Briga de Conceitos

*** - Mudança de Cena ou Pulo no tempo



-Srta. Ishihara já entramos em contato com os pais da Srta. Kikuchi. Você pode voltar aos seus afazeres.

Estava sentada na enfermaria ao lado da cama da Taya, ela ainda estava apagada por conta da crise.

Olhei as minhas mãos parcialmente enfaixadas, eu esfreguei tão furiosamente a porta que não reparei quando as minhas própria pele começou a sofrer danos pelos produtos.

-Você tem certeza? Eles-

-Entendo o seu sentimento – a enfermeira falou sem nem olhar para o meu rosto - Mas creio que essa seja uma situação que precisa ser tratada entre a escola e parentes.

Eu não tinha fala ali, eu era a aluna transferida.

Olhei uma última vez para Taya antes da sair do prédio, Komori já tinha sido expulso dali a algum tempo e eu só fiquei porque precisei de algum cuidado. Eu não queria voltar para o dormitório mas também não queria topar com alguém por ai.

Apenas encontrei um banco escondido aonde eu pudesse ao menos pensar, eu já sabia a algum tempo da preferência de Taya para relacionamentos, foi depois que começamos a conversar com Lâmia-chan.

Foi quando ela me contou o verdadeiro motivo da antiga colega de quarto dela ter pedido para mudar de dormitório, foi uma confissão que não deu certo. A garota tinha aceitado manter o segredo se Taya prometesse que nunca mais falaria com ela, já que a mesma não queria se envolver nesse tipo de escândalo.

É possível imaginar que a minha amiga ficou bem solitária depois disso, mas mesmo assim esses certos ataques já vinham de antes dela se mudar para a Itachiyama, sem contar a família dela que era totalmente contra.

E eu realmente não entendo o motivo, que diferença faz para as pessoas quem alguém ama ou deixa de amar? Taya deveria ficar sozinha para o resto da vida? Eu deveria deixar um sentimento recém descoberto para trás?

Me atacando as pessoas também atacavam Taya e por consequência Lâmia, como se a atleta já não sofresse preconceito o suficiente.

Olhei pro céu como se eu estivesse procurando uma resposta, o que eu faço mãe?

Meu celular apitou, eu até tinha esquecido que estava com ele, tinha colocado na calça antes de começar a tentar limpar a porta.

Era uma mensagem do Sakusa, na verdade era apenas uma foto...

A porta do dormitório parecia novinha em folha sem sequer uma marca do que tinha antes. Eu não respondi, ele devia saber que eu tinha visualizado a mensagem. Ao mesmo tempo um vento forte soprou me fazendo desviar o olhar para outro lado, e no horizonte onde as luzes da cidade começavam a ficar mais escassas uma única estrela brilhava.

Suspirei não podia passar a noite do lado de fora e de qualquer maneira já tinha perdido a refeição, então só resolvi voltar pro meu dormitório e felizmente não encontrei ninguém no caminho. Assim que entrei no quarto que eu dividia com Taya eu reparei que a minha bolsa estava em cima da minha mesa.

Então um estalo ocorreu, eu tinha largado ela no corredor... Quem tinha a colocado para dentro?

Andei até a mesa para descobrir um bilhete e uma sacola junto.


Pegue seu agasalho na lavanderia dos alunos e troque de bolsa você deixou chão. Não pule a refeição novamente. E não deixe a sua porta aberta.

– ace-kun


Eu não acreditava que Sakusa tinha assinado com o próprio apelido que eu tinha dado para ele, eu dei risada. Na verdade eu gargalhei, Sakusa era como um sopro de vida.

Apesar dele ter sido bem mandão no bilhete eu conseguia ver que ele estava tentando e isso fez com que meu coração batesse mais rápido, mesmo que eu não tivesse ouvido da minha mãe a resposta pra minha pergunta estava bem clara agora, embora não fosse nada fácil de cumprir...

Guardei o bilhete na minha gaveta e corri para pegar o uniforme, apesar de ainda ter o fantasma de sorriso no rosto eu sabia que amanhã seria um dia e tanto.


***


Antes mesmo que eu pudesse chegar ao prédio principal, um dos assistentes da escola veio me buscar no dormitório para a reunião com o diretor. Eu esperava que meu pai viesse já que ele deveria ter sido notificado, mas a minha surpresa maior foi ver que Hayato estava junto com ele.

Ele estava com o agasalho dos Jackals e com certeza deveria ir treinar depois, eu que estava sentada perto da sala do diretor nem pensei antes de me levantar e abraçar o meu irmão pela cintura.

Hayato colocou a mão em cima da minha cabeça acariciando meus cabelos enquanto me abraçava forte, era quase como ter a minha própria fortaleza.

Meu pai também estava com a roupa social dele, geralmente as manhãs ele cuidava da parte administrativa do restaurante do hotel então ele estava com calças de um tom de azul escuro e uma camisa branca enrolada até perto dos cotovelos.

-Me desculpe por não poder te proteger como antes. – Hayato disse.

Alguns passos me fizeram soltar o gêmeo, era Taya acompanhada do diretor e ambos os pais dela. Por mais que eu quisesse abraçar a minha amiga o medo no olhar dela me fez ficar parada.

-Sr. Ishihara – o diretor disse estendendo a mão para o meu pai e em seguida para Hayato.

-Hayato – meu irmão disse apertando a mão dele, eu apostava que ele tinha colocado um pouco mais de força do que o necessário, fazendo com que o diretor fizesse uma leve careta.

-Bom podemos... Hum entrar – ele abriu a sala e Hayato piscou pra mim quando eu passei por ele. Meu pai e os pais de Taya sentaram na frente da mesa do diretor enquanto eu Taya e meu irmão sentamos num banco lateral.

Mais velho fez questão de sentar no meio de nós duas ele pegou a minha mão de um lado e estendeu a outra para que a minha amiga segurasse e ela aceitou. Apoiei a minha cabeça no ombro do mais velho enquanto eles começavam a reunião.

Reconheci o inspetor do quarto andar ali também. Mas antes que o diretor começasse a falar meu pai tomou a palavra.

-Infelizmente eu já estou bem ciente do que aconteceu aqui, um ataque a integridade da minha filha e da amiga dela – ele disse – Antes de mostrar o que realmente aconteceu, me diga diretor... Como que essas pessoas serão punidas?

-Quando visitamos a escola pela primeira vez vocês disseram que era seguro – e continuou – Mas realmente não estou vendo isso ouvindo da minha filha o assédio psicológico que ela está sofrendo, afinal segurança não é apenas física não é mesmo? E claro que isso se aplica a Srta. Kikuchi também.

-Veja bem... Nós...

Quem via meu pai sério daquele jeito não imaginava que ele podia ser tão descontraído em certas situações.

-Me desculpe Ishihara-san – o inspetor disse se curvando e tomando a palavra do diretor – Infelizmente não conseguimos identificar quem fez as escritas na porta do dormitório, a câmera foi bloqueada bem no momento. Só conseguimos descobrir que os materiais foram roubados do clube de pintura.

-Mas vocês estão investigando certo? – ele instigou.

-Com todo respeito Ishihara-san – a mãe de Taya começou – Não sei se é necessário tudo isso afinal foi apenas um brincadeira não é?

O pai da minha amiga soltou um riso sarcástico – Brincadeira, você já pensou se chega no ouvido de um dos nossos sócios o boato de que Taya é esse tipo de pessoa. Nossa reputação estará acabada, pense bem antes de falar mulher.

Eu não sabia muito sobre a família dela, mas eles não eram o tipo de pessoas que gostavam de mudanças e eram bem conservadores. Até que eles consideram as fotos de Taya ser apenas um hobbie eles não aceitariam como profissão dela.

Por sorte eu tinha uma família que eu sei que me apoiaria em todas as decisões que eu fizesse, desde que fosse para o bem, mas eu sabia que essa era uma realidade muito distante de muita gente. E conhecendo meu pai também a probabilidade de ele arrumar uma discussão ali também era grande.

-Com todo respeito – meu velho começou – O está sendo atacado aqui são as nossas filhas, o que as pessoas vão pensar de nós é o menor dos problemas. E é uma coisa séria, pessoas desenvolvem traumas por essas ditas "brincadeiras".

-Ah você é uma daquelas pessoas os que acreditam em terapias e psicólogos, pra mim não passa de frescura é só trabalhar que passa – o pai da Taya soltou, e eu senti a raiva subir pela a minha espinha, Hayato segurou a minha mão me impedindo de fazer alguma coisa.

-Sim – meu pai respondeu – Eu sou uma daquelas pessoas, afinal eu provavelmente não estaria aqui nessa sala hoje se não fossem as terapias – e não se dando por satisfeito ele continuou - Também sou o tipo de pessoa que continuaria amando um filho independente de quem ele decida amar.

Meu pai olhou bem para ele, provavelmente analisando o pai de Taya - Você nunca perdeu alguém que realmente ama não é mesmo? – ele desviou o olhar finalizou – Eu já.

Ele se arrumou na cadeira e cruzou a perna esperando o diretor voltar a falar, o silêncio se instalou na sala era clara a briga entre conceitos ali. O diretor pigarreou e passou as fotos que haviam sido tiradas enquanto eu tentava limpar e eu escondi o meu rosto no ombro do Hayato.

-Erm... Como vocês podem ver não foi apenas uma brincadeira leviana – o diretor disse realmente concordando com o meu pai nesse ponto – A escola vai promover melhor segurança e suporte para as alunas daqui para frente.

O diretor se levantou e se curvou na direção dos pais e logo fomos dispensados no corredor já no lado de fora o pai de Taya nem sequer olhou para ela antes de sair andando, apenas a mãe colocou a mão no rosto da filha antes de sair andando atrás do marido.

Assim que eles saíram do meu campo de visão eu pulei na Taya a abraçando pelo pescoço, ela pareceu surpresa no começo mas me abraçou de volta.

-Quem geralmente pula nos outro assim sou eu [Nome]-chan.

-Você pode acompanhar seu pai até a portaria [Nome]... E Taya também, vou dar uma permissão para vocês pegarem algo no refeitório e em seguida retornarem para a aula.

Agradeci o diretor aceitando o papel, ele se despediu do meu pai.

-Wah, você estava bem sério pai – Hayato comentou – Até eu fiquei com medo.

-Eu sou sério – ele respondeu – Pelos meus filhos e quem mais precisar.

Ele colocou as mãos nos ombros da Taya – Não somos muita coisa, mas pode sempre contar conosco Taya. No que precisar a família Ishihara estará de braços abertos pra você.

Ela acenou e meu pai puxou ela para um abraço – Ah, queria poder dar um café da manhã digno para vocês mas não é como se eu pudesse raptar vocês daqui.

-Eu posso!

-Fica quieto Hayato, você não tem treino não? – reclamei e ele riu.

-Sempre tenho tempo para comer mais uma vez.

Enganchei meu braço no da Taya e andamos com meu pai e Hayato na direção da saída, estávamos na troca de aula então uma boa parcela de pessoas estavam vendo o gêmeo, o que me levava a crer que era por isso que tinham olhares demais na nossa direção.

-Hayato-kun está chamando atenção.

-É que eu sou lindo Tacchan – ele passou a mão no cabelo e em seguida recebeu um tapa do meu pai.

-Pare com isso.

Meu pai se virou pra mim – Você sabe que as coisas ainda vão ficar complicadas por um tempo não sabe?

Balancei a cabeça.

-Mas vocês duas vão conseguir passar por isso, tenho certeza.

-Ah minha querida irmãzinha – Hayato me abraçou pelo pescoço e me balançou – Se eu pudesse ficaria aqui pra cuidar de você, mas... Sei que você pode se cuidar sozinha também. – e falou mais baixo - Se lembra daqueles golpes que eu te ensinei não é?

-Hayato! – meu pai ralhou fazendo com que nós ríssemos.

-É brincadeira – ele disse e beijou a minha cabeça, antes de ir ele tirou alguns ingressos do bolso – Pra você ir ao jogo domingo junto com seus amigos. Taccham vai tirar algumas fotos bem legais de mim não vai?

-Com certeza! - Ele estendeu a mão para que a ruiva batesse um high five e logo de despediu seguindo o meu pai.

-Somos só nos duas de novo... – falei, mas reparei que a minha amiga estava um pouco pra baixo – O que foi?

-Me descul-

-Não – interrompi – Não se atreva, isso é mais culpa minha do que qualquer outra pessoa. Se eu não tivesse me aproximado do ace-kun nada disso teria acontecido. Eu que tenho que me desculpar por te fazer um alvo de provocações também.

Ela sorriu e apoiou a cabeça no meu ombro – Vamos ficar bem não vamos?

-Claro que sim.





N/A: Ahh Hisao, que homem ou melhor que personagem.

 Eu não tinha ideia nenhuma de como prosseguir depois do outro cap. Mas acho que ficou digno.

Me deixe saber seus pensamentos!

Até a próxima semana, Xx!


ps. Adiantei porque sábado não vou ficar em casa pra postar :)

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