Side Story #6
↳ ❝ [ T E R C E I R O A N O ] ¡! ❞
Capítulo Especial
6 de 6
— Não.
Foi apenas uma palavra, mas com o poder de colocar o ginásio inteiro em completo silêncio, ao ponto do único som vir do lado de fora. Isto é, até Motoya deixar escapar um riso.
— Não foi uma pergunta — o treinador respondeu respirando fundo, levantando a mão para apertar a ponte do nariz. — Sakusa, você é o novo capitão da Itachiyama.
Como se fosse possível, a careta do Ace-kun ficou ainda mais intensa, uma pena que o treinador era imune a ela.
— Ter outros jogadores mais aptos a posição — ele tentou negociar.
— Porque você não quer aceitar? — questionou o mais velho, depois de tantos meses em sua companhia, sabia exatamente o tipo de armadilha que vinha depois.
Kiyo mirou os olhos para o chão por um momento antes de responder — Não sou bom com pessoas.
— É um bom momento para treinar e começar. Se pretende seguir profissionalmente, vai precisar lidar com todos os tipos de pessoas e responsabilidades — o argumento matador foi o mesmo que escutei quando comentei na reunião de começo de ano que Kiyoomi iria negar.
— Estamos contando com você, capitão — Toya bateu nas costas dele, terminando a discussão. Ele lançou um olhar para o primo e em seguida para mim, mas esse segundo veio acompanhado de uma expressão que colocou um beicinho irritadiço em sua boca e uma sensação de traição em seus olhos.
Imediatamente virei de costas tentando evitar o mau-humor que emanava do jogador, ele mesmo disse que esse tipo de decisão cabe ao treinador. Não havia muito que pudesse fazer, particularmente considero ser uma boa experiência para ele. Kiyoomi não precisa ser um capitão como Iizuna, mas ter essa função pode o ajudar a crescer de diversas formas.
Contudo, mesmo repetindo a explicação, meu namorado ainda tomou a minha omissão como um ato desleal.
— Kiyo — chamei vendo que ainda emburrado ele estava treinando o giro do ataque contra a parede.
Ele não se virou, ou se mexeu. De uma forma nostálgica, não tão agradável, me lembrou os primeiros meses de Itachiyama, onde ele agia como se eu não existisse. Motoya estava ao meu lado e virou a cabeça praticamente pedindo ajuda com os olhos. Uma vez que o Ace-kun começa algo, ele não termina.
Coloquei ambas as mãos na cintura e olhei para o teto do ginásio, em seguida voltando olhar para as costas do jogador teimoso. Por sorte, ele mesmo espantou os jogadores do local, os novos e os antigos, ficando praticamente sozinho comigo e com o primo.
— Kiyoomi — chamei seu nome ainda sem resposta. Começando também a ficar irritada pela falta de resposta, mas ainda tentando explicar. — Me disse no torneio de primavera do ano passado que tem coisas que são para a comissão técnica se preocupar, eles me pediram para não falar a decisão final.
Silêncio.
— Certo — bati uma palma —, se é assim que você quer fazer Sakusa. Pode continuar.
Foi a primeira vez que seus movimentos tão ritmados perderam o compasso, de nada adiantava falar com ele agora. Só deixaria ambos mais frustrados. Indiquei o depósito com a cabeça para Motoya e então me afastei em silêncio com o primo dele.
— Honestamente, achei que ele não ia ligar tanto — comentou assim que entramos na sala na lateral do ginásio. — É um pouco estranho até para mim, ver ele reagir dessa maneira. Bom, ele ter alguma reação já é surpreendente.
Me abaixei para pegar os coletes do treino e organizar para colocar na máquina de lavar roupas — Também não entendi, tenho minha suspeita... Porém, não sei se é realmente isso.
— Você não ter falado com certeza não é um motivo, ao menos não é um grande motivo. Só uma pontinha, talvez — comentou o líbero.
Ergui a cabeça para o garoto encostado de braços cruzados na parede — Acha mesmo isso?
— Conhecendo meu primo, ele pode ter ficado chateado de você não tem mencionado para ele, mas tem dois pontos — Toya saiu da posição levantando dois dedos. — Primeiro, você não podia contar, então o lado dele que gosta de regras respeita isso e segundo, não é o tipo de coisa que ele normalmente se importa. Na verdade, ele sendo quem é e tendo plena consciência das suas habilidades, deveria supor que o treinador o colocasse como capitão. O que você acha que é?
Coloquei o último dos coletes na máquina e me levantei apertando alguns botões, olhando com incerteza para o eletrodoméstico.
— Pode soar ridículo, mas meu palpite é medo. E por conta do Iizuna — expliquei ainda mantendo as costas para meu amigo. — Depois do último jogo, quando ele se machucou, o que Iizuna disse teve grande impacto em Kiyo. Ele era um capitão que conversava com todos, passava uma sensação de liderança.
Virei o corpo mantendo a mão apoiada na bancada — Conhece Kiyoomi mais tempo do que eu, sabe que a maioria das falas dele podem soar babacas e desmedidas.
— E são na maioria das vezes — o líbero riu —, só que não para ele.
— Só que Kiyo também tem o próprio tipo de força que lidera o time — falei —, mas vem no formato de confiança. Vocês sabem que ele vai pontuar, dizendo palavras de motivação ou não. Habilidade também fala, um ponto num momento difícil, o caminho aberto para a vitória mostram até mais do que palavras ditas em roda.
Toya sorriu e olhou para a porta — Viu só? Pode parar de ouvir escondido, [Nome] não está mais tão brava com você.
Nesse momento Kiyoomi saiu do seu esconderijo para pisar na luz e se fazer presente. Tal como uma criança pega fazendo algo de errado, sua cabeça estava voltada para o chão evitando a minha direção. Motoya me lançou um sorriso apologético antes de dar um passo para frente.
— Vou deixar vocês conversarem.
Kiyoomi deixou o primo passar e então entrou no depósito olhando em volta, porém sem intenção de falar ainda. Deixaria ele ter o tempo dele, então virei e comecei a mexer com as garrafas de bebidas esportivas. Atrás de mim escutei apenas seus passos, se mexendo nervosamente sem saber se podia se aproximar ou não.
— [Nome] — me chamou —, me desculpe.
Já era um bom começo, por estar de costas o garoto não viu o sorriso leve que puxou o canto da minha boca. Poderia usar um pouco mais o momento.
— Pelo que exatamente?
— Não te responder, entendi que você não tem poder de decisão no time. Me falar qualquer coisa, só iria trair a confiança dos treinadores e não faria diferença.
Soltei a última garrafa no suporte e me virei — Desculpas aceitas Ace-kun, e devolvidas. Não precisava ter falado daquela maneira.
Kiyoomi soltou os ombros, enfim se aproximando de vez. — É compreensível, foi uma reação ao que fiz, não tem necessidade de se desculpar.
Sua mão buscou a minha, as pontas de seus dedos frias contra as minhas. Kiyo deu um aperto, buscando conforto.
— O que disse antes, é verdade? Sobre ser um bom capitão? Motoya tem razão, eu não ligaria para a posição se não tivesse conhecido você.
— E qual é exatamente a relação entre essas duas coisas?
O garoto se inclinou para encostar a testa na minha — Me ensinou a ver as pessoas um pouco diferente, e considerar um pouco mais seus sentimentos. Acha que antes eu poderia ter uma conversa agradável com Taya sem que ela saísse correndo no meio dela?
Ele disse com sinceridade, porém a imagem que surgiu na minha mente foi o suficiente para me fazer rir. Era sempre interessante ver eles conversando, majoritariamente a Taya falando e Kiyo ouvindo.
— Entendi seu ponto, e respondendo. Sim, eu acredito que você será um bom capitão, também sei que se você falar verdadeiramente com o treinador ele pode mudar de ideia.
Ele voltou a ficar reto, arrumando sua postura.
— Não vou saber se não tentar — respondeu, ainda que com uma careta. — Se eu precisar de ajuda, você está do meu lado, não é?
— Claro que sim. Até você cansar de mim.
Kiyoomi levantou a cabeça, um brilho passando rapidamente pelos seus olhos e desaparecendo entre os seus pensamentos. Teria questionado se a máquina com os coletes limpos não tivesse pedido minha atenção.
— Pode voltar a treinar se quiser, preciso terminar aqui — indiquei soltando sua mão e me voltando para o eletrodoméstico.
— Eu fico.
Claro que sim, completei mentalmente.
A cena dele me acompanhando nas tarefas pós-treino eram comuns, desde nosso segundo ano. Kiyoomi poderia ficar em completo silêncio, apenas seguindo com os olhos o que eu estava fazendo. Reservando os comentários para quando tinha alguma organização que o incomodava ou que pensava ter um jeito melhor de fazer.
— Como está seu pai? — foi a primeira pergunta genuína que fez.
Coloquei o último dos coletes para secar — Melhorando, Hide resolveu ficar um tempo em casa para garantir que está tudo bem, ele também pegou férias do hotel então, vai melhorar.
Tudo começou há alguns meses atrás, mais ou menos na época que marcava cerca de um ano do falecimento da minha mãe. Sabemos que ele sempre foi alguém viciado em trabalhar, mas por algum tempo mal conseguimos falar com meu pai por estar sempre no hotel ou viajando para acompanhar alguma dos franqueados. O mais velho chegou a perder peso por deixar de se alimentar corretamente. Trabalhou à exaustão, até que o corpo resolveu que não conseguia mais.
— Depois que ele desmaiou no trabalho, Hideki e Ichika estão fazendo um trabalho de acompanhamento para garantir que ele está realmente descansando.
— Acha que tem algo a ver com a morte da sua mãe?
Balancei a cabeça negativamente — Emocionalmente não, ela costumava ficar no pé dele, quando percebia que estava trabalhando demais. A vida inteira foi assim.
Um ano, agora cerca de um ano e quatro meses. É estranho o conceito de tempo, passou tão rápido e ainda assim parece que ela esteve ausente há anos. Foi ainda em janeiro, depois do torneio de primavera, o dia que marca a data em que minha mãe apenas não acordou.
Por alguns dias fiquei mais quieta, lembrando com mais frequência do passado, revivendo em silêncio memórias que guardava com carinho. Kiyo, as garotas e Toya, não mudaram seu comportamento comigo, evitando falar certos assuntos e eu era grata por isso. Afinal, podia continuar a levar meus dias com normalidade. É claro que me lembro dela com constância, existem todas as conversas que gostaria ter tido com ela, apresentar minhas novas amizades e como Hayato diz, meu alguém especial.
— Sentimos saudades, é claro, mas lamentar substitui as boas lembranças. Acho que a família Ishihara por completo está bem resolvida com esse assunto.
— Foi o que pareceu quando visitamos Hyogo.
Na semana que marcava a data, a família resolveu prestar suas homenagens e a meu convite, Kiyoomi aceitou participar desse momento.
O incenso de canela queimava lentamente, embalando uma manhã silenciosa repleta de pensamentos.
A última vez que estive ali, foi no próprio funeral.
— Devo dizer algumas palavras? — meu pai perguntou olhando para Hide ao seu lado.
— Se você quiser — meu irmão respondeu colocando o braço por cima dos ombros de Ichika, a protegendo do frio.
Eu mesma estava vestida com um espesso casaco de braços dados com Kiyoomi, usando do próprio calor de seu corpo para me aquecer.
Chef Hisao olhou para cima e então respirou fundo antes de soltar o ar e ajustar as mãos nos bolsos do próprio sobretudo.
— Estamos bem, Amaya — ele sorriu —, as crianças estão bem. A família aumentou, e continua aumentando, espero que Hideki possa me dar um neto em breve.
— Pai! — Hide ficou vermelho ao mesmo tempo que Ichika abaixou a cabeça rindo, porém também com um rubor aparecendo em seu rosto.
— O que foi? Estou falando meus pensamentos sinceros — o mais velho deu de ombros —, não me disse para falar o que quisesse?
— Disse para falar se quisesse — rebateu.
Meu pai deu risada e se inclinou colocando a mão na pedra clara — Aposto que sua mãe sabe tudo que está acontecendo, olha por vocês se preparando para o casamento, Hayo do outro lado do mundo seguindo o sonho dele e [Nome] todos os dias na Itachiyama.
— Também deve olhar você trabalhando mais do que devia e exagerando — Hide comentou.
— Certamente, consigo ouvi-la brigando comigo — ele balançou a cabeça —, então prometo que vou me cuidar mais. Não precisa se preocupar.
Hide suspirou, se abaixou e fez uma prece mais silenciosa do que meu pai, Ichika também agradeceu em silêncio me deixando por último. Meus parentes se afastaram um pouco andando pelos arredores. Juntei as mãos na frente do corpo e também prestei minha homenagem, sendo surpreendida por Kiyo que se abaixou fazendo o mesmo ao meu lado.
— Não posso fazer muita coisa agora, Amaya-san, mas vou cuidar de [Nome] e olhar pela família Ishihara o máximo que eu puder.
Com essa frase uma brisa fresca soprou o contrário, levantando o cheiro de canela como se fosse uma resposta. Sorri, me levantei e estendi a mão para ele.
— Ela teria amado conhecer você — comentei.
— E eu, ela.
Os meses passaram rapidamente.
Kiyoomi já não era tão averso ao título de capitão, pelo contrário parecia bem confortável com ele o usando de justificativa para a maioria dos seus pedidos. Claro que não é um regime de tirania, se alguém tivesse uma sugestão melhor que a dele, o capitão cedia. Porém, não impede dele continuar dando suas respostas afiadas.
Se ele dava a confiança para o time, como um bom veterano Motoya dava às palavras de motivação, mesmo sem ter nenhum vínculo de liderança o líbero foi nomeado capitão honorário. Kiyo tentava dar incentivo, às vezes, mas como sempre ele fazia parecer fácil demais e soava como um babaca, nas palavras do primo. Os novos jogadores levaram um tempo para se acostumar com suas peculiaridades, mas eventualmente se ajustaram aos maneirismos do capitão. Afinal, muitos deles vieram para a Itachiyama inspirados pela atuação do Ace-kun em torneios passados.
Se de um lado tínhamos as preparações do time, do outro a escola estava exigindo cada vez mais nos estudos. Uma escola de elite, espera resultados condizentes, principalmente dos alunos residentes cursando o terceiro ano.
Foi um pouco antes do começo do intercolegial que tivemos a primeira reunião em relação ao "futuro". Atletas tinham uma série de universidades que vinham para tentar os recrutar, porém, não é o meu caso.
— Seu nariz está sangrando de novo [Nome]?
Parei de me mexer, sendo pega no flagra por Taya que voltava dos vestiários. Essa tem sido uma cena recorrente.
— Estou bem — respondi com um pano no nariz — é o tempo. Sempre fica assim nessa época do ano.
Minha amiga fez uma careta — Sei, mesmo assim não acha que é uma boa chance de parar um pouco? Já está nesses resumos há horas.
Olhei para a minha mesa reparando em todos os livros com marcações e materiais extras que peguei na biblioteca para complementar meus estudos.
— Falta só um capítulo.
— Não, você vai subir na sua beliche e descansar. Não me obrigue a avisar o Ace-kun que você está exagerando, de novo.
Balancei os ombros sentindo um calafrio, essa definitivamente não era uma boa ideia.
Tive algumas situações de estresse no passado, mas após descobrir que era um traço da família Ishihara. Kiyo ficou ainda mais atento, minha mãe teria orgulho de toda reclamação feita sobre meu esforço excessivo. Ele podia estar na escola das doninhas, mas estava me observando como uma águia. Até mesmo aprendeu a me ameaçar dizendo que iria contar para Hide e Ichika. Se isso chegasse ao meu irmão mais velho, então, sim, seria o meu fim.
Coloquei o marcador na página e apaguei a luz da mesa, passando rapidamente os olhos pelas fotos presas na minha área de estudo. Minha família, meus amigos de Tóquio e de Hyogo e por fim meu namorado.
— Feliz? — perguntei subindo para a minha cama.
— Sim, obrigada — a ruiva respondeu —, honestamente você já é inteligente. Não sei porque está se esforçando a aprender conteúdos que ainda nem chegamos.
— Kiyoomi já está recebendo propostas com bolsas esportivas, das melhores instituições do país — falei olhando para o teto do nosso dormitório. — Disse que não precisávamos frequentar a mesma instituição, mas ele se recusou. Disse que iria para onde eu fosse independente dos convites, se eu conseguir passar numa universidade boa a vantagem acontece para os dois.
Taya ainda estava de pé com as mãos na cintura, a cabeça estava levemente tombada para o lado. Um sorriso apareceu em seu rosto antes de se abaixar para deitar na própria cama.
— Vocês dois não tem jeito, achei que ele tinha aprendido a controlar o ciúme.
— Diz ele que não é, falou que não importa onde ele esteja as habilidades falam mais alto. Prefere ficar por perto a manter uma relação a distância.
Um resmungo veio — O pior é que ele está certo, qualquer um vai olhar para o Sakusa-kun, porque ele tem a habilidade para se sobressair independente do time que esteja.
Porém, num grupo com mais autoridade, suas metas podem ser alcançadas mais facilmente.
Antes que pudéssemos perceber os torneios chegaram, a Itachiyama agora renovada e com um grande jogador do ano passado ainda no time, conseguiu manter sua posição entre as melhores de Tóquio. Coisa que as outras escolas sofreram um pouco para conseguir manter durante o Intercolegial.
Os times que não tinham uma dependência tão grande dos terceiranistas levaram a melhor, ao contrário do time masculino da Fukurodani de Tóquio, por exemplo, que tinha no time titular cinco jogadores que saíram de uma vez. Chegamos ao nacional, tiramos os representantes de Miyagi, uma escola chamada Date Tech na terceira rodada e chegamos até a semifinal onde o fatídico encontro com a Inarizaki aconteceu.
Eles, que tinham quatro dos jogadores do ano passado no time, enfim conseguiram a vitória tirando o gosto amargo da boca por todas as partidas perdidas anteriormente. O jogo disputado, que terminou dois sets a um para o time das raposas, foi tido como um dos melhores do torneio até a final.
Claro que isso serviu de combustível para o torneio de primavera seguinte, o último disputado por Motoya e Kiyoomi enquanto alunos do ensino médio. Dessa vez os times estavam mais organizados e a competição mesmo entre as qualificatórias de Tóquio foi muito mais difícil. Mas a vaga foi conquistada para o nacional mais uma vez.
Kageyama Tobio, um conhecido que participou de alguns acampamentos com Toya e o Ace-kun, aquele que disse que o Kiyo era um cara normal. Voltou a conseguir a vaga com a Karasuno de Miyagi. Porém, antes dos times terem a chance de se encontrar, a Inarizaki tirou os corvos da competição, caindo para outro time na etapa seguinte.
Nós conseguimos conquistar a vaga na final, tendo que enfrentar uma Kamomedai numa intensa partida de cinco sets. Assim como nosso time, eles tinham um excelente jogador do outro lado, alguém que também era de nível nacional. Porém, era apenas um, com Kiyo no ataque e Motoya na defesa, o último jogo deles pela Itachiyama no colegial, terminou com a vitória.
Não foi um ano fácil, mas ao fim dele conseguimos sorrir.
Hide e Ichika estavam a poucos meses de distância do casamento e Hayato do outro lado do mundo também encontrou uma boa companhia. Faz algum tempo que ele anunciou que estava namorando a professora que o ensinou a falar português, agora ele planejava a viagem para o casamento de Hide junto da sua garota e o amigo "Z".
Meu pai, depois de muitos meses trabalhando no hotel, resolveu mudar o rumo novamente e agora estava estudando para abrir uma nova cafeteria, como a de Tarui-san, em Tóquio e transformar os negócios que ele mesmo começou numa franquia. Taya e Lâmia, também resolveram estudar na mesma universidade, a ruiva em publicidade esportiva e Lâmia em nutrição. Ainda que tivesse a chance de tentar perseguir uma carreira como uma atleta de desempenho não era sua vontade, ambas estavam procurando um dormitório em Kyoto para se mudar antes do início das aulas.
Já em relação ao meu futuro, todo o estudo extra acabou rendendo frutos. O choro de felicidade que tive ao ver o time conquistar o título nacional voltou quando recebi a notícia de que fui aceita na Universidade Waseda, instituição que tinha um dos melhores cursos de ciências do esporte do país, além de ter um histórico de formação de atletas olímpicos.
— Olhe essa nota! [Nome] é praticamente um gênio!
— Era esperado — Kiyo respondeu tirando do bolso um lenço e estendendo na minha direção — estudou arduamente o ano inteiro. Não sei porque está tão surpreso.
Toya suspirou — Será que você pode soar um pouco mais feliz? Está agindo como se já soubesse.
Kiyo devolveu o olhar com certa irritação — Claro que sim, você tinha alguma dúvida de que minha namorada ia conseguir?
O líbero então entendeu o porquê da reação, Kiyoomi tinha confiança — mais do que eu —, de que iria conseguir a vaga.
— Tem razão — o primo levantou as mãos derrotado pelos argumentos, mas sustentando um sorriso largo no rosto. — Fico feliz por você, tenho certeza que vai ser a melhor agente que existe.
Usei o lenço para enxugar o canto dos olhos — Obrigada Toya. Vai mesmo para a Universidade de Tóquio?
— Sim, já está na hora de me separar desse cara. Será divertido quando nos enfrentarmos em competições a partir de agora. — comentou o líbero.
— Vamos ser se vai continuar a pensar isso quando perder — rebateu.
A cerimônia de graduação do ensino médio chegou e com tantos graduados por perto, a família Ishihara-Sakusa, resolveu fazer um jantar de comemoração nos jardins da família. Até mesmo outros parentes foram convidados, como os pais de Lâmia e também a mãe de Taya. Depois do incidente do segundo ano, minha amiga ruiva acabou se distanciando um pouco da família, o pai dela que sempre foi fumante e um negacionista do bem-estar acabou falecendo de infarto no meio do nosso último ano.
Devido a toda a situação ela não tinha os mesmos sentimentos que o meu, mas serviu como uma chance de se reaproximar da mãe, agora viúva, falando coisas que ficaram presas apenas em pensamentos há anos. A mulher ainda tinha dificuldade em aceitar algumas coisas, mas estava trabalhando nisso. Diferente do falecido marido, ela tinha vontade de mudar.
Estava observando de longe a mesa dos pais, todos eles pareciam estar tendo um momento divertido demais. Julgando pelas taças vazias de vinho e garrafas mais vazias ainda. Ichika e Haru fizeram um bom trabalho decorando o jardim com lanternas, me lembrava a cerimônia de noivado dela.
— Tudo vai mudar um pouco — comentei enquanto andava de mãos dadas com Kiyo —, de diversas formas.
— Tem certeza que não quer ficar nos dormitórios do campus? Deve ter vagas ainda.
Balancei a cabeça — Vai ser bom voltar a morar com meu pai por um tempo, Shinjuku não é tão distante da minha casa. Gastar um pouco mais de tempo não faz tanta diferença para mim, diferente de você que também estará treinando.
Kiyo fez uma careta — Ainda preferia que ficasse no campus.
Parei de andar e virei rindo — Nossos pais se adoram, mas existe um limite. Pode admitir, você me ama tanto que não aguenta o pensamento de ficar longe de mim.
Disse como brincadeira, mas a resposta veio seriamente.
— Sim, eu amo você, mais do que qualquer coisa — confessou e olhou para o lado vendo algumas lanternas balançarem —, eu me perguntei um dia porque você me escolheu. Foi uma das coisas mais idiotas que fiz, deveria ter agradecido por ser você a aguentar e entender todas as minhas falhas. Mais do que isso, me ensinar a conviver com elas e a enxergar o que é importante para mim. Tive sorte em conhecer pessoas, em ter oportunidades, mas você foi a maior delas.
Ele colocou a mão no bolso e tirou dela um objeto. Com cuidado ele pegou a minha mão prendendo no meu pulso um bracelete, muito parecido com o colar que me dera no nosso primeiro Dia dos Namorados. Nesse, haviam dois pingentes, uma borboleta-azul e uma bola de vôlei.
— Ainda não é um anel, mas é uma promessa.
Representado ali estava muito mais do que memórias, vôlei foi o que nos aproximou, é uma das paixões de Kiyo. Me lembra da minha família, Hayo e Hide, o que deixei para trás e reencontrei depois, amigos, sonhos e dedicação. A borboleta, o nervosismo na boca do estômago, a transformação de uma vida e a liberdade para poder voar para onde quiser.
— Para quem não entendia o conceito de borboletas no estômago, você ficou ótimo em causá-las.
— Tive uma boa professora — ele se inclinou para encostar a testa na minha, olhando no fundo dos meus olhos. — Não importa o que acontecer daqui para frente, vamos fazer as coisas do nosso jeito certo? Minha Gerente-chan?
Levantei as mãos segurando seu rosto, ainda que tenhamos brigas, desentendimentos como qualquer casal, no fim sempre acabamos ainda mais apaixonados. Não só entregando, mas também recebendo amor na mesma intensidade.
— Sim — aproximei sua boca da minha — meu Ace-kun.
N/A: E acabou! Pela segunda vez, finalizar uma fanfic duas vezes é uma experiência nova parar mim. O terceirão deles não tem muito destaque, então foi um baita resumão.
Também foi a primeira vez que eles discutiram depois de começar a namorar, olha que coisa.
Como mencionado, a parte dois começa direto na Universidade, com outros conflitos a se resolverem. Mas esse final aqui coloca o tom de voz dessa narrativa futura.
Sei que está demorando, já fazem anos, mas espero que com esse especial aqui que durou uns meses, deu pra matar a saudade e ajudar a aguentar um pouquinho mais. Se você quer saber os meus planos futuros, pode visitar o livro Verba Volant, nesse mesmo perfil e entender o que está acontecendo.
No demais, muito obrigada por me acompanhar nesse especial de 500k, que já passou e está quase em 550k.
O especial termina com aproximadamente 21.190 palavras.
Não esqueçam de passar no Spin-Off do Hayato e descobrir o que o nosso gêmeo querido está aprontando no Brasil.
Obrigada por ler até aqui!
Nadi, Xx!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top