17: the beauty and the beast
Jimin estava começando a achar Jungkook extremamente insuportável sobre pressão, foi uma das coisas que havia descoberto sobre ele.
Se já não recebia a atenção dele, sobre pressão, Jungkook nem o ouvia direito, e aquilo estava sendo horrível.
Já haviam preocupações o suficiente com Taehyung e sua equipe, guardou seu caderno de modelos de roupa dentro de sua bolsa e segurou a mesma o tempo todo.
Nunca havia imaginando que o rapaz pudesse ser traiçoeiro, havia o tratado tão bem da primeira vez, o ofereceu uma oferta de emprego, e até um parceiro sexual, se o ruivo aceitasse.
Deu-se conta de que talvez houvesse um motivo para Jungkook supostamente tê-lo rejeitado na empresa, alegando que trabalhar com Taehyung seria o melhor para si.
Mas ele ainda estava ali, trabalhando como o inferno, não podia desistir agora, e nem cogitava na ideia.
O prédio estava mais abafado que o normal, novamente, aquela mesma correria o cercava em todos os locais que fosse.
Acabou se perguntando se aquilo era alguma espécie de efeito Jungkook, tudo que fazia acabava estando interligado à ele, até na hora de tomar um maldito banho a presença do moreno tomava sua cabeça.
— Jimin! — Hoseok gritou por si, enquanto corria em sua direção com um café nas mãos.
O ruivo acenou com a cabeça, indo em direção ao moreno que parecia desesperado.
— Hoseok, o que houve? — Jimin ergueu uma sobrancelha.
— Você não vai acreditar no que aconteceu. — Hoseok parecia realmente preocupado.
— Então me conte, oras! — Jimin ordenou.
— Ontem quando eu estava voltando pra casa, lembrei que tinha que arrumar minhas roupas para o desfile, mas quando eu abri, não tinha nada dentro da bolsa! — Hoseok murmurou, seu tom era baixo e suas reações eram estéricas.
— Como assim, sumiram? Quer dizer que roubaram você? — Jimin arregalou os olhos.
— Exatamente! — O moreno bufou. — Eu entrei em desespero, até chorei, por favor, eu sei que você quer procurar aquele tênis verde ridiculo pela cidade e enfiar bem no meu... — Tentou continuar, mas foi interrompido.
— Hoseok! — Jimin gritou. — Foi ele, foi o Taehyung! — Bateu as duas mãos contra as coxas. — Aish, aquele desgraçado!
— Mas eu nem encontrei com ele, Jimin!
— Isso não o impede de ter mandado alguém pegar suas roupas. — Jimin colocou as duas mãos na cintura, tentando controlar sua raiva.
— Então vamos denúncia-lo! — Hoseok sugeriu.
— Não temos provas, e você sabe que são apenas roupas, quem realmente ligaria para isso? — Jimin resmungou.
— É verdade, mas o que fazemos? — Hoseok indagou.
— Eu vou tentar providenciar modelos novos até amanhã, por favor, ande observando muito bem todos a sua volta, Hobi, você é muito... — Jimin meneou a cabeça para ao lado, observando o moreno com um bico nos lábios.
Hoseok era realmente fofo, por um momento Jimin esqueceu que tinha que providenciar as coisas, ele parecia muito desapontado, mas não era sua culpa.
— Muito o que, Jiminie? — Baixou a cabeça e encarou os pés.
— Eu iria dizer lento, mas você é bem fofo. — Jimin bagunçou seus cabelos. — Fique tranquilo, eu vou dar um jeito nisso, eu só preciso falar com o Jungkook.
— Você quis dizer o patrão homão da porra? — Hoseok deu uma piscadinha para o menor e recebeu um tapa em seu ombro.
— Você deveria estar trabalhando.
Jimin acenou com a cabeça para o moreno ao seu lado e se dirigiu ao corredor onde se escondia a grande fera.
Realmente esperava receber um pouco de atenção e poder falar sério sobre esse assunto, o maior estava insuportável.
Não somente por esse fato, mas Jimin o odiava observar enquanto estava nervoso e extressado, tudo nele o deixava mais sexy que o normal, e isso ia da forma em que mordia os lábios e afrouxava a gravata até a forma de mover aquelas pernas fodidamente grossas.
Jimin achava seus detalhes interessantes, o achava interessante por completo, e isso era um grande fato que não conseguia deixar de negar a si mesmo.
Céus, ele realmente parecia uma fodida obra de arte, Jimin tinha que desviar o olhar todas as vezes que o moreno se concentrava e mordia a pontinha da caneta enquanto observava os papéis com a feição séria.
Aquilo o deixava inquieto, esse sentimento horrível que tomava conta do seu corpo, aquele estado inexpressivo que tinha que esconder quando tava junto a si o comia por dentro todas as vezes que seus olhos encontravam os dele. Jimin odiava isso.
Quando girou a maçaneta, respirou fundo com o coração na boca.
A porta foi aberta devagar e Jimin quase sorriu ao ver que o rapaz não estava enfurnado em modelos de roupas e trabalhos mal terminados.
Muito pelo contrário.
Passou algum tempo, escorado na parede ao lado da porta, cruzou seus braços e continuou o observando.
Jungkook estava de pé, de costas para si, observando a grande cidade pela janela transparente, com um cigarro dançando entre os dedos.
Jimin reconheceu aquilo como um hábito, quando percebeu que haviam adaptadores para pequenas saídas de ar, já que a sala era ar-condicionada.
E aquilo só o deixava mais sexy, a forma de como o moreno levava o cigarro na boca e tragava devagar, logo depois deixava o ar sair pela sua boca perfeitamente desenhada.
Suas costas eram realmente bonitas, isso foi algo que Jimin havia notado enquanto o rapaz usava ternos, ele tinha costas largas e musculosas, o ruivo gostava daquilo.
Nos poucos minutos que o ruivo se pegou o admirando, Jungkook relaxou o cigarro entre os dedos e continuou olhando a cidade.
— Precisa de algo, Park? — Sua voz soou rouca e arrastada, aquilo fez o ruivo arrepiar-se.
Sua mente viajou em várias formas possíveis de ouvir aquela voz ao longo do dia, concluiu que estava ficando louco.
Jimin engoliu em seco e meneou o olhar entre a janela e Jungkook, mesmo assim, não poderia deixar-se abalar.
— Aconteceu algo com o Hoseok hoje... — O ruivo pronunciou-se. — Roubaram os modelos que ele guardou dentro da bolsa, e agora eu tenho que fazer novos.
— Você vai fazer tudo sozinho? — Jungkook jogou o peso do corpo contra a perna esquerda e apoiou o braço em cima do outro.
— Pelo visto, sim. — Jimin suspirou. — Mas eu não me importo, sabe, eu costumo perder noites.
— Você não vai. — Jungkook divagou. — Se fizer isso, ficará esgotado para o grande dia e algo poderá correr errado.
— Algo der errado? Tudo está começando a dar errado, Jungkook. — Jimin bateu a cabeça contra a palma das mãos e grunhiu. — Você não acha meio interessante o Hoseok ser roubado um dia antes do desfile?
— Já ocorreram outras vezes, Park. — Jungkook continuou observando o local, seu olhar vago, lábios entre abertos.
Tudo ali parecia tão... Calmo, vindo do rapaz que estava uma pilha de nervos no dia anterior, a atmosfera do local estava tranquila, o moreno era um rapaz calado, talvez Jimin gostasse de ouvir o quão bonito seu sotaque soava nas poucas vezes que ele falava sem lhe dar ordens.
E Jimin odiava receber ordens, por isso nunca prestou serviço por muito tempo, na maioria das vezes se revoltava e pedia demissão, na cidade em que morava com sua filha e esposa, teve no mínimo, cinco empregos, estes incluíam um srtip club gay, mas acabou se demitindo quando foi lhe dada a ordem de ir para o quarto com um cliente sem o mesmo mostrar os exames de sangue - para caso contraísse doenças - e sua ex-esposa? iria morrer sem saber disso.
— Você tem ideia de quem possa ter sido? — O ruivo indagou, a resposta claramente nítida em seu olhar.
— Você não? — Jungkook olhou para si de canto de olho. — Aposto que sabe quem foi, e aposto que está se sentindo aliviado por não trabalhar com ele.
— Realmente estou. — Jimin soltou uma risada fraca. — E você ainda me obrigou á ir.
— Uma pena que não tenha ido. — Jungkook resmungou.
— Aish! — Jimin bufou, caminhando devagar, hesitando em se aproximar do mais velho.
Jungkook afastou-se um pouco quando a presença do ruivo invadiu seu espaço, ficando ao seu lado, os dedinhos gordinhos do mesmo tocaram o vidro, apontando para o prédio no fim da rua.
— Porquê me incentivou a ir, sabendo que eu iria me dar mal? — Indagou, sua voz baixa, coração acelerado.
— Não é ruim, Park, eles pagam bem, você iria ganhar uma noitada barata com o seu chefe, e iria produzir os modelos que quisesse, não teria á mim pra te impedir de fazer algo. — Jungkook meneou a cabeça, como se fosse óbvio.
— Não foi por isso. — Jimin sorriu de lado, virou a cabeça para cima, chamando a atenção do moreno. — Eu pensei muito sobre isso, você sabe que eu sou bom, Jungkook, você queria ter um motivo pra confiar sua empresa á mim.
— Você é esperto. — Jungkook olhou através de seus ombros, encontrando os olhos do ruivo fixados em si. — Finalmente algo que serve em você.
— Poxa, senhor, você parecia legal á segundos atrás. — Jimin revirou os olhos.
— Você passou no teste, Park, e ainda o descobriu, meus parabéns. — Jungkook suspirou. — Eu nunca costumei dar salários mais altos no começo do expediente, mas você tem a minha confiança empresarial.
— Está dizendo que você vai... — Jimin encostou a ponta do indicador nos lábios e refletiu. - Meu deus, eu vou ganhar mais! — Então abriu um sorriso maravilhoso na direção do moreno. — Mas calma, você pediu para o Taehyung para dar em cima de mim?
— Não, Park, eu supus que ele iria o fazer. — Jungkook revirou os olhos, dando um passo para o lado. — Ele faz isso com todos os funcionários inteligentes e prestativos.
— Mas porquê? — Jimin o olhou desconfiado, suas duas mãos na cintura.
—Bem, olhe pra você e veja o motivo. — Jeon murmurou.
Jimin arregalou os olhos e desviou o olhar, focou em algum prédio aleatório. Céus, ele tinha mesmo ouvido aquilo? Era algum tipo de sonho?
Jungkook havia insinuado que ele era bonito, mas o seu orgulho másculo era forte demais para o fazer admitir isso.
— Enquanto ao Taehyung e seus modelos? — Jimin indagou, suas duas mãos indo em direção a outra em suas costas tentando não demonstrar a felicidade que havia em seu coraçãozinho.
— Taehyung não irá fazer nada demais. — Jungkook divagou. — Ele só quer nos assustar.
— Você o conhece tão bem assim? — Jimin continuou o interrogatório, surpreso por não ter levado uma bela de uma resposta arrogante.
— Mais do que você imagina, Park.
E naquela tarde, Jimin engoliu em seco e não ousou pergunta-o mais nada, permaneceu quieto ao seu lado, observando seu chefe encarar a cidade com os dois olhos vidrados em um único prédio, imaginando todas as possibilidades possíveis de conseguir fazer a bela domar a grande fera.
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