Velho Apaixonado
-Vocês dois deram sorte – meu pai disse assim que fechou a porta de casa, afinal no exato momento que colocamos o pé para dentro uma tempestade começou a cair.
-Se tivéssemos ido até a estação estaríamos completamente molhados a esse ponto – respondi meu pai.
Sakusa não parecia exatamente desconfortável, de alguma forma ele olhava em volta parecendo curioso. Meu pai inclinou a cabeça na direção dele – É um prazer Sakusa-kun, já ouvi bastante de você dos meus filhos.
-Obrigado por me recepcionar Ishihara-san – ele se curvou em respeito agradecendo pela hospitalidade.
-Por favor me faz sentir mais velho do que eu já sou, apenas Hisao já está bom – ele disse – Qualquer amigo dos meus filhos é meu amigo também. Vamos, entrem. A chuva parece que não vai passar por algum tempo.
Quase que instantaneamente um trovão soou, podia ouvir também os pingos de chuva batendo nas janelas intensamente... Não tinha o que fazer além de realmente esperar só se pensar em colocar o pé para fora já me gelava até os ossos.
-E então o que os dois estavam fazendo nessa parte da cidade – meu pai perguntou – É um encontro?
Levantei a minha sobrancelha – Sério que você está fazendo isso? Toda vez que eu aparecer com um menino em casa você vai fazer essa pergunta?
Ele deu risada e levantou as mãos andando de volta pra cozinha, eu segui e Sakusa estava atrás de mim sem entender muito.
-Estou fazendo meu papel, é minha obrigação – ele retrucou – Eu me lembro que quando aquele garoto levantador nos visitou, ele disse que era. A sua cara foi impagável.
Joguei a cabeça para trás enquanto me lembrava da única vez que eu recebi visita do Miya na minha casa.
- Você é enxerido demais Atsumu – falei andando com o levantador do meu lado.
- Hey porque você está me xingando sem motivo, é o Samu por acaso? – ele cruzou os braços, de alguma maneira ele tinha organizado um pequeno jogo entre os meninos do time e eu, apenas os mais próximos do segundo ano. Algo como 3x3.
Não fazia muito tempo que a minha mãe estava em casa, mas ainda assim ter que cuidar dela de alguma maneira estava me deixando cada vez mais sem vontade... Quero dizer eu nunca me negaria, jamais! Afinal era a minha mãe se eu estou aqui é por causa dela.
Mas o pensamento de sacrificar uma parte da minha então dita "juventude" sendo que meus irmãos continuaram as suas vida normalmente, tem me deixado meio pra baixo nos últimos dias, e o gêmeo sendo o intrometido que ele é acabou descobrindo.
Soltei um longo suspiro – Você realmente se importa com os outros não é?
As bochechas dele ficaram levemente coradas – Ah!? Do que você está falando? Isso é interesse meu tá legal, porque eu quero.
-Claro se você diz – abri a porta de casa meu pai estava na sala de jantar e logo nos viu, ele deveria estar estudando algum prato novo para o hotel julgando pelos livros que estavam espalhados pelo lugar.
-[Nome]? – ele perguntou e se levantou vendo que eu não tinha saído de perto da porta.
-Pai me faz um favor, pega a minha bolsa de esportes no meu quarto – pedi, como eu vim da rua resolvi não entrar dentro de casa e correr o risco de levar alguma bactéria para perto da minha mãe.
-É difícil não é? – Atsumo perguntou de uma maneira bem empática.
Me virei e olhei ele por cima do meu ombro – É necessário.
Meu pai voltou a aparecer na minha frente, ele estava com algumas olheiras e os cabelos levemente desgrenhados mas mesmo assim o brilho brincalhão nos olhos dele estava presente – Oh um garoto...?
-Muito prazer eu sou Miya Atsumu senhor! – ele falou alto e se curvou.
Apenas troquei as bolsas entregando a minha da escola pro meu pai e pegando a de esportes.
-Vocês vão num encontro? – ele perguntou.
-Não/Sim! - Respondemos juntos, e eu podia jurar pelo sorriso da raposa traiçoeira que ele estava mais do que feliz, acertei ele na costela.
-Oucht!
-Não fale coisas desnecessárias – e me virei pro meu pai – Vamos jogar um pouco entre amigos, nada demais.
Meu pai levantou os braços em sinal de rendição – Certo, certo, bom jogo. Avise hora que estiver voltando.
O loiro ainda passava a mão na lateral aonde eu tinha o acertado enquanto caminhávamos para a quadra combinada, não era nada demais era só um espaço para crianças que era próximo do bairro. Tantos os gêmeos quando Suna e eu morávamos na mesma direção, não tão perto mas nos encontrávamos num certo ponto do caminho.
-Nem foi para tanto, aposto que o Osamu-kun te bate mais forte – comentei.
-Você é forte [Nome] – ele disse.
-Não foi-
-Não só fisicamente – ele me interrompeu e virou o rosto para me encarar nos olhos – Eu sei eu você é forte e vai passar por isso.
Eu não tive palavras para responder no momento e também não tive tempo já que os outros garotos que estavam por perto nos chamaram.
-Porque vocês demoraram tanto? – Suna perguntou enquanto mexia no celular.
-Estávamos num encontro – o loiro abriu um sorriso para falar.
-Atsumu!
-Ai!
-Ele é um idiota – comentei – Mas enfim, viemos pegar um livro na biblioteca da faculdade aqui perto e a chuva veio de surpresa. Vamos usar a mesa da sala de jantar para finalizar o trabalho pode ser?
-Sim, sim – ele deu de ombros e se virou lavando as mãos na pia antes de voltar a cozinhar – Sakusa-kun nos acompanha no jantar? Eu sou um chef renomado tenho certeza que não vai se arrepender.
-E com um ego bem grande também - comentei baixo e ele jogou um guardanapo na minha direção me fazendo rir.
Eu sabia que Sakusa estava olhando o local em busca de algo, mas eu tinha certeza que não ia encontrar um defeito, o ambiente de trabalho do meu pai era sempre impecável.
-Seria um prazer, obrigado.
-Ótimo - ele bateu as mãos de leve no balcão - Meu guardanapo da sorte por favor - ele balançou a mão pedindo que eu jogasse o pano de volta.
-Você parece uma criança as vezes - respondi.
-Guardanapo da sorte é o guardanapo da sorte - ele pegou o pano no ar e se colocou a cozinhar, eu guiei o ace-kun até a sala de jantar onde poderíamos nos sentar confortavelmente.
Abri meu notebook, Sakusa iria adiantar a revisão aproveitando que tínhamos tempo. A luz da tela iluminava de leve o rosto dele me fazendo prestar atenção em algumas coisas que normalmente eu não perceberia. A marca de nascença que ele tinha era perfeitamente simétrica os olhos escuros dele se mexiam devagar lendo o texto do trabalho, a sua face estava serena e seus ombros relaxados. De alguma maneira eu ficava feliz dele estar tão tranquilo num ambiente que era completamente novo.
Devo ter o olhado por algum tempo porque não percebi meu pai me chamando.
-Hum? - virei a minha cabeça na direção dele.
-Pode pegar o meu estojo de faca no segundo andar? – ele perguntou novamente –Ah não ser que esteja ocupada fazendo outra coisa.
Senti meu rosto esquentar e me afastei da mesa subindo para o segundo andar. Um longo suspiro e uma constatação, eu estou apaixonada não estou?
Ao mesmo tempo que a garota subia as escadas o jovem ace que estava se concentrando na revisão do trabalho a seguiu discretamente com os olhos, mas não o suficiente para passar despercebido pelos olhos do pai dela.
O mais velho sorriu, parecia que sua menina já não era mais uma criança.
-Sabe Sakusa-kun... – o mais velho começou ganhando a atenção do visitante – [Nome] geralmente não gosta de falar muito da minha esposa, fiquei um pouco surpreso quando Taya-chan disse que ela tinha contado a história pra vocês.
-[Nome]... Foi obrigada a amadurecer antes do tempo. – Hisao continuou falando - Eu não tenho palavras para expressar o quanto eu fui grato durante os últimos meses da minha esposa, ela cuidava da sua mãe com tanto carinho e paixão... Eu realmente acredito que se não fosse pela minha filha, minha amada teria partido desse mundo um pouco antes.
-Eu sinto muito pela sua... esposa. - respondeu com sinceridade.
O chef secou as mãos antes de andar até um pequeno armário ao lado da sala de jantar, ele pegou um porta retrato colocando próximo do garoto. Claramente era [Nome] e sua mãe, elas tinham as testas encostadas e cada uma tinha um sorriso amoroso no rosto, o mais novo podia ver as maças do rosto levemente avermelhadas e as linhas que indicavam que era um sorriso verdadeiro.
Sakusa não era tão próximo dos seus familiares, seus irmãos sendo mais velhos e seus pais tendo trabalhos que tomavam muito tempo, ele realmente não se lembrava de ter esse tipo de relacionamento com alguém.
O ace esticou a mão pegando o porta retrato para olhar mais de perto, podia ver algumas semelhanças entra a colega e a falecida mãe.
-Elas se parecem não é mesmo? – o mais velho comentou sorrindo – Depois que a doença se manifestou nós não podíamos tocar muito na minha esposa o único jeito que tínhamos para mostrar carinho era encostar nossas testas, era como reafirmar nosso laço e falar que sempre estaríamos nos pensamentos uns dos outros.
O rapaz recolocou o porta retrato na mesa não entendo muito o porquê daquela informação ser revelada, a confissão deveria ser clara pois Hisao continuou falando.
-Parece poético não é? Apenas uma história de um velho eternamente apaixonado, não pense muito sobre isso. – o chef colocou a foto em seu devido lugar – Venha, assim que [Nome] descer podemos comer.
-Mas ela não foi pegar as facas? – o rapaz perguntou se levantando em seguida.
Hisao riu – Foi apenas para tirar ela daqui – e então continuou, não poderia perder a chance de tirar um sarro com a cara da filha - Estava com medo que ela babasse na minha mesa enquanto olhava para você.
N/A: Ai ai ai, suspiro suspiro.
Dei uma choradinha escrevendo a parte da mãe, essa fic é tão nho nho nho.
Enfim mais um capítulo para nós, acho que tivemos uma evolução por aqui ein, veremos...
Até a próxima! Xx
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