A situação que se encontrava era claramente constrangedora, Jimin não costumava corar, mas dessa vez ele podia.

Jungkook não estava usando camisa, seu torso definido estava amostra e suas pernas estavam cobertas por um moletom cinza. Seu olhar estava perdido, como se tivesse acabado de acordar, seus cabelos levemente bagunçados e seus lábios entre abertos.

Jimin estava começando a achar que estava na Grécia e que Jungkook era algum tipo de Deus grego.

O ruivo se mexeu desconfortável e apertou a mão de Hyosun com um certo nervosismo, céus, ele não podia achar aquele homem gostoso.

– Posso saber o que você está fazendo aqui? – O moreno indagou, sua voz estava rouca devido à noite de sono.

– Eu fui enganado. – Jimin falou com ignorância, logo depois olhou de relance para sua filha que se encontrava com um sorrisinho cínico em sua direção.

– Pela sua filha? Que tipo de liberdade você dá a ela? – Jungkook cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.

Jimin respirou fundo novamente ao olhar para os braços não tão musculosos do rapaz​, mas o suficiente para que lhe passasse a impressão de que sua pegada era realmente forte.

Jimin quase quis ter aqueles braços em volta da sua cintura.

– A liberdade que a sua não tem. – Revirou os olhos. – Eu ia te dar bom dia mas você foi arrogante.

– Eu... – Jungkook começou a falar mas foi interrompido pela voz de sua filha soando atrás de si.

– Appa! Appa! A Sunnie chegou! – Jungwa abriu a porta com certa força empurrando as pernas de Jungkook.

Hyosun abraçou a menor com um sorriso no rosto, afagou a cabeça da mesma e a apertou mais forte contra si, ah, o amor infantil é lindo.

Jimin só soube observar as meninas com um sorrisinho no rosto, apoiou uma das mãos em sua cintura e olhou de relance para Jungkook.

Ele encarava aquilo sem expressão, mas Jimin sabia, que dentro de sua cabeça, estava explodindo em pensamentos, só queria saber um por cento do que aquele homem pensava.

– Então, você vai me deixar entrar ou não? Sinceramente, tá frio aqui fora. – Jimin juntou os braços e alisou um contra o outro.

Jungkook revirou os olhos e abriu a porta, afastando-se e esperando todos entrarem ao lado da mesma.

Jimin sentiu seu sapato tocar contra o carpete de madeira da casa, seus olhos correram rapidamente sobre todos os cômodos que conseguiu ver.

– Appa, eu posso levar a Hyosun para brincar lá em cima? – Jungwa segurou a mão da menor, dando alguns pulinhos ansiosos. – Eu quero mostrar meus brinquedos!

– Tanto faz. – Jungkook falou, indo em direção a cozinha.

Jimin assustou-se com a arrogância do homem com sua filha, e logo depois ficou mais abismado em como ela parecia não ligar pra isso, como se já tivesse acostumado.

– Foi você que decorou a casa toda? – Jimin tocou o móvel de madeira que havia na passagem entre a sala e a cozinha.

– Fui eu, muito bonita, não? – Jungkook indagou, abrindo a porta da geladeira, pegando uma caixa de leite.

– É, Jungkook, muito bonita. – Jimin direcionou seu olhar até a bunda do rapaz e suas coxas torneadas que ainda estava em busca da caixa. – Muito bonita mesmo.

O maior foi em direção ao armário e abriu as duas portas, esticando o braço para pegar a caixa de cereal.

Jimin viu todos os seus músculos contraírem devagar e engoliu em seco, lubrificou os lábios e suspirou.

Céus, que homem.

– Está com fome? – Jungkook despejou o leite e o cereal na tijela e pegou uma colher, levando a mesma até a boca.

– Não, na verdade nem era pra eu estar aqui, mas pelo visto eu vou ter que esperar. – Jimin tateou o celular no bolso da calça. – De qualquer forma, não tenho nada pra fazer mas não vou deixar a minha filha sozinha com você.

– Qual o problema? – Jungkook indagou confuso.

– Não confio em você pra deixar a única razão da minha felicidade em suas mãos. – Jimin apoiou o cotovelo na mesa lentamente e se inclinou para frente, com a mão apoiada no queixo e lábios entreabertos.

Jungkook parou de tomar seu cereal por alguns segundos, mantendo o contato visual com Jimin por alguns segundos.

O menor desceu seu olhar até o peito dele que subia e descia lentamente, reparou no quão bonito e aconchegante parecia, mas logo depois levantou novamente e tossiu desconfortável.

Jungkook era realmente bonito sem ternos, Jimin ainda estava tentando se recuperar do choque que era ver aquele homem sem o jeito formal, ele parecia tão... Atraente? Suspirou pensando no quão macia a sua pele deveria ser, o quão boa seria a sensação de a deixar cheias de marcas.

Céus, já fazia séculos que Jimin não transava, ele até teve alguns rolos, mas sua vida e família não facilitavam sua disponibilidade.

O ruivo virou de costas e caminhou lentamente sobre o corredor que dava caminho até a sala na intenção de explorar mais um pouco, já estava dentro mesmo.

Estava frustrado, e sentiu-se constantemente assim desde que entrou nesse emprego, e agora, se sentia pior ainda por ter levado para o lado pessoal.

Mas qual é, não tem nenhum problema em ter uma relação amigável e saudável com o seu chefe, é até melhor.

Mas toda vez que o menor pensava em se aproximar, Jungkook cortava o fio extremamente fino que aproximava os dois, e aquilo era extremamente insuportável e irritante.

Observou novamente os únicos retratos nas paredes e a moldura bonita da casa, por um momento desejou muito ter uma casa assim.

Jungkook estava à um pilar mil vezes maior que o seu, Jimin certamente tinha aquele ar superior, mas o moreno sabia como acabar com ele em poucos segundos, como suas poucas palavras arrogantes.

– Você vai sair pra algum lugar hoje? – Jimin indagou com o olhar perdido, vagando em alguns móveis da cozinha.– Não quero ficar aqui sozinho.

– Eu não vou te deixar aqui sozinho, Park. – Jungkook revirou os olhos enquanto colocava o prato de ceral na pia, por um momento, Jimin achou fofo. – Vai que acontece alguma coisa, né?  – E então, sua fofura foi por água a baixo.

Jimin bufou ao ser chamado de ladrão indiretamente, nem que quisesse, não conseguiria roubar nada que vinha do moreno, reconhecia alguém que dava seu sangue, suor e lágrimas pelo trabalho.

– Você é tão patético, Jungkook. – Jimin debochou, virando a cabeça para trás na intenção de observar o moreno. – Eu não faria isso.

Era tudo muito decorado e enfeitado, parecia ter sido construído por um deus da decoração, não haviam muitos quadros na parede e nem retratos de Jungkook com sua família, mulher, e filha, o valor sentimental de tudo aquilo era tão vago.

– O que está olhando? –  Jungkook o seguiu, caminhando atrás do ruivo. 

– Sua casa, apenas. – Jimin deu de ombros. – Não imaginei que seria dessa forma, Jungkook.

Não recebeu nenhuma resposta, apenas a respiração calma do homem que caminhava atrás de si.

Jimin tocou a borda da estante de vidro praticamente vazia, somente com algumas jarras de flores em cima.

– Onde está o homem antigo e conservador que eu achava que conhecia? – Jimin indagou de forma debochada.  – Pensei que iria encontrar uma fortaleza, uma casa de madeira com quadros e porta retratos com fotos do seu passado.

Jungkook encostou na parede, cruzou os braços e o observou olhar tudo naquele local, Jimin virou para si tentando ignorar seus músculos e seu corpo extremamente bonito.

– Parece que o príncipe encantado esconde muita coisa do plebeu. – O ruivo soltou uma risadinha, suas mãos dedilharam o couro do sofá enquanto o mesmo caminhava em sua direção. – Onde está toda aquela sua pose suprema onde você é o superior e eu sou apenas sua sombra?

Jungkook ergueu uma sobrancelha quando o corpo do menor parou em uma distância quase segura, o ruivo olhou para cima.

Jimin encostou uma mão na parede ao lado do mais velho e olhou profundamente em seus olhos, a respiração do maior passou a se encontrar mais acelerada.

– Logo você que se diz o durão, o hétero, o arrogante, o inabalável, está com o coração palpitando agora. – Jimin soltou uma risadinha enquanto colocava seu indicador no peito do homem. – Você está em desvantagem, está perdendo sua pose.

Jungkook pigarreou, tentando não olhar nos olhos do ruivo sedutor em sua frente, suas mãos levemente apertadas em punho.

– Me diga, Jungkook, onde está essa pose agora?

O maior quase respondeu, mas foi interrompido por um barulho vindo do primeiro andar, especificamente, do quarto de Jungwa.

– Appa!

°~°

desculpe a demora, fiquei sem internet ;(