68: stay with me

– Vamos, Jungsook, não seja tímido! – Jihyun insistia, enquanto o moreno suspirava no banco do motorista.

– Para com isso, Jihyun. – Jimin soltou uma risadinha, tocando os cabelos do moreno ao lado. – Deixa o sook em paz.

– Ele é tão recluso, né? – Jihyun falou, esticando os braços, demonstrando sua preguiça. – Parece até um CEO daqueles bem sinistros e misteriosos.

– Ele é só um bebê. – Jimin respondeu, fazendo uma careta na direção do outro.

Já faziam horas desde que Jihyun tagarelar disparadamente no carro, seja das árvores enormes pelas quais passavam, ou por qualquer mosquinha que pairava no ar, continuava insistindo em encher o saco do irmão mais velho, como nos velhos tempos.

– Nós estamos quase chegando... – Jungkook se pronunciou, ignorando as falas de Jihyun, que apenas fingia não estar sendo desagradável.

– Ai, Jesus. – Jimin colocou umas das mãos no peito, respirando pesado. – Acho que vou ter uma crise de ansiedade...

– Não precisa ficar assim, hyung. – Jihyun colocou uma das mãos em seus ombros. – Vai dar tudo certo.

– Vai mesmo, e se não der, eu vou fazer dar certo. – Jungkook resmungou, virando mais uma rua.

– É por aqui, Jungsook. – Falou, apontando para mais uma das ruas.

– Olha, Jihyun, a praça que a gente costumava brincar. – Jimin apontou e tocou a unha no vidro, abrindo um sorrisinho na direção do irmão.

– Sim! Você lembra daquela vez que eu derrubei aquele menininho no chão porque ela bateu em você? Foi icônico. – Jihyun riu. – E depois ainda contaram pra mamãe.

– Você foi um bom garoto. – Jimin riu, apoiando os dois braços na janela. – Continua do mesmo jeito.

Não sabia que tipo de sentimento dominava seu coração, mas sabia que a volta para sua cidade de forma alguma, significava casa para si, ou o aquecia por inteiro de sentimentos bons.

Porquê casa, de certa forma, vem de família; lar, e Jimin sabia que sua verdadeira casa estava em seus amigos, e na pessoa que ama, é uma visita nunca faria isso mudar.

Nada nunca faria isso mudar, não importa se a estação do ano muda, se o século vira, se o milênio é outro, se a idade aumenta, nada nunca iria mudar o que estava sentindo naquele momento.

E ele realmente esperava que fosse assim. Park Jimin estava apostando todas as suas fichas em Jeon Jungkook, e não esperava que fosse perdê-las.

– Chegamos! – Jihyun falou, apontando para a casinha branca à sua frente.

Jimin engoliu em seco, nada havia mudado naquele local, literalmente, e de certa forma, ele queria que tivesse mudado.

E quando desceram do carro, algo ruim ocupou sua mente.

Ele queria que o reboco da parede não fosse mais o mesmo, ou que os anões de gesso não ocupassem mais o jardim, ou que as pessoas não sentassem mais à porta para falar da vida dos outros.

Queria alguma prova de que algo realmente havia mudado, assim como ele mudou, queria alguma ação, algum sentimento, mas tudo que conseguiu sentir, foi angústia.

Jimin sentiu angústia por estar ali, um sentimento ruim em seu peito e a barriga revirando em desconfiança.

Jungkook aproximou-se do baixinho, mordendo o lábio inferior enquanto segurava sua cintura de forma calma, tentando passar serenidade.

– Ei, você quer voltar? – Jungkook indagou, um tanto confuso, observando as expressões do menor.

– Não. – Respondeu, firme. – É só que...

– Nada mudou. – Jihyun assentiu, ao seu lado, abrindo um sorriso sem mostrar os dentes em sua direção.

– É. Nada mudou. – Jimin falou, sincero.

– Você está bem? Está se sentindo bem? – Jungkook perguntou. – Se você acha que vai se sentir mal por entrar aí, a gente vai embora.

– Não, anjo, está tudo bem. – Jimin respondeu, levando uma das mãos até a outra. – Se não der certo, você vai estar aqui comigo, não vai?

– Vou. – Jungkook assentiu, olhando de relance para Jihyun, desconfiado.

– Obrigado. – Murmurou, abrindo um sorriso na direção do moreno, que levou uma das mãos até sua bochecha e antes que lhe desse um selinho, pensou bem na consequência do ato.

– Tá bom, né, gente? Eu tô cansado de segurar essa tocha olímpica. – Jihyun resmungou. – Já não bastava ter que queimar a viagem toda naquele carro, morrendo de medo de que vocês se atracassem na minha frente sem mais nem menos.

– Desculpe. – Jimin soltou uma risadinha, separando seus dedos dos entrelaços do moreno. – Vamos?

– Gente, eu acho melhor eu esperar aqui fora. – Jungkook falou, um tanto sem graça.

– Porquê? Com medo de conhecer os sogrinhos? Não seja molenga. – Jihyun falou, abrindo um sorriso.

– Você não precisa ir se não quiser, neném. Mas vai ficar bem aqui fora? – Jimin indagou, preocupado.

– Eu vou sim. – Jungkook assentiu. – Não precisa se preocupar comigo.

– Tudo bem. – Jimin assentiu, olhando uma última vez para a feição um tanto preocupada e desconfiada do moreno.

– Jimin-ssi? – Ouviu uma voz conhecida, arregalou os olhos no mesmo momento.

E xingando todos os palavrões possíveis em sua mente, virou-se na direção da voz e suspirou, impassível.

– Oi, Taeyong. – Falou, inexpressivo.

E ele não havia mudado nada, os mesmos olhos amendoados, a única diferença é que seu cabelo se encontrava castanho, e alguns fios descoloridos.

Jimin costumava apreciar seu rosto, e tocar seus cabelos, selar seus lábios e sorrir em sua direção como nunca sorriu para ninguém.

Mas agora, Taeyong parecia apenas um vácuo, um vácuo que nunca seria preenchido, um vácuo que não significava mais nada.

É estranho, não é? Como em questão de anos, meses, ou dias, uma pessoa que significava tudo pra você passa a significar nada, de uma hora pra outra.

Uma pessoa na qual você sempre costumava dividir momentos e sentimentos felizes, que te fez acreditar que não existiam problemas à sua volta quando você estava com ela.

E então, aparece alguém melhor, e essa pessoa acaba com tudo com apenas um motivo aparente, um motivo fútil, que só serviu pra lhe mostrar que aquele sentimento nunca foi verdadeiro o suficiente.

– Como você está? – Ele perguntou, aproximando-se do menor e curvando-se.

– Eu estou bem, e você? – Jimin indagou, sorrindo. – Na verdade, eu estou melhor do que nunca estive.

– Sério? Que bom! – Ele respondeu, compreensivo. – Oi, Jihyun!

– E aí, Taeyong, tudo em cima? – O outro indagou, acenando.

– Cara, ninguém fala tudo em cima no século vinte e um. – Taeyong riu.

Jimin apenas assentia enquanto ouvia o depoimento do rapaz a sua frente e meneava o olhar entre Jungkook, que encarava tudo aquilo com os braços cruzados, e o olhar sério.

Jungkook ainda não sabia sobre Taeyong, nunca teve a oportunidade de conversar sobre aquilo, já que passado, nunca fora o forte daquele casal.

– Você conseguiu uma boa carreira em Seoul? Está vivendo bem? – Ele indagou. – Quer dizer, impossível não saber que você virou modelo.

– Todo mundo sabe. – Jihyun assentiu. – Ele saiu na capa de quase todas as revistas que circulam em Busan, em nome da Gucci.

– Eu trabalho pra Kim Taehyung. – Jimin respondeu, orgulhoso. – Sou modelo na Gucci.

– Uau! – Taeyong ergueu uma sobrancelha. – Quem diria que você iria conseguir tudo isso, não é mesmo?

– Eu diria. – Jungkook o cortou, aproximando-se do menor, com a expressão nada satisfeita.

– E você, quem é? – Taeyong indagou, confuso, observando o moreno parar ao lado de Jimin. – Oh, espera! Eu te conheço!

O baixinho apenas segurou uma risada enquanto observava Jungkook praticamente fuzilar o garoto com os próprios olhos.

– É o Jungsook. – Jihyun deu de ombros.

– Jungsook? – Taeyong aproximou-se do moreno, que o afastou com a palma das mãos em seu peito.

– É. Tem algum problema? – Indagou, de forma grosseira.

– É que você se parece com o CEO daquela empresa... – Taeyong murmurou. – JC's Entertainment, uh?

– Ah, você tá enganado. – Jungkook deu de ombros. – É que nós somos bem parecidos mesmo, sempre me confundem com ele.

– Você não sabe quantas vezes ele já ouviu isso. – Jimin brincou, rindo, rindo de nervoso, mesmo.

– Mas, então, depois da Hyojin, você arranjou alguma namorada? – Taeyong indagou, sorrindo, provocativo.

– Sim. – Jimin deu de ombros. – E você?

– Eu sou casado. – Taeyong falou.

– Casado? – Jimin ergueu uma sobrancelha. – Você se casou com o Jaehyun?

– Não. – Taeyong engoliu em seco.

– É uma pena, não é? Já que você sempre amou ele e não pôde ficar com ele depois de tudo que vocês passaram. – Jimin provocou.

– Não seja tão rancoroso. – Taeyong revirou os olhos. – Estou casado com uma mulher.

– E eu estou namorando um homem. – Jimin sorriu. – Parece que as coisas mudam drasticamente, não é? Quer dizer, à anos atrás eu estava completamente destroçado.

– Jimin... – Taeyong suspirou.

– Mas é como dizem, essas coisas vem para o bem, e felizmente, estou apaixonado por alguém muito melhor agora. – Jimin sorriu, entreolhando entre Taeyong e Jungkook.

O moreno mantinha um sorriso fraco no rosto, parecia satisfeito, apesar de tudo, e deixou aqui transparecer para que Jimin se sentisse bem consigo mesmo.

– Tomou, distraído. – Jihyun murmurou, observando o veneno espalhar-se pelo local.

– Eu acho que... – Taeyong suspirou. – Eu nunca tive a chance de me desculpar pelo que fiz com você, e é por isso que você ainda guarda rancor.

– Eu não guardo, querido. – Jimin deu de ombros. – Eu guardava, mas porque eu continuaria com essas coisas ruins dentro de mim? Eu te amava, mas agora, eu me amo, e é isso que importa.

– Jimin... – Taeyong tocou o braço do menor, com leveza. – Me desculpe.

Jimin automaticamente observou sua mão tocar seu braço, e suspirou, dessa vez não havia mais efeito nenhum, só um marco de lembranças tristes e duradouras.

– Solte ele. – Jungkook falou, autoritário. – Não está vendo que ele não está confortável?

E então, o baixinho olhou para cima novamente e conseguiu visualizar o Jungkook sério e arrogante, no qual tinha que confessar, que sentiu um pouco de falta.

O Jungkook impassível e imponente, controlador e calculista, que nunca deixava ninguém, ou nada, lhe abater, que mantinha as pupilas dilatadas é um olhar sádico.

A postura ereta e a língua na lateral das bochechas já entregava toda a situação, e Jimin, de certa forma, não se sentia mal pelo moreno estar sentindo ciúmes de Taeyong, até porquê na altura do campeonato, já deveria saber que aquele homem era de fato, seu ex namorado.

Portanto, aquele Jungkook era intrigante, aquele outro lado que o baixinho parou de ver após apaixonar-se por completo, e ser demitido. Aquele outro lado que sempre teve a curiosidade de conhecer, apesar de correr grande risco, já que ele parecia não ser controlado, e instável.

Taeyong entreabriu os lábios, e soltou seu braço, um tanto relutante, observando Jungkook tombar a cabeça para o lado e desviar o olhar.

– Vá embora. – Jimin murmurou. – Já não vê que causou mal o bastante? Vá embora, Taeyong.

– Eu vou. – Ele assentiu, um tanto curioso ao olhar para Jungkook.

O moreno ergueu as sobrancelhas na direção do outro, desafiador, enquanto enfiava uma das mãos no bolso da calça e suspirava, na medida que o outro caminhava para trás, um tanto intrigado. 

– Já podemos ir? – Jihyun interrompeu o momento, pigarreou de forma desconfortável.

– Podemos. – Jimin assentiu, falando baixinho. – Eu volto já. – Olhou para Jungkook, que assentiu.

Na medida que Jihyun tocava seu braço e o guiava para dentro da casa, subindo os degraus e tagarelando besteiras sobre o jardim, o baixinho sentia seu coração apertar.

O cheiro familiar invadiu suas narinas quando Jihyun abriu a porta de casa, que já estava silenciosa. Jimin sabia que sua mãe mantinha o quarto no andar de cima, e que na verdade, todos os quartos eram no outro andar.

Focou o olhar na sala silenciosa, no canto da mesma uma estante, repleta de fotos e momentos felizes com Jihyun, raramente algumas consigo, e o empoeirado predominando o local.

Jimin lembrava-se do ranger da madeira e das barras grossas e repletas de cores escuras que cobriam as laterais das escadas e dos móveis antigos que abrigavam a casa.

Enquanto subia as escadas, observava Jihyun ir em sua frente e sua cabeleira voar devido ao grande vento que vinha da janela no fim do corredor.

Jimin gostava daquela janela. Gostava muito. E sempre que podia, apoiava o rosto ali e se perguntava se algum dia, teria uma vida fora dali, uma vida na qual não se sentisse preso.

Uma vida em que pudesse ser ele mesmo, sem problemas, e sem mandamentos ridículos ditados pelos seus pais extremamente controladores, levando em conta de que era o filho mais velho e o mais especulado em ter um futuro plausível.

Mas não foi assim. E naquele momento, Jimin soube o verdadeiro significado de uma única palavra.

Ódio.

Uma emoção tão forte. Tão fácil de trazer à tona. Grande o suficiente para silenciar toda a dor que estava sentindo naquele momento.

Toda a dor que lhe trazia ter sido silenciado ali, ter deixado um Jimin completamente diferente naquele ambiente, e simplesmente, voltar com o novo e impregnar aquele local de energias estranhas e inexpressivas.

Quando Jihyun parou, olhou para o lado e apontou para o quarto antigo do irmão mais velho. Jimin suspirou, abrindo a porta suavemente, precisava vê-lo.

Seu coração encolheu-se. A cama estava nua, apenas o colchão, pelo visto, sua mãe pôs os lençóis para lavar, para esquecer-se do fardo que havia criado.

Jimin observou aquele ambiente por alguns segundos, enquanto fantasmas aleatórios retratavam um garoto pequeno, escrevendo em seu diário, as luzes razoavelmente apagadas e os olhos repletos de lágrimas.

Sacudiu a cabeça, um tanto abalado, antes de engolir em seco e fechar a porta do quarto com força, bloqueando as lágrimas que em questão de segundos, chocariam-se com a pele de suas bochechas.

Jihyun tocou seus cabelos, e empurrou o corpo do moreno contra o seu, procurando afagá-lo daquela dor de qualquer forma, arrependendo-se na mesma hora de ter o levado ali.

– Ei, você precisa enfrentar isso agora, tudo bem? – Jihyun perguntou, preocupado. – Quer dizer, você não está chorando nem nada, mas está inexpressivo, inabalável, e isso acontece quando você está beirando em explosão. Se controla, hyung.

– Eu estou bem. – Jimin falou, tentando acabar com a tensão em seus músculos e jogar a cabeça para trás em uma tentativa falha de tirar aqueles pensamentos de sua cabeça.

Tudo iria ficar bem. Ele tinha certeza disso, e não poderia duvidar. A dúvida sempre o levava à colisão.

– Vamos lá, vamos fazer isso. – Jimin bufou, libertando todos os sentimentos ruins, quando Jihyun tocou a maçaneta do quarto de sua mãe e empurrou com delicadeza.

Jimin apareceu logo em seguida, evitando o contato visual, virando-se para fechar a porta, e com as mãos na maçaneta, fechou os dois olhos e suspirou, auto-inflando seu ego para não parecer tão abatido.

– Filho? – Ouviu uma voz, fraca, abalada, e um tanto derrubada.

Virou-se de frente para a cama. Fixou seus olhos, evitou sorrir e se aproximou.

Ela não havia mudado muito, muito menos seu pai, que se encontrava com os lábios abertos e olhos arregalados na direção do menor, que apenas ignorou toda a situação.

– Minhee. – Jimin murmurou, colocando uma das mãos no bolso da calça. – Fiquei sabendo que queria me ver.

– Jimin. – Ouviu uma voz de sonoridade mais grossa, observou seu pai com os olhos fixados em si.

O mesmo ajeitou os óculos de grau do rosto e suspirou, curioso.

– Chungho. – Jimin respondeu, abrindo um sorriso sem mostrar os dentes.

– Você está diferente. – O homem falou, analisando suas feições. – Fez plástica?

– Sou bonito naturalmente. – Jimin deu de ombros. – Não preciso de plástica, nunca precisei.

– Mamãe. – Jihyun aproximou-se da mulher, tocando sua mão. – O Jimin está aqui, como a senhora pediu.

– Meu filho, venha até aqui. – Minhee pediu, ansiando, esticando as duas mãos.

– Não. Você pode falar daí. Tenho ouvidos. – Jimin falou, curto e grosso.

– Não seja tão duro com a sua mãe, não vê que ela está de cama? – Chungho o repreendeu, autoritário.

– Mãe? – Jimin ergueu uma sobrancelha, soltando uma risadinha. – Tudo bem.

– Semanas atrás eu soube que iria ficar assim, e eu não posso simplesmente ir embora sem me despedir. – Minhee interrompeu ambos, com a voz seca.

– Você não vai embora. – Jimin falou, certeiro. – Não dessa vez.

– Não é questão de escolha. – Chungho respondeu, cabisbaixo. – Nós nãos temos dinheiro para pagar o transplante.

– Mas o Jihyun disse que a mamãe se recusava à ir ao médico. – Jimin falou, confuso.

– É... – Jihyun engoliu em seco. – É só que se eu tivesse dito a verdade, você não viria pra cá com a mesma facilidade.

– Jihyun, porquê você mentiu? – Jimin revirou os olhos, cruzando os braços.

– Porquê você é rico, Jimin! – Jihyun respondeu, irritado. – Não é óbvio? Não era isso que você queria ouvir?

– Não! Óbvio que não! – O outro revirou os olhos.

– Meninos, não briguem. – Minhee falou, confusa.

– Você! – Jimin apontou para a mulher. – Sei que tem dedo seu nessa história, assim como também tem dedo do Chungho.

– Você entendeu errado, Jimin! Não é desse jeito! – Chungho tentou impedir.

– Mentiu pra mim. – Jimin resmungou, olhando nos olhos de Jihyun. – Eu não sou fútil que nem você, Jihyun, eu sou uma pessoa boa, é claro que eu teria ajudado.

– Jimin... – Jihyun suspirou.

– Que merda, que merda, porra. – Jimin passou as mãos pelos cabelos, grunhindo.

Onde no inferno imaginaria sua mãe realmente sentiria sua falta e queria se despedir antes da sua morte, porque para ela Jimin significava algo?

– Eu fui tão burro. – Jimin revirou os olhos. – Tão burro... Eu pensei que, merda.

– Não fique assim, eu realmente preciso da sua ajuda, Jimin. Todos nós precisamos. – Jihyun suspirou, tentando interferir nas reações do menor.

– Vocês são tão fúteis. Eu vim aqui em busca de um pedido de desculpas, de um ressentimento, de qualquer coisa! – Jimin grunhiu, irritado. – Tudo que eu queria era sentir que vocês me olhavam como filho, e não com interesse.

– Não é interesse! Não é só isso, filho. – Chungho falou, levantando-se do banco no qual estava sentado, indo em direção ao menor.

– Se você der mais um passo, eu vou embora. – Jimin ameaçou. – Porra, porque diabos eu ainda pensei que vocês poderiam mudar? Eu fui tão burro, aish!

– Mas nós mudamos, meu anjo. Você nunca deixou de ser nosso filho. – Minhee falou, serena.

– É claro que eu deixei! Eu deixei de ser filho de vocês a partir do momento em que fui embora e não recebi nenhum indício de preocupação. – Jimin resmungou.

– Jimin, pare. – Jihyun murmurou.

– E sabe qual é a pior parte nessa história? – O menor colocou uma das mãos nos cabelos, sorrindo sarcástico. – É que vocês nunca esperavam que fossem precisar de mim novamente, porque quando eu parti, vocês não tinham fé em mim, achavam que eu ia ser um nada. Mas, olha só, a vida dá voltas não é?

– Você quer que eu diga que eu realmente estou precisando de você agora? É a droga da sua mãe, Jimin! – Chungho gritou, irritado.

– E onde estava a droga da minha mãe, quando eu precisei? – Jimin gritou de volta. – Onde ela estava? Ela estava aqui! Vivendo como se eu nunca tivesse existido na vida dela, como se eu fosse apenas uma memória, uma lembrança que não tinha mais vida na cabeça de vocês!

– Se eu tivesse dito a verdade, você só iria pedir pra eu voltar sem a droga do dinheiro, e o pior iria acontecer, mas você está aqui, Jimin! Por favor, não deixe como está! – Jihyun pediu, com os olhos cheios de lágrimas.

– Você usou do meu ponto fraco pra me atingir! Você usou da porra dos meus problemas de abandono para usar do seu interesse em mim! Me fez acreditar que a mamãe realmente queria me ver, quando na verdade, era tudo interesse! – Jimin gritou, indignado.

– Nós precisamos de você agora, Jimin, por favor, nos ajude, você é a única salvação, agora. – Minhee pediu, quase implorando.

– Por favor! – Jihyun aproximou-se do maior, descendo em seus joelhos, baixando a cabeça.

Jimin observou tudo aquilo com o coração acelerado e olhar indignado, não poderia acreditar que havia sido vítima dos golpes extremamente miraculosos daquela família.

E o pior, ele não conseguia nem pensar que aquela era realmente sua família de sangue, que depois de tanto tempo, nunca se redimiu, nunca pediu uma mísera desculpa, por puro orgulho.

– Vocês querem a porcaria do dinheiro? – Jimin indagou, cansado, retirando a carteira do bolso da calça.

Jihyun arregalou os olhos quando o moreno retirou um ramo valioso de wons de dentro da sua carteira, indo em direção a sua mãe, deitada na cama, despejando tudo em cima dela, em puro ódio.

– Então fiquem com essa porra! – Grunhiu, irritado. – E quer saber? Eu tenho mais em casa!

– Jimin, tenha calma. – Minhee pediu, tentando juntar os wons despejados em cima de si.

– Calma? – Jimin riu, riu sarcasticamente. – Você ainda quer que eu tenha calma?

– Por favor, filho. – Chungho pediu, com os olhos brilhando.

Jimin revirou os olhos, tinha vontade de vomitar todas as vezes que ouvia aquela palavra ser disferida de forma tão vazia e sem sentimento, apenas por interesse.

– Não me chame de filho nunca mais na sua vida. – Jimin grunhiu, aproximando seus rostos. – Eu nunca mais quero ver a cara de vocês na minha frente. Vocês estão me ouvindo?

– Jimin, não! Por favor! – Minhee puxou a barra de sua camisa.

Jimin hesitou com força, indo em direção a porta, mas não, antes de virar em direção aos conhecidos atrás de si e tirar toda a força de vontade para dizer:

– Vocês podem ter todo esse dinheiro agora, mas oque vocês tinham de mais valioso, perderam. Vocês deveriam agradecer por ter um filho tão bom quanto eu, mas agora, eu quero ver vocês chorando, por ter o perdido.

E então, fechou a porta com força, respirando fundo e pisando pesado, indo em direção a porta, procurando sair daquele lugar tóxico o mais rápido possível, e finalmente, dar de cara com um rosto familiar.

Um rosto familiar de verdade. Um rosto no que sabia que poderia confiar, e que nunca estaria consigo por interesse.

Quando abriu a porta da frente, observou Jungkook olhar em sua direção com os dois olhinhos especulativos, antes de fechar totalmente a expressão quando baixinho fez uma carinha de choro.

– Ei, meu anjo... – Jungkook murmurou, observando o menor correr em sua direção e o envolver em um abraço apertado.

– Me tira daqui, Jungkook, por favor. – Pediu tão intensamente, que Jungkook quase desmaiou de tanta preocupação.

Jungkook automaticamente assentiu, abrindo a porta do passageiro e o colocando ali dentro, encaixando seu cinto e correndo até o outro lado.

Pisou fundo no acelerador e dirigiu para fora dali o mais rápido possível, observando de soslaio, o baixinho derramar algumas lágrimas silenciosamente.

– Quer que eu te leve pra comer? Pra ficar comigo em algum lugar? Ou você só quer ir pra casa? – Jungkook indagou, preocupado.

– Eu não sei, Jeongguk. – Jimin murmurou. – Parece que nada importa agora, parece que o que eu mais temia, me aconteceu.

– Você quer conversar sobre isso? – Jungkook indagou, e o baixinho apenas negou.

– Podemos conversar sobre isso depois? – Jimin indagou, com a voz chorosa.

– Pode levar o tempo que quiser. – Jungkook sorriu, tentando passar confiança.

Não demorou muito para que saíssem de Busan, o céu já anoitecendo e levando consigo as péssimas emoções de uma tarde conturbada, quando o baixinho finalmente, pareceu mais calmo.

Jimin engoliu em seco ao ver o moreno estacionar em frente ao seu prédio, olhando em sua direção com cautela, afastando alguns fios grudados em sua testa, e colocando os cabelos do menor atrás de sua orelha.

– Jungkook? – Jimin murmurou, pela primeira vez, demonstrando a insegurança que sempre teve internamente.

Se tinha uma coisa que Jimin sabia fazer, era mentir sobre suas verdadeiras emoções, e por mais que Jungkook tivesse uma cratera de coisas que o menor descobriria com o tempo, Jimin também tinha seus próprios demônios.

– Oi, Park. – O moreno respondeu, calmo.

– Eu sei que a gente concordou em não fazer promessas, mas... – Jimin baixou o olhar. – Fica comigo.

– Eu estou com você. – Jungkook assentiu. – Tô com você, bebê.

– Fica comigo o quanto der. Fica comigo sempre. Eu não sei, só... – Suspirou. – Fica comigo.

– Você não tem que se preocupar com isso, tudo bem? – Jungkook murmurou, aproximando-se para lhe roubar um selinho.

– Tem certeza? – Jimin indagou, cabisbaixo.

– Toda certeza do mundo.

°~°

vão ler prospettive da taehstars, tá muito boa, eu prometo, é uma obra com os integrantes do nct, que engloba vários temas sobre o amor, e é escrita por várias autoras diferentes e conhecidas pelas histórias incríveis hihi

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