Memory Lane
• Tem menções ao acidente, morte e doenças - mas nada gráfico tudo descrito suavemente. Caso queira pode ler apenas o texto normal •
Itálico - acontecimento no passado
Minhas mãos tremiam enquanto eu corria pelos corredores do hospital ainda com o meu uniforme de treino, tínhamos acabado de finalizar quando recebi uma ligação falando que a minha mãe tinha se envolvido num acidente de carro.
Durante a volta pra casa um caminhão desgovernado avançou o sinal e acertou o carro dela, o veículo foi lançado para vários metros além da batida e capotando algumas vezes. O dono do caminhão também estava em estado grave devido a força do impacto.
-Pai! – vi a figura dele sentado do lado de fora de uma sala de espera. – Como ela está?
-Sua mãe está passando por uma cirurgia, não sabemos o que pode acontecer.
Balancei as minhas pernas ainda olhando pro céu enquanto contava os acontecimentos
-No fim ela teve uma lesão grave na cabeça – comentei – Ela ficou em coma induzido por algum tempo até que finalmente julgaram que ela estava com um quadro estável o suficiente para ser liberada. Foi quando as dificuldades começaram a aparecer.
-Hideki e Hayato já tinham saído de casa, e meu pai também não poderia se ausentar tanto do trabalho.
-Mas... porque você vai sair do clube? – Hideki disse numa das breves visitas dele, já estava de noite e enquanto meu pai cuidava do jantar nós, os irmãos, estávamos conversando do lado de fora da casa.
-Eu não vou conseguir me focar sabendo que eu poderia estar cuidando da mãe – falei – Eu não quero estar longe quando...
Engoli seco e deixei que a frase se dissipasse no ar, todos sabíamos que seria uma questão de tempo até que ela partisse.
-Vocês passaram mais tempo com ela do que eu – disse enquanto encarava meus pé – Acho que eu só quero aproveitar enquanto posso.
Senti uma pressão na minha cabeça – Sinto muito por colocar todo esse peso sobre os seus ombros – era Hayato que tinha se aproximado.
Balancei a cabeça – Estou fazendo isso porque eu quero, você conseguiu entrar na liga e Hide finalmente abriu o escritório. Não quero que vocês se preocupem por aqui, eu sei que consigo.
-Então antes do primeiro campeonato durante o primeiro ano de ensino médio eu sai do time de vôlei pra cuidar da minha mãe. – eles não se propuseram a fazer nenhum comentário então eu continuei o meu relato – Foram alguns meses até que as sequelas aparecessem, começou com leves dores de cabeça, até que um dia eu a encontrei tendo uma crise de convulsão...
-Então foi por causa da sua mãe que você soube o que fazer com Seiji – Komori comentou.
-Sim, eu sempre ficava um pouco em pânico mas não tinha motivo para isso afinal eu que era a pessoa consciente ali. Não aconteceu muitas vezes, mas mesmo assim ela se sentia como se fosse um incômodo.
Era uma manhã se sábado, a luz do sol que entrava pela grande janela de vidro iluminava o quarto inteiro. Minha mãe estava deitada na cama e respirava tranquilamente, os cabelos longos de espalhavam pelas fronhas brancas dos travesseiros, aos meus olhos era como uma cena etérea saída direto de um filme. Ela se mexeu levemente fazendo menção de se levantar.
-Não se esforce mãe – me aproximei e ajudei ela a levantar o torço para que se sentasse, ajustando um outro travesseiro em suas costas.
Ela me olhou com doçura – Me desculpe por ser um peso para você, gostaria que estivesse aproveitando mais o tempo fazendo as coisas que você gosta ao invés de cuidar da sua mãe boba.
Peguei a mão dela e coloquei no meu rosto sentindo o seu toque – Se eu tivesse que escolher de novo, eu ficaria com você mãe.
-Me desculpe [Nome] – algumas lágrimas escaparam de seus olhos – Realmente me desculpe.
-Conforme o tempo foi passando ela foi ficando cada vez mais fraca foi quando ela foi diagnosticada com lúpus, eu não entendo bem como que funciona mais é uma doença auto imune, então as próprias células do corpo começam a reconhecer as outras como se fosse uma doença. – continuei falando – Komori-kun me perguntou o porquê de eu lavar as mãos depois de correr, com a minha mãe com o sistema imunológico debilitado eu não poderia correr o risco de trazer algo como um simples resfriado pra casa. Então eu fui obrigada a prestar mais atenção a minha saúde.
-[Nome]... – a voz fraca da minha mãe me chamou. Já estava de noite e eu estava dando uma última olhada nela antes de dormir.
-Você deveria estar dormindo mãe – me aproximei e me sentei ao seu lado tirando alguns fios de cabelo do seu rosto. Ela repousou a cabeça na minha mão antes de sorrir.
-Obrigada por me permitir ser sua mãe, você, Hide e Hayato meus preciosos filhos.
-Na manhã seguinte ela só... não acordou – e continuei – Acho que em alguma parte eu já estava esperando pra isso acontecer.
Me levantei do banco e estiquei os meus braços colocando em seguidas as mãos na minha cintura, o céu agora estava escuro e sem estrelas mas não parecia ter nuvens, apenas a lua brilhando intensamente. – Fazem uns quatro meses.
-[Nome]... –Taya me chamou e que vi que seus olhos brilhavam. Komori não estava tão diferente eu podia ver o lábio dele tremendo.
-Antes que vocês falem alguma coisa – eu comecei – Pessoas nascem e partem desse mundo todos os dias sob circunstâncias diferentes. Eu sinto falta dela, eu a amava, mas estava fadado a acontecer e não tinha maneira alguma de mudar essa situação, então por favor não me olhem com pena.
-Você parece realmente não se importar com isso – Sakusa comentou, embora as palavras parecessem muito erradas eu entendi o que ele queria dizer.
-Oi Sakusa-
-Não tem problema Komori – eu falei – Eu entendi o que ele quis dizer, quero dizer ela faleceu sob circunstâncias esperadas. Não tem tabu nenhum sobre isso, eu só não gosto de falar para as pessoas.
-Eu não tive uma vida miserável, bem pelo contrário eu fui e sou bem feliz. Se eu tivesse a chance de voltar provavelmente teria feito as mesmas escolhas sem arrependimentos.
Taya não aguentou e pulou no meu pescoço me abraçando enquanto chorava, sorri fraco. Bom eu já estava esperando isso dela, até que ela aguentou bastante.
Minha colega de quarto era bem sensível e repleta de empatia então já tinha minhas suspeitas que essa seria a reação final dela. Bati de leve em suas costas – Está tudo bem Taya.
-Se eu descrever o sentimento misterioso que você falar que eu tenho provavelmente é saudade – virei o rosto pros meninos. – Komori, até você?
Ele tinha um dos braços em cima dos olhos e assim que ele fungou Sakusa deu dois passos pra longe dele me fazendo rir.
-Pelo menos você se manteve normal Sakusa-kun – olhei pra ele e o garoto deu de ombros.
-Você não parece se afetar, não tem porque eu reagir. – ele respondeu – Mas tenho uma pergunta.
Eu não respondi dando margem pra ele continuar.
-Porque você estava no ginásio? Hoje eu digo.
-Komori me arrastou – respondi e o garoto parou de choramingar pra retrucar pra mim.
-Você estava toda deprimida no banco pensando em qual clube entrar, eu só quis te ajudar. – ele disse com algumas lágrimas escorrendo.
Taya soltou de mim e começou a reclamar em que perderíamos o jantar, peguei a minha bolsa e segui com o grupo de volta para os dormitórios. Olhei pra cima pra ver algumas estrelas aparecendo, não pude deixar de sorrir.
Por favor continue cuidando de mim, mãe.
N/A: Ah vocês perdoam essa escritora sem rotina de postagem né (pra essa história)? Surpresinha pros meus chuchus S2
Ai eu chorei horrores escrevendo, eu nunca perdi alguém próximo mas acredito que não agiria muito diferente dela. Por isso acabei projetando uma atitude mais madura, pode ter sido difícil no começo mas tudo passa.
Agora um pensamento, minha abordagem com o Sakusa. Não tem muita informação sobre ele no mangá (tem alguma coisa nos últimos capítulos, que ajudam a estruturar melhor mas estou tentando manter livre de spoilers).
O personagem pra mim, só não mede as palavras e é sincero então acaba sendo meio "babaca" as vezes. Bem uma mistura de Ushijima e Kita.
Mas ele não tem problema de falar com as pessoas tem gente que tem ele como sendo antissocial mas eu discordo um pouco, afinal ele chega pra falar com o Kage de boa, é uma sensação de; Se ele quiser e for conveniente ele vai conversar do jeito dele.
Então esse é o caminho que eu estou seguindo de personalidade. Caso vocês achem que está ficando muito distante podem conversar comigo nas mensagens que vamos ajeitando.
Até uma próxima Xx
Continuação: Sim, Incentivo Torto
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