Side Story #4

↳ ❝ [  A M I S T O S O   I N A R I Z A K I  ] ¡! ❞
Capítulo Especial
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Nunca passaria pela minha cabeça que a Inarizaki convidaria a Itachiyama para um amistoso, em formato de treino, entre temporadas de campeonatos. Principalmente pelo torneio de primavera estar a menos de dois meses de distância.

Porém, a vida aparece para provar que posso me enganar e muito.

O time de vôlei masculino ficaria um fim de semana inteiro em Hyogo, conforme a programação, devemos deixar Tóquio no sábado de manhã e retornar na noite do domingo. São mais de 5 horas de viagem até minha cidade natal, um treino leve está programado para o sábado e o jogo deve acontecer nos terrenos da Inarizaki no domingo de manhã, fazendo com que retornemos no meio da tarde.

Era uma um cronograma até que leve considerando a viagem, o ponto principal era certamente o treino, porém um espaço escrito "hora livre" chamava muito mais minha atenção.

— O que está olhando com tanta atenção Gerente-chan? Até parece que vai fazer um furo no cronograma.

Olhei para cima encontrando Kurosawa-senpai curvado de leve em minha direção. Kiyoomi ainda estava no meio do circuito dele, então os outros jogadores se sentiam mais à vontade para se aproximar. Não que meu namorado fosse um impedimento em qualquer nível para o meio de rede do terceiro ano.

— Esse horário livre depois do jogo no domingo — mostrei a folha —, sabe o que é?

Com um resmungo, ele se curvou mais para poder ler sobre o que eu estava falando, chegando até mesmo a encostar o ombro no meu.

— Não, nem ideia. É a primeira vez que estou reparando nisso.

— É claro, o seu cronograma deve estar rasgado dentro da sua bolsa nesse momento.

Outro jogador se aproximou, dessa vez com um sorriso mais amigável apresentado em minha direção, empurrando o colega de time para o outro lado com mais força do que o necessário.

— Como vamos passar muito tempo em transportes para apenas um jogo, os treinadores achavam que era uma boa ideia deixar um momento para explorarmos a cidade, ou apenas descansar antes de tomar o caminho de volta. Ao menos foi o que Iizuna disse.

— Entendi, obrigada Elijah. Será que podemos sair das imediações do hotel? A antiga padaria do meu pai não fica tão longe, eu adoraria passar por lá e ganhar algumas comidas de graça para o time.

O irmão mais velho de Lâmia levantou a mão para a gola da camisa de treino a ajeitando — Isso eu não sei dizer, desculpe [Nome].

— Não é mais fácil perguntar direto? — o meio de rede esfregou o braço onde Elijah tinha o acertado e olhou ao redor, procurando o capitão o chamando com a mão em seguida. — Oe! Iizuna!

O capitão que estava um pouco longe falando com outros jogadores se virou e quando viu que o outro terceironista estava o chamando fez uma careta e se virou de costas.

Cobri o rosto com a prancheta para rir da reação exagerada, é verdade que Kurosawa-senpai era um dos garotos mais soltos, por assim dizer, mas ele era uma pessoa boa no geral. Sempre que recebemos escolas de fora, ele tem certeza de ficar de olho para garantir que ninguém vai se aproximar de maneira descuidada. Apesar de que Kiyo faz um bom trabalho lançando olhares similares a raios lasers na maioria das vezes.

Enquanto era chamado insistentemente, o capitão e levantador do time não teve outra opção senão atender.

— O que você quer? — disse quando se aproximou.

— Não fale assim comigo — rebateu o meio de rede —, nossa querida gerente tem uma dúvida sobre o cronograma de treino.

A mudança de comportamento foi imediata — Como posso ajudar [Nome]?

— Isso foi ofensivo.

— Estava apenas ponderando sobre o horário livre, se vamos poder sair do hotel ou é obrigado a ficar no local.

Iizuna sorriu — Imaginei que fosse perguntar em algum momento, a princípio está liberado. Desde que seja a uma distância que dê para ir a pé.

Repentinamente me senti animada, tinha apenas falado de Hyogo para Kiyoomi, ele mesmo nunca fora até a cidade. Seria uma boa oportunidade para mostrar um pouco do meu passado.

— Obrigada capitão! — Sorri para os terceiranistas em agradecimento.

Kurosawa imediatamente segurou a camisa na altura do coração — É demais para o meu coração, nossa Gerente-chan é tão fofa.

Por estar sentada no banco lateral, todos eles estavam de pé próximo a mim, num movimento inesperado Iizuna colocou a mão no topo da minha cabeça. O gesto era parecido com o que eu recebia de Hideki e Hayato, algo muito mais fraterno do que qualquer coisa.

O capitão sorriu novamente — Mas precisa prometer que não vai em nenhum lugar sozinha, e sem avisar o resto do time. Pode ser sua cidade natal, mas acidentes ainda podem acontecer.

— Combinado.

Nesse instante o apito do técnico soou, avisando que aquela parte do treino havia acabado. Elijah pediu licença e saiu levando os dois colegas de ano para o centro da quadra. Eu também me levantei para cumprir com os meus deveres de gerente.

Os jogadores estavam fazendo um tipo de circuito em quadra, com diversos obstáculos, como eram muitos deles não dava para fazer uma marcação geral. Os assistentes estavam anotando de forma ampla algumas informações na lousa branca para depois me passar em forma de um pensamento completo para compilar em seguida.

— Muitos deles não conseguiram passar da terceira plataforma de pulo. [Nome], por favor escreva nas anotações que seria bom os colocar para treinar salto vertical.

— Anotado, mais alguma coisa treinador?

O mais velho balançou a cabeça — Por hora não, vamos finalizar com uma partida, apenas faça o que sempre faz. Anote o uso de jogadas ensaiadas, e as movimentações que eles fazem de forma espontânea.

Assenti, quando voltei a olhar para os jogadores, meus olhos encontraram com os de Kiyo, porém, o Ace-kun desviou em seguida com algo que parecia uma careta. Procurei Toya com os olhos em seguida, meu amigo estava rindo e assim que percebeu meu contato, fez um sinal conhecido. Um código secreto que desenvolvemos para conversar a distância.

Suspirei e soltei os ombros, sabendo que precisaria falar com o Ace-kun depois para o livrar de todo aquele mau-humor.

Como na maioria das vezes, eu podia dizer exatamente o que estava causando essa onda de sentimentos repentinos. Ver que ele estava mirando uma porcentagem maior de ataques em Iizuna que estava no time adversário, foi a comprovação.

Ace-kun estava com ciúmes.

Até certo ponto é fofo, ainda mais que Kiyoomi nega até o último momento. Geralmente, não é nem por conta dos garotos em si, mas pelo que eles fazem, ou falam. Gestos que meu namorado não se vê fazendo ainda de maneira natural. Afinal, não faz sequer seis meses que estamos juntos.

O noivado de Ichika e Hide foi depois das preliminares do intercolegial, em meados de julho e agora começamos a entrar no mês de novembro após passar pelas preliminares do torneio de primavera. Esse aconteceria na primeira semana de janeiro.

Ainda que Kiyo esteja mais confortável com diversos tipos de toques, em certos momentos ele parecia se amaldiçoar por não conseguir fazer algo considerado normal. Até mesmo Hide, não havia escapado dessa. Certo dia, quando estávamos na casa do meu pai, meu irmão mais velho colocou a mão nas minhas costas por qualquer motivo de movimentação. A conversa que veio depois disso, fez com que meu namorado desenvolvesse uma certa fixação por fazer o mesmo e ainda acrescentou no seu leque de ações colocar a mão na minha cintura.

O fim do treino chegou, Ace-kun já não parecia tão aflito, mas só conseguimos conversar depois que ele estava confortável em roupas limpas, pronto para andar até o prédio principal para o jantar.

Taya havia se atrasado nas atividades do clube, Motoya também ainda estava no dormitório deles, provendo a oportunidade perfeita.

— Quer conversar sobre o que aconteceu no treino? — perguntei esfregando as mãos uma na outra, em seguida colocando no meu rosto. Visto que as temperaturas estavam caindo e o sol se pondo.

Os ombros de Kiyo travaram, como se eu tivesse feito um flagrante, o meio de sua testa franziu por um momento e se suavizou em seguida.

— Vi Iizuna-senpai colocar a mão na sua cabeça — confessou.

— Sabe que Iizuna é o filho do meio? — respondi me aproximando — Ele tem uma irmã mais velha e uma mais nova, até mesmo mais nova que eu. Provavelmente só fez aquilo porque eu estava animada como uma criança pelo tempo livre que teremos em Hyogo.

Peguei sua mão, a levantando até o topo da minha cabeça, era um pouco estranho por estarmos de pé, porém a intenção era a mesma.

— Então? Como se sente?

Soltei seu pulso, Kiyo balançou a mão de leve.

— Não gostei — então deixou a mão escorregar para a lateral do meu rosto, os dedos colocaram alguns dos fios de cabelo solto atrás da minha orelha. Foi então que ele tirou a outra mão do bolso do casaco e segurou meu rosto com ambas. Seus olhos escuros fixados nos meus. — Assim é melhor.

Meu coração acelerou, e senti o rosto antes frio esquentar, não apenas por vergonha, mas também por seu toque. Ainda de olhos abertos, ele se inclinou encostando a testa na minha.

— Gosto quando consigo ver meu reflexo nos seus olhos.

— Por quê?

Ele sorriu, ainda que estivesse de máscara, conseguia ver os pequenos movimentos que seu rosto fazia.

— Significa que está olhando só para mim.

O garoto soltou meu rosto, sabendo que foi praticamente um ataque crítico. Cobri o rosto com as duas mãos sentindo o ar vitorioso rodando o Ace-kun. Taya e Toya apareceram juntos, evitando a continuação da conversa.

— Você está bem [Nome]? Você está vermelha.

Balancei a mão — Não é nada, deve ser o frio, podemos ir.

Nós quatro então seguimos para o outro prédio em conjunto, eu com as palavras de Kiyo ainda ecoando nos meus ouvidos e ele com a mão na minha cintura.

Os dias que vieram depois foram tranquilos, e enfim chegou o dia da viagem. Já havia comentado com meu pai e ele me disse que Tarui-san estava pronto para me receber se eu quisesse visitar a padaria. Em paralelo, o grupo de conversas que eu tinha com as raposas não parava de ter mensagens.

Primeiro que eles me deram informações privilegiadas sobre o porquê da Itachiyama, por terem se enfrentado na final do intercolegial, um amistoso como esse era uma boa oportunidade de fazer um novo nivelamento de forças entre os atuais favoritos do país. Ambas escolas eram muito fortes no cenário, não havia nada a se perder em ter uma partida.

Suna me disse que foi Osamu que sugeriu a escola de Tóquio, ao contrário de todas as expectativas. Apesar de Atsumu ser aquele quem vocaliza melhor os sentimentos, nesse caso a frustração de ter perdido para o nosso time no torneio passado, todos eles tinham um gosto amargo na boca.

Digamos que é uma revanche não oficial.

Foram horas e mais horas de viagem até chegarmos, e quando aconteceu meu corpo estava todo dolorido. Ajustei a bolsa nas costas e levantei os braços me alongando, emprestando o ombro do líbero titular como apoio para puxar também a perna.

— Está animada de estar de volta? — Toya estendeu os braços para evitar que eu também me desequilibrasse.

— Um pouco — troquei de perna —, a última vez que vim foi quando Hayo viajou. Mas não tem muito tempo para olhar ao redor, se conseguirmos passar na padaria do Tarui-san já vou ficar feliz.

— E seus amigos da Inarizaki?

Abaixei a perna e ponderei por um momento — É sempre bom conversar, mas também não sei se vamos ter tempo para fazer isso depois do jogo.

Motoya fez uma careta — Eu quis dizer seus outros amigos.

— Ah, não sei se tenho alguém para falar além dos garotos do time. Quero dizer, tem as antigas jogadoras, mas faz tanto tempo que não nos falamos.

Depois que minha mãe teve o acidente e tomei a decisão de largar qualquer atividade de clube, naturalmente nos afastamos. Eu era apenas uma aluna que entrara naquele mesmo ano, não tivemos sequer chance de desenvolver um vínculo de time. Já em sala de aula a maioria me olhava com pena e evitava falar comigo, apenas Suna tomou partido e se deu ao trabalho de falar comigo.

Ele que foi recrutado para a Inarizaki, e veio de outra cidade para morar sozinho em Hyogo podia se identificar um pouco com a minha situação.

— Não se preocupe [Nome], seu melhor amigo nunca vai te abandonar — Toya segurou minhas mãos entre as deles.

— Desde quando você é o melhor amigo dela — Kiyoomi que até então estava com Iizuna recebendo algumas orientações dos treinadores retornou. Ele bateu as mãos de Komori para longe das minhas e tirou um lenço do bolso.

— Ei, não precisa disso. Sou limpo, sabia? E seu primo — reclamou o líbero —, não acha que devia me tratar melhor? Se não fosse por mim, você nunca teria entrado num ginásio de vôlei e talvez nunca tivesse conhecido a Gerente-chan.

Kiyo ergueu os olhos para o parente, dizendo com a voz mais séria e insincera possível.

— Obrigado.

Em seguida, ele pegou minha mão para que pudéssemos acompanhar o restante do time para a saída da estação. Quando por cima do ombro para Motoya ele tinha a mão fechada em punho resmungando uma série de palavras de baixo calão em direção ao ace.

— Você devia ser mais gentil com o seu primo — cutuquei a lateral do meu namorado.

— Deixo ele copiar minhas tarefas quando se esquece de fazer — rebateu.

Dei risada — Além disso.

Motoya ainda estava um pouco bravo quando ajustou o passo para andar ao nosso lado, mas ele não se apegava a esse tipo de sentimento, então logo voltou a conversar conosco como se nada tivesse acontecido.

A programação para o sábado foi simples, deixamos a estação e andamos até o local da nossa estadia. Nos separamos em andares e organizamos os equipamentos até o almoço no hotel, um breve descanso foi dado e então seguimos para a quadra do local previamente alugada para que o time tivesse um treino leve. Aproveitando para repassar algumas estratégias para o jogo do dia seguinte.

No domingo o clima já era outro, similar ao que envolvia os garotos durante as competições, até mesmo os mais falantes estavam concentrados.

Inarizaki enviou o ônibus deles para nos buscar já que a escola não era tão próxima do hotel, devia ser algo em torno de umas 10 horas da manhã quando enfim pisamos no território das raposas.

Um dos assistentes técnicos estava ali para nos receber e guiar, ainda que eu soubesse exatamente o caminho para o ginásio. Toya parecia interessado então conforme passamos pelos prédios expliquei para ele o que cada um significava, Kiyoomi não disse nada, mas eu sabia que estava atento ao que eu falava por estar seguindo minha explicação com os olhos.

— Obrigado por nos receber — Iizuna disse assim que entramos, recebendo imediatamente a resposta dos adversários.

Me separei do time para ajustar os equipamentos, toalhas e garrafas onde me foi indicado.

E claro que algum deles se aproximaram assim que possível.

— Eu tentei ignorar, mas esse uniforme realmente fica horrível em você.

Abaixei a cabeça e suspirei sabendo exatamente quem era.

— Não sou eu que escolho as cores da escola Atsumu — me virei apenas para encontrar o levantador com um sorriso no rosto e de braços cruzados. — Provavelmente qualquer deles que não seja a Inarizaki, você diria o mesmo.

— Lógico.

— Kita-san vai te dar uma bronca depois, você nem esperou os visitantes chegarem direito — Osamu vinha logo atrás junto de Suna e Gin.

— Isso nos coloca na mesma posição, não é? — o último disse meio desolado.

— Ele não vai falar nada por ser a [Nome], dessa vez estamos salvos — Suna andou para perto —, trouxe algo do Tarui-san?

Levantei a mão para seu rosto e belisquei sua bochecha — Tenho cara de padaria? Por que você não vai lá e compra?

— O gosto é melhor quando é de graça.

Revirei os olhos e recebi uma risada baixa do meio de rede, ele levantou a mão para eu bater e ainda a contragosto pela recepção fora do comum, aceitei o gesto. Em seguida fazendo o mesmo com o restante.

— Não estão preocupados em congregar com o inimigo antes da partida? — questionei.

— Você foi primeiro da Inarizaki, antes de ser da Itachiyama — Osamu respondeu —, mas suponho que não seja o mesmo para eles.

Samu apontou para onde o time estava — Estamos recebendo alguns olhares bem agressivos, especialmente do seu namorado.

— Namorado — Atsumu resmungou —, [Nome] tem certeza que você gosta mesmo dele? Não tem nenhum tipo de hipnose? Pisque três vezes seguidas se precisar de ajuda.

Gargalhei — Sim eu gosto, e você é a última pessoa que pode falar isso. Não é tão fácil de lidar quanto acha, tenho pena de quem for a sua pessoa no futuro.

— Pode estar mais próximo do que você imagina.

— Definitivamente não — Suna rebateu Osamu —, aposto no meio do próximo ano. Os dois são cabeças dura demais para perceber algo.

Imediatamente me lembrei da garota que vi no fim do intercolegial, falando com eles depois que perderam na final.

— Vocês não sabem o que estão falando, é mais fácil nos matarmos do que qualquer coisa antes disso.

— Não é o que parecia na final do intercolegial — comentei —, quem é ela?

Minha pergunta foi de pura curiosidade, mas mesmo assim os meninos trocaram olhares.

— Uma parente minha que precisou trocar de escola e veio para a Inarizaki no começo do ano. — Gin disse — Ela e Atsumu tem se bicado desde o momento em que se encontraram da primeira vez.

— Se ela não fosse tão cabeça dura, talvez pudéssemos ser amigos. — O levantador confessou fazendo manha.

— Ele só guarda rancor porque ela diz que Atsumu é ruim — Suna comentou.

— No fim ele treina mais e fica melhor.

Atsumu se virou para Osamu imediatamente — Samu, você acabou de admitir que sou bom jogando?

— Não foi o que eu disse — o garoto virou o rosto para o outro lado — o jogo vai começar.

E então saiu andando sem esperar uma resposta do gêmeo que saiu logo atrás, os dois restantes também se despediram saindo em seguida para se juntar ao time. Kita e Aran acenaram de longe, mas não vieram falar comigo.

Também não tivemos muito tempo porque a Itachiyama tomou a quadra para se aquecer.

Ambos times se organizaram para começar a partida, criando no pequeno ginásio uma atmosfera quase oficial. O primeiro set começou com certa tensão, de um lado a Inarizaki queria se provar, e do outro a Itachiyama manter sua posição de vitória.

Ataques poderosos e defesas brilhantes eram vistas dos dois lados da quadra, Itachiyama conseguiu abrir uma vantagem usando os ataques de Kiyoomi, mas a Inarizaki rapidamente empatou. O primeiro set, já intenso, acabou virando o nosso lado do placar com um ponto de bloqueio de Kurosawa.

O segundo set foi ainda mais acirrado, Inarizaki veio com todas as forças para tentar levar o jogo para o terceiro. Era clara a evolução de jogadas e novas movimentações, quando comparado com a última vez que os times se enfrentaram, contudo, a evolução veio dos dois lados. Eles conseguiram pressionar na recepção e colocaram Motoya para trabalhar nas recepções, criando uma certa dificuldade na continuação de jogadas.

Atsumu não estava escondendo marcar o líbero em qualquer momento em que estava no saque, e quando Toya não estava em quadra seu alvo mudava para Iizuna ou Kiyo. No fim eles conseguiram empatar, levando a decisão para o terceiro e último set do dia.

Memórias da final não se afastaram, era como viver de novo aquele momento. De um lado o presente, do outro uma memória.

— Droga não consigo fazer muito — Toya reclamou.

— Está defendendo, é para isso que está em quadra — Kiyoomi respondeu — faça a bola levantar que dou um jeito. Não vamos perder aqui.

Iizuna olhou espantado para o ace, poderia soar arrogante, mas todos do time sabiam que aqueles eram os pensamentos mais sinceros do garoto. O capitão cobriu o rosto por um momento.

— Desde quando você é bom em levantar os ânimos?

Kiyo fez uma careta — Não sou, só disse uma verdade.

— Me sinto até emocionado — Kurosawa-senpai secou uma lágrima imaginária.

Com essa pequena troca de frases a confiança do meu time aumentou, os fazendo voltar para quadra ainda mais motivados. O bloqueio estava excepcionalmente bem hoje, e mesmo que Rintarou tentasse seus truques, Elijah e Toya estavam ali para dar o suporte na defesa. Claro que a Inarizaki reagiu, afinal Aran também era um dos 5 ponteiros nacionais, mas tínhamos o melhor deles no time.

Kiyoomi foi o maior pontuador da partida e também aquele que encerrou marcando o último ponto. Fechando o placar em 27 a 29 para a Itachiyama conquistando a vitória.

— Fazia algum tempo que eu não os via jogar com tanta vontade — disse o treinador —, foi uma boa ideia aceitar o convite. Mas pode ser potencialmente problemático caso nos encontremos novamente no torneio.

— Porque o desejo de ganhar será ainda maior, certo?

— Precisamente — concordou o mais velho —, não podemos relaxar. Devemos nos preparar com dedicação para todos os cenários possíveis.

Como era costumeiro entre amistosos como esses, os times recebiam um pequeno comentário do treinador do time adversário. É claro que o mais velho teceu alguns elogios, e fez algumas pontuações técnicas que poderiam pensar em desenvolver em treino depois. Apesar de adversários, bons jogadores elevam o nível da competição e quem ganha no fim é o esporte.

— Sinto minhas pernas tremendo — Toya se deixou cair ao meu lado girando o ombro —, foi pior do que treino de musculação.

— Talvez você precise treinar mais.

— Ah, você sempre tem uma resposta para tudo Sakusa? — reclamou olhando para o primo.

— Geralmente, sim.

Balancei a cabeça e perguntei se Komori queria ajuda com o braço, afinal ele parecia estar com algum tipo de incômodo muscular.

— Esconda seu ciúme Sakusa. Não precisa me olhar como se quisesse me matar.

— Não estou com ciúmes, só não entendo porque a minha namorada tem que te ajudar a alongar. Não sabe fazer sozinho.

— Pare com isso, fui eu que me ofereci. Não podemos deixar nosso líbero de nível nacional com dores — respondi com um riso. — Já não conversamos sobre não precisar esconder sentimentos, se está com ciúme pode apenas falar, mas nesse caso só estou ajudando um colega de time.

— Não estou com ciúme.

— Posso ir ajudar a Inarizaki então? — provoquei. — Eu costumava fazer o mesmo, é uma boa chance de lembrar os velhos tempos.

A careta que surgiu no rosto do Ace-kun foi impagável, até mesmo Motoya riu, as mãos do meu namorado se fecharam. Vi no rosto dele o maxilar travando.

— Por favor, não faça isso.

Soltei Toya e me virei para ele pedindo a sua mão regente também ajudando a alongar seus dedos e principalmente pulso.

— Não vou, mas pare de ficar descontando nos jogadores do seu próprio time. Estou prestando uma ajuda, e em nenhum momento eles se aproximaram com desrespeito, a mim e a você. Caso você ache que algo foi invasivo e com segundas intenções, me avise e resolvemos juntos. Certo?

— Sim.

— Gerente-chan é realmente um anjo — Toya disse — como esperado da minha melhor amiga.

— Melhor amiga? Quem disse que é sua melhor amiga? [Nome] é minha melhor amiga antes de você, Komori-kun.

Quando resolvo uma situação, outra aparece.

— Tsumu realmente tem um desejo inerente por arrumar briga com outras escolas — Osamu comentou.

Com o treino oficial finalizado, os times ficaram livres para interagir até a hora de ir embora. Novamente os segundanistas se aproximaram, dessa vez encarando o líbero e o ponteiro da Itachiyama de frente.

— Espera — o líbero levantou as mãos —, é mais um modo de d-

— O que faz você pensar que a minha namorada é sua melhor amiga?

Kiyoomi levantou o queixo e encarou Atsumu, o loiro também fez um careta e por um instante consegui escutar um trovão ecoando quando seus olhares se chocaram.

— Obviamente sei mais sobre [Nome]-chan do que vocês.

— Duvido disso.

Coloquei a mão na testa, de repente me senti uma criança no ensino infantil. Como se conhecimento fosse algo obrigatório diretamente vinculado ao título de melhor amigo.

— A comida preferida dela, são os rolinhos de canela de Hisao-kun.

— Trivial — Kiyo rebateu —, ela nunca fora a um aquário até eu a levar.

— Ela tinha medo de um pirata de show infantil quando era pequena.

Linha a linha, intercaladamente, os dois foram listando coisas sobre mim que eu sequer lembrava de ter falado, e se falei, nunca pensei que estivessem prestando atenção. Me coloquei entre eles cessando a discussão, sem sequer entender porque Kiyoomi comprou a briga de Komori.

— Chega, essa é uma discussão completamente sem sentido.

— Realmente — Rintarou interrompeu pela primeira vez —, quem é o melhor amigo de [Nome] é muito mais importante. E se o critério for informação, claramente sou eu.

— Hã? Você? — Atsumu de virou.

Um calafrio correu a minha espinha, isso... Não era realmente uma mentira, como a pequena raposa traiçoeira que Suna Rintarou é ele sorriu.

— Vocês sabiam que [Nome] tinha medo de plantas carnívoras quando era criança? Ela achava que podia estar andando no jardim e de repente uma apareceria para a devorar ali mesmo — disse — além dis-

— Não! — pulei em sua direção, colocando ambas mãos na sua boca, o impedindo de falar. Um brilho afiado ligeiramente vilanesco tomou seus olhos — Já entendemos o ponto, nessa quadra você é provavelmente o que conhece minha vida melhor. Não precisa lembrar todos os traumas de infância que eu já te falei um dia.

— Como posso não lembrar sendo que minha melhor amiga contou, isso não faria de mim um péssimo melhor amigo? — falou após puxar a minha mão de sua boca.

— Nesse momento você está parecendo mais meu inimigo do que o contrário.

— Sou uma raposa [Nome].

Isso é verdade, mas parece que ele esqueceu que eu também sou, apesar de estar alocada na escola das doninhas. Puxei da manga a única carta que acabaria com a discussão e faria, por incrível que pareça, eles concordarem.

— Não sei porque de repente esse virou o assunto, mas se for considerar quem me conhece melhor. Meu melhor amigo está muito bem definido e não é nenhum de vocês — anunciei —, Hayato sabe muito mais do que qualquer um, e esteve na maioria das situações do meu lado. Podem brigar com ele se quiserem esse posto.

Eles ficaram em silêncio, não havia uma única pessoa que conhecesse Hayo que não era completamente cativado por ele. E também não era uma mentira, Hide também tinha essa posição, mas na maioria das vezes ele se portava mais como um substituto do meu pai do que um amigo.

— Ninguém pode disputar com Hayo-kun — Atsumu cruzou os braços emburrado.

Depois disso, a conversa voltou a fluir como deveria, claro que eles se cutucaram um pouco, principalmente porque dois deles ganharam o jogo e o restante perdeu. Porém, me trouxe uma estranha sensação de satisfação ver os jogadores conversando, como se dois mundos que eram distantes se juntassem.

Na hora de ir embora a despedida.

— Vamos voltar a nos encontrar em Tóquio, ainda está me devendo comida do Hisao-san — Suna cobrou —, não pense que eu esqueci.

— Quem olha de fora pensa que você está passando fome na Inarizaki — suspirei e soltei os ombros, em seguida colocando ambas mãos na cintura com um sorriso. — Vou pensar no que posso fazer por você.

— Boa viagem de volta — Osamu se despediu.

— Até a próxima [Nome]!

— Não vamos perder na próxima vez que nos encontrarmos — Atsumu disse depois de Gin se afastar.

— Não é como se eu estivesse jogando — dei risada e olhei para trás onde o time estava reunido. Surpreendentemente, Kiyo chamou Motoya para retornar me dando alguns últimos momentos com os antigos colegas de escola a sós. — Porém, não vamos perder. Posso garantir isso. 3 a 0 é muito mais bonito que 2 a 1.

— Pode sonhar com isso — o levantador disse uma última vez e então abriu os braços para me dar um abraço. Foi repentino, mas não rejeitei. — Fico feliz de te ver bem, de verdade.

— Obrigada — bati em suas costas de leve —, na próxima vez vou querer saber mais da sua amiga cabeça dura.

— Ela não é minha amiga!

— Se ela não fosse importante para você, nem ligaria para o que ela fala — respondi com uma voz mais baixa — sabe disso.

Uma súbita realização passou pelo seu rosto, fazendo surgir um tom avermelhado nas suas orelhas. Me despedi com um último aceno e entrei no ônibus com o restante do time.

Voltamos para o hotel, e depois do almoço, enfim o esperado tempo livre. Nem prestei atenção na refeição, sonhando com a quantidade exorbitante de doces que estava esperando por mim na padaria do Tarui-san.

Por ser fim de semana, e num horário de quase almoço, o lugar estava cheio. Mas foi apenas pisar dentro da padaria que fui tomada pela nostalgia.

— Hisao nunca se engana, olha só quem realmente apareceu por aqui — Tarui-san estava próximo ao caixa se virou —, e com amigos.

Além de Kiyoomi e Motoya, Iizuna, Elijah e Kurosawa-senpai também estavam conosco. Depois da propaganda que eu fiz das delícias açucaradas, todos ficaram curiosos.

— Espero não estar causando muitos problemas — falei — mas depois de toda a propaganda que eu fiz. Precisávamos passar aqui antes de voltar para Tóquio.

O homem riu — É claro que sim, me sentiria ofendido se não o fizesse. Fico muito satisfeito em carregar vocês para uma viagem de volta.

Ele chamou um dos atendentes e disse para liberar uma mesa grande na parte superior da loja, ele cumprimentou os outros garotos explicando brevemente sobre a padaria e sua relação com meu pai. Iizuna que era o "responsável" ali explicou os objetivos do time ali mencionando que o restante ficou no hotel.

Imediatamente Tarui-san se disponibilizou para também enviar guloseimas para que os que não vieram também pudessem experimentar suas criações. Fomos servidos na mesa com certa fartura e logo alguém veio deixando caixas e mais caixas para viagem.

— Srta. Ishihara, Tarui-san disse para entregar essa para você — o rapaz disse me entregando uma caixa menor. Ainda estava quente e o que quer que tivesse dentro estava fresco.

Assim que o aroma escapou pela tampa, sorri e agradeci, é claro que não poderia voltar para Tóquio sem o principal.

Rolinhos de canela.














N/A: Que mundo é esse em que vocês ganham 5K de palavras num sábado?

Sei que o nome é amistoso, mas eu não quis focar muito no jogo em si, e sim nas relações e trocas que esse encontro proporcionou.

Espero que tenham gostado!

Só faltam mais dois capítulos especiais, o que estão achando até agora? Me deixe saber seus pensamentos.

Vejo vocês na próxima, obrigada por ler até aqui!

Até mais, Xx!

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