048

˖ O PAÍS DAS MARAVILHAS
48

O TEMPO AVANÇA, tique-taque, tique-taque!

Gabriella estava pulando na frente de Heart, Teo e Carlos. Os quatro correram agachados ao longo da floresta escura, olhando para todos os lados com medo.

— Shh, GabiGabs, talvez a malaudrey esteja nos ouvindo. — falou Teo. Gabriella fingiu um zíper nos lábios.

Eles continuaram correndo e olharam ao redor, Audrey observava através da bola de cristal, observando com curiosidade enquanto eles corriam para a casa de chá de Heart. Ela sorriu maldosamente e desapareceu na fumaça roxa, aparecendo ali em um segundo.

Heart entrou em sua casa de chá e foi até o armário, abrindo-o, ouvindo os três restantes parados atrás dela. Eles nem tentaram entrar no armário quando começaram a ouvir uma risada maligna ecoando por todo o lugar. Eles se viraram no segundo, vendo a fumaça rosa aparecer como uma névoa, enchendo o lugar por todo o chão, chegando até suas panturrilhas.

Teo ficou na frente, levantando os braços para cobrir Heart que tinha Gabriella e Carlos escondidos atrás dela.

Um barulho chamou a atenção deles e eles viram Audrey sentada à mesa, brincando com uma xícara de chá quebrada. Ela sorriu zombeteiramente.

— Ah, mas é minha família maluca favorita. — ela sorriu falsamente e os olhos de Heart reviraram, começando a sorrir. — Onde está o resto do esquadrão de heróis?

— Somos chamados de esquadrão unicórnio vermelho com purpurina e vômito de arco-íris. — disse Gabriella e Audrey olhou para ela, incrédula. Sempre tão louca.

— Eu ia dizer "desculpe por estar errado" mas vilões não pedem desculpas. — ela sorriu maliciosamente. — Não é mesmo, Heart? — Audrey olhou para a garota que assentiu com orgulho. — É claro. Você nunca pediria desculpas, por que pediria desculpas, princesa vermelha? Não vale a pena você pedir desculpas por tornar minha vida uma miséria desde a sua chegada: você roubou meus amigos, as líderes de torcida, minha atenção...

— Ah, Audrey... — Heart estufou o lábio inferior. — Eu, sério...

— Você se desculpa? — ela se levantou, irritada. — Bom, não quero suas desculpas!

— Eu ia dizer que realmente gostei. — Heart zombou e Audrey conteve seu grito de raiva. — Mas sim, eu poderia ter dito isso também, mesmo que não fosse funcionar, certo? — ela saiu de trás de Teo, avançando devagar e empinando os quadris. — Adivinha, querida, não me importa o que você sentiu, não me importa quem não seja eu. Porque primeiro vem eu, depois eu e depois minha sombra. — ela moveu o cabelo para o lado. — Mas depois vêm meus amigos e minha família... E você mexeu com a princesa errada.

— Eu vou arruinar você e o resto. — Audrey apontou o cetro para ela.

— Vamos ver se você consegue nos encontrar antes. — ela sorriu zombeteiramente.

Audrey olhou para trás de Heart e percebeu que Teo, Gabriella ou Carlos não estavam mais ali, ela olhou novamente para Heart mas pegou um bule com chá frio dentro e jogou nela, antes de correr para o armário.

Heart entrou e fechou, deu dois passos para trás e no segundo caiu em um abismo negro.

Ela estendeu os braços e sorriu, sentindo como se estivesse caindo metros e metros, os cabelos voando e o ar atingindo seu corpo. Ela suspirou de satisfação e abriu os olhos, vendo coisas flutuando e dando-lhe passe livre para cair.

— Lá vem o vermelho!

Heart ouviu Gabriella e, antes de cair, sentiu como ela era amortecida por Teo. Ela olhou para o noivo e ele riu, pegando-a nos braços e segurando-a como uma noiva.

— Olá, querida. — ele cumprimentou, dando-lhe um beijo rápido.

— Olá, chapeuzinhos.

Heart desceu, mas assim que seus calcanhares atingiram o chão, eles ouviram um estalo. Os quatro olharam para baixo e gritaram quando o chão rachou e eles caíram em outra sala.

— Por que tivemos que usar o armário? — Teo reclamou se levantando. — Ele sempre faz a mesma coisa comigo.

— Jogos mentais são divertidos. — disse Heart, observando Carlos, que observava tudo fascinado.

Era uma sala que parecia retorcida, era redonda com muitas portas de vários tamanhos e apenas uma mesa no meio. Uma mesa gigantesca, com três vezes a altura e a largura deles, era como a de um gigante.

— Já sinto as boas energias do país. — Gabriella sorriu.

— Deve ter Upelchucken por aqui. — comentou Teo, procurando. — Procure um pedacinho de bolo que diga "me coma" mas não coma!

— Ei! Eles nos deixaram comida, é uma delícia...

Eles se viraram e viram Carlos comendo o bolo, sorrindo com migalhas no canto dos lábios. Teo deu um tapa na testa com a mão, Gabriella deu uma risadinha e Heart se moveu para pegar o bolo dele.

— Carlos! — Heart gritou, ficando vermelha. — Você não deveria comer tudo o que vê, principalmente se estiver escrito "me coma"!

Ele franziu as sobrancelhas em confusão, mas começou a sentir enjoos e crescer, suas roupas estavam esticando ou até rasgando, os três restantes se afastaram até ficarem no limite, querendo evitar que Carlos pisasse neles. O garoto de cabelos brancos ainda bateu a cabeça nas portas do teto, de um lado do buraco por onde caíram.

— Ah... Heart? — ele a chamou assustado, ela suspirou.

— Fique assim. — Heart pediu, antes de se virar para ver os outros dois que riam. — Gabriella, beba da garrafa de Pishsalver que deve estar ao lado de onde Carlos encontrou isso. Mas só um pouco, para que você abra as portas menores. Teo, mantenha seu tamanho normal, para poder abrir aqueles que Gabriella não consegue alcançar.

Heart ficou dois metros mais alta quando ela deu uma mordida no bolo, ela provou, o que mais sentiu foi o óleo de minhoca. Sua jaqueta encolheu e seu lábio inferior ficou saliente. Suas roupas também encolheram um pouco e ele olhou para Teo que sorria para ela.

— Você fica tão linda quando é cinco cabeças mais alta que eu. — Teo sorriu docemente e ela negou, divertida.

— Ah, Heart. — Carlos pediu ajuda a ela.

— Abra apenas as portas do telhado, algumas devem estar abertas, as restantes permanecerão fechadas. — Heart pediu, começando a tentar abrir portas.

Os quatro procuravam uma porta aberta, mas não encontraram nenhuma, e também foi difícil quando tentaram não pisar um no outro. A sala redonda com paredes gastas e velhas cheirava a floresta úmida e livros molhados.

— Ei! — Heart falou com eles, abaixando-se um pouco. — Olhem esse nariz grande. — apontou para uma maçaneta que tinha olhos e uma boca, ele estava roncando enquanto dormia até que Heart o chamou assim.
— Quem você está chamando de narigudo e cabeçudo? —  reclamou ofendido, acordando do sonho, mas apertou os olhos de medo e falou rapidamente com um terror incomparável. — Sinto muito, minha princesa!

— Você é a porta que vai nos deixar entrar? — Teo pergunta, na ponta dos pés para agarrar o dedinho da namorada, já que não conseguia segurar a mão dela, acalmando-a assim.

— Se vocês encontrarem a chave, sim. — ele sussurrou com medo.

— Chave? Qual chave? — Gabriella perguntou, eles olharam para todos os lados mas não havia nada além da mesa e do vaso em cima. — Carlitos, você consegue ver dentro do vaso?

Carlos mal se esticou para alcançar o vasinho, virou-o e as flores com pétalas caíram sobre Gabriella que riu. Heart sorriu ternamente, já se acalmando. Dali também caiu uma chave que Teo correu para pegar.

— Essa chave. — ele apontou para a maçaneta. Teo pegou-o entre as duas mãos e ergueu-o acima da cabeça, entregando-o à noiva que o pegou para colocá-lo no ferrolho.

Ela virou para o lado e abriu a porta, sorriu deliciada ao ver a grande floresta de seu país atrás. Mas o único que entrou por ali foi o Teo e a porta ficava no meio da parede, então ele não conseguiu chegar lá.

— Ok. — disse. — Coma, só um pouquinho! — Heart pediu e Gabriella riu.

— Eu não sou Carlos. — reclamou ela, pegando algumas migalhas para comer e depois colocando a sobremesa no vestido. Gabriella cresceu e o vestido que antes era grande demais para ela agora caiu bem, Teo a abraçou no segundo.

— Vem cá. — ele estendeu as mãos para pegar os dois em cada um, eles começaram a rir e Heart entrou com eles pela porta, deixando-os em terra firme, para os maravilhosos. — Carlos, venham.

Carlos se aproximou e Gabriella entregou-lhes a garrafa de Pishsalver que Heart pegou.

— Devemos beber bastante, segurar no batente da porta, para quando ficarmos doentes não cairmos no chão. — ela o avisou e ele assentiu.

Heart bebeu e depois deu a garrafa para Carlos que também bebeu. Os dois começaram a encolher em grande velocidade, tanto que tiveram que correr para se segurar no pé da porta, ficando pendurados e correndo o risco de uma queda longa. Seus pés estavam pendurados e Carlos cometeu o erro de olhar para baixo.

— Vamos cair, vamos morrer!

— Eu gostaria. — Heart resmungou. — Chapeuzinhos, Gabi!

Os dois correram para pegá-los e levá-los para dentro, a porta se fechou assim que eles saíram da sala e entraram no País das Maravilhas.

Heart virou-se e sorriu deliciada ao ver novamente as fadas dos cavalos de madeira, os insetos tagarelas, as flores gigantes e julgadoras com rostos carrancudos, as grandes plantas verdes como em nenhum outro lugar. Os quatro estavam no país das maravilhas.

— É bom estar em casa. — sussurrou Heart.

O Gato Sorridente apareceu flutuando na frente dos quatro que pularam.

— Vocês estão atrasados... Mirana está esperando por vocês com seus amigos. — ele comentou, mostrando suas presas em seu sorriso aberto. — Mas Damián está vindo procurá-los...

Eles ouviram um rugido vindo da floresta encantada, tão alto que assustou muitos dos pássaros maravilhosos, o rugido do animal de estimação de Damian.

O bandersnatch.

———

No momento em que Audrey abriu o armário onde Heart havia ido, ela encontrou apenas um móvel vazio. Ela olhou para baixo e notou um papel, abaixou-se para pegá-lo e ler.

— "Procure-me se quiser tentar acabar comigo, vilã de quarta categoria. Posso lhe dar uma pista para seu cérebro lento? Estou onde loucos como você podem entrar mas não vencer." — Audrey amassou o papel e se virou com raiva. — Se é isso que você quer...

Ela desapareceu rapidamente na fumaça rosa, desaparecendo da empoeirada casa de chá em ruínas e aparecendo em algum outro lugar completamente diferente. Audrey apareceu no museu, na mesma sala onde pertenciam o cetro e a coroa, ela sorriu maldosamente mas não ia pegar nada dali, ela deu meia-volta e caminhou pelo museu de Auradon.

Audrey subiu as escadas até a galeria dos bandidos, vendo a estátua dos grandes ali, porém sua atenção foi atraída para a porta no final. Ela caminhou, alargando o sorriso, e abriu a porta, encontrando-se na sala de honra de Iracebeth.

Ela olhou para a estátua com a imensa cabeça ali e bufou zombeteiramente, depois olhou para todo o panorama e começou a rir ao ver os soldados de cartas adormecidos.

— Se você quiser brincar com fogo... Eu te darei fogo. — Audrey ergueu as mãos e o cetro brilhou. — Se você quiser lutar no País das Maravilhas, usarei suas mesmas cartas.

Audrey bateu o cetro no chão e os cartões vermelhos tremeram até que acordaram e ficaram na pose de soldados. Audrey começou a rir, saindo de lá com as centenas de cartas se multiplicando atrás dela. Ela saiu do museu com o antigo exército da Rainha Vermelha e parou em frente a uma árvore.

O Gato Sorridente apareceu no galho da árvore, chamando a atenção de Audrey.

— Você vai dar um susto neles... — ele falou sorrindo antes de abanar o rabo e abrir a árvore para Audrey.

— Não se preocupe, gato, ou farei de você um felino comum. — ela entrou na árvore.

Sorrindo, ele mostrou a língua nas costas e desapareceu, deixando o exército entrar no País das Maravilhas por aquela árvore. A guerra começaria.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top