Capítulo 65
LAURA
Estou em meu apartamento, a luz do sol entra no lugar em pequenos feixes. Ainda de pijama, levanto apenas para tomar o café da manhã. Observo Caio, meu namorado, ao meu lado.
— Como está seu pé? — Ele pergunta, sua voz quase rouca.
Passo a mão gentilmente pelo seu cabelo castanho.
— Melhor. — Murmuro — Mesmo que esteja mancando. Agora, pelo menos, consigo caminhar.
Caio se aproxima e beija minha bochecha.
— Vai me dizer que não gostou de ser carregada? — Ele diz com aquele sorriso de lado, que faz meu coração palpitar.
— Gostei — Confesso com um sorriso — Mas não quero ser um peso para você.
— Não fala isso. — Caio me olha com olhos castanhos profundos à medida que aperta minha mão carinhosamente — Você nunca será um peso para mim. Nunca.
Ele faz uma pausa antes de continuar.
— Você é a minha garota. Meu raio de sol.
Sinto meu coração palpitar dentro do peito. Me aproximo mais dele e colo nossos lábios em um beijo suave. Caio retribui conforme passa o polegar pela minha bochecha.
— E você é o meu. Meu garoto. — Digo por fim, e sinto que minhas bochechas esquentam.
Meu garoto. A pessoa que eu sempre quis e sempre vou querer, não importa quanto tempo passe sempre será ele. Encaro-o com carinho. Caio segura minha mão e deposita um pequeno beijo nela. Como resposta dou um sorriso sincero.
PATRICK
Nunca tive muitos amigos, isso é fato. Claro que sempre tive pessoas ao meu lado, mas não era nada além de interesse.
Pelo menos, na minha antiga escola, mas, agora, eu tenho amigos, pessoas com quem contar. E Aurora, penso ao observá-la, é a parte mais bonita.
Às vezes, me lembro de como era minha vida sem conhecê-la, era tão sem graça... Sem vida. Na minha antiga escola, tudo era tão monótono e sempre me via triste, por algum motivo ou outro, como se faltasse algo, e realmente faltava. No entanto, agora estou completo. Me sinto assim. Mais feliz e seguro do que nunca me senti antes.
E graças a Aurora.
Quando meu padrasto morava comigo eu vivia com medo; e eu posso falar, viver com medo é pior sentimento do mundo, porque quanto menos você quer sentir esse sentimento, mais você sente. Na maioria das vezes, o medo não era nem relacionado a mim, mas a minha mãe, que sofria abusos do meu padrasto. Agora, Julia, está tão diferente; no sentido bom, é claro. Sinto que ela está vivendo mais feliz e leve do que nunca antes. Assim como eu.
E sou feliz por isso.
Me imagino, como minha vida se tornou tão boa de uma hora para outra. Antes, eu sentia que estava vivendo a vida de outra pessoa, não a minha. Hoje em dia, é diferente.
Nunca parei para pensar na minha vida. Não profundamente. Mas, ao pensar agora em tudo o que passei, vejo que sou mais forte do que imagino. As feridas do passado estão se cicatrizando. Aos poucos. Pelo menos, não preciso mais viver com medo. Não mais.
Estou no quarto de Aurora, praticamente no meu próprio quarto, pois passo mais tempo aqui que em qualquer outro lugar. Dessa vez, não entrei pela janela, até porque não sou um intruso.
Alice me recebeu muito bem, não vi Caio nem Laura, mas encontrei quem eu precisava. A mãe de Aurora se tornou grande amiga da minha mãe. Às vezes, eu encontro as duas tomando chá na varanda da minha casa. Fico feliz que elas se dão tão bem, afinal minha mãe não é uma pessoa fácil de lidar, sei disso muito bem.
— Deveríamos fazer mais encontros duplos, não acha? — Aurora pergunta ao se encostar mais em mim. Seguro uma mecha castanha-achocolatada de seu cabelo.
— Sim, eu adoraria — Respondo, com a voz quase rouca, conforme me recordo do modo como Aurora se segurou em mim quando sentiu medo, mesmo não admitindo.
Eu adorei aquilo. Principalmente o comentário que ela fez. Aurora me encara com uma feição ousada.
Acho que estou conhecendo um lado novo dela. Quero conhecer todos os possíveis, se já não conheci. Quando conheci Aurora no começo do ano, seus olhos castanhos-dourados eram tão tristes. Na hora em que ela esbarrou em mim no corredor do colégio, e pude ver pela primeira vez seu rosto; eu vi, ali no fundo, tristeza, dor e culpa. Eu me vi ali. Aquilo me fisgou, e me vi querendo conhecê-la.
E fui chegando aos poucos, mostrando que eu só queria alguém para passar companhia naquelas intermináveis horas de aulas, que eu só queria alguém para conversar. Assim, fui conhecendo quem ela é de verdade.
Agora seus olhos castanhos-dourados são mais brilhantes que as estrelas do céu.
— Sabe o que eu adoraria? — Ela diz, em um sussurro sexy, ao se aproximar mais.
Levanto as sobrancelhas, fingindo confusão.
— O quê? — Em meus lábios há um sorriso travesso.
Sem dizer nada Aurora se aproxima, cortando a distância que há entre nós, cola nossos lábios em um beijo profundo. Seguro seu rosto conforme retribuo, quase grunhido quando ela abre a boca para minha língua passar.
Eu provo cada parte dela. Aurora solta um suspiro de alívio, enquanto a guio para se encostar mais na cama, tomando cuidado para não machucá-la no processo.
Quero ouvir dos seus lábios.
— Me diga. O que você quer. — Murmuro com um sorriso malicioso, minha voz não passando de um sussurro perverso.
Em resposta recebo uma cotovelada, mas também um meio sorriso aparece em seus lábios. Sua boca entreaberta, como se pesando se realmente falar ou não, mas vejo a vulnerabilidade em seus olhos, o quanto quer.
— Quero você — Ela confessa, por fim — Sempre vou querer você.
Nos encaramos profundamente, como se para ter certeza de que este momento é real.
Essas palavras sendo ditas por ela, faz com que meu coração tropece nove vezes seguidas. Em seus lábios possui um sorriso tímido. Por tanto tempo, eu fiquei apenas sonhando com isso, só vê-lâ assim, ficava apenas observando-a pela janela; ela com apenas um blusão, lendo ou dançando. Parece ser tão distante agora.
Sem perder tempo, colo novamente nossos lábios em um beijo intenso, e em cada gesto e movimento, derramo palavras de amor em sua boca, enquanto mostro meu afeto, no modo como nos conectamos; alma à alma.
Lentamente, tiramos nossas roupas, sem cessar os beijos. Em meio peito sinto que há um turbilhão de sentimentos misturados, mas minha mente clareia à medida que entrelaço minha alma com a da garota à minha frente.
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