Quando desci para a cozinha Sakusa e meu pai estavam arrumando a mesa, o mais velho tinha um sorriso no rosto e o outro parecia um pouco confuso.

-Achei que precisasse das facas – comentei erguendo uma sobrancelha.

-E preciso, vou mandar elas para amolar – ele respondeu sorrindo, e eu lavei as minhas mãos na pia já que a caixa estava com um pouco de poeira – Obrigado por pegar.

Suspirei ele não tinha correção me virei para secar as minhas mãos e pelo canto de olho vi que meu colega estava me olhando mas assim que eu virei o meu rosto ele desviou, senti vontade de rir junto com algumas borboletas na barriga. Meu pai jogou o guardanapo da sorte em cima do ombro.

-Bem vindos ao restaurante Ishihara – ele disse – Por favor sentem-se, me permita madame.

Ele veio até mim e puxou o banquinho para que eu sentasse – O que está fazendo?

-Tratando bem os meus clientes é claro – ele disse e eu me sentei com Sakusa do meu lado, meu pai já tinha ajeitado a mesa com talheres e pratos. – Como é o meu primeiro encontro com Sakusa-kun preciso impressionar não é mesmo?

-Não se preocupe com isso Hisao-san – o jogador levantou a mão como se pedisse permissão para falar.

-Bobagens – ele balançou a mão - Então vamos jantar?

Meu pai serviu alguns pratos diferentes, já que ele tinha mania de exagerar nas coisas. Embora dessa vez a desculpa foi que Hayato viria passar o dia seguinte em casa já que ele estava de folga do time eles geralmente tinham um dia para descanso ou algo do tipo.

-Um colegial normal não saberia usar os talheres corretamente como você usa Sakusa-kun – meu pai disse enquanto ele se servia de mais um pouco de comida – Seus pais são rigorosos?

Digamos que a minha habilidade de observação tenha sido herdada, geralmente meu pai prestava bastante atenção em detalhes. Ele não era o head chef à toa.

Sakusa parou por um momento antes de responder – De certa forma, ambos são cirurgiões então tive que aprender a me portar por conta das reuniões de trabalho deles.

-Entendo, são profissões de prestígio – meu pai comentou – Todos os que cuidaram da minha esposa eram corretos e disciplinados, pretende seguir seus passos?

-Eu não sei realmente, acho que não conseguiria – ele respondeu – Meus irmãos mais velhos já escolheram outros caminhos.

-Você tem irmãos? – perguntei surpresa, isso sim era uma coisa que eu não esperava.

-Um irmão e uma irmã – ele me respondeu – Mas eles são bem mais velhos do que eu, não somos tão próximos como você e Hayato-kun por exemplo.

-Ah, entendo – respondi e me virei pra ele – E você não sente falta? Quero dizer, você não se sente sozinho?

Sakusa apoiou os talheres na mesa e olhou para baixo. Eu tratei de me retratar – Me desculpe não quis ser indelicada. Não precisa responder.

-Você não foi indelicada, acho que a curiosidade é normal – ele virou a cabeça para me encarar nos olhos e em seguida voltou a olhar a comida – Teve uma época que eu me senti sozinho, mas de certa forma passou depois que eu comecei a jogar vôlei, eu não os odeio só não costumamos conversar.

-É normal – meu pai interviu – Meu pai quando era novo brigou com o irmão dele uma vez por conta de uma ameixa seca e a relação deles nunca mais foi a mesma. Mas eles te apoiando nas suas decisões é o que importa, não é mesmo?

-Falando em decisões – meu pai ficou um pouco mais sério e se levantou indo até um balcão lateral e pegando um envelope – Hide me mandou isso.

Ele entregou envelope na minha mão, era um envelope cor de creme com detalhes em dourado e estava escrito "Hideki & Ichika".

Abri a minha boca – É o que eu estou pensando que é?

Meu pai balançou a cabeça sorrindo – Sim, é o convite para o evento de noivado deles.

Abri o envelope para ler o conteúdo, realmente era um convite formal para a festa de noivado deles. Tinha o endereço o dia e tudo mais, lógico que todos nós já esperávamos, eu gostava de Ichika ela sempre tinha me tratado como uma irmã mais nova. Já que ela era filha única.

Hide conheceu ela na faculdade de arquitetura, embora posteriormente ela tenha migrado por curso de design de interiores. Os pais dela tendo uma construtora assim que se formou conseguiu um bom emprego, ela e Hideki passaram alguns anos namorando, eram um bom casal.

Balancei as minhas pernas animadamente e ri – Finalmente ele tomou coragem! Ah, mas porque ele não me contou antes?

-Porque era uma surpresa – meu pai disse.

-Mas eu sei guardar segredos, quem não sabe é o Hayato ele teria falado para alguém no momento em que soubesse – ponderei e ele riu.

-Mas enfim, não se esqueça de o parabenizar depois – meu pai retirou os pratos vazios da mesa – Agora, sobremesa!

Estendi o envelope para que Sakusa pudesse ver – É do meu outro irmão o gêmeo do Hayato, acredito que já falei dele algumas vezes.

-Sim – ele pegou o item das minhas mãos – Por favor repasse meus votos de felicidade.

-Claro – olhei para cima e bati as minhas mãos na mesa – Ele merece.

-Sua mãe sempre disse que Hide seria o primeiro a casar – meu pai comentou enquanto cortava algo se se parecia com uma torta – E que Hayato é mais fácil casar com uma bola da Molten.

Meu pai continuou falando algumas coisas aleatórias e interagindo com o Sakusa, acabei nem percebendo que a chuva parou. Só quando já tínhamos terminado de jantar e estávamos arrumando a cozinha, meu pai tinha ligado para a escola avisado a situação então não tinha problema em entrarmos depois do horário de recolher.

Em pouco tempo ele já tinha nos colocado no carro e nos levado de volta para a Itachiyama.

O céu agora estava limpo podia até ver algumas estrelas, o porteio veio até o carro averiguar o que estava acontecendo e nos escoltar até a porta.

-Muito obrigado Hisao-san – Sakusa se curvou depois que saiu do carro.

-Imagine, peça para [Nome] te levar em casa mais vezes. Continue com o bom trabalho.

Acenamos e entramos na escola seguindo direto pro prédio beta, foi uma caminhada tranquila até que ele tomasse a iniciativa e começasse a falar.

-Você... Se parece com a sua mãe – de todos os assuntos que ele podia puxar aquele foi o mais aleatório.

-Espero que seja de um jeito bom – respondi e sorri – Meu pai costumava falar que ela era a mulher mais linda que já tinha visto. Mas na visão de um apaixonado não sei se conta.

Ele ficou em silêncio por um tempo antes de responder -Eu quis dizer seu sorriso – eu parei de andar e ele deu alguns passos a minha frente antes de se virar pra mim.

Abri a minha boca incrédula – Jura Ace-kun?

Desde que saímos da minha casa ele não tinha recolocado a máscara até mesmo para andar o pequeno percurso da portaria até o prédio beta. Então eu consegui ver e ouvir pela primeira vez o garoto rindo, claro antes dele se virar e continuar andando.

-Não acredito que você fez uma piada com isso! – reclamei e bati o pé no chão – Sakusa!

Sakusa estava andando na minha frente então eu não fazia ideia do sorriso que se perpetuou até que ele entrasse no prédio beta.

E nos pensamentos o garoto de certa forma concordava com o pai de [Nome].

Era a garota mais linda que já tinha visto.

N/A: Sigo cada vez mais apaixonada. Romance gostosinho o deles, muito boiola.

Até a próxima. Xx.