— [Nome] tome cuidado!

— Está tudo bem Taya — disse esticando os braços para prender um enfeite no teto —, se eu cair pelo menos será no sofá.

— Chega de cair — Hide apontou vindo me acompanhar e segurar a cadeira em que tinha subido —, ainda mais numa data importante como a de hoje.

Com o móvel firme enfim consegui fixar a bexiga onde queria — Pronto!

— [Nome]-chan tudo ficou tão lindo! — Ichika tinha as mãos juntas. —  A propósito Haruko já está com ele, como conseguiu o despistar no dia do aniversário?

Hideki me estendeu a mão me ajudando a descer — Já faz alguns dias que estou fingindo estar doente, disse estar indisposta, mas que ele poderia me visitar a noite.

Meu irmão fez uma careta — Mentir sobre uma doença não parece uma boa saída, ainda mais para alguém como ele.

Lâmia que estava arrumando a mesa de jantar ergueu a mão para dar a explicação — Aí que está Hide-kun, é a única coisa que iria manter o Sakusa longe pelo tempo necessário sem questionar muito.

Ichika riu — Kiyoomi-kun certamente é fofo, tenho certeza que ele vai gostar!

Respirei fundo olhando para a pequena mesa de doces decorada na sala da casa do meu pai — Espero que sim, Komori disse que faz muitos anos que ele não tem uma comemoração. Espero que seja um bom momento para fazer memórias felizes, apesar de ser apenas um jantar e não uma festa de aniversário.

Minha cunhada fungou e quando me virei ela tinha lágrimas nos olhos, num movimento do qual não consegui escapar, Ichika abraçou meus ombros — Minha irmãzinha é tão preciosa!

— Vai sufocá-la desse jeito — Hide fez uma careta para a noiva se abaixando para pegar os restos de fita do chão em seguida.

— Eu não aguento — mais uma vez ela apertou minhas bochechas — Hisao-san deve chegar em breve com o resto dos ingredientes, então devemos nos aprontar. Hide consegue terminar de limpar não é?

Quando os olhos deles se encontraram vi que era uma implicância, só que Hide conhecendo bem a sua noiva e sabendo que não adiantava discutir apenas balançou a mão e continuou a organizar o que deixamos para trás.

Sabia que Kyo não ia gostar de um lugar com muitas pessoas, junto da minha família, seria apenas os pais dele — que Haruko teria certeza de fazer que viessem —, ela e Komori. Além de Taya e Lâmia.

Fiquei alguns meses num dilema do que fazer para o aniversário do ace-kun, não queria deixar que a data passasse em branco, mas também não queria que ele ficasse desconfortável num dia como esse. Por fim um jantar surpresa foi o escolhido, Kyo adora quando meu pai cozinha e até mesmo parece interessado nas técnicas de culinária, algumas das pessoas que sei que se importa com ele e tudo foi arranjado.

Ichika me ajudou a contatar Haruko que prontamente concordou com a ideia, se comprometendo a ajudar no que fosse necessário. Meu pai ficou feliz em poder fazer um grande banquete então se empenhou junto da nora e a irmã de Sakusa num cardápio que fosse adequado. O  velho também queria impressionar os pais do meu namorado com uma refeição sofisticada.

O meu quarto na casa pareceu pequeno, e toda a conversa foi majoritariamente feita entre minhas amigas e Ichika. Enquanto a mais velha trançava meu cabelo olhei para uma caixa na minha estante, o presente.

— Para o que tanto olha [Nome]?

— Eu devia ter planejado algo melhor.

A mulher riu — Estar junto de uma pessoa bem parecida com o Kiyoomi-kun me dá confiança o suficiente para dizer que ele vai gostar mais do que qualquer item caro que podia ter escolhido.

— Mas parece tão bobo.

— São esses que tem mais valor querida.

Mais de uma hora passou quando Komori chegou junto dos tios, a aura da família Sakusa com certeza era diferente, elegantes pareciam dois estranhos. Ichika os recepcionou e cumprimentou, a mão dele me lançou um sorriso e segurou minhas mãos num cumprimento perguntando se estava bem.

Vi poucas vezes o pai de Kyo, como sempre tão quieto quanto o filho. Por sorte meu pai era alguém falante que escolhia deliberadamente ignorar qualquer desconforto no ambiente. Uma taça de vinho cara depois os dois médicos pareciam mais confortáveis, no sofá eu, Lâmia e Taya estávamos sentadas em linha opostas ao nosso colega da escola conversando bobeiras.

— É seu primo Motoya como pode não comprar um presente? — Lâmia o questionou.

— Justamente por ser da família, a minha companhia já não é o suficiente? Especialmente para um cara como aquele.

Dei risada — Devemos reconhecer que tem sua parcela de valor.

— Viu só? Além disso ele não se importa tanto comigo assim, se fosse a [Nome] com certeza ficaria chateado.

— Pensei que ele não ligasse para aniversários — Taya comentou esticando o braço para pegar um biscoito.

— Depois da gerente-chan ele passou a se importar com as coisas que geralmente não dava tanta importância — o garoto olhou para os lado e se inclinou dizendo com uma voz baixa —, ele ainda tem guardada a caixa que [Nome] deu no Dia dos Namorados.

Meu rosto esquentou — Não saia dizendo esse tipo de coisa — ralhei com o garoto.

— Estamos entre família e amigos, não tem problema — riu o líbero —, não é ruim. Chega a ser fofo, espera, está tudo bem eu falar que acho meu primo fofo?

Ele mesmo travou o pensamento, foi quando a campainha tocou e soubemos que era Haruko com o aniversariante, meu coração bateu forte e depois de trocar um olhar com Hideki ele se levantou para atender. Os pais dele se levantaram dos assentos e esperaram, a risada de Haruko ecoou e quando eles passaram pelo corredor da entrada quase senti meu coração sair pela boca.

Era o mesmo garoto com quem dividia parte dos meus dias, na escola e nos treinos, quase um ano depois ainda podia conhecer lados de Kiyoomi que apenas me fazia apaixonar mais uma vez. Esse sentimento conhecido e ainda assim novo que fazia meu interior se agitar, como assistir a um filme de novo e de novo e ser maravilhoso como na primeira vez.

— Feliz aniversário — Haruko jogou o braço sobre os ombros dele —, agora que sabe que a sua namorada está bem, pode tirar essa careta do rosto.

— Não estou fazendo careta — reclamou se virando para os pais —, achei que estavam de plantão.

A mãe sorriu com a indagação do filho — E estamos de plantão, esperando por você para enfim desfrutar do jantar fantástico que o Sr. Ishihara preparou.

— Entendo, obrigado pela disposição.

— Tão formal — Haruko o empurrou — Ichika você está linda como sempre.

Hideki colocou uma música suave para impedir o silêncio e as conversas retomaram. Kyo foi cumprimentado pelos convidados em ordem, os quais respondeu com educação e elegância. Komori não se preocupou em desejar um feliz aniversário novamente, os biscoitos da mesa pareciam mais interessante.

Foi então que ele chegou até mim, minhas mãos estavam juntas na frente do corpo geladas de nervosismo.

— Surpresa? — disse incerta.

Sua mão se ergueu até meu rosto o afagando, em seguida Kyo se inclinou encostando nossas testas. Olhos fixos nos meus, tão próximos que podia até mesmo enxergar meu reflexo no brilho carinhoso.

— Você não está doente?

Um riso escapou dos meus lábios, coloquei a mão por cima da sua inclinando o rosto para apreciar mais seu toque — Não, desculpe por te enganar. Foi ideia da Lâmia.

— Ei!

Ace-kun tirou a mão do meu rosto e me puxou para um abraço — Isso é um alívio, não falou comigo durante o dia. Achei que tivesse acontecido algo, mesmo que Haruko dissesse que não.

— Estive ocupada ajudando meu pai, seu aniversário não ia se montar sozinho também.

Só então que ele Kiyoomi pareceu reparar nos enfeites, não era nada muito exagerado, algumas bexigas claras estavam coladas no teto fazendo um efeito de nuvem. Uma cortina também clara fazia um fundo e preso com barbantes, haviam fotos que Taya havia tirado durante esse ano que passamos juntos.

Momentos no telhado, em treinos, até mesmo nos jogos que fomos de Hayato durante nosso segundo ano. Ele se aproximou e olhou as imagens com cuidado, parando numa específica. Coincidência ou não, também é a minha favorita, ainda que fizesse pouco tempo que Taya me contou sobre ela.

— É para mim?

Komori riu alto a ponto de bater os pés no chão — Claro, seria para quem?

Ele se virou para o primo com o rosto fechado — Calado.

— Talvez seja um bom momento para entregar o seu presente [Nome].

Minha amiga ruiva deu um sorriso de incentivo, os olhos do ace-kun se abriram. Um brilho inocente e animado sobre a ideia do presente. Andei até o outro lado da mesa onde havia uma pequena pilha, puxei o embrulho do fundo e estendi em sua direção.

O garoto abriu e dentro havia um álbum de fotos.

— Como usamos fotos para decorar, é um lugar onde você pode as guardar depois. Na ordem que quiser.

Kiyoomi abriu a capa e em seguida folheou, passou uma, duas, três páginas. Novamente suas orelhas foram tingidas de vermelho.

— Já está cheio de fotos.

— O quê? — me aproximei para olhar, o propósito era justamente guardar as que usamos. Abaixei suas mãos e imediatamente me virei para minhas amigas.

Lâmia tinha um sorriso grande no rosto e Taya aproveitou para se esconder. O álbum estava cheio de fotos minhas, momentos que a ruiva havia capturado desde os meus primeiros dias na Itachiyama.

— Esse é o nosso presente — Lâmia disse apontando para si e Taya —, um book inteiro da nossa querida gerente-chan! Deixamos algumas páginas livres no final para colocar as que estão na parede, não se preocupe [Nome].

— Então é por isso que Taya estava tão nervosa — reclamei, me lembrando de ver minha amiga ansiosa durante o dia. Desviei o olhar para Ichika que levantou uma taça em minha direção, por isso ela estava tão confiante que ele iria gostar.

— Isso não está certo — tentei puxar o álbum, mas ele desviou —, me dê o álbum Kiyoomi.

— Não, é meu. — respondeu o colocando atrás das costas — Você me deu.

— Mas não era para ter um monte de fotos minhas!

Kyoomi andou até as outras imagens e puxou aquela que Taya tirou no dia do noivado de Hide e Ichika, o dia que os sentimentos estranhos foram ditos em voz alta. O primeiro dia de "nós". Ele colocou a foto no fim e fechou o álbum.

— Agora não tem só você.

Olhei para o teto, não era para ser assim, mas a felicidade no rosto do meu namorado era mais importante do que qualquer vergonha.

Suspirei alto — Que seja, vocês duas, vamos nos resolver depois — apontei para as minhas amigas.

Foi nesse momento que meu pai anunciou que poderíamos iniciar a refeição, as minhas amigas traidoras saíram junto de Motoya que estava ali apenas para o caos.

A mão de Kiyoomi escorregou para dentro da minha, entrelaçando nossos dedos, é uma ação incomum e isso me fez olhar para ele. Um sorriso tímido brincava no canto da sua boca.

— Obrigado, por tudo.

Apertei sua mão — Enquanto você estiver feliz, está tudo bem para mim.

Nossas famílias e amigos começaram a se organizar na mesa, Kyo olhava para eles com um olhar sereno.

— Todos os dias ao seu lado são bons, daqui até o fim deles espero poder segurar sua mão.

Uma confissão, não, mais que isso; uma promessa. Sincera, confessando o desejo de viver um futuro onde continuamos a existir um para o outro. Uma vida inteira do primeiro e último amor.

— Vamos precisar de muitos álbuns então — ri, soltei sua mão e me virei passando os braços por cima de seus ombros, sem me importar com o resto das pessoas a poucos metros de distância. Nos meus olhos só existia ele, Sakusa Kiyoomi é o único que meu coração sente.

— Não é justo o aniversário ser seu e eu ficar com todas as borboletas do mundo.

— Quando estava no hospital, depois do que aconteceu com... — seus olhos abaixaram — aquela mulher. Você disse que me amava, não consegui responder naqueles dias porque não tinha certeza do que era. Agora eu sei, graças a você. Obrigado por me encontrar, e por me amar do mesmo jeito que eu amo você.

— Isso é 'redamancy' — acariciei os cabelos em sua nuca — vou te encontrar quantas vezes for necessário.

— Com sorte nessa vida só vamos precisar de uma — sua boca se aproximou da minha sussurrando em tons baixos —, essa que estamos vivendo agora.

Que assim seja.

N/A: Eu nem sei o que falar, como se sentem tendo uma autora tão gada por vocês?

Primeiro, Redamancy bateu 400K! Isso não seria possível sem vocês.

Segundo, akyragarnety jogou a isca pra mim e eu mordi legal. Agradeçam essa querida por essa boiolagem que aconteceu hoje.

Terceiro, Feliz aniversário Kyo! 

Quarto, podemos marcar o casamento com a gerente-chan? Hahahahahaha

Amo vocês, obrigada por ler até aqui (estou me sentindo aqueles manhwas que tem os capítulos extras depois que acaba a obra de verdade).

Até mais, Xx!  (Não sei onde, mas sei que sempre vamos voltar a nos encontrar)