Side Story #5


↳ ❝ [ T O R N E I O  DE  P R I M A V E R A  ] ¡! ❞
Capítulo Especial
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Os dias passaram mais rápido do que o esperado. Logo após o amistoso que tivemos em Hyogo a etapa preliminar de Tóquio para o Torneio de Primavera começou. A quantidade de escolas era enorme, talvez até similar a quantidade de times que iriam jogar na etapa nacional. Isso significava algumas coisas, todos os jogos são eliminatórios, e teríamos dois fins de semana intensos competição.

No primeiro fim de semana foram três jogos, dois num dia e dois no outro, e o mesmo aconteceu na semana seguinte, porém já aproximando o time da vaga garantida.

Para esse torneio em específico, Tóquio tinha algumas particularidades, primeiro que pelo seu tamanho normalmente já recebe duas vagas, segundo que por ser a cidade cede do evento ganhava uma participação de anfitriã. As semifinais e finais acabaram por ser no mesmo dia, resultando em quatro escolas se enfrentando para decidir quem tomaria cada uma das três vagas.

Instituto Itachiyama, Academia Fukurodani, Colégio Nekoma e Academia Nohebi.

Quem ganhasse o primeiro jogo automaticamente já ganhava uma das duas vagas, ficando para decidir apenas quem seria o primeiro e o segundo representante. Aqueles que perdessem que deveriam lutar com tudo que tinham para conseguir a última vaga.

— Aqui capitão — estendi uma toalha para Iizuna-senpai durante a pausa do primeiro jogo.

Nosso primeiro adversário do dia era a Nohebi, claro que estudamos eles durante os treinos, mas em quadra era um comportamento completamente diferente. Uma jogada ou outra me fez franzir, a movimentação dos jogadores era estranha e a excessividade em cortesia com os juízes parecia uma forma de manipulação. Não era como a manipulação de jogadoras que a capitã do time feminino da Fukurodani fazia, mudando suas posições em quadra conforme os passos dados. Era algo mais preocupado com o externo, as aparências, do que qualquer outra coisa.

— Não faça careta [Nome] — respondeu o mais velho rindo e esfregando a lateral do rosto —, eles são assim mesmo. Não é novidade para ninguém da região.

— É gerente-chan — Kurosawa se adiantou — não se preocupe. Podem usar os truques que quiserem, ainda vamos ganhar.

Ele então indicou o placar que indicava a vitória do primeiro set para a Itachiyama de 25 a 19.

— Sei que vão ganhar — respondi —, mas não me impede de ficar nervosa quando a diferença entre os pontos diminuem.

— É só ganhar com uma vantagem maior — a voz veio além dos garotos mais velhos.

Iizuna riu alto e devolveu a toalha — Escutaram nosso Ace, não vamos fazer nossa gerente se preocupar. Vamos acelerar e levar logo uma das vagas para o nacional.

É assustador saber que Kiyoomi pode falar algo com tanta confiança e de fato o cumprir. Os outros jogadores também deixaram os equipamentos no banco e então voltaram para a quadra, meu namorado apenas se limitou em olhar para meu rosto e acenar enquanto voltava para o jogo.

Ainda que ele tivesse dito sobre aumentar a vantagem de pontos depois da minha fala, não era apenas uma tentativa de conforto. À sua própria maneira, o jogador de destaque do time tentava dar a sua dose de incentivo, e o resultado disso foi um segundo set vencido de 25 a 18.

— Achei que ia aumentar a diferença — Toya provocou, na saída da quadra.

Kiyo fez uma careta, o meio de sua testa franziu e algo parecido com um bico puxou seus lábios — Precisa voltar a estudar matemática básica, 18 é menor que 19.

O líbero cruzou os braços se inclinando para ambos os lados — Não sei porque eu ainda discuto.

— O importante é que ganhamos — Elijah interrompeu os dois —, e pelo jeito que as coisas estão no outro jogo, quem vai ficar para decidir quem leva a primeira vaga é a Fukurodani.

Pelo que eu me lembro de conversar com a capitã do time feminino da Academia Fukurodani, havia um grupo de treinamento que englobava ambas escolas. Além de mais algumas já fora da região de Tóquio.

Nos organizamos na lateral para esperar os jogos passarem, aproveitando para ver o fim da segunda partida masculina.

Enfrentamos a Nekoma torneio passado, no intercolegial, e ganhamos. Pelo que eu me lembro, é um time consistente, principalmente nas recepções, mas parando para analisar novamente me pareciam um pouco mais agressivos. Na lateral também havia uma gerente auxiliando, e se tivesse que dizer, ela parecia ser a pessoa mais perigosa vestida de vermelho em quadra.

— O que está olhando? — Motoya disse colocando a própria bolsa no chão e se sentando em seguida.

— A gerente da Nekoma tem uma aura mais perigosa do que os jogadores em quadra.

— Deve ser porque ela era uma jogadora profissional — respondeu.

Olhei para baixo, uma vez que eu estava de pé — Como assim?

— Ela é uma ex-jogadora da seleção italiana, mas teve que se aposentar por conta de uma lesão. Se mudou esse ano pelos pais terem dupla nacionalidade, tiveram diversos boatos no intercolegial, não ouviu?

Neguei com a cabeça não me lembrando de nenhuma conversa.

— Era uma levantadora excepcional — o garoto parou por um momento — ainda deve ser, só que não mais como uma atleta de rendimento. Eu e Kiyoomi conversamos com ela torneio passado, quando fomos ver as camisetas, parecia alguém legal.

Meu namorado se manteve quieto praticamente imóvel de pé ao meu lado.

— É parecida — comentou por fim — a história de vocês.

— Se parar para pensar, compartilhamos da mesma posição, mas acho que as motivações de parar de jogar podem ser um pouco diferentes. Pelo que Toya disse, ela foi forçada, a minha foi uma escolha — respondi. — Gosto de vôlei, mas sempre fiquei na média.

— Sente falta de jogar?

Neguei com a cabeça — Vocês me deixam participar dos treinos às vezes, já é o suficiente. A minha rotina continua, o envolvimento também, apenas de uma forma diferente. Descobri que para mim é mais divertido viver o esporte através de vocês do que estar em quadra.

E não é uma mentira. Cresci com meus irmãos jogando, Hayo muito mais fascinado por vôlei que Hide, porém ambos sempre ativos. Fui puxada para o esporte naturalmente, sem almejar conquistar algo através dele, porém, tendo uma boa parcela dos meus dias dedicados a ele. A maioria das minhas memórias de alguma forma estão relacionadas. Quando decidi parar de jogar para cuidar da minha mãe, não foi uma decisão tomada de imediato, mas comparada com as pessoas que respiram o esporte diariamente, com certeza foi mais fácil.

É fácil perceber aqueles que vivem "a quadra". Iizuna, Kiyoomi, Motoya, ambos capitães da Fukurodani, o líbero da Nekoma, Atsumu e até mesmo o Hayato. Todos eles têm um brilho especial que nos faz parar para olhar. É como se fossem a verdadeira epítome do que é vôlei. Vai além da dedicação, do esforço, é como uma força inerente que faz a posição em quadra apenas parecer certa e muitas vezes nem tem a ver com a habilidade. Quando você permanece entre as linhas parecendo um erro, se torna faminto para jogar mais, treinar mais e chegar onde estão aqueles considerados sortudos.

Algo que eu não havia percebido até me encontrar observando os times da lateral da quadra é a diversidade de jogadores, e estilo de times. Claro, todos jogam o mesmo esporte, contudo, a variedade de ataques não cessa em me surpreender. Ataques iguais na teoria, são completamente diferentes na prática. Quando se junta os melhores dos melhores num único lugar fica ainda mais evidente.

As eliminatórias de Tóquio passaram, ganhamos o último jogo em cima da Academia Fukurodani pegando o primeiro lugar, Colégio Nekoma ficou com a terceira vaga. Rapidamente dezembro se aproximou e com ela as férias de fim de ano. Kiyoomi e Toya foram chamados para o acampamento nacional da juventude na primeira semana de janeiro, voltando para participar direto do torneio de primavera.

— Certo, vou distribuir as chaves dos quartos e as autorizações para circular pelo ginásio metropolitano de Tóquio, não os percam — disse o treinador enfatizando a última parte. Apesar de Tóquio ser a sede, pegar um hotel próximo ao ginásio otimiza o tempo e dá mais conforto para os jogadores.

Os garotos foram divididos em duplas e então receberam suas credenciais.

— Por último, [Nome] Ishihara — o treinador virou para mim entregando o cartão que abria a porta do quarto, e a autorização da equipe do Instituto Itachiyama. Como de costume, meu quarto ficava num andar completamente diferente dos meninos.

Coloquei a fita no pescoço para não perder e segurei o cartão na mão.

— Como não tínhamos uma grande distância para viajar, podíamos deixar as malas nos quartos e descer. Faremos um treino leve, colocando esses músculos para se mexer no frio, depois teremos uma reunião para revisar os nossos oponentes em seguida e entregar o cronograma.

O time assentiu e começou a se separar para subir para seus respectivos quartos.

— Não sei porque eu ainda tenho uma esperança de ficarmos separados — Toya reclamou por estar mais uma vez dividindo quarto com meu namorado.

— Se acha tão miserável dividir, pode dormir no ônibus — Kiyo respondeu.

Abaixei a cabeça rindo, abrindo a bolsa em seguida para pegar meu celular e ver se havia alguma mensagem.

— Não, eu aguento — o líbero retornou.

— Hayo mandou uma mensagem — anunciei assim que peguei o aparelho na mão. — Ele escreveu, "[Nome], o torneio de primavera já vai começar certo? Não posso dizer que torcerei para a Itachiyama, mas torcerei pelo Kiyoomi e pelo Motoya. Não se machuquem!!"

— Hayato-senpai! — Toya fechou os olhos como se estivesse sendo tomado por emoções.

— Ele mandou uma foto, disse: em português tem uma expressão que significa correr atrás de um objetivo com determinação — abri a foto e era meu irmão, muito mais moreno do que eu me lembrava, com um grande sorriso no rosto e uma folha nas mãos. Nela tinha um escrito em português "Vai pra cima!"

Encostei a cabeça no ombro de Kiyo sem conseguir tirar o sorriso do rosto — Sinto falta dele. Nunca achei que ele fosse torcer pela Itachiyama, mas mandar especialmente para vocês já é algo. Ainda mais depois do amistoso.

— Ele parece feliz — Kiyo comentou —, mande um agradecimento. E um pedido de desculpas, vamos ganhar da Inarizaki de novo se voltarmos a nos encontrar.

A rivalidade entre os dois favoritos estava em alta, não só em quadra como entre as torcidas. Esse foi um dos pontos também ditos na reunião depois do treino, para não deixar que a vitória no internacional os influenciasse. Era um novo torneio, não importa se ganharam o anterior ou não.

Tinham alguns nomes conhecidos, mas o que chamou mais a minha atenção foi da escola chamada Karasuno. Me lembro deles por alguns motivos, primeiro que Kiyoomi ficou obcecado com a escola que tirou a Shiratorizawa do último campeonato colegial do Ushijima-san. Segundo, que o garoto que chamou o Ace-kun de cara normal no acampamento, era o levantador do time de Miyagi.

— Podemos fazer algumas projeções de quais times vão passar na base das probabilidades — o técnico disse ao fim da reunião —, mas isso não adianta muita coisa. O vôlei é dinâmico e o inesperado também pode acontecer. Por esse motivo vamos nos manter concentrados e avançar por um jogo de cada vez.

O time concordou, o time foi dispensado depois disso. Iizuna iria para a reunião dos capitães com o treinador e o restante ficaria no hotel.

A noite passou rapidamente e quando o dia chegou veio com ele o nervosismo, mais da minha parte do que pelos jogadores. Diversas vezes conferi nas bolsas se não estava esquecendo nada, tanto de equipamento, quanto kit médico, faixas, até mesmo os assistentes do treinador tiveram que me tranquilizar dizendo estar tudo certo.

— No intercolegial você não estava tão nervosa Gerente-chan — Motoya me disse quando descemos do ônibus, já no ginásio.

— No intercolegial — repeti sua frase — era uma posição recente, agora estou há mais tempo. Sei de mais coisas que podem dar errado.

E como se o universo estivesse me dando uma oportunidade de provar ser verdade, veio a pergunta.

— Onde está a sua credencial?

Lentamente a minha cabeça se virou para Kiyoomi, que estava parado com ambas mãos nos bolsos da jaqueta a poucos passos de mim. Coloquei a mão no pescoço e então nos bolsos, pânico surgindo lentamente com a simples possibilidade de ter perdido o que o técnico disse especificamente para não perder.

— Será que caiu? — Toya começou a olhar em volta procurando algo no chão.

— Não sei — respondi abrindo a bolsa e procurando.

— Pode ter caído no ônibus também — completou o líbero.

Mexi dentro da minha bolsa procurando um sinal dela, tentando puxar na memória quando foi a última vez que a vi. Tenho certeza que a peguei do quarto antes de sair, mas o que aconteceu no meio do caminho se tornou um borrão.

— [Nome], procure com calma — o tom sereno e quase desinteressado do Ace-kun me trouxe de volta para a realidade. Foi quando reparei num pedaço de cordão saindo da prancheta.

— Achei! — exclamei, me lembrando de a prendi entre algumas folhas para não a amassar. Suspirei de alívio e imediatamente a coloquei, fechando a bolsa rapidamente em seguida.

Enquanto olhava para baixo, não percebi que Kiyoomi tirou as mãos dos bolsos as levantando para o meu pescoço, tomei um susto quando senti seus dedos encontrarem o caminho por debaixo dos meus cabelos, tocando levemente a minha nuca.

— Use apropriadamente — tudo que ele fez foi levantar os fios para ficarem abaixo da corda da credencial.

Ao nosso redor diversos jogadores, e jogadoras, se viraram na nossa direção.

— Estão nos olhando.

— Não me importo — respondeu correndo a mão pela lateral do meu rosto e descendo até onde ficava o zíper da minha jaqueta, puxando para cima num movimento rápido até que se fechasse no pescoço — Está frio, se agasalhe apropriadamente, ou vai ficar resfriada.

Senti o rosto esquentar.

— Oe, você dois, se mexam — Kurosawa-senpai gritou acenando.

Segurei a alça da bolsa falando em voz baixa apenas para que Kiyoomi escutasse — Você fez de propósito.

— Estava nervosa demais sem necessidade — rebateu, ele me olhou de canto de olho — vai dizer que eu não presto por causa disso? Gerente-chan.

Respirei fundo e soltei os ombros — Deveria, mas dessa vez não. Obrigada.

Eventualmente precisei me separar do time, eles fariam a entrada oficial na abertura e os técnicos e assistentes deveriam esperar na lateral. Por termos uma boa posição na tabela geral, fomos cabeça de chave, significando que teríamos nosso primeiro jogo apenas no segundo dia de competições.

Ficamos no ginásio mais para acompanhar os jogos do dia e ver possíveis adversários, nenhum dos times ali era ordinário. Todos tiveram que vencer equipes fortes, o que tornava os jogos bem interessantes de se ver, mas não tirava o fato que 40 seriam eliminados no primeiro dia.

— É um pouco assustador se parar para pensar — comentei para mim mesma.

— O quê? — Suna disse ao meu lado.

Outra peculiaridade do torneio, é que é muito mais fácil interagir com outras escolas. E claro que tendo a Inarizaki como os representantes de Hyogo, eventualmente nos encontraríamos.

— O fato de tantas escolas irem embora — respondi — ambos tivemos um pouco de sorte em ganhar uma posição. Mas amanhã já é algo completamente diferente.

— Pare com isso, soa depressivo — respondeu o meio de rede das raposas — oh, Atsumu nos encontrou.

Inclinei o corpo para ver ambos gêmeos andando na nossa direção.

— E aí [Nome] — Samu levantou a mão.

— Por que vocês estão se escondendo aqui? — questionou o loiro.

— Não estamos nos escondendo — comentei e apontei — o resto do meu time está bem ali. Rintarou veio negociar.

Osamu se colocou do meu lado — Ele ainda não esqueceu?

— Claro que não.

Atsumu fez uma careta se apoiando na mureta — Que diabos vocês estão falando?

— Esse meio de rede mercenário só vem falar comigo quando envolve comida — respondi —, já avisei meu pai da refeição devida. Estamos combinando como faremos, então não fiquem surpresos se o Sr. Hisao aparecer no hotel de vocês.

— Não precisam me agradecer — Suna respondeu.

— Vi que vocês vão jogar contra a Karasuno amanhã, estão nervosos?

O loiro balançou a cabeça — É mais um jogo que precisamos ganhar, como todos os outros. Não tem espaço para outro sentimento que não seja o de buscar a vitória.

— Não fale assim, é estranho — disse o gêmeo.

Apoiei o braço na mureta com um riso, me lembrando de alguém que disse uma frase parecida anteriormente — No fim, todos vocês são parecidos.

Me lembro no torneio passado, quando Kiyo disse conversar com Ushijima-san sobre sorte.

Podemos pensar que é uma situação decorrente ao inexplicável, uma ocasionalidade de eventos inesperados. Não tem como falar que os times participantes não se dedicaram, aposto que todos eles treinaram muito para estar no campeonato nacional. Então é realmente sorte que os colocou ali? Ou um conjunto de eventos anteriores que resultaram numa aleatoriedade?

Sorte é imprevisível, assim como vôlei.

Foi essa incerteza de resultados que tirou a Inarizaki da competição no primeiro jogo, perdendo de 2-1 para a Karasuno de Miyagi e fez com que nós deixássemos a competição nas quartas de finais.

No último set, quando o placar estava empatado, Iizuna sofreu uma lesão no tornozelo. A repentina mudança na química do time foi o necessário para nos tirar do torneio de primavera. O capitão saiu apoiado em dois jogadores e não teve sequer condição de agradecer a torcida.

— Perdemos, mesmo fazendo tudo exatamente do jeito que deveríamos.

— Sakusa — Iizuna que estava apoiado em Kurosawa-senpai chamou. — Eu sei o que você está pensando. Aposto que na sua cabeça agora tem "se machucar, é uma possibilidade numa partida, por que você está chorando?" Certo?

Ainda que o rosto do capitão estivesse com uma feição de choro, ele também estava frustrado.

Troquei um olhar com Motoya, sabendo que era realmente algo que Kiyoomi pensaria.

O Ace então respondeu tranquilamente — Posso entender ter arrependimentos caso você não treinasse o suficiente, ou se preparar de maneira apropriada. Mas sei que nenhum dos casos se aplica a você Iizuna-san. Então estava ponderando.

— Certo! Não é o caso! — algum fio de sanidade pareceu estourar no mais velho, pois o sentimento que revestiu seu rosto foi de raiva — É por isso que machuca ainda mais!

— Iizuna, não precisa gritar — Kurosawa reclamou afastando o rosto.

Do outro lado da conversa, a realização.

— Oh, entendi — respondeu Kiyo, e continuou — Mas eu não quero ficar com dó ou pensar que deve ser uma merda ser você agora.

Os terceiranistas foram pegos de surpresa pelo comentário sincero do jogador, ainda um pouco atônito e mais calmo pela mudança de tom, Iizuna abriu a boca em surpresa.

— Mas realmente é um saco ser eu agora. Fico feliz que você esteja pensando em mim.

— Não estava pensando em você, não particularmente.

— Um dia — a voz do capitão soou embargada — não foi hoje. Mas um dia farei a minha última partida, e você pode apostar que termino ela com um sorriso.

Toya também foi tomado por emoções enquanto o primo se manteve pensativo. Tirei um lenço da bolsa e entreguei para o líbero, fazendo o mesmo com o capitão e alguns outros jogadores. Não sabia o que falar, então só passei a cada um entregando toalhas e dando pequenos avisos, como para colocarem os agasalhos, se precisavam de algo.

— [Nome], obrigado — o capitão fungou após vestir o agasalho que trouxe para ele. Agora ele já recebera os primeiros socorros e esperava um auxiliar que o levaria para o hospital. — Por tudo.

Eu, que estive segurando as lágrimas para não colocar mais pressão em cima dos jogadores, não consegui manter a minha posição.

— Ah, Iizuna! Está fazendo nossa Gerente-chan chorar! — Kurosawa apontou.

— Fale isso para mim depois que você se livrar dessa cara de choro — gritou de volta.

— Achei que você estaria depressivo — uma voz se aproximou, me virei para ver a capitã da Fukurodani andando na nossa direção — mas se está brigando assim, parece bem.

O capitão limpou o rosto — Bem, é um eufemismo.

— É, eu sei — ela deu um sorriso triste, ela tirou uma mão do bolso estendendo algo para ele — aqui, vai deixar as coisas menos amargas. Estava assistindo ao jogo de vocês, jogaram bem, a dor física não tem o que fazer. Mas podem deixar a quadra sabendo que fizeram o necessário.

Ela se voltou para mim colocando uma mão no meu ombro — Não faça seu time chorar, ou sua gerente.

Iizuna abriu o pacote de chocolate que ela entregou, nisso vi que alguns outros jogadores pararam para prestar atenção na conversa, inclusive Kiyo que retornou dos vestiários.

— Foi assim que você se sentiu quando saiu da quadra no primeiro ano?

A garota balançou a cabeça em resposta — Naquele jogo eu menti para o time. Não confiei nas minhas companheiras de time e achei que precisava estar em quadra para resolver tudo. Foi muito pior ver as minhas meninas no quarto de hospital questionando o porquê não avisei que estava machucada.

— Foi imprudente — Kiyoomi disse em voz alta, mais para ele do que para a capitã da outra escola.

— É verdade, também aprendemos com os erros. — ela colocou ambas mãos no bolso do casaco — Me diga se precisar de um fisioterapeuta, Dan, meu treinador pode passar algumas recomendações.

— Não é um jogo que determina quem é forte ou fraco, são as atitudes tomadas depois — ela piscou na minha direção começando a andar para longe. — Se cuidem Itachiyama, façam uma boa refeição e descansem, está longe de ser o fim. Para qualquer um de vocês.

— Sabia que ela era boa com palavras, mas não assim — Elijah comentou — Iizuna parou de chorar completamente.

Olhei por cima do ombro, por onde a capitã desapareceu. Ela sabia exatamente quais palavras dizer, e como dizer. Sem soar ofensiva ou desmerecer a situação.

Limpei a garganta — Precisamos limpar os equipamentos da área dos times, deixar o espaço.

— Eu ajudo — Kurosawa disse — alguém precisa ficar com nosso debilitado.

Iizuna bateu a mão do colega para longe, reclamando com o outro jogador. Precisando ser parado por Elijah. O time começou a se organizar com um pouco mais de leveza. Frustração, talvez, mas sabendo que é o jogo. Um time ganha, outro perde e mudanças chegam.

— No que está pensando? — Kiyo perguntou me acompanhando.

— Foi o último torneio do Iizuna-senpai e dos outros — respondi —, eles devem se formar em poucos meses. Precisamos ajustar diversos pontos no time e também vamos para o terceiro ano.

— Isso é papel dos treinadores, não precisa se preocupar.

— Sei que não, mas não posso deixar de pensar... — olhei de canto de olho para meu namorado, completamente alheio das conversas que aconteciam entre os assistentes.

— Em quem será o próximo capitão.











N/A: Oya oya oya! Esse capítulo foi mais para combrir o torneio mesmo, já que não vou colocar isso na parte 2, como disse antes vai começar direto na Universidade.

Então foi um big resumo.

Uma coisa, eu nunca parei pra pensar muito. Mas eu acho que o Iizuna super teria um crush na Capitã da Fukurodani, que é a Boku[Nome].

Não foi tão boiolagem quando os outros, mas espero que tenham gostado. Nós vemos em 2 semanas  no ÚLTIMO capítulo especial.

Obrigada por ler até aqui.

Até mais, Xx!

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