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˖࣪ ❛ UMA CABEÇA RODOU
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ASSIM QUE OUVIRAM o que Uma disse a Mal, começaram a discutir. A filha de Ursula estava pedindo a varinha da fada madrinha para governar Auradon. Em troca, eles trariam Ben de volta. Pareceu em vão para Heart, já que afinal eles morreriam nas mãos dos vilões se governassem Auradon.
— Bem, sentiremos falta de Ben. — Heart fez uma careta sob seus óculos escuros.
— Não vamos dar a varinha para Uma. — Evie caminhou estressada e apontou para Heart, negando o que disse. Eles não iriam sentir falta dele porque iriam resolver o problema. — Não podemos deixá-la destruir Auradon!
— Que déjà vu horrível estou tendo. — reclamou Heart, ajustando os óculos. — Preciso de uma xícara de chá.
— Se Uma não tiver a varinha, Ben é história. —Carlos disse obviamente, Jay concordou com ele.
Todos começaram a conversar ao mesmo tempo, Heart jogou a cabeça para trás gritando de aborrecimento e eles pararam abruptamente para olhar para ela confusos. Heart pegou a coisa mais próxima dela, uma lata de spray roxa, e jogou em Mal, que se agachou e olhou para ela de forma acusadora.
— Já fizemos isso antes! — Heart interrompeu os vilões. Olho para Jay e Carlos — Olá! Quem enganou o museu mágico? — apontou ironicamente para os três, tirando os óculos escuros. — Podemos enganar aquele camarão com cheiro de peixe podre como fizemos com a censura.
— A impressora 3D... — Jay murmurou antes de aplaudir e apontar para Carlos que sorriu. — A impressora 3D!
— Varinha falsa. — ela percebeu rapidamente.
— Sim! — Mal bufou feliz.
— Muito fácil. — elogiou Carlos, sentando-se na cadeira da frente.
A impressora 3D que Heart comprou para Carlos. Depois de usarem a de Ben, o menino ficou fascinado com o que aquela impressora fazia, então Heart deu a ele antes de ir para o País das Maravilhas e o menino de cabelos brancos passou o verão fazendo melhorias nela. Uma maneira estranha de se sentir perto do Heart.
— E quando Uma tentar saberá que é falso. — Evie apontou a parte, em teoria, mais importante.
— Vamos levar Ben rapidamente com alguma distração. — a garota de cabelo roxo debateu. Eles ficaram em silêncio por alguns segundos pensando, até que Jay, que estava sentado ao lado de Heart, falou.
— Bombas de fumaça!
— Você é útil. — Heart bateu no braço de Jay, que sorriu lisonjeado mas logo fez cara de ofendido.
— Sim, perfeito! Existem produtos químicos na casa de Lady Tremaine. Talvez funcione. — eles observaram Evie caminhar até chegar a Mal.
— Não posso pisar naquele lugar depois que defendi Dizzy e cortei a cabeça do padrasto dela. — Heart sorriu ao se lembrar de quando assassinou o padrasto de Dizzy quando ele tentou bater em Carlos que estava tomando chá com a garota.
— Sim, eu também não. — Carlos fez uma cara desconfortável ao lembrar disso.
— Não me lembro onde estava. — admitiu Jay. Mas todos os três foram ignorados.
— Mal, seu cabelo é lindo. — falou a filha da rainha malvada, parecendo impressionada para sua melhor amiga.
— Ok. Você quer que eu te faça uma surpresa? Dizzy fez isso. — eles ouviram a explicação. Heart sorriu feliz para a garota.
— Sério? — o espanto estava marcado na expressão de Evie. — Isso é incrível...
— Eu sei, eu adoro isso. — elas falaram em voz baixa. Heart colocou os óculos e tocou a ponta do nariz. Não era hora para isso.
Carlos olhou incrédulo para a interação entre as duas. Até Jay se levantou para ir atrás do filho de Cruella. Os três esperaram que as duas terminassem os murmúrios.
— É brilhante e... — Mal acariciou os cabelos dela.
— Aham. — Jay tossiu falsamente.
— Olá! — Carlos gritou ironicamente.
— 'É brilhante.' — Heart zombou com voz estridente. — Você nem está tão bonita assim, então está prestando atenção? As vidas de Bennyboo e Auradon estão em perigo, mas é claro. Seu cabelo está 'bonito', MaliMalita.
— Sim... — Evie sussurrou. Mal bateu palmas em concentração.
— Carlos, Jay, estejam no Pirate Bay ao meio-dia e lembrem-se: Perder não é uma opção. — Mal apontou para os dois para olhar para todos. — Somos mal?
— Desde o berço.
— O que isso significa agora? Quer dizer, não somos mais vilões, simplesmente seus filhos. É assim que se diz que nem sempre seguiremos as regras? — Heart questionou, brincando com um remo. — Espera, o que vou fazer? — ela olhou para Mal. A garota de cabelo roxo ergueu as sobrancelhas.
— Você quer participar do plano? Sério? Quer ir ao salão de beleza ou fazer a varinha? — ela cruzou os braços e Heart inclinou a cabeça com uma careta pensativa. — Você sempre quer que trabalhemos para você.
— Você está certa, vou esperar até ir procurar Bennyboo. — Heart se levantou, tirando um saquinho de chá de sua jaqueta. — O bule ainda está escondido?
— Ainda aí. — Mal assentiu sorrindo. — Aliás, Uma te mandou... Beijos. — ela cruzou os braços com uma expressão neutra, Heart sorriu para ela, piscando para ela mas não fez mais nada.
Heart se afastou balançando seus quadris divinos, enquanto os vilões desciam até cada lugar para completar parte de seu plano. Ela sentia falta de Teo, demais para dizer a verdade, mas não podia arriscar voltar para Auradon e ver o chapeleiro.
Ela sabia que se ele perguntasse novamente, ela ficaria lá e deixaria os outros fazerem o trabalho enquanto ela escapasse. Isso não era uma opção, pelo menos ela queria ser testemunha do resgate de Ben.
★
Os passos curtos e calmos de Heart sobre seus saltos altos percorreram o local onde, durante sua estada na ilha, ela passou mais tempo.
Tudo estava coberto por lonas sujas de poeira, era óbvio que, além de Mal, ninguém havia estado lá até eles próprios voltarem.
Seu sapato, alto e vermelho, levantava um papel plástico que estava sobre uma mesa velha e em mau estado. Dava até para ver a umidade que corroía a madeira sem verniz.
Ela fez uma cara de nojo e foi embora. Antes ela acreditava que eles tinham as melhores e mais decentes coisas que podiam ser encontradas na ilha, mas se sim, quão nojentas eram as coisas de todos os outros? E pensar que eles acreditavam que viviam em boas condições.
Ela se virou, terminando de tomar o chá e deixando-o em algum lugar que não atrapalhasse muito. Os outros dois vilões haviam saído há menos de cinco minutos, enquanto Jay e Carlos haviam saído há meia hora.
Heart mal pediu para ficar com Carlos e o mais novo já havia voltado para Auradon, agora ela não o veria por umas cinco horas, que é quando a varinha terminaria de imprimir.
Mas sem dúvida, ficar sem Teo apenas algumas horas depois de estar com ele vinte e quatro horas por dia era estranho. Ela imaginou o chapeleiro costurando em sua mesa, falando apenas consigo mesmo e com um sorriso no lindo rosto. Essa era a maneira de ficar tranquila, de pensar que Teo também estava.
Muito pelo contrário, já que o chapeleiro júnior roía as unhas de nervoso enquanto perguntava a Jay e Carlos por que Heart não tinha vindo para Auradon com eles. Os dois vilões tentavam acalmar o jovem que parecia mais louco que o normal, rindo sem sentido. Rindo de preocupação.
Uma pedra foi ouvida batendo na placa que abria a entrada de onde Heart estava.
A ruiva se virou com uma sensação de alarme ecoando em seu peito, vindo do fundo de seu Heart sangrando. Ela tirou os sapatos, deixando os pés descalços para não fazer barulho. Seus pés pálidos foram até a cozinha e ficaram encostados na parede. O som estridente do portão subindo fez sua pele arrepiar.
Mal e Evie demorariam pelo menos uma hora na casa de Lady Tremaine, não poderiam ter chegado porque caso tivessem esquecido alguma coisa usariam o alto-falante que estava no início da escada e Heart passaria para elas. Havia algo ruim, algo terrível.
O pavor foi pintado em seu rosto assim que ele ouviu uma única pessoa subir tão lentamente que parecia uma tortura, mas aquele som se misturou ao silêncio tortuoso da sala. Seus ouvidos ouviram alguém cantarolando, cantarolando uma canção de ninar que ela conhecia de trás para frente. Até que o silêncio voltou, ela olhou um pouco para ver o intruso.
— Pensei que quando te visse de novo, minha filha, você me traria a cabeça dos traidores ou um porquinho para meus pés doloridos.
Nas suas costas estava a imensa cabeça ruiva de Iracebeth, ela estava vestida com sua roupa habitual e seu bastão de Heart. Uma respiração instável escapou de seus lábios que foram cortados quando a rainha vermelha de repente se virou para olhar para ela, olhando para ela com um pequeno sorriso. Havia fogo em seus olhos, um brilho de desprezo.
Um olhar que gritava correr ainda que Heart odiava correr.
Ela queria acelerar o passo até a entrada e descer rápido, mas sua mãe falou.
— Ouvi dizer que o nome dele é Teo.
Ela freou abruptamente com medo, virou-se mostrando pânico no rosto. Ela refez seus passos até ficar a um metro dela. Sua mãe ficou séria sob seus lábios pintados em formato de coração, percebendo a inquietação de sua filha.
— O filho do chapeleiro? — Iracebeth, de uma forma muito sutil, começou a ficar rosada. — Foi difícil para mim conseguir essa informação mas consegui e com isso e mais. — ela avançou um passo que Heart recuou, o lábio da rainha vermelha se contraiu. — Senhora das maravilhas, minha garota? Mudar seu título para princesa branca? Um Jabberwocky? Essas não são coisas que minha filha faria sem minha supervisão!
Seu grito estridente, uma das coisas que Heart não sentiu falta, fez seu corpo tremer de tal forma que aos poucos ela foi deixando de ver através dos olhos, cristalizados pela pressão.
— Iríamos governar o mundo, minha maldita menininha ao meu lado... Faríamos um rio de cabeças pertencentes a todos os sujos e indignos. —ela deu mais um passo no qual Heart, mais uma vez, recuou, afogando-a soluços. — Íamos acabar com os infiéis. Eu ia ter minha coroa de novo, meu direito, meu pertencimento de novo! — ela já estava vermelha de raiva.
Iracebeth não reconheceu a filha, ela estava tão calada e assustada. Heart não era assim, ela ficava em silêncio e discutia até com a própria Malévola, mas em vez disso, ela estava lá. Antes que ela pelo menos tentasse falar, agora a covardia era o que a cercava.
— O arganaz comeu sua língua? — Iracebeth olhou para ela com desprezo até coçar a garganta enquanto gritava. — Fala, Heart, fala, fala, fala!
— Não me machuque, mamãe...
Heart murmurou, sua voz baixa como um sussurro e quebrada pela apreensão. Ela estava se esforçando muito para não chorar alto, as lágrimas caindo pelo rosto pálido, removendo a maquiagem, revelando-a. O rosto de sua mãe logo se encheu de indiferença e ela deu mais um passo arrogante no qual Heart já bateu na parede, sem mais caminho.
— Eu sempre pensei que chegaria a hora de cortar sua cabeça, filha... — ela ergueu a bengala e mexeu com uma mecha de cabelo de Heart, a ruiva se encolheu no lugar, seus lábios encharcados de medo transformados em lágrimas. — Mas antes disso você verá como a ilha e Auradon estarão aos meus pés, as cabeças dos renegados rolarão e as dos seus amigos farão parte do meu rio.
Heart abaixou a cabeça com a boca entreaberta, sentindo o coração da ponta do bastão descer até a área de seu próprio coração e pressioná-lo com força. Iracebeth viu onde o órgão latente da filha estava sofrendo de dor e pensou em arrancá-lo, para ver se assim deixaria de sentir amor. O amor as tornou vulneráveis. Ela ficou fraca com o pai de Heart e ele quase a esfaqueou.
Ela fez isso para o bem de sua filha.
— E não vou começar pelo chapeleiro júnior. — ela negou, estalando a língua repetidas vezes. Heart mordeu a língua para não reclamar de dor. — Farei isso por aquela garota estranha, a filha da lebre e o coelho. Qual era o nome dela? Gabriella, ah, sim, para ela e o pequeno De Vil.
O olhar da filha ingrata mudou radicalmente, Heart ergueu a cabeça e olhou com raiva para a mãe que ergueu a sobrancelha. A mão pálida da filha agarrou o bastão com força e o desmontou, as unhas afiadas arranhando a madeira como um gato furioso. Iracebeth não resistiu à força da filha que de repente se endireitou e franziu as sobrancelhas em perplexidade.
Iracebeth deu dois passos para trás desajeitadamente, tentou fazer com que a filha largasse o cajado, mas ela arrancou-o dela.
— Não mexa com eles. — Heart apontou a bengala para ela. Mas Iracebeth ergueu o queixo de forma desumana para sua única herdeira.
— Isso só acaba quando uma das duas cabeças rolar, minha menina.
Dito e feito. Uma das duas ruivas acabou coberta de sangue devido à brutalidade da briga em que as duas De Crims se envolveram. Uma cabeça rolou. Uma das duas rainhas morreu. Menos um vilão na ilha e mais um cadáver. Um fim para a história.
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