44: open your eyes

– Bom dia, Yugyeom! – Jimin adentrou a sala, com sua habitual calma diária.

– Bom dia, Jimin hyung. – O mais velho sorriu de volta, enquanto tentava ligar a máquina de costura. – Tudo bem? Chegou cedo!

– Yoongi adiantou meu despertador porquê eu demoro no banho. – Jimin soltou uma risadinha, depositando sua bolsa na bancada do local.

– Eu também, as vezes fico umas dez músicas. – Yugyeom confessou.

– Assim você acaba com a água do mundo. – Jimin abriu sua bolsa, despejando algumas coisas ali dentro, logo depois, voltou seu olhar para o moreno. – O que houve?

– Estou tentando ligar a máquina, mas ela parou magicamente. – Resmungou, puxando o fio aleatório preso no guarda linhas.

– Já testou tirar as linhas daí? – Jimin indagou, aproximando-se do menor, que mantinha um olhar confuso no rosto.

– Tentei, sim. – Suspirou. – Acho que está quebrada.

– Já procurou na internet? – Jimin indagou, retirando o celular do bolso.

– Eu acho que ela queimou, na verdade. – Yugyeom fez uma careta. – Tá sentindo esse cheiro de queimado?

Jimin respirou fundo, o cheiro de fumaça invadiu suas narinas, tossiu ferozmente.

– Será que a gente deixou ela ligada durante a noite? – Jimin indagou, com as duas mãos na cintura, preocupado.

– Céus, sim. Você foi o último a sair da sala, deveria saber. – Yugyeom fingiu estar dando uma bronca, Jimin revirou os olhos, soltando uma risada.

– Eu posso comprar outra. – Falou, gentilmente, estava tão calmo que nem o pior dos casos o abalava.

Até agora não o abalavam.

– Não se apresse, não precisamos necessariamente usar ela agora, você está focado no desfile, e eu na organização. – Falou, simplista.

– Estou tão cansado, Yugyeom... – Jimin suspirou, sentando-se no sofá acolchoado. – Minhas pernas estão um caco, já fazem quase três mêses que estou ensaiando.

Quase três meses. Quase três mêses sem notícias da JC's, ou até mesmo de Jungkook, Jimin considerava isso uma vitória, não pelo fato estar longe, e sim porque seu coração estava um pouco menos abalado.

O tempo havia passado rápido demais durante esse período, trabalhar na Gucci agora era mais relaxante que o normal, principalmente depois que pegou intimidade com Yugyeom, seu colega de trabalho.

Depois do ocorrido com Jungwa, nunca conseguiu tocar no assunto, tão fácil quanto conseguiu esquecer sobre ele - mentira - Jimin demorou um tempo pra esquecer sobre, mas ainda se pegava pensando sobre isso.

Não sabia da família de Jungkook, a não ser os pais, e nunca teve a oportunidade de saber, se o pouco que o conhecia não adiantava, imagine o resto de sua família.

Novamente, passou um tempo imaginando como seria o moreno apaixonado pela sua ex esposa. Será que ele havia a apresentado aos seus pais? Ou até mesmo a levado em jantares românticos e eventos de moda?

– Seu sofrimento acaba amanhã, hyung, tire o dia pra descansar as pernas. – Yugyeom lhe deu um tapinha nos ombros. – A empresa está um turbilhão de nervos por causa da festa, mas você não precisa ficar assim também, nem eu.

– Acho que quero carinho. – Confessou o loiro.

– Chanyeol não está dando conta? – Yugyeom ergueu uma sobrancelha, indagando divertido.

– Até demais... – Jimin suspirou. – Enquanto a você, dongsaeng? Alguém em especial? – Indagou.

O rosto de Yugyeom tornou-se tenso, o menor remexeu-se desconfortável, suspirou e caminhou até a janela mais  próxima.

– Minha última tentativa de relacionamento não foi nada bem sucedida. – Riu, nervoso. – Intenso demais, intenso demais.

– Oh, era um garoto? – Jimin indagou, um pouco surpreso. – Não sabia que era gay, Yugy.

– Eu não sou... Eu sou apenas... Eu? – Yugyeom olhou para o loiro de soslaio, lhe dando uma risadinha. – E sim, era um garoto. Não gosto de rótulos.

– Bem, é bom que não goste, esse é o espírito! – Jimin soltou uma risadinha. – Mas sobre essa parte de intensidade, conheci uma pessoa assim.

– Oh, ele era mais que intenso, era... Diferente, entende? Ele tinha uma áurea diferente, era tipo ver Deus, ou sei lá, bonito pra caralho. – Yugyeom confessou.

Por um momento, Jimin o entendeu pra caralho, o entendeu tanto que é limitou a falar, pois, se começasse, não iria terminar nunca, e Yugyeom provavelmente se cansaria de ouvir.

– Entendo. – Engoliu em seco.

– Éramos muito próximos, antigamente, achei errado me apaixonar por ele, então resolvi dar um tempo de tudo, até viajei, mas quando voltei pra cidade, não me controlei, me confessei. – Yugyeom continuou. – Eu achava que... Sei lá, depois da noite maravilhosa que eu tive com ele, ele iria continuar querendo algo comigo, mas não foi dessa forma.

– O que aconteceu? – Jimin perguntou, curioso.

– Ele me mandou ir embora.– Suspirou. – Me mandou ir embora, não olhou mais na minha cara em todas as festas que frequentávamos, fingia que nada aconteceu, e eu percebi, que na verdade, tudo que ele queria era alguém pra substituir outra pessoa, e eu fui esse alguém por um tempo, toda a dedicação que eu tive, aturando todos os problemas, não foram recompensados. – Yugyeom fechou os olhos. – Mas eu já superei, a angustia me ajudou a superar, estou buscando um novo amor, agora, uma reciprocidade.

– Você vai achar. – Jimin automaticamente afirmou, balançando a cabeça freneticamente. 

– E o que te faz pensar que vou achar? – Yugyeom soltou uma risadinha.

– Você é uma pessoa incrível. – Repetiu, lembrando-se das palavras dedicadas de Chanyeol. – Você merece definitivamente o namorado que você pretende ser no futuro, não alguém que esnobe seus sentimentos. Ninguém merece isso.

A última frase servia de lição para si mesmo, faziam semanas que evitava a todo custo pensar em Jungkook, mesmo que seu segundo pensamento do dia fosse sempre ele - o primeiro pertencia á Hyosun - não significava mais nada, ele precisava cicatrizar essa ferida e entender que o moreno nunca iria ser algo que ele fantasiou.

– Nossa, Jimin, isso foi... Revigorante, muito obrigada! – Yugyeom coçou a nuca, aproximando-se do sofá de couro onde Jimin repousava. 

– Como você soube que estava apaixonado por ele? – Jimin indagou. – Pelo rapaz, digo.

– Hum, pelas únicas vezes que vi o seu sorriso, mesmo que eu não fosse o motivo disso, mas sabe... Eu acho que não existe um motivo concreto. – Yugyeom divagou.

– Não, não existe. –  Jimin riu. – Acho que amor é um daqueles sentimentos que você só... Sabe que é. – Comentou.

– Não exatamente. – Yugyeom franziu a testa. – As vezes amor pode ser acúmulo de tesão.

– Credo, Yugyeom, seja romântico! – Jimin fez menção de enfiar um dos dedos na garganta.

– Tá! Vamos usar um exemplo real. – Yugyeom simplificou. – Conheci um garoto, semana passada, o nome dele é Youngjae. Por alguma razão olhar pra ele é tipo... Afrodite, sei lá. Sinto algo por ele. Algo primitivo. Está tentando me dizer que isso é amor, não tesão?  

– Bem, esse garoto é muito gostoso? – Jimin indagou.

– Porra, sim, hyung. De uma forma que me faz ficar excitado apenas com um contato íntimo– Yugyeom suspirou, irritado.

– Eu... bem.. nesse caso... – Pigarreou.

– Vai, hyung. Estou apaixonado? – Yugyeom perguntou, confuso.

– Não sei. – Jimin ergueu uma sobrancelha. – Mas o que eu senti definitivamente não era acúmulo de tesão, quer dizer... Eu tenho tesão, mas não é algo meramente carnal.

– Você não precisa disso, é melhor que tudo isso. –  Yugyeom lhe deu uns tapinhas no ombro. – Agora vai lá avisar ao Taehyung que a máquina quebrou, vai. Eu vou terminar umas coisas aqui. – Falou, levantando-se.

Jimin assentiu, esticando os dois braços e o corpo todo, levantando-se do sofá com os dois pés erguidos, rumou até a porta em passos lentos.

Passando pelo corredor, poderia ouvir todos os tipos de conversa que por ali rondavam, inclusive, coisas confidenciais.

Ou até mesmo, pensando nos vários modelos que havia visto no pouco tempo que ficara ali. Era impressionante.

Desde pequeno, Jimin costumava vestir roupas de sua mãe e desfilar pela casa, arrancando risadas de ambos pais, sempre via seus modelos favoritos desfilarem na tela da televisão antiga.

E agora, ele era um deles. Era incrível, surpreendente. Chegou até a mesmo a trombar com Kwon Jiyong, o rapaz cujo já dera em cima de si no desfile, atrevido.

Quando aproximou-se da sala e Taehyung, viu que não havia ninguém por lá, ergueu uma sobrancelha, confuso. Seu chefe nunca saía sem avisar, imaginou que estivesse em outra ala do local.

Jimin acabou por rir ao imaginar o sorriso quadrado do moreno, e as roupas ridiculamente bonitas que costumava usar; puro talento.

Quando voltou ao primeiro corredor, percebeu que a sala de reuniões estava ocupada, desconfiou que seu chefe pudesse estar ali.

Porém, a única coisa que poderia ouvir ali, eram cochichos, e mesmo com o ouvido encostado na porta, percebeu que estava acontecendo alguma palestra ali.

Aquilo o fez suspirar, Jungkook amava reuniões com palestras, todas as vezes parecia super interessado, piscava os olhos amendoados e curiosos, enquanto analisava todos os detalhes ali, era quase um seminário escolar no qual ele era o professor que daria a nota. Era sexy.

Jungkook era extremamente sexy em tudo que fazia.

Quando ouviu passos vindo do lado dentro, percebeu que alguém iria abrir a porta, olhou para os lados, procurou a parede mais próxima e escondeu-se ali atrás.

A porta foi aberta rapidamente, o rapaz alto buscava algo em seus bolsos e segurava um papel nas mãos, o olhar concentrado no chão.

Jimin quase não acreditou no que estava vendo ali, era Jungkook.

Puta merda, era Jeon Jungkook.

Aquilo fez sua feição esmaecer, colocou metade da cabeça para fora e continuou o observando.

Terno escuro, nada fora do habitual, tirando o fato de que se ele estivesse com Jimin com certeza estaria usando algo diferente, os bíceps, os quadris modelados, a calça torneando suas coxas, os sapatos polidos, a gravata vermelha transparecendo à cima da camisa branca.

Jimin tinha a estranha sensação de que seu estômago flutuava perto dele, e isso não não era novidade, se perguntava se alguma vez ele já havia se sentido assim em relação à ele.

O mais novo suspirou, seus cabelos escuros acima do rosto, parecia que não cortava suas madeixas por muito tempo, estavam desalinhadas, assim como sua postura tensa, nem ao menos mantinha seu ar superior.

Algo lhe dizia que ele não estava bem, de forma alguma, mas ainda tentava passar sua típica impressão formal de quem era feito de pedra.

Jimin quis matá-lo; quis ir até lá e abraça-lo sem nenhum pudor, mas os vestígios das mãos em seu pescoço surgiram novamente, voltando com mais força ao pensar nos lábios macios e quentes devorando os seus.

Quando pensou em mover-se um passo, a porta fôra aberta novamente, a mulher se cabelos escuros e corpo escultural saiu de lá novamente, a bolsa da mesma marca em seus ombros, o batom escuro, olhos felinos, definitivamente, uma das mulheres mais bonitas que já viu.

– Jeon? – A moça pronunciou, tocando o ombro do mais velho. – Você saiu do nada, o que houve? – Indagou, confusa.

– Eu apenas... Precisei de um ar. – Jungkook respondeu, revirando seus bolsos atrás de um cigarro.

– Se você quiser ir embora eu posso terminar pra você. – Ela respondeu, tocando suas madeixas.

– Não encoste em mim. Sabe que não gosto disso. – Jungkook moveu-se para frente, dando as costas a mulher.

– Sua ignorância é realmente impressionante. – Ela revirou os olhos. – Estou fazendo algo muito importante pra você, e você me retribui dessa forma?

– E como você gostaria que eu te retribuisse? Achei que dinheiro já fosse o suficiente. – Jungkook resmungou.

– Olha, ele convocou, você veio, isso não te deixa no direito de sair da reunião no meio do nada, vai te deixar mais transparente do que já é. – Afirmou, colocando uma das mãos sobre a bolsa.

Jimin ergueu as sobrancelhas, curioso, parte de si não gostava nada de ver Jeongguk com outra mulher, não era muito ciumento, claro que não, já a outra parte, caía de curiosidade.

As camadas de saudades pairavam sobre si quando um vento corrente passou na direção do moreno e jogou seu perfume contra o corredor onde estava.

Queria saber se estava bem, se depois de tudo aquilo já seria capaz de perdoá-lo, queria saber o motivo pelo qual havia sido enforcado, e depois beijado, o queria tanto, nem que fosse pela dose de ignorância e antipatia.

– Não sou transparente, está tudo sobre controle. – Jungkook respondeu, sério, visionista. – Agora me deixe em paz, não te chamei aqui. É sério. Você sabe que é...

Jesus, Jimin imaginava que Jungkook tratava suas fodas com pelo menos um pouco de educação, ou pelo menos a metade da que ele usava com Jimin.

Aquilo era um tanto estranho, parecia mais amargo que o normal para alguém que na frente da câmera fingia ser a pessoa mais feliz do mundo.

Oh, famosos e suas vastas personalidades encubadas.

– Não fale dessa forma comigo! – A mulher gritou, levantando a mão para o moreno, que a segurou.

– Saio em trinta minutos, se quiser carona me encontre antes, ou vai ter que caminhar até o prédio. Não tenho paciência.

– E quando você tem, Jeon Jungkook?

Jimin a observou novamente, como Jungkook tinha coragem de falar daquela forma com um mulher de culhão tão alto? Principalmente, depois de hipoteticamente - segundo seriados sobre fama - ter tido um encontro romântico com ela.

Estava tomado pelo ciúmes, tão irritado que talvez tenha imaginado coisas que possam não ter acontecido, se Yoongi estivesse ali provavelmente iria dizer que ela era uma mera ajudante, que Jungkook usou para substituir o loiro.

Sentiu-se triste, definitivamente, não imaginava que seria substituído tão fácil, não dessa forma, ou por alguém tão bonito, ela provavelmente era tão inteligente e criativa quanto si.

– Ainda acho que você deveria acertar a peça tão preciosa que perdeu, talvez começasse a dar valor com quem realmente se importa. – A morena respondeu, afiada.

Jungkook virou para trás, seus olhos escuros, intenso, preto vivo, estava fazendo aquilo com o olhar de novo.

– Entra nessa sala logo, por favor. – Suspirou.

– Jungkook, eu te amo, eu te amo muito, mas você precisa abrir seus olhos. – Aproximou-se do rapaz, que baixou a cabeça, tocou a lateral de suas bochechas e sorriu fraco.

– Você sabe que eu não posso mais fazer isso. Eu não vou tentar recuperar ele. Eu só vou destruir tudo, como sempre faço...

– Você pode sim, Jungkook, basta querer. – Ela sorriu, afastando-se, entrando na sala novamente.

Jungkook passou mais alguns segundos, olhando para a parede em sua frente, procurando uma solução plausível para oque quer que estivesse acontecendo, grunhiu, virou-se de frente para a sala e fechou a porta novamente.

E foi só aí, que Jimin conseguiu respirar normalmente, alegando para si mesmo que a máquina de costura definitivamente iria esperar mais um pouco.

°~°

vem logo encontro jikook POR FAVOR EU TE IMPLORO

tenho q contar um fato curioso sobre redemption mas vou deixar pra contar no especial

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