79: i'm gonna end you

atenção: esse capítulo contém cenas de violência explícita.

°~°

Jimin mantinha os olhos focados em direção a porta à sua frente, enquanto os dedos pressionavam fielmente a carne da sua mão, em punho.

Não iria negar que estava tenso como um inferno, levando em consideração todas as revelações ouvidas minutos antes.

Jeon Jungwoo era cruel, e Jimin tinha vontade de o fazer pagar por tudo que fez, da pior maneira.

É como todos dizem, afinal de contas, somos todos assassinos, mas em alguns, falta coragem; falta ódio.

Jimin tinha ódio, era incrivelmente corajoso em relação a enfrentá-lo cara a cara, mas não podia deixá-lo saber que já sabia de toda a verdade, não podia deixar nada escapar.

Com sorte, Jungkook se encontrava calmo; nervoso, porém calmo. Havia sido convencido de tomar o remédio no horário certo, e dessa forma, tudo teria que correr bem.

Só Deus sabe o que Jungwoo poderia fazer se soubesse que Jungkook já sabia de toda a verdade; do que seria capaz.

— Taehyung, você precisa se esconder! - Jimin pronunciou, um tanto afobado. — Se o Jungwoo ver você aqui, pode desconfiar, pode fazer alguma coisa.

— Certo. — Taehyung assentiu, procurando o casaco, e sua boina. — Pra todos os efeitos, Jungkook, ainda nos odiamos. Mas, você sabe que te amo, e você também, Jimin-ssi.

Jungkook apenas assentiu, preocupado demais para interagir. — Você pode sair pelos fundos e ultrapassar o jardim da frente.

— Então, eu vou fechar as janelas! — Jimin assentiu, nervoso, indo em direção as janelas em frente ao jardim.

— Certo. Jimin-ssi, fica de olho, por favor, não deixe as coisas saírem do controle! — Taehyung gritou, preocupado, ultrapassando a cozinha e abrindo a porta dos fundos.

Jimin apenas olhou em direção a Taehyung e lhe ofereceu uma piscadinha cúmplice.

Jungkook, incapaz de entender o que significava aquilo, quase se pronunciou, mas as batidas na porta o silenciaram.

— Jungkook? — Jimin o impediu, segurando o pulso alheio.

— Sim, meu bem? — Jungkook perguntou, mordendo a pontinha do lábio inferior.

— Sei que está nervoso e tudo mais... - Engoliu em seco. — Mas, o seu pai não pode saber que você sabe dessas informações, sim?

— Eu vou dar o meu melhor, eu prometo. — Jungkook respondeu, um tanto tristinho e preocupado, inquieto.

— Ei, olhe pra mim! — Jimin o chamou novamente, erguendo as mãozinhas gordinhas em direção às laterais das suas bochechas. — Vai ficar tudo bem, okay? Só precisamos fingir, e fingir.

— Eu... — Jungkook suspirou, juntando as duas mãos em frente ao torso.

— Eu amo você, Jungkook. — Jimin sorriu, aproximando-se para deixar um breve selinho em seus lábios.

— Jimin-ssi... — Jungkook respondeu, um tanto desnorteado com a mesma declaração sendo dita. — Eu...

— Jungkook! — Ouviu a voz grossa soar do lado de fora. — Abra essa porta! É o seu pai!

— Eu já estou indo, appa! — Jungkook gritou, na medida em que Jimin encolhia-se contra o próprio corpo, em uma distância segura.

Jungkook posicionou as duas mãos em cima da maçaneta, e abriu a porta, ainda nervoso.

— Desculpe a demora... — Respondeu, ofegante. — Tenho visita hoje.

— Ah é? — Jungwoo perguntou, empurrando a porta com certa força, passando por Jungkook de forma indiferente. — Oh...

Jimin observou o homem em sua frente: alto, forte, terno escuro, cabelos da mesma cor, olhos negros como um inferno, meia idade, lábios carnudos.

Céus, ele parecia com Jungkook de uma forma absurda.

No mesmo momento, os mesmos olhos escuros percorreram todo o corpo do menor, até parar em seus olhos, e menear até os fios pretos.

— Park Jimin. — Jimin quase ouviu o deboche em sua voz.

— Jeon Jungwoo. — O menor ergueu uma das sobrancelhas, desencostando-se do sofá, chegando perto o suficiente para olhar no fundo dos olhos alheios. — Você não sabe o prazer que é, finalmente, te conhecer.

— Partilho da mesma vontade. — O mais velho respondeu, erguendo a cabeça em sua direção.

— Eu não sabia que você viria hoje, pai. — Jungkook interrompeu a troca de olhares de ambos, com sua voz.

— Eu tiver que vir de última hora e sem avisar, porque receio que tenhamos assuntos pendentes para tratarmos. — Jungwoo comentou, sem desviar os olhos do menor em sua frente.

— Pai... — Jungkook suspirou, aproximando-se do menor, levando uma das mãos até suas costas. — Podemos deixar esse assunto pra depois?

— Mas é justamente sobre ele, Jungkook. — Jungwoo ergueu uma sobrancelha, confuso. — Ou você não o contou?

— Me contar? — Jimin indagou. — Me contar o que, Jungkook?

Jimin engoliu em seco, receoso sobre a resposta, receoso por descobrir que Jungkook estaria escondendo algo esse tempo todo.

Apesar de tudo, também estava. Mas, era sobre circunstâncias diferentes que provavelmente tornariam a vida do seu amado melhor.

— Não era nada. — Jungkook respondeu, inquieto.

— Sabe, eu estava morrendo de vontade de conhecer esse vermezinho no qual você está supostamente namorando, uh? — Jungwoo falou, abrindo um sorriso debochado em direção ao menor.

— E eu estava... — Jimin pensou em revidar, mas a mão do moreno pressionou suas costas com mais força. — Eu estava ansioso pra conhecer o pai do meu namorado.

— Namorado? — Jungwoo ergueu uma sobrancelha, abrindo um meio sorriso, rindo pelas narinas. — Jungkook, você está muito desobediente.

— Eu acho que ele já é bem grandinho pra tomar as próprias decisões. — Jimin o interrompeu, incrédulo. — Sem que precise de alguém para o influenciar, sabe?

— E o que você quer dizer com isso? — Jungwoo perguntou, correndo os olhos pelo cômodo ao seu redor.

— Nada. — Jimin deu de ombros. — Só dizendo, sogrinho.

— Não me chame dessa forma! — Jungwoo o repreendeu, e tudo que o menor mais queria era rir em sua cara. — Eu nunca serei sogro de um homossexual nojento como você!

— Vocês homofóbicos me cansam. - Jimin revirou os olhos. — Tá na hora de abrir esses olhos um pouquinho pra realidade, sobrinho. O mundo não gira embaixo do seu nariz.

— De qualquer forma, não precisamos de mais delongas... — Jungwoo adiantou-se, arrumando as laterais do teto em frente ao corpo. — Jungkook, tire-o daqui.

Jimin arregalou os olhos, incrédulo, enquanto observava a postura do moreno, ainda desacreditado com a arrogância do pai em relação a algum que ao menos conhecia.

É claro que Jungwoo tinha visto o escândalo, e é claro que já havia se pronunciado sobre toda a questão, mas não sabia do suposto relacionamento entre ambos.

Surpreso o suficiente com as ações rudes do homem à sua frente, e das possíveis ações do que ele tenha feito ao próprio filho, Jimin estava quase explodindo.

Jungkook não estava tão diferente do menor, que de minuto em minuto observava os punhos alheios fechando e abrindo rapidamente, o peito inflando e descendo, assim como sua respiração acelerada.

Jungkook não iria durar muito e Jimin sabia disso, não podia deixar que algo dessa forma acontecesse porque sairia do controle, e acabaria o machucando novamente.

De qualquer forma, Jungwoo esperou uma resposta proeminente, que não viera de forma alguma dos lábios do filho, que apenas o olhou com os olhos fulminantes, e sibiliou um profundo e intenso:

— Não.

Jungwoo ergueu uma sobrancelha, impressionado com tamanha desobediência, e deu um longo passo em direção a estante de canto, portadora dos vinhos antigos e caríssimos importados.

Soltou uma breve risadinha, apanhando um copo de vidro, despejando o líquido ali, como se estivesse fazendo a última coisa em sua vida.

Jimin, corroía por dentro com todas as ações daquele homem, se perguntando em como ele poderia ser tão cruel e ridículo em relação a todos em sua volta.

Indigno de um filho tão maravilhoso, indigno de uma vida tão contemplada e rica, criada através de roubos e subornos, indigno de ter toda a sua carreira premiada.

Jungwoo precisava ser posto ao chão e Jimin iria se certificar de que isso aconteceria.

— O que você disse? — Perguntou, indiferente, virando-se em direção a ambos.

— Eu disse... — Jungkook engoliu em seco; seus dedos tremiam, sua garganta se encontrava seca.

— Ele disse "não". — Jimin respondeu, cruzando os braços. — Além de acéfalo, o senhor também é surdo?

— Eu não estou falando com você, meu caro. ž Jungwoo revirou os olhos. — Jungkook, não se atreva a dizer não para o seu pai.

— Ele vai se atrever sim, Jungwoo-ssi. — Jimin interrompeu, novamente. — Porque ele não está aprisionado a você, e muito menos te deve o respeito do qual você tanto fala. Você deveria se dar o respeito, aliás.

— Seu vermezinho nojento, não me provoque... — Jungwoo o encarou, de forma tão tenebrosa, que Jimin jurou encontrar da mesma escuridão nos olhos do namorado enquanto estava transtornado.

— Você... — Jimin arregalou os olhos, perdido em pensamentos. — Jungkook...

— Não! — Jungkook gritou novamente, alterado. — O Jimin vai ficar, pai!

— Não. — Jungwoo negou, enfiando uma das mãos no bolso. — Ele vai embora, porque ele não te merece, só te faz mal. Você sabe disso, Jungkook.

— Você pode achar que esse seu truquezinho idiota tenha funcionado comigo a vida inteira... — Jungkook pronunciou, com a voz intensa e rouca, um tanto dolorida. — Mas, isso não vai funcionar mais.

— Do que você está falando, Jungkook? — Jungwoo respondeu, cínico. — Eu sou o seu pai! Eu nunca faria nada ruim à você!

— É claro que você faria! — Jungkook gritou, começando a movimentar-se contra o cômodo, lentamente. — Você fez isso a minha vida toda, você acabou comigo! Você inventou essa história de casamento ridículo!

— Eu não inventei nada! — Jungwoo gritou de volta, dessa vez, pressionando os dedos da mão direita contra o copo de vidro em suas mãos. — Você amava a Yoora, Jungkook! Você sempre foi normal! Você estava melhorando! Até esse... Garoto nojento aparecer em sua vida e arruinar tudo!

— E eu iria continuar na miséria se não fosse o Jimin-ssi, pai! — Jungkook respondeu, ofegante.

Por um momento, Jimin conseguiu ver as lágrimas se formarem no canto dos olhos, tanto dos seus, quanto do moreno alterado ao seu lado, que caminhava em direção ao pai, com os punhos cerrados.

ž Ele me salvou, Jungwoo! - Jungkook falou, tentando evitar as lágrimas evidentes em suas bochechas. -
— Me salvou da minha escuridão que eu ao menos conhecia direito! Me salvou de todo o mal que eu passei esses anos!

— Você não sabe o que está dizendo, Jungkook! — Jungwoo ofegou, nervoso. — Fique comigo, eu sou o seu pai, você não pode deixar que ele faça a sua cabeça, que ele te manipule.

— Manipular? — Jungkook levou uma das mãos até os cabelos, soltando um risinho pelas narinas. — E quem você acha que é pra falar sobre manipulação?

— O homem que te criou, Jeon Jungkook! — Jungwoo gritou, próximo o suficiente para que mantesse o olhar fixo aos do filho; seus rostos tão próximos que poderiam sentir suas respirações. — Então acabe com a porcaria desses surtos, ou eu acabo com a porra do seu estado mental outra vez. Vou te acertar direitinho.

— Então pode vir com tudo, porque eu não vou recuar. — Jungkook praticamente rosnou, grosso, e forte, em direção ao mais velho.

Jungwoo respirou fundo, veias sobressaltadas, corpo tremendo, respiração profunda, assim como o seu filho.

— Então é isso... — Jimin interrompeu a falatória de ambos, sarcástico. — Você... você também tem TEI, Jungwoo?

— Eu? — Jungwoo arregalou os olhos.

— Pai? — Jungkook engoliu em seco, curioso.

— Jungkook. — Jimin chamou sua atenção. — Onde foi que você arranjou essa cicatriz em sua bochecha?

— Eu... — Jungkook forçou a mente, nervoso. — Eu não me lembro. Eu... Eu acho que... Mamãe disse que me deram um soco.

— Eu tambem acho que te machucaram, Jungkook... — Jimin ergueu o rosto em direção ao outro homem. - E foi por isso que você desenvolveu... Nunca foi sua culpa...

— I-isso... — Jungkook respondeu, assentindo rapidamente. — Então era você, pai? Era você quem...

— É claro que era ele! — Jimin gritou, indignado. — Porque você acha que esse idiota te colocou na porcaria de um internato por todos esses anos? Pra te impedir de virar o que ele já foi! Pra usar o seu transtorno contra você!

— Já chega! — Jungwoo gritou, indignado. — Essas acusações são absurdamente falsas e eu não admito que presumam dessa forma em relação a mim! Oras, eu sou um homem de postura!

— Tão bem posturado que precisou pagar um juiz pra por atrás das grades o único comparsa que te ajudou com a medicação? — Jimin respondeu, e dessa vez, ele quem estava alterado.

Jungwoo respirou ainda mais fundo, pressionando o copo contra os dedos com mais força.

— Tão bem posturado que precisou arranjar e pagar a mulher por quem seu filho estava apaixonado para lhe dar medicamentos, fingir que estava apaixonada? Isso é ridículo, um suborno, e dos piores. — Jimin interrogou, novamente.

E por um momento, um único barulho fôra ouvido, e dessa vez, não havia sido Jimin, não havia sido Jungkook.

O copo que antes estava nas mãos do moreno, fôra arremessado com força em direção a parede, ultrapassando bem ao lado da cabeça do menor.

— Viu, Jungkook? — Jimin comprimiu os lábios, assustado. — Foi ele, esse tempo todo. E você já sabia, mesmo que ele tenha tentado esconder, sei que no fundo você deve lembrar, mas, eu espero que você realmente não veja motivos pra dar o respeito que esse homem claramente não merece.

— Você não pode ultrapassar minha vida achando que vai levar o Jungkook de mim, seu desgraçado! — Jungwoo grunhiu, irritado. — Ele é meu filho!

— Eu sei que eu sou seu filho, pai. — Jungkook respondeu, enraivado. — E era justamente por isso que o senhor não tinha o direito de fazer o que fez com minha cabeça, com minha vida. Você tirou de mim... a maior preciosidade, a minha capacidade de sonhar.

— Eu tirei porque você nunca a mereceu, Jungkook! — Jungwoo finalmente cedeu, irritado. ž Eu estava passando por uma situação difícil na empresa, tudo estava decaindo, e eu precisava ter o meu filho ao meu lado, mas você tinha essa porcaria de transtorno idiota, e eu precisei fazer alguma coisa!

— É claro que você precisava do seu queridinho heteronormativo, apaixonado e obediente. E foi isso que você fez quando o usou para ficar ao seu lado á base de manipulação e suborno! — Jimin gritou.

Sentia todo o corpo tremer, e sinceramente, achava que nunca havia sentido uma raiva tão intensa quanto a que mantinha naquele momento. Jimin queria avançar naquele homem e apunhalar o seu rosto como nunca havia feito antes.

Quando havia conhecido Jungkook, nunca conseguiu imaginar que por trás daqueles olhos profundos e intensos, havia uma verdade familiar desastrosa e por um fio do desmoronamento emocional que aquele homem vivia.

E agora que havia descoberto, não conseguia pensar na possibilidade de acabar com a raça daquele homem, nem que fosse a última coisa que fizesse, principalmente, pela forma que havia sido recebido e maltratado, referido como um inferior.

E se tinha uma coisa que Park Jimin não aceitava, era ser posto como um inferior em frente a todos esses empresários corruptos.

Não mesmo. Apesar de todas as mudanças, seu lado egoísta e confiante ainda estava presente. O lado emocional e com tendências ao abandono que o fazia transparecer e transformar seus hormônios á flor da pele em um verdadeiro turbilhão de emoções e impulsividades.

— A Yoora... — Jungkook murmurou. — Se ela nunca quis estar comigo, se ela podia pular fora desse barco... Porque ela se matou?

Se ela se matou. — Jimin o corrigiu.

— A Yoora se matou por culpa sua, seu insolente! — Jungwoo gritou, levando uma das mãos até o colarinho do filho, o empurrando bruscamente. — Você batia nela todas as noites. Você foi a causa da morte dela!

— Eu não... — Jungkook respondeu, deixando as lágrimas fluírem. — Eu não batia nela! Agora eu me lembro! Você causava tudo isso! Você me provocava e me fazia acreditar que eu tinha feito aquilo com ela... Pra que? Por punição? Porque eu não estava servindo direito aos seus mandamentos? Ou porque ela já não aguentava mais toda essa tortura e queria pular fora?

— O que você está insinuando, Jungkook? — Jungwoo gritou. — Todos viram! Ela se jogou do décimo andar!

— Ela não se jogou, pai. — Jungkook engoliu em seco, um tanto nervoso.

Sua cabeça martelava como um inferno sobe aquela noite. Lembrava dos últimos momentos com a ex-esposa, que chorava e pedia perdão por algo que o moreno nem sequer havia entendido.

Lembrou-se das palavras proferidas, e de como ela estava sentida, se referindo a algo como sair do acordo, ir embora, tentar escapar. Yoora procurava uma fuga, e enquanto tentava solucionar seus problemas, alguém estava planejado sua morte.

— Naquela noite... — Jungkook juntou as mãos em frente ao corpo, as agarrando de forma protetora. — A Yoora veio até mim. Eu estava sobre efeito de remédios, mas eu lembro, eu lembro de como ela falou algo sobre fuga, horas antes de sua morte.

— Ela queria fugir de você, Jungkook! Pare de inventar obstáculos inexistentes, a Yoora sempre quis fugir de você, você a fazia mal, a torturava com suas pancadas, e acabava com seu estado mental. — Jungwoo aproximou-se novamente, irritado com as acusações.

— Não era de mim que ela fugia, papai... — Jungkook respondeu, erguendo a cabeça em sua direção. — Era de você. Era você quem fazia isso tudo com ela pra que ela continuasse a ficar comigo, e um dia, ela cansou, ela desistiu, e você já previa.

— Jungkook, o laudo corporal da Yoora já foi confirmado, foi suicídio! Você está delirando! — Jungwoo respondeu, atordoado. — Não... Você não pode fazer isso comigo!

— Quando a Yoora se jogou do décimo andar, eu vi o irmão dela chorar e me agredir, alegando injustiça. E eu chorei de volta! Não porque a amava, ou porque estava de luto, pai! — Jungkook gritou. — Eu chorei porque eu sabia que ela não havia tirado a própria vida, quando na verdade, ela havia caído, havia sido... Empurrada.

E quando Jimin acho que Jungwoo iria defender-se mais uma vez com suas desculpas esfarrapadas, o viu abrir um sorrisinho sacana e afrouxar sua gravata com avidez, apenas respondendo um:

— Sempre me perguntei quanto tempo você demoraria pra descobrir.

Jungkook arregalou os olhos, indignado, antes de gritar um audível:

— Seu filho da puta, você é um monstro!

Jungwoo não fez nada mais, nada menos, do que erguer o punho em direção ao moreno, que nessa hora do campeonato, já estava inseguro e aos prantos. Jimin gritou, desesperado, correndo em direção ao menor.

E foi tarde demais, quando o barulho estridente do punho do homem alto sendo arremessado contra a barriga do menor, que adentrou a frente de Jungkook, ecoou pela sala, junto com o gemido doloroso, e o corpo do mesmo indo em direção ao chão.

— Jimin-ssi! — Jungkook gritou, dolorosamente, agaichando em direção ao menor, levantando sua blusa imediatamente.

— Puta merda, Jungkook! Não toca! Não toca! — Jimin gritou, jogando a cabeça para trás, enquanto pressionava as duas pernas contra o estômago. — Minha barriga, ah!

Jungkook observou o menor por poucos segundos, antes da real reação vir a tona, e seus olhos tomarem a dilatação escura que o menor havia visto na primeira vez, e nos olhos de Jungwoo.

Pressionou o punho algumas vezes, ouvindo a risada debochada do homem em sua frente, enquanto tocava a lateral da testa do menor, preocupado e irritado, ao mesmo tempo.

— Oops! — Jungwoo riu, anasalado. — Parece que eu machuquei a bichinha!

E aquilo havia sido o cúmulo.

Jungkook virou-se com os lábios entreabertos e os dentes semicerrados, fazendo nada mais, nada menos do que empurrar o torso do moreno com a palma da mão aberta.

− Você pode ter me destruído, acabado com a vida da minha ex-noiva, com o meu estado mental, pode ter desenvolvido essa porra desse transtorno idiota no meu corpo, acabado com todos os meus sonhos... − Jungkook continuou o empurrando, até que finalmente, o encostou na parede, e agarrou seu colarinho. − Mas, eu não vou permitir que coloque suas mãos imundas no homem que eu amo.

Jungwoo acertou seu rosto em cheio com a mão livre, mas fôra acertado novamente pelo menor, que nem pareceu afetado com tamanha força exercida em seu rosto, e definitivamente, a briga havia explodido ali.

Jungkook impulsionou as mãos no torso alheio, o empurrando com força a ponto de o desequilibrar, montando em seu colo em questão de segundos.

— Você é um assassino! − Gritou, erguendo o punho contra o rosto alheio. — Como você teve coragem de manter isso por tantos anos? De viver com essa culpa?

— Ah, meu querido filho... — Jungwoo inverteu as posições, impulsionando o corpo para cima do menor, desferindo um soco certeiro em seu estômago. — O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa, assim como a culpa! Só é preciso saber viver com ela!

— Você é um monstro! — Jungkook ergueu as pernas, impulsionando o corpo do homem para trás, desferindo um soco certeiro em sua mandíbula. — Eu não acredito que todos esses anos... Todos esses anos...

Jungwoo revirou os olhos, erguendo os braços para encurralar o pescoço do menor, o pressionando com certa força, pressionando sua traquéia, o impedindo de respirar, enquanto pressionava as mãos contra o braço do mais velho.

— Se continuar dessa forma, Jungkook, você vai acabar morrendo como ela.

Jimin tocou os dedinhos contra a região roxeada em sua bariga, gemendo dolorosamente de dor, tentando impedir com que as lágrimas jorrassem a vontade através de suas bochechas.

Nunca foi acostumado ao envolvimento em brigas, muito menos, com um homem mais velho. E muito menos, havia levado a porra de um soco no estômago forte pra caralho.

Mas, quando viu Jungkook ali, montado em cima do pai, desesperado por ar, com os olhos arregalados e os braços buscando por ajuda, tentando desesperadamente retirar as mãos do seu pescoço.

Buscou forças do interior e levantou-se devagar, com uma das mãos apoiadas em seu abdômem, quase rastejando, grunhindo de dor, com os olhinhos cheios de lágrimas.

E sem saber o que fazer, posicionou-se no meio das pernas do homem, e desferiu o chute mais forte que podia em direção aos testículos alheios, em cheio.

O único som ouvido na sala foi o ofego de Jungkook, e o grito alto da parte de Jungwoo, que agarrou a região peniana com força e grunhiu de dor, em alto e bom som.

Jimin ainda conseguiu soltar uma risadinha, antes de ir em direção ao moreno, ofegando, e mantendo as duas mãos em seu pescoço, acariciando e desesperando-se por algum oxigênio.

— Meu bebê! — Gritou, desesperado. ž Eu vou buscar alguma coisa, sim? Água? Qualquer coisa!

Jungkook negou, agarrando seu pulso de uma vez só, o instigando a ficar ali por mais alguns momentos, enquanto afastavam-se de Jungwoo e esperavam por algum sinal de que o mesmo estava bem.

Afinal, tudo aquilo fôra feito por legítima defesa.

— Você acha que tem alguma chance contra mim, Park Jimin? — Jungwoo finalmente se pronunciou.

— Eu acho que meu chute no seu saco já foi o bastante. — Jimin deu de ombros, encostando-se na parede atrás de si.

— Pois bem, Jungkook, se você acha que acabou, tenha a certeza de que as coisas só vão ficar piores por seu lado. — Jungwoo levantou; boca sangrando, maxilar avermelhado. — O que você acha que vai acontecer quando a polícia descobrir que você batia na sua ex-esposa, hm? Mesmo depois de morta, você vai apodrecer na cadeia, seu desgraçado.

— Não o escute, Jungkook... — Jimin tentou tocar a mão do maior, que fôra desencontrada por alguns segundos.

— E você, Park Jimin? Acha mesmo que pode me desafiar sem ter ao menos uma prova? — Ergueu uma sobrancelha, aproximando-se de ambos novamente.

Por alguns segundos, o menor tocou seu bolso, sentindo a textura da carta original ali, intacta.

— Vamos pra minha casa, Jungkook, deixe esse desgraçado aí, por favor! — Jimin praticamente implorou, entrelaçando suas mãos de uma só vez.

— Tem certeza disso, Jungkook? − Jungwoo abriu um sorrisinho de lado. — Se você ficar aqui comigo, pode continuar com sua empresa, com seu trabalho, com esta casa, e o melhor de tudo, seu... amigo boiola vai ter a melhor das opções na carreira, ficará seguro e a salvo.

— Oh... — Jungkook entreabriu os lábios, surpreso.

— Jungkook, não escute ele, por favor... — Jimin pediu, tocando as bochechas do moreno, levando seu rosto em sua direção. — Jungkook, olhe pra mim!

— Jimin-ssi, eu... — Jungkook prendeu os lábios, confuso.

— Jungkook, eu te amo, independente de todas as oportunidades dessa terra. — Jimin murmurou em súplica.

— Jimin-ssi, você tem sua filha, o Yoongi, sua casa, sua vida. Melhor que isso só a sua carreira decolando, e sua vida em seguro, sua saúde em seguro, isso vale mais pra mim do que qualquer relacionamento em perigo, a sua felicidade. — Jungkook respondeu.

— Caso contrário, pode ir com ele, mas ficará sem teto, sem casa, e bem... Eu darei o meu jeitinho para que ele não tenha paz nunca mais nessa vida, e tenha certeza disso. — Jungwoo deu de ombros. — Guarde minhas palavras. Eu vou ferrar com a vida dele.

Jungkook suspirou, entrelaçando suas mãos por alguns segundos, e Jimin sorriu, tendo certeza da resposta. Entretanto, quando o moreno ergueu a cabeça e revelou os olhinhos cheios de lágrimas, enquanto acariciava os dedos alheios, desabou.

— Me desculpe, meu amor. — Jungkook pediu, mais sincero do que havia sido em toda a sua vida.

— Me solte. — Jimin pediu, indelicado, retirando as mãos do carinho alheio. — Você vai mesmo acreditar nas palavras dele?

— Eu não quero que nada ruim aconteça com você! Tente me entender! — Jungkook pediu, aproximando-se do menor.

— Me larga, Jungkook! — Jimin gritou, deixando as lágrimas de tristeza invadirem seu rosto. — Depois de tudo que a gente passou, vamos acabar assim? Você vai deixar que ele te domine? Te faça de cachorrinho novamente?

— Me perdoa, por favor, meu bem. — Jungkook pediu, tentando alcançá-lo, mas Jimin já estava longe, na sua própria bolha.

E ali, olhando nos olhos de quem tanto amava, com a barriga repleta de roxos, e o emocional completamente arruinado, descobriu da pior forma, o quão maligno Jeon Jungwoo poderia ser.

E a raiva presente em seu corpo, veio junto com a angústia, com a perseverança, com a confiança e tudo que interligava os sentidos do menor, jurando a si mesmo que aquele homem não sairia impune, principalmente depois do sorrisinho dado em sua direção.

Olhou para Jungkook mais uma vez, o corpo tremendo de vontade para agarrá-lo ali mesmo e o forçasse a ir embora consigo de uma vez por todas, o outro lado torcendo para perdoá-lo e aceitar o ato menos egoísta que alguém já havia feito por si, chorou mais uma vez.

Chorou porque era a sua despedida. Talvez de uma vez por todas. Talvez só naquele dia. Mas principalmente, porque não iria acordar e dar de cara com o rostinho adormecido e o sorriso mais bonito daquela terra, com os dentes da frente maiores que os outros, e os cabelos desarrumados.

Não iria ter mais a perseverança e a confiança que Jungkook lhe passava, ou os sorrisos e os beijos roubados, e principalmente, os beijinhos que recebia de Jungwa em representação do carinho mais singelo e verdadeiro do mundo.

Imaginou como Hyosun ficaria ao receber a notícia de que não a veria mais, ou até mesmo Jungkook, das semanas e dos choros tristes que teria que ser capaz de aturar sem cair no choro da mesma forma que a sua filha.

Jungkook já era parte de sua vida, definitivamente, fez em um longo espaço de tempo o que ninguém faria em sua vida toda, marcou seu coração de forma definitiva, e Jimin não queria que ele fosse embora.

E se não fosse por Jungwoo e toda a sua ira, preconceito e insanidade, nada daquilo estaria acontecendo. Por isso, desviou o olhar da íris cintilante de Jungkook, e aproximou-se do corpo de Jungwoo, com a maior confiança que poderia passar, quase encostando seus rostos ao sibilar um simples e singelo juramento:

— Eu vou acabar com você, Jeon Jungwoo.

Dito isso, evitou olhar nos olhos do seu amado, e recolheu sua bolsa, abrindo a porta da mansão, e a fechando com demasiada força, recolhendo suas lágrimas no mesmo momento, se recusando a chorar por uma situação daquelas.

Levou uma das mãos até a barriga, procurando a chave do seu carro, e observando ao redor rapidamente, enquanto pressionava o botão de destrancar, e abria a porta, buscando sair dali rapidamente.

Entretanto, quando girou a chave e engatou o acelerador, sentiu algo pressionar as duas mãos contra seu rosto, e um pano branco sendo posto contra seu nariz, o deixando zonzo pela segunda vez naquela noite.

— Tira as mãos de mim! — Tentou gritar, se movimentar, mas estava fraco e sonolento o bastante.

A última coisa que viu, foi a figura de Taehyung sair pelo quintal da frente, e o cheiro familiar do homem atrás de si invadir suas narinas, murmurando um simples:

— Fica quietinho, Jimin-ssi, estamos só começando.

°~°

eai, vamo relaxar?

acho que nunca vi o jm sofrer tanto em um capítulo como o coitadinho sofreu nesse, mas é por uma boa causa, eu prometo.

ficou muito pesado? muitos erros? gostaram? choraram? riram? sofreram? me contem!

esse capítulo é bem pesadinho, e mesmo com todo mundo perguntando ''mEU DEUS QUANDO SERA QUE OS JIKOOK VAO BRIGAR'' espero que ninguém tenha esperado pelo que aconteceu, real

tenho planejado isso por tanto tempo e agora que aconteceu me sinto sem rumo, espero que eu tenha escrito diretinho, tenha entretido vocês, e o principal, tenha passado o que eu queria passar nesse capítulo!!11

amo voces, até a próxima att!!!!

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