Dia de Família
Era uma manhã de domingo, os raios de sol mal tinham começado a passar pela janela do nosso dormitório quando eu acordei. Me apoiei na beirada do beliche olhei pra cama de baixo e sorri, Taya ainda estava completamente desmaiada.
Joguei meus braços pra cima me alongando, hoje seria um bom dia para correr. Então me troquei, coloquei um par de leggings por baixo dos meus shorts e um agasalho as manhãs podiam ser realmente frias. Me abaixei para cobrir minha colega até os ombros, ela sempre dava um jeito de chutar as próprias cobertas.
Deixei um bilhete caso ela acordasse antes de eu voltar.
Coloquei meu celular no bolso e desci, não teria treino hoje então imaginava que os meninos iriam estender um pouco na hora de dormir.
Eu já estava bem acostumada com o circuito, já que tinha feito ele com Sakusa e Komori algumas vezes quando nos encontramos de manhã, então fiz meu alongamento como de costume e me coloquei a correr.
Era como se a minha mente colocasse tudo pra trás e se reprogramasse apenas pra dar o próximo passo, a paisagem até ficava um pouco fora de foco na minha visão periférica. Enquanto algumas pessoas tem hobbies como pintura e fotografia correr era o que me fazia relaxar e me preparar para a próxima semana.
Foram os 30 minutos de costume até que eu voltasse pro ponto de partida. O céu já estava bem mais claro e alguns alunos já se aventuravam no ar matinal, voltei pro prédio beta e segui para os vestiários, logo já estava de volta ao dormitório.
-[Nome]-chan, bom dia – Taya estava sentada na cama e pareceu repreender um bocejo – Você foi correr?
-Fui, você acordou agora? – perguntei enquanto guardava as minhas coisas ela balançou a cabeça concordando. – Bem se você qui-
Eu ia falar mas me interrompi vendo que alguém estava me ligando, e o nome que apareceu me chamou ainda mais a atenção – Hum... Taya eu te espero lá em baixo. – Não deixei ela responder e sai no corredor.
-Pai? – atendi a ligação.
-Bom dia filha, te acordei? – a voz calma dele chegou aos meus ouvidos, me trazendo uma sensação de calma.
-Não, eu sai pra correr de manhã. Acabei de voltar pro dormitório – falei saindo do prédio e caminhando pra sentar num dos bancos.
-Entendo, bom fico feliz que deu pra você continuar correndo. Hayato me disse que você estava se dando bem com o time de vôlei – ele comentou e continuou com um leve tom de riso – Embora eu prefira ouvir o resto direto de você depois.
Já fazia algum tempo que nós não nos encontrávamos provavelmente desde antes de Hideki me trazer pra Itachiyama.
-Liguei pra falar que finalmente terminei de mudar, vim com a caminhão ontem então oficialmente sou um morador de Tóquio.
Aquilo me pegou de surpresa – Que dizer que...
-Sim, a casa em Hyogo já não nos pertence mais – ele disse – Um casal de recém casados se apaixonou pelo imóvel, a esposa está grávida assim como quando eu e sua mãe nos mudamos pra lá. Acredita que são gêmeos?
-Jura? Parece muita coincidência – comentei.
-Também achei, mas deixei meus votos para que eles fossem tão felizes quanto nós fomos naquela casa. – ela parou e suspirou antes de continuar podia apostar que ele estava sorrindo do outro lado – Bom, achei que podia vir pra cá e me ajudar, Hide está aqui desde ontem acompanhando as instalações dos móveis e Hayato vai passar aqui depois também.
-Eu vou! Mas... ai Taya-chan vai ficar sozinha – pensei alto.
-Não tem problema, traga ela também. Já tomou café? Posso fazer algo especial pelo menos a cozinha já está 100% pronta. – ele disse animado – Ela gosta de panquecas? Mel e framboesas ou blueberrys?
-Qualquer coisa que você fizer vai ser ótimo.
-Você sabe como bajular seu pai, pegue um taxi e me avise quando estiver chegando – ele disse – Estou esperando vocês.
Me despedi e corri para encontrar com Taya.
-M-m-mas seu pai? – ela perguntou – Tem certeza?
-Sim – sorri e arrumei uma mochila – Bom eu não vou te forçar se não quiser ir.
-É que... Eu nunca fui na casa de uma amiga antes. Eu não devia levar um presente ou alguma coisa? Quero dizer seu pai acabou de se mudar, e as minhas roupas? Se eu aparecer assim-
-Taya não tem nada demais ele não liga pra esse tipo de coisa – respondi e estiquei a minha mão pra ela – Vamos?
-Hai!
***
Logo o taxi parou na frente de uma casa, levamos praticamente 50 minutos pra chegar. Era um sobrado cor de creme com detalhes feitos em madeira, logo na frente eu podia ver duas grandes janelas no andar de cima. Hideki estava esperando e se aproximou para fazer o pagamento da corrida ao taxista.
-Obrigada Hide! – disse enquanto ele abriu a porta, eu sai e Taya saiu em seguida. – Essa é a Taya minha colega de quarto.
-Oh Taya-chan – ele disse – Me lembro do bilhete de quando você se mudou. É um prazer, já deve saber mas sou Hideki.
Ela se curvou levemente e apertou a mão dele, o mais velho arrumou os óculos e indicou a porta da casa – Vamos o velho já está começando a exagerar.
Assim que passei pela porta eu consegui sentir o cheiro do café da manhã o que fez minha boca salivar, eu realmente estava com fome. Ajudei Taya indicando onde ela podia deixar as coisas dela.
A sala ainda estava cheia de caixas da mudança e parecia que uma parte dos móveis estava para ser montada, mas a cozinha e sala de jantar já estavam completas. Meu pai podia dormir no chão, mas a cozinha precisava estar perfeita.
Ele estava de costas assim que eu entrei, mas eu pude ver os movimentos rápidos dele enquanto ele jogava a massa pra cima a fim de dourar o outro lado.
-Precisa de ajuda chef? – perguntei.
Ele parou e virou pra trás sorrindo – Não, mas se for a sua eu posso abrir uma exceção.
Andei pela nova cozinha e o abracei, depois que a minha mãe faleceu só ficamos nós dois na casa então nossa relação ficou um pouco mais forte. Ele me apertou enquanto eu tinha meus braços passados pela sua cintura.
-Eu senti falta do seu cheiro de canela pai – ele me balançou.
-Só isso? – ele respondeu e olhou pra atrás de mim – Você deve ser Taya-chan.
-Sim, senhor! – ela estava nervosa.
-Obrigado por cuidar da minha menina, ela pode ser bem cabeça dura as vezes. – ele estendeu a mão pra ela e agradeceu.
-Eu que preciso agradecer – ela respondeu – Ahn... Desculpe por aparecer de mãos vazias, eu ia comprar flores mas N-
-Não precisa – meu pai bateu as mãos nos ombros dela – Se trouxe seu apetite pra mim já é o suficiente.
-Mas aquela está queimando – Hide apontou para a fumaça.
-Ahg! – ele correu e tirou a frigideira do fogo e abanou a fumaça – Um sous chef faz falta as vezes. Mas acho que já temos o suficiente, vamos comer!
E então ele apontou para a mesa que estava cheia de coisas, meu pai era um chef de cozinha profissional ele trabalhava como head chef numa franquia de hotéis de luxo, então posso dizer que sempre fomos agraciados com os dotes culinários dele.
Embora ele adorasse a parte de pães doces, motivo pelo qual ele sempre estava com cheiro de canela, ele podia fazer qualquer tipo de comida. Mas os assados com certeza eram os melhores.
Tivemos um desjejum muito agradável, meu pai... Bom como qualquer parente desatou a contar histórias sobre a minha infância para Taya, as vergonhosas as dramáticas as engraçadas. E a minha colega de quarto parecia estar adorando eu estava só aproveitando o ambiente doméstico.
Mas a campainha tocou Hide se levantou – Devem ser os montadores.
-Certo, agora que já estamos energizados que tal começarmos? – meu pai disse – [Nome], Taya podem começar pelo escritório, já está tudo montado só tirar as coisas das caixas. Tenho certeza que podem fazer isso.
-Sim senhor! – Taya prestou continência.
Então pelas próximas 5 horas nós passamos arrumando os cômodos finalizados da casa, fizemos o escritório e o meu quarto, todas as coisas da casa que eu não tinha escolhido levar pro dormitório estava ali.
Hide tinha acabado de dispensar os montadores, Hayato tinha chego a algum tempo ele tinha trago algumas coisas que meu pai tinha pedido do supermercado e depois disso ele tinha começado a mexer com as lâmpadas e parte elétricas, enquanto isso meu pai estava ocupado fazendo o almoço.
Me joguei na minha cama e Taya sentou deitando em seguida do meu lado, nós duas estávamos olhando pro teto – Amanhã nossos ombros vão estar péssimos.
-Eu concordo com você – ela disse.
-Fala sério eu estou trocando todas as lâmpadas e vocês estão ai deitadas? – Hayato passou na minha porta parando em seguida para olhar – Isso é inadmissível.
E então antes que eu pudesse responder ele sorriu maquiavelicamente e literalmente se jogou em cima de nós duas, bom ligando a personalidade dele ele não se importava em ter conhecido Taya-chan hoje, ele estava a tratando como se conhecesse a anos.
-Estou tão cansado! – ele rolou em cima de nós sob protestos. – Sinto como se eu não pudesse me mexer.
-Hayato sai! – eu falei tentando acertar ele sem sucesso, minha amiga estava chocada demais pra falar alguma coisa. Ele ainda estava fazendo graça e acabou acertando a minha costela com o próprio cotovelo – Se você não sair de cima de mim agora eu vou te acertar onde o sol não brilha seu idiota!
-Que? – ele levantou o rosto e eu meti a mão na cara dele empurrando ele pra trás e em seguida empurrei ele com a perna fazendo com que ele rolasse pra fora da cama e caísse no chão.
Olhei pra Taya que estava vermelha, mas antes que eu pudesse pedir desculpa pela idiotice do meu irmão mais velho ela começou a gargalhar, era a primeira vez que eu tinha visto ela rir tanto assim até lágrimas estavam saindo dos olhos dela.
E eu não pude deixar de rir junto.
-Hey – Hide apareceu na porta – O almoço está pronto, lavem as mãos e vamos comer.
Hayato levantou do chão num tiro e desceu, logo em seguida nós fomos também mas antes de sair do quarto Taya pegou meu braço ainda com o rosto vermelho de tanto dar risada.
– Foi o dia mais divertido que eu tive em tempos. Obrigada por me deixar fazer parte da sua vida [Nome].
-Ah para com isso – entrelacei o braço dela com o meu – Amigas são pra isso, não é?
Descemos as escadas e um cheiro maravilhoso nos atingiu, eu não fazia ideia do que ele tinha feito mais parecia ótimo.
-A comida do pai é a melhor! – Hayato disse.
-Falando nisso, o que é isso no seu cabelo? – Hide perguntou enquanto se sentava na frente do outro. – Tentando um novo estilo?
-Bom senhor arquiteto eu não tive tempo de cortar o meu cabelo então tive que dar meu jeito – Hayato alcançou o mini tufo de cabelo que estava preso por um elástico – Me surpreende que você está sem aquele gel estranho na cabeça. Sempre tão engomadinho.
-Ao contrário de você eu não posso passar uma má impressão para meus clientes, então preciso estar sempre-
-Engomadinho – Hayato retrucou sorrindo, eu sabia que o que ele queria era tirar Hide do sério.
-Vamos lá, por mais que eu tenha sentido falta. Não briguem na hora de comer – meu pai falou e apertou os ombros dos dois – podem fazer isso depois.
-Pare de incentivar – eu reclamei e prosseguimos o almoço.
Hayato então tomou a maior parte do tempo falando sobre a liga e contando algumas histórias e claro que de uma maneira ou outra ele tinham que dar um jeito de falar das partes que ninguém precisava saber.
-Quando a [Nome] era pequena tinha esse programa de TV que toda vez que o personagem mau aparecia ela chorava – Hayato disse – O que era? Um mágico?
-Acho que era um pirata – Hide completou.
-Oh, Sr. Rook – meu pai bateu a mão na mesa e alcançou um guardanapo vermelho amarrando na cabeça em seguida como se fosse um tapa olho – Vocês, crianças precisam se comportar ou caíram sobre a fúria do capitão Rook e serão jogados aos tubarões!
Ele veio na minha direção fazendo uma péssima imitação do desenho original;
-Isso mesmo! – Hayato disse rindo – O pai fazia isso e a [Nome] saia correndo chorando.
-Vocês não se cansam de contar as coisas sobre mim né – falei e meu pai continuava "atuando".
-Você está condenada! – ele falou como se estivesse dando uma ordem – Por ser chata e não aproveitar o momento!
Então ele avançou na minha direção alcançando todas os pontos que eu tinha cócegas, eu tentei aguentar mas Hayato tomou a chance pra se juntar num ataque duplo.
-Me solta – eu falei entre risos – Taya me ajuda!
A minha amiga parecia estar se divertindo tanto quando – Me desculpe [Nome], não quero sofrer pelas mãos do Capitão Rook.
Meu pai ajeitou o pano na cabeça – Boa decisão, maruja Taya! Vai ser a primeira a poder comer a sobremesa antes de voltar para a ilha de Itachiyama.
-Ah, eu também quero – Hayato parou de fazer as cócegas em mim, fala sério ele parecia uma criança. – Mas antes... vamos tirar uma foto! Para guardar esse dia memorável.
Hayato puxou o celular e nós nos juntamos em volta da mesa - Hide tente ficar um pouco bonito certo?
-Nós temos a mesma cara idiota.
-Um sorriso faz diferença sabia? – antes que ele pudesse responder Hayato bateu a foto.
-Ótimo – meu irmão disse olhando o celular – Agora, sobremesa!
N/a: O de hoje foi grandinho ein?
Devo confessar que, essa coisa de chorar com o personagem aconteceu comigo e o Dr. Abobrinha do Castelo Rá-Tim-Bum, pelo que a minha mãe conta kkkkkkkkkk
E sobre a história, eu precisava dar um jeito de apresentar o pai então acho que foi uma boa saída.
Até a próxima. Xx
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