verificar o orçamento pra ver se batia com tudo que essa peste está usando.

— Ah, mas, no final pelo menos valeu a pena! —  Chaerin confirmou, sorrindo calorosa.

— Eu acho que sim. — Jimin assentiu — Nunca estive tão feliz, sério.

— Eu acho que tem alguém feliz por você também, Jimin. — Chaerin comentou. — Sabe, teve um motivo pra eu ter perguntado sobre você e o Jeon.

— Qual? — Jimin indagou, curioso.

— Quando você ganhou o prémio, ele abriu um sorriso capaz de iluminar esse evento todo, e ele nunca havia feito isso por ninguém. — Chaerin falou.

— Só por ele mesmo, é claro. — Hoseok completou.

— O fato é que aquele homem gosta de você, e não parece que ele está querendo realmente te deixar... — Chaerin falou.

— Não nos separamos de propósito. - Jimin suspirou. — Houveram várias desavenças. Mas, está tudo bem.

— Fico preocupada com a situação vocês. - Chaerin afirmou. — Porque Jimin, aquele homem te ama muito.

Jimin ouviu a voz pairar em sua cabeça por longos segundos, a mesma frase cabível que havia ouvido e nunca tirado de sua cabeça.

"Eu não vou permitir que coloque suas mãos imundas no homem que eu amo."

No homem que eu amo.

Jungkook o amava, afinal de contas, mesmo que nunca tivesse dito algo diretamente.

E era justamente pelo amor que ambos sentiam um pelo outro, que não podiam deixar de ser. De ser Jungkook e Jimin.

E aquela era a parte que mais machucava dentre todas as outras.

Jimin não queria o deixar, Jimin não queria ter que ir embora e acabar com a conexão intensa entre ele e o homem que mais amava naquele planeta.

Jungkook era mais que carnal, mais que um joguinho psicológico com sua mente, mais que um namorinho de 11 mesês.

Jungkook era o seu homem. O homem com quem desejaria dividir todos os seus ressentimentos e felicidades, o homem por quem se apaixonara e nunca mais largaria de mão.

Porque apesar de tudo, Jungkook não era o único que sofria intensamente pela sua falta. Jimin também estava, só se negava a demonstrar porque era demais.

Jimin não conseguia chorar em frente a todos, não conseguia passar aquele sentimento de angustia, mas conseguia guardar pra si, era orgulhoso demais pra mostrar suas fraquezas.

Porque suas fraquezas o destroe, e ninguém poderia descobrir nada sobre elas. Hora ou outra iriam usar aquilo contra si, e Jimin era muito reservado pra isso.

Jungkook com certeza estava se sentindo a pessoa mais feliz do mundo por conta daquele prêmio, e aquilo importava pra Jimin.

Importava porque apesar de separados, Jungkook nunca desistiu do menor, Jungkook nunca virou o rosto para qualquer ajuda, Jungkook estava apaixonado e gostaria de dividir tudo com o menor.

Jimin gostaria também.

E por um segundo, repensou milhares de vezes sobre sua ida, sobre ir, sobre ficar, sobre vender sua passagem e levar Jungkook pra casa sem mais nem menos.

Talvez fosse fazer aquilo. Talvez.

Mas, antes que pudesse pensar sobre alguma coisa, grunhiu ao se pegar pensando tanto sobre aquilo, e seus pensamentos foram interrompidos pela voz dos apresentadores, indicando que o próximo prêmio já iria ser anunciado.

O formigamento esquisito em suas pernas havia começado, iriam pegar aquele homem de jeito, e nada poderia os impedir.

O ódio inativo tomou conta de si novamente, e tudo que conseguira fazer foi exibir o maior sorriso maldoso que conseguia.

Iria acabar com ele. Iria acabar com Jeon Jungwoo, como havia prometido.

Sentia-se orgulhoso de agarrar seu colarinho e olhar no fundo dos seus olhos, prometendo que iria voltar, voltar para o seu fim.

Todos aqueles que sofreram na mão de Jungwoo estariam livres, todos os funcionários, todas as vítimas, e até mesmo, Park Yoora, que apesar de todas as maldades que fizera com o seu homem, nunca mereceu a morte, e sim, a condenação.

— Boa noite, Seoul! — Mais uma vez, a voz de outros dois apresentadores  foi ouvida. — Agora que voltamos dos comerciais, vamos voltar para a programação normal.

— Bem, não tão normal, meu anjo. — Taehyung murmurou, ao seu lado. — É hora de irmos.

— Pra onde? — Chaerin perguntou, confusa.

— Espere, e você verá. — Hoseok sorriu, afagando o ombro da garota, ultrapassando seu corpo em seguida.

— Yoongi, você sabe o que fazer. — Taehyung informou.

— Certo. Sala de iluminação, primeiro andar, segunda porta à esquerda. — Yoongi conferiu.

— É por isso que eu amo você. — Taehyung sorriu.

Jimin suspirou, olhando de soslaio para Jungkook, que se encontrava sentado no mesmo lugar de sempre, cheio de expectativa.

Jungwoo estava ao seu lado, dessa vez, sorrindo como nunca, às vezes chamava a cumprimentar algumas pessoas à sua volta e fingir que nada estava acontecendo.

Jimin revirou os olhos, não conseguia entender o porquê de todos idolatrarem aquele assassino terrível; isso, se soubessem a verdade, é claro.

Jungkook vacilou em olhar em sua direção, com ambas sobrancelhas erguidas ao ver a formação inicial com Taehyung, Hoseok, e Jimin em pé, ao lado do palco, no canto mais escuro.

Jimin apenas olhou em sua direção, apreensivo, sibilando um sincero "confie em mim" em sua direção, que fizera o moreno apenas confirmar com a cabeça, e engolir em seco.

— Oh, sim! Temos em mãos os resultados do prêmio de Estrela Fashion do ano! — Jimin conseguiu ver IU, erguer o envelope para o cima.

— Isso mesmo! Quem será que vai ganhar essa edição? — Lee Minho completou, juntando as duas mãos em frente ao corpo.

— Esse ano teremos uma surpresa, pessoal! — IU falou, animada. — Vamos reviver os momentos dos últimos prêmios, trazendo ao palco os primogênitos da primeira era das empresas de moda!

— Uhul! Isso mesmo! — Taehyung gritou, animado. — Vem ícone da humilhação.

— Taehyung! — Hoseok deixou um tapinha em seu braço, implorando para que ficasse calado.

— Gente. — Jimin grunhiu, engolindo em seco. — Tô nervoso. Não é brincadeira.

Hoseok sorriu em sua direção, tentando parecer reconfortante, ao mesmo tempo que apertava suas mãos com força.

— Vai passar. — Hoseok falou. — Prometo que vai ficar tudo bem.

— Obrigado, solzinho. — Jimin assentiu, sentindo a barriga revirar ao que Lee Minho terminava de falar.

— Vamos rever o VCR das primeiras premiações e depois iremos ao ganhador do prêmio! — IU falou, e em seguida, se dirigiu até o canto do palco, aguardando.

Quando o rosto do pai de Taehyung aparecera ali, o menor vidrou os olhos naquele local, um tanto nostálgico, antes de piscar algumas vezes e olhar para Seokjin, que permanecia da mesma forma.

Jimin sabia que ambos sempre tiveram vontade de se resolver, mas era claro que nenhum iria quebrar o próprio orgulho para perdoar alguém que só lhe causara mal.

Taehyung sentia-se culpado, apesar de tudo, nunca desejou ter sido ruim para Seokjin, agiu por puras emoções e quis provar algo que não precisava, algo que não tinha necessidade.

Tinha suas memórias e suas razões, apesar de tudo. Sempre lembrava de quando tinha o seu irmão ao seu lado, o apoiando a mostrar ao seu pai que podia sim, conseguir alguma coisa. E mesmo com Seokjin sendo treinado para assumir os negócios do pai, sempre tinha um tempinho para gastar ao lado do irmão que tanto amava.

— Você está bem, amor? — Hoseok perguntou, olhando para Taehyung, ainda paralisado.

— O meu pai está aqui? — Taehyung perguntou, confuso. — Hoseok, meu pai veio?

— Bem... Eu... — Hoseok suspirou. — Eu não sei, Taehyung. Pode ser que sim, pode ser que não, não o vimos, ou vimos?

— Merda. — Taehyung suspirou, levando uma das mãos aos cabelos.

— Te faz ficar nervoso? — Hoseok perguntou, preocupado. — Podemos lidar com isso de outra forma, você sabe.

— Não. — Taehyung negou. — É só que... Seokjin e Namjoon vieram também, obviamente. E ele vai querer me fazer de ovelha negra pela milésima vez.

— Você não deve ligar pra isso, TaeTae. — Hoseok tocou seu ombro. — Você pode ter vacilado uma vez, mas olha onde você chegou, uh? Sozinho!

— Eu acho que você deveria fazer as pazes com ele. — Jimin falou, interrompendo Hoseok.

Taehyung arregalou os olhos, descartando a possibilidade no mesmo momento.

— Não. — Negou.

— Taehyung. — Jimin suspirou. — Você não pode fugir disso pra sempre, sim? Se o fizer, não precisará mais ficar fugindo, ou se sentindo desconfortável ao lado dele.

Taehyung o olhou, apreensivo, mordendo a pontinha do lábio inferior, passando a talvez, considerar a ideia. — Mas... Eu tenho vergonha.

— Vergonha de que? Do que você fez? — Jimin perguntou. — Taehyung, situações desesperadas, pedem medidas desesperadas. Você fez no desespero, se tivesse pensado melhor, não o teria feito.

— Nunca. — Taehyung assentiu. — Eu nunca quis magoar o Jin hyung. Eu só achei que... nunca ia conseguir ser alguém na vida...

— Eu sei que não. — Jimin sorriu. — Peça desculpas, independente da respota você vai ter feito sua parte e se livrado dessa culpa terrível! Sei lá, você é rico, milionário, dê parte das ações pra ele e mostre que está arrependido!

— Eu concordo com o Jimin — Hoseok falou, sincero.

— E sobre o seu pai... — Jimin suspirou. — Não tenho muito o que pensar sobre ele, eu não o conheço. Mas, sei o quanto ele ficaria orgulhoso te vendo desmascarar um assassino, pedindo desculpas ao seu irmão, sendo honesto.

— Jimin-ssi... — Taehyung sorriu fraco, emocionado com as palavras alheias. — Obrigado, muito obrigado.

— Por nada, meu bem. — Jimin respondeu. — Agora, é bom que esteja preparado, entramos em ação em alguns minutos.

— Muito bem! — IU gritou, assim que as luzes ligaram novamente. — Acho que está na hora de anunciar o vencedor!

— Claro! Vamos em frente! — Minho assentiu, animado.

— E o prêmio de Estrela Fashion do Ano dessa edição do Seul Fashion Awards 2018, vai para... — Ela abriu o envelope, na medida em que rufaram-se os tambores.

Todos ficaram em silêncio, apreensivos.

— Jeon Jungkook! — Ambos gritaram juntos, animados.

Jimin sorriu, automaticamente, mesmo sabendo do resultado antecipadamente devido ao plano diabólico que havia montado, ver Jungkook envergonhadinho e com um sorriso genuíno no rosto era impagável.

Seguiu o olhar na direção do moreno, que caminhava animadamente em direção ao palco, batendo algumas palminhas e arrancava suspiros desejáveis.

— Mas esperem! Vocês acharam que havia acabado? — IU pediu, ainda que Jungkook caminhava em direção ao palco.

O viu passar em sua frente e olhar de relance em sua direção, observando Jimin sorrir e lhe mandar um legal com os dedinhos gordos, mostrando o quão orgulhoso estava.

— Pedimos que o Sr. Jeon Jungwoo suba ao palco em conjunto com o filho para receber o prêmio de maior influência da geração passada! — Minho anunciou, ao que todos começaram a gritar novamente.

E Jimin riu, riu porque aquilo era irônico. — Maior influência da moda, puff.

— Não fale assim, ele é o seu sogro. — Taehyung zombou.

— Ai gente, rindo com respeito. — Hoseok riu.

O maior apenas sorriu para todos, inócuo de todas as reflexões sobre os golpes que haviam planejado contra si, enquanto subia no palco com os olhos vidrados no prêmio.

Taehyung deu alguns pulinhos e piscou para os dois rapazes ao seu lado, antes de pisar no primeiro degrau da escada e subir ao palco com um sorriso no rosto.

Antes que pudesse dizer alguma coisa, tocou o ombro da apresentadora e sorriu amarelo. — Oi, amiga, me empresta isso aqui rapidinho.

— Uh? — Jungkook olhou para trás, ainda que recebia o prêmio nas mãos de Minho.

— Oi, gente! — Taehyung acenou. — Sou Kim Taehyung, mas, aposto que vocês sabem quem sou eu, todo mundo sabe!

— Nem um pouco convencido. — Hoseok revirou os olhos, soltando uma risadinha.

— Então, se vocês acham que eu tô aqui dando uma de Kanye West e acabando com a reputação da Taylor Swift... — Taehyung falou. — Vocês estão completamente certos!

A plateia está num misto de choque e risadas, Taehyung acha que isso é um bom sinal.

E ele suspira novamente: — Embora ele esteja errado e... nossa, acabei de perceber que perdi esse prêmio.

— Com licença, será que vocês podem tirar esse homem do palco? — Jungwoo pediu, claramente nervoso.

— Me tirar do palco? - Taehyung ergueu uma sobrancelha, antes de começar a rir. — Depois do que eu tenho a falar, tenho certeza que quem vai sair desse palco é você. E com duas lindas algemas nos pulsos.

— Taehyung, o que você tá fazendo? — Jungkook perguntou, confuso. Jimin conseguia ver suas mãos tremendo, ele está com medo.

— O que eu tô fazendo? — Taehyung ergueu uma sobrancelha. — Você vai ter o seu discurso, Jeonggukie, mas antes, preciso de alguns minutinhos da atenção de vocês.

— Alguém tira esse homem do palco! Cadê os seguranças desse lugar? — Jungwoo perguntou, irritadiço. — Que indecência, falando dessa forma com um homem mais velho que você, em frente á todas essas pessoas.

— Mais alguns minutos e não serei o único a te desrespeitar. — Taehyung deu de ombros. — Yoongi, meu anjo, pode ligar o VCR agora?

— Caralho, ele tá tão pleno. — Hoseok riu, apaixonadinho. — Se fosse eu já estaria uma pilha de nervos.

— Ele meio que tem que estar. — Jimin respondeu. — Se não fosse ele ali, tenho certeza que todo mundo acharia que era mentira. Ele sofreu muito na mão desse cara, esse momento, pra ele, é definitivamente muito melhor do que ganhar um prêmio.

— Você tem razão. — Hoseok assentiu.
— Taehyung é único.

— Definitivamente. — Jimin sorriu.

— Eu não tinha a intenção de envergonhar ninguém hoje, sabe? — Taehyung falou. — Ah, não vou enganar não, eu tava mesmo com vontade de expor esse cara.

Jungwoo engoliu em seco, olhando para Jungkook, e depois para as escadas dos locais, com a cabeça preparada para a fuga.

— Isso foi tudo armação sua, não foi?
— Jungwoo perguntou, aproximando-se do filho. — Jungkook, eu vou te matar.

— N-não. — Jungkook respondeu, sincero. Seu corpo todo tremendo de ansiedade. — Eu nem sabia.

— Não. Não foi culpa dele. Eu que planejei. — Taehyung deu de ombros. — Cadê o vídeo, Yoongi? Não dá pra esperar mais.

— Kim Taehyung, se você não parar... — Jungwoo ameaçou, bufando.

— Ou o que, Jungwoo? Vai me bater também? — Taehyung revirou os olhos. — Se o que é preciso pra te colocar na cadeia seja milhares de expectadores e um vídeo muito comprometedor, tenha certeza que estamos dispostos.

Jungwoo inspirou fundo, caminhando em direção às escadas de saída do palco, mas quando aproximou-se do local, conseguiu ver a silhueta de Chanyeol no fim da escada, enquanto o mesmo acenava e sorria em deboche.

— Não vai conseguir me tirar do palco, Sr. Jeon. — Taehyung falou, simplista. — Bem, vamos começar, sim?

Taehyung sorriu na medida em que os famosos erguiam os celulares em direção à si, ansiosos por toda a informação que iria ser liberada.

Jungwoo grunhiu, irritado, aproximando-se do filho, já que não havia outro meio de escapar daquela situação, mal tinha culhões para pular do palco.

— Esse homem que vocês estão vendo aqui, se chama Jeon Jungwoo, e bem, ele é tido como um salvador da pátria! — Taehyung falou, debochado. — Esse homem é também uma das maiores influências da carreira de moda coreana, é inegável não ressaltar esse fato.

Taehyung suspirou, observando o homem pressionar os punhos um no outro, enquanto arfava profundamente.

— E este homem também é o maior criminoso que todo o universo da moda já teve. — Taehyung soltou a bomba.

Todos arregalaram os olhos na mesma hora, na medida em que as luzes do palco iam sendo apagadas, e o telão enorme acima de ambos estava sendo ligado.

— Vocês devem estar se perguntando o porquê de eu ter subido nesse palco pra acusar um homem no meio dd uma premiação... — Taehyung falou. — Mas, eu tô aqui pra expor ele porque ele já passou muito tempo fazendo suas maldades e saindo impune com isso. E vou o fazer porque na verdade, eu tenho provas.

— Você tem? — Jungkook perguntou, confuso. — O quê? Como?

— Semanas atrás, estavamos eu, Jungkook e Park Jimin, reunidos como amigos, conversando, nos divertindo, e minutos depois, esse homem chegou. — Taehyung comentou. — Entrou pela porta como se fosse o dono do mundo e começou a dar ordens no filho, insinuar e julgar todos nós como se fôssemos inferiores a ele.

— Isso é mentira! — Jungwoo gritou, irritado. — Como você pode falar uma coisa dessas de mim? Eu sou um velho indefeso, eu sou uma das maiores influências da moda antiga.

— Pois é. Como você mesmo disse, moda antiga, Jungwoo. — Taehyung revirou os olhos. — Eu suponho que todos vocês conhecem Park Yoora, uh? A famosa ex-esposa de Jeon Jungkook.

No mesmo instante, o telão transmitiu uma das cenas que haviam sido gravadas no dia em que acertou Jimin, e acabou com seu relacionamento.

No vídeo, o moreno aproximava-se do filho com sangue nos olhos, enquanto o acusava de coisas horríveis.

"Naquela noite... A Yoora veio até mim. Eu estava sobre efeito de remédios, mas eu lembro, eu lembro de como ela falou algo sobre fuga, horas antes de sua morte."

"Ela queria fugir de você, Jungkook! Pare de inventar obstáculos inexistentes, a Yoora sempre quis fugir de você, você a fazia mal, a torturava com suas pancadas, e acabava com seu estado mental."

"Não era de mim que ela fugia, papai... Era de você. Era você quem fazia isso tudo com ela pra que ela continuasse a ficar comigo, e um dia, ela cansou, ela desistiu, e você já previa."

"Jungkook, o laudo corporal da Yoora já foi confirmado, foi suicídio! Você está delirando! Não... Você não pode fazer isso comigo!"

"Quando a Yoora se jogou do décimo andar, eu vi o irmão dela chorar e me agredir, alegando injustiça. E eu chorei de volta! Não porque a amava, ou porque estava de luto, pai! Eu chorei porque eu sabia que ela não havia tirado a própria vida, quando na verdade, ela havia caído, havia sido... Empurrada."

"Sempre me perguntei quanto tempo você demoraria pra descobrir."

— E bem, eu acho que vocês já sabem a verdadeira causa da morte da Yoora agora. — Taehyung suspirou, com os olhinhos cheios de lágrimas. — Bem, ela pode não ter sido a melhor pessoa do mundo, mas eu tenho desgosto por um homem desses ainda estar impune. Ele contou cobriu o laudo corporal dela com cheques gordos e fingiu que ela não foi empurrada  daquela janela.

— Nojento! — Baekhyun gritou, da plateia, indignado, acarretando uma onda de comentários negativos.

— Jeon Jungwoo passou a vida se dedicando à manipular a mente do próprio filho, que apesar de gostar da carreira de empresário, sempre quis terno próprio restaurante e uma clientela pacata. — Taehyung falou.

—  Hoseok, sua hora de assumir. - Jimin falou, baixinho, agarrando o braço de Chanyeol. — Vamos, Chanyeol.

Jimin o puxou singelamente e
Chanyeol adentrou o palco com um papel em mãos, pernas trêmulas e visão embaçada, um tanto envergonhado.

Jimin estava ao seu lado, um tanto abalado ao ver os olhos de Jungkook cheios de lágrimas e seu estado emocional completamente desmoronado ao ouvir aquela história de novo.

— Jeon Jungwoo não é o homem que vocês pensam que é. — Jimin assumiu o microfone, falando de imediato. — Ele é um miserável, manipulador, que usa da vida dos outros pra melhorar a sua, um assassino, um ignorante!

— Esse aqui é Park Chayeol, ele é irmão da Yoora e achamos que ele também deveria estar aqui, já que correu contra o tempo essas duas semanas todinhas. — Taehyung falou. — Ele nos ajudou a achar contatos, arrumar as evidencias e contatar uma equipe policial, e muito ao contrário de uma manipulação, achamos a melhor equipe de todas.

— Jeon Jungwoo precisa pagar pelo que fez com o meu... Com o meu... — Jimin engoliu em seco. — Com o meu amigo, Jungkook e com sua esposa. E como se não bastasse, esse homem também desviou 3 milhões de Wons da JC's.

— E é por isso, Sr. Jeon, que você está preso por homicídio; complô, suborno à autoridade e lavagem de dinheiro. — Taehyung falou.

— Eba! — Hoseok gritou, animado, atraindo atenção de algumas pessoas à sua volta. — Quer dizer, é isso mesmo! Pega esse nojento!

Jimin olhou em direção ao moreno, que se encontrava com as mãos juntas em frente ao torso, lábios contraídos e olhos cheios de lágrimas.

Suspirou, olhando em direção à Jungwoo, que não havia se manifestado em nenhum dos momentos, apenas aceitando o próprio erro e deixando-se levar.

Mas, apesar de tudo, Jungwoo tinha os olhos quase vermelhos de raiva, uma das veias ressaltadas e a expressão furiosa em direção ao menor.

E Jimin sorriu, aproximando-se do homem carregado por policiais, enquanto o resto da equipe se aglomerava pelo palco e tomava as evidências.

— Eu disse que ia acabar com você, não disse? — Falou, tão próximo do moreno que quase encosta suas testas.

Estava tão orgulhoso do trabalho que havia feito, mas, com tanta raiva daquele homem, que tivera que segurar para não devolver o soco.

— Quando eu sair, Park Jimin... — Jungwoo murmurou, olhando nos seus olhos. — Vou matar você.

— Você não vai sair. — Jimin riu. — Não agora, é provável que morra lá mesmo, porque é o que você merece.

— Eu vou matar você. — Jungwoo ameaçou novamente.

— Não. Eu acabei com você. — Jimin respondeu, colocando o indicador sobre seu peito. — E quero que você tenha a consciência de que se você está preso, é porque eu te coloquei lá, porque eu cumpri minhas palavras.

— Vou acabar com você. — Jungwoo murmurou, antes de remexer-se contra as algemas e ser guiado até o fundo do palco à vaias.

— Além disso, pessoal, com a ajuda da polícia, conseguimos abrir uma investigação e por isso, tínhamos a certeza de que poderíamos fazer isso — Taehyung informou. — Todas as provas são reais, tudo que aconteceu é verdadeiro. Tenham cuidado com as pessoas que vocês amam e idolatram, muitas vezes, elas podem se mostrar falsas.

Taehyung fez o sinal para Yoongi desligar o telão e ligar as luzes do palco, assim que Jungkook saira dali sem ao menos proclamar o discurso.

— Jungkook! — Jimin gritou, assustado, agarrando seu braço. — Espera.

— Jimin, agora não. — Jungkook respondeu, saindo do palco às pressas.

— Mas, Jungkook... — Jimin suspirou, passando as mãos pelos cabelos. — Tem algo que preciso te contar!

— Agora não! — Jungkook respondeu novamente, sumindo entre as mesas do local.

— Jimin... — Taehyung tocou seu ombro. — Dê tempo à ele, sim? Ele precisa assimilar tudo que aconteceu, precisa decidir o que vai fazer com sua vida, e...

— Vamos sair do palco, sim? — Chanyeol pediu, envergonhado.

Jimin assentiu, descendo do local um tanto atordoado, sorrindo fraco ao receber uma salva de palmas de todos presentes ali.

Aparentemente, o plano havia dado certo, mas, Jimin não tinha revisado a parte de tomar as consequências, porque elas definitivamente estavam acontecendo.

— Jimin-ssi! — Seokjin gritou, animado, aproximando-se do grupo de amigos reunidos. — Estou tão feliz que você desmascarou o velho!

— Nós sabíamos desde o começo. — Namjoon assentiu. — Mas, nunca conseguimos provas, Jungwoo era um cara esperto.

— Mas, não tão esperto quanto o Jimin, pelo visto. — Seokjin sorriu. — Estou feliz que teremos um modelo com tanta inteligência na nossa equipe.

— Com licença? — Yoongi perguntou, confuso, aproximando-se do grupo. — Jimin nem assinou um contrato com vocês, do que vocês estão falando?

— Uh... — Seokjin pigarreou, confuso. — Jimin está indo para a França depois desse bafafá, vamos assinar um contrato e fazer dele nosso modelo.

— Para a França? — Yoongi ergueu uma sobrancelha. — E-eu não entendi, Jimin, do que eles estão falando?

— Seokjin, ele não sabia. — Namjoon tocou seu ombro, baixando a cabeça.

— Oh, meu deus! — Seokjin arregalou os olhos. — Eu não sabia.

Jimin olhou para Yoongi outra vez, murmurando um palavrão ao ver o outro suspirando e negando com a cabeça, enquanto empurrava Taehyung e Hoseok, abrindo espaço entre eles para que pudesse ultrapassar.

O moreno olhou para Seokjin, com os olhos cheios de raiva e grunhiu com força, indo atrás do maior no mesmo instante.

— Yoongi! — Jimin gritou, cansado de caminhar, até que finalmente chegassem aos fundos do local. — Yoongi, espera! Yoongi, espera, por favor, eu preciso me explicar. — Jimin pediu, tocando seu braço.

— Não enche o saco, Park Jimin. — Yoongi puxou o membro de volta, estressado.

E Jimin soube na hora que Yoongi estava realmente muito estressado, ele nunca falava seu sobrenome em discussões, e infelizmente, Jimin estava muito ferrado mesmo.

— Yoongi... — Jimin suspirou. — Eu juro que eu ia contar pra você, só não sabia onde, e como ia contar pra você.

— Contar? — Yoongi praticamente gritou. — Será que você não poderia ter pensado em conversar comigo antes de tomar essa decisão idiota?

— Eu pensei! Eu juro que pensei! — Jimin respondeu, no mesmo tom de voz alheio. — Mas, eu quero tirar um tempo com minha filha, nós estamos afastados, e lá eu já terei um emprego, vou vir visitar você toda semana, não vai ser muito diferente.

— "Eu, eu, eu, eu..." — Yoongi revirou os olhos. — É tudo sobre você, não é? Sempre foi! Desde que você conseguiu um emprego na JC's.

— Yoongi, eu não estou sendo egoísta, não me entenda mal, por favor... — Jimin pediu, passando uma das mãos pelos cabelos.

— Como é que eu não vou te entender mal, Jimin? — Yoongi perguntou. — Eu sempre sou o último a saber de todas as coisas, não sei porque pensei que dessa vez seria diferente.

— Eu não queria magoar você, eu nunca faria nada pra magoar você, acredite em mim. — Jimin pediu, com um biquinho nos lábios.

Pra falar a verdade, Jimin não havia pensado sobre perder Yoongi antes, sempre esteve tão focado em contar pra ele que não pensou na hipótese de ficar sem ele.

Yoongi era muito importante e significava o mundo pra si, mas, daquela vez, estava agindo como se o menor fosse o único culpado da escola.

E Jimin sabia o quão dramático Yoongi conseguia ser, o quão bom em argumentar ele poderia ser.

— Não faria? — Yoongi revirou os olhos, irritado. — Pois bem, advinha só? Você fez! Fez por que não me contou!

— Yoongi, olha... — Jimin suspirou, cansado de tentar lidar com o seu atual estado.

— Eu não quero te ouvir! — Yoongi negou. — De todas as vezes que eu tive que bancar o idiota pra ouvir você falar da sua vida e ser o egoísta que sempre foi, dessa vez, eu não vou te ouvir, Park Jimin.

— E você fala como se você fosse o altruísta, não é mesmo? — Jimin apoiou a mão na cintura, perplexo. — Achei que uma amizade fosse sobre confiança, credibilidade, empatia e prioridades. Eu posso estar agindo como um idiota e ter faltado com minha parte desse acordo estupido, mas você não é inocente.

— Jimin, tudo que eu fiz nessa porcaria de tempo entre você, Jungkook, Taehyung, seu trabalho, seus desfiles, foi ajudar você! Onde foi que eu na vida faltei com isso? — Yoongi cruzou os braços.

— Não aja como se você não estivesse escondendo nada. — Jimin aproximou-se do torso do mesmo. — Vi você conversando com o Jungkook, e sinceramente? Não parecia que você estava dando uma bronca nele.

— E o que diabos você está afirmando, afinal? — Yoongi gritou. — Que eu estou agindo pelas suas costas? E não era isso que você vinha fazendo o tempo todo?

— Eu não fiz de propósito! Todos nós sabíamos que eu nunca teria coragem de machucar seu coração dessa forma, eu só não... Não conseguia imaginar outro jeito! — Jimin falou.

— Você podia ter imaginado! Você não devia nem estar fazendo isso! Pare de ser tão egoísta e por uma vez na vida, pense nos outros, Jimin! Não é só você que está na merda, não é só você que quer dar um tempo disso tudo, e o mundo não gira em torno de você, porra! — Yoongi gritou.

Jimin ouviu todas aquelas palavras, e por um momento, parou de falar, apenas observando Yoongi arregalar os olhos ao ouvir o que ele mesmo havia falado.

Não era verdade, afinal de contas. Jimin sabia que não. Sabia o quanto havia mudado, sabia que poderia ter sido egoísta antes das mudanças que haviam acontecido em sua vida, mas de tudo que fizera durante todo o tempo, esse fôra a única decisão que fizera unicamente pensando no seu bem estar, e no da sua filha.

Era claro que tinha falado por impulso.

Se Jimin achasse que a porra do mundo girasse em torno dele, não estaria quase chorando ao tentar fazer Yoongi entender, ou com a cabeça martelando por não ter contato à Jungkook que estava indo.

Ele simplesmente não conseguia.

E pela primeira vez, as palavras venenosas que Yoongi costumava usar o feriram de uma só vez. Profundo e intensamente.

— Oh, meu deus... Eu... — Yoongi suspirou, passando as mãos entre os fios dos cabelos. — Eu não quis...

— Você quis. — Jimin o interrompeu no mesmo instante. — E quer saber? Estou cansado de presumir falsas expectativas. Porque eu achei que você iria me apoiar, que iria me dar um abraço e dizer que não iríamos nos afastar, porque apesar de tudo, meu objetivo era te ligar todos os dias, vir te visitar todos os finais de semanas possíveis.

— Jimin... — Yoongi fez um biquinho triste, vendo o menor afastar o corpo do seu por alguns segundos, caminhando para trás.

— Não. — Jimin negou. — Não quero mais saber. Eu estou indo embora. Não me procure, me deixe em paz, eu já ouvi o suficiente. Agora sei que sou egoísta e que a porra do mundo não gira em torno de mim. E quer saber? Vou fazer da minha filha, a criança mais feliz dessa terra sem você.

— Jimin, não faz isso... — Yoongi pediu, com os olhos cheios de lágrimas. — Por favor, por favor, fica comigo, vamos conversar! Eu não falei por querer!

Jimin parou no meio do caminho, ainda pensando em voltar ali e ouvir as desculpas do amigo, mas não quebraria o seu orgulho, não mais do que o seu coração, não daquela vez.

Sentia raiva. Raiva da situação, mas alívio por estar saindo daquele lugar, não conseguia aguentar nem mais um segundo ali.

Se Yoongi o quisesse fora. Estava indo. Estava tudo feito, todos haviam sido presos.

Jimin havia passado pelo inferno e voltado durante mesês, teve o coração quebrado, repartido, fôra enforcado, demitido, sabotado, e recentemente sequestrado. Qual era a porcaria do problema em querer tirar um tempo pra si e sua filha?

Tudo que conseguira ouvir antes de deixar o local e entrar no táxi com toda a certeza do mundo, era o soluço alto que saiu da garganta do melhor amigo.

E infelizmente, o som do coração do amor da sua vida quebrando-se dentro do evento. À cada passo, mais um vestígio de dor.

Estava indo embora.

°~°

oi gente, o proximo capitulo é definitivamente o ultimo ok? depois tem o epílogo e fim!!!11

desculpa ter feito voces acharem que esse era o último capítulo:( eu tinha me enganado sobre a contagem:(

SERA QUE A GENTE PODE FALAR DO BBMAS

primeiramente:

there arE MY BABIES

did nOT see that coming:

im so fUCKING PROUD:

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