Parte do Time
Sentada ao lado do treinador eu observava o treino anotando alguns dados do pequeno jogo treino que eles estavam fazendo. Fazia algo em torno de uma semana desde que eu tinha me juntado ao clube e depois de passar várias horas com os garotos eu já podia perceber algumas manias.
Capitão Iizuna, era provavelmente a pessoa que mais conseguia entender como o Sakusa pensava, ele tinha uma percepção extremamente afiada. Seguido de Komori lógico.
Ele era muito diligente com a sua rotina, força mental e física sempre no topo das suas condições, e eu o admirava por isso.
O líbero era outro jogador a ser elogiado, não tinha um único movimento desnecessário nas suas recepções, por mais que ele sempre estivesse envolto nas jogadas e se movimentasse em sincronia com os ataques ele nunca ficava no caminho ou impedia outro colega de correr ou avançar.
Elijah-senpai, como ele mesmo tinha me pedido para chama-lo, era um atacante sólido. Não tinha outra palavra para descrever como ele se comportava como ponta, ele era inteligente e também extremamente dedicado a fazer recepções. Depois dos líberos, ele era a pessoa com mais taxa de sucesso na defesa.
O meio de rede, Yoshiro Saito, também terceiranista vestia a camisa número 2 do time regular, ele era um pouco mais alto que o capitão e pelo que eu descobri eles também eram da mesma sala. Ele era ágil para acompanhar os atacantes e adorava fazer jogadas abertas aproveitando o canto das quadras.
O segundo meio de rede camisa número 4 também do terceiro ano, Sho Kurosawa, ele era provavelmente o mais alto no time com certeza passava dos 1,90. Se eu tivesse que definir o bloqueio dele seria, insuportável. Ele conseguia desviar os braços de certas jogadas fazendo com que o block out se revertesse em um ponto para fora.
O outro ponta também era do segundo ano Kiyoto Miura, assim como Elijah-senpai ele sempre ajudava a defender o ataque do time adversário e realizar o ataque na entrada e saída de rede. Mas se o mais velho era um especialista na defesa, ele era um especialista no ataque.
E por último, Sakusa Kiyoomi o maior candidato a ace. Virou regular logo no primeiro ano e tinha sido uma pedra angular no caminho das vitórias da Itachiyama.
Ele provavelmente era o maior enigma que eu já tinha encontrado, apesar da sua peculiaridade quando Sakusa estava em quadra ele não parecia ligar para a bola que ia do chão para seus dedos ou do suor que ela acumulava de passar de jogador para jogador. Era quase como se ele tivesse um interruptor que ligava e desligava...
Quando o assunto era vôlei só o que importava era vôlei.
Eu não sabia muito sobre pessoas como ele o que me fazia ficar acordada um tempo a mais durante as noites pesquisando sobre como eu poderia ajudar mas sem tirar o garoto da sua zona de conforto. Aparentemente pessoas com o perfil dele tem sua própria maneira de fazer as coisas e se certos padrões não fossem alcançados podia fazer com que ele ficasse inquieto até que o assunto fosse resolvido.
Mas conhecendo o mínimo da personalidade dele eu não teria respostas se não perguntasse diretamente. E foi exatamente o que eu fiz, resultando numa conversa um tanto quanto estranha alguns dias atrás.
-Então, você é diagnosticado com misofobia? – perguntei durante a volta do refeitório para o prédio beta. Como de costume ele estava andando com a jaqueta e as mãos nos bolsos.
Ele parou de andar e franziu as sobrancelhas – Porque a pergunta agora? Tenho certeza que já falam todo tipo de coisa por ai.
-Exatamente por isso – olhei pro céu escuro, ele estava alguns passos atrás de mim, Taya e Komori estavam mais a frente muito ocupados jogando algo no celular para prestar atenção na nossa conversa – Eu não tenho como saber o que é verdade ou boato, então porque não perguntar direto pra você?
-Tsc – ele parou de andar e olhou pro lado onde se estendiam algumas quadras abertas, eu já tinha pardo alguns metros à frente e me voltado para encarar ele – É um caso leve de misofobia, eu não fico paralisado com a ideia de germes apenas não gosto de encostar nas pessoas e ter elas encostando em mim, não gosto de sentir o cheiro de perfume forte ou de alguma coisa que a pessoa ingeriu.
-Faz sentido – respondi – Pelo que eu pesquisei se fosse um caso mais severo você não suportaria encostar numa bola de vôlei.
-Pesquisou? – ele voltou a cabeça na minha direção.
Merda.
-Como eu fui aceita na posição de gerente não gostaria de te fazer desconfortável por ter pego em alguma coisa que você usa ou algo do tipo. Então andei pesquisando sobre algumas coisas.
Senti meu rosto esquentar pela intensidade que seus olhos estavam me observando passei a mão no meu pescoço puxando alguns fios de cabelo - Bem... Eu sempre encho as garrafas com as bebidas energéticas e água, e também ajudo a distribuir os coletes e toalhas. Mas você tem sua própria maneira de fazer as coisas, de repente se você confiasse em mim não precisaria... Hum, sair da quadra pra encher a própria garrafa pelo menos.
-Realmente não é uma grande coisa pra mim, mas porque o súbito interesse – ele continuou falando - Pretende me envenenar ou algo do tipo? Ainda não descartei 100% a sua posição de espiã.
Não pude deixar de gargalhar, e isso pareceu irritar um pouco o ace já que ele ficou com uma postura mais séria.
-Achei que já tivéssemos passado dessa fase – respondi e continuei - Eu só não quero que você se sinta excluído do resto do time. Enquanto eles descansam você sempre está longe cuidando das próprias coisas, não faz mal conversar com o seu time sem ser "Bom saque" ou "Boa recepção" sabe?
Cruzei os meus braço e me virei retomando o caminho – Se tiver alguma coisa que eu possa ajudar. Me fale.
Olhei de relance a pequena mochila que estava pendurada por um gancho na parede, dentro dela estava a solução que chegamos. Praticamente um Kit Sakusa de suprimentos, as garrafas dele estavam separadas cuidadosamente colocadas em sacos de ziplock junto com toalhas e uma série de outras coisas como lenços e antissépticos.
Assim ele preparava o que precisava antes do treino e ficava separado para ele usar, sem contato com o chão ou o banco ou qualquer que fosse o lugar que os objetos dos outros meninos ficavam.
O segundo técnico apitou sinalizando o intervalo, eu logo me coloquei na minha posição e distribui o que precisava, no canto do olho vi o ponta ir na direção da mochila e pescar uma das garrafas juntamente de uma toalha em seguida se juntando a Komori e mais alguns jogadores para conversar.
-Certo, vamos fazer uma pequena revisão sobre os dados. [Nome] por favor. – o técnico chamou e eu peguei o meu caderno.
-Foram jogados 3 sets, a taxa de acerto de saques foi 83%, 10% fora, o restante parou na rede. Sobre as recepções a taxa de sucesso foi de 87%, Elijah-senpai e Komori com as maiores porcentagens. Iizuna-senpai-
Continuei recitando os dados que o treinador me pediu pra anotar antes do início não era realmente nada muito extremo só uma tabela a ser preenchida.
-Não foram usados saque flutuantes no último set – terminei meu relatório e passei a palavra – Treinador.
Retornei pro meu lugar, e o mais velho retomou o sermão sobre as estratégias e algumas melhorias antes de mandar os garotos pra jogar de novo. – [Nome] por favor continue marcando os mesmos dados vamos comparar se teve alguma melhora depois que eles tomaram consciência dos erros.
-Certo treinador.
-Mas antes disso... - Ele se virou pegando um tecido e estendendo na minha direção – Agora sim oficialmente.
Ele me entregou o conjunto de agasalho verde e amarelo, até então eu estava participando com as minhas próprias vestes esportivas.
Tirei o casaco que eu estava usando e coloquei o da escola, nunca gostei muito de amarelo mas ali combinando com o restante do uniforme dos garotos e fazendo com que eu realmente me sentisse parte do time até me parecia uma cor bem bonita.
N/A: Surprise, surprise!
Então, aquele clássico capítulo de transição. Vai ajudar a construir a história daqui pra frente.
Sobre Sr. Sakusa, eu li três livros com personagens que tinham casos severos de misofobia e casos leves então estou me baseando neles e no que eu acredito que seriam as ações dele pra criar a personalidade do nosso amado Omi-kun.
Me digam caso comece a ficar muito diferente do que se imagina dele, ou muito forçado.
É isso, até a próxima! Xx
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