Capítulo 63
MELISSA
Esse é um daqueles dias em que eu vou assistir os jogos de Matheus. Porém quando chego já esta no final, na verdade, o jogo já acabou, mas a expressão do rosto do menino de cabelo ruivo é solene, presumo, então, que eles ganharam o jogo, e não fico surpresa com isso.
Observo o celular na minha mão direita.
Por que ele não me respondeu?
Procuro não pensar muito nisso, talvez estava ocupado e não viu. E terei que contar para ele sobre minha ida... Não sei de tenho coragem. Me aproximo mais do campo verde de floriana. Está no final da tarde; céu se escurecendo e há raios de sol por toda parte.
Me sento na arquibancada e encaro-o mais uma vez. Um pequeno grupo de meninos, que também são jogadores, ao redor dele, não muito, no máximo quatro ou cincos. Sinto a brisa suave açoitar meu cabelo ruivo, fazendo-o voar.
Depois de tanto tempo, estou me sentindo me feliz. Achei que nunca mais sentiria de novo. Dou um pequeno aceno à Felipe, que me encara de longe, seu rosto uma máscara solida, seus olhos claros estão distantes e vazio.
O que há com ele? Felipe é sempre tão alegre...
Com um pequeno suspiro e um balançar de cabeça, para afastar os pensamentos importunos que crescr em minha mente, me encosto mais na bancada.
Matheus ainda me me notou, por estar conversando com os outros meninos ou por qualquer outro motivo, mas ele olha para Felipe, e lá encontra a resposta. Assim, o menino de cabelos como fogo se vira para me encarar, seu olhar que estava alegre se torna indecifrável e vazia, sua expressão quase pálida.
Sinto preocupação me acertar como ondas. O que está acontecendo?
Não entendo. Será que ele sabe sobre minha ida? Mas como?
Matheus se despede dos garotos, e com um único aceno de cabeça para felipe se aproxima de onde estou. Tento controlar às batidas frenéticas do meu coração enquanto se aproxima. Dou um pequeno sorriso quando ele está a poucos centímetros de distância. Deve ser impressão minha, mas posso ter visto um lampejo de tristeza passar pelo seus olhos.
— Se você tivesse chegado à poucos minutos atrás conseguiria ver nosso time ganhando. — Matheus murmura com a voz rouca.
— Cheguei no momento certo. — Respondo convencida — Por que você está aqui.
Seguro sua mão, apertando-a, Matheus não diz nada enquanto realizo o gesto.
Ele está... tremendo.
— Você está com frio? — Pergunto, com as sobrancelhas erguidas.
Matheus dá um pequeno sorriso que não chegou ás orelhas. Ele solta minha mão; apenas para roçar o polegar pela minha bochecha. Com um único movimento me aproximo de onde ele está, o que faz qualquer barreira entre nós chegar ao fim. Colamos nossos lábios em um beijo pequeno e suave.
Matheus inicialmente fica relutante em retribuir, mas logo sua língua se movimenta pela minha boca. Há entrega e sentimentos na forma como ele guia o beijo, não há aquele fogo, não, é como um beijo de desculpas e despedidas.
— Quer água? — Matheus pergunta, quando se afasta, enquanto leva à mão pelo cabelo. Ele abre a boca e a fecha, como se quisesse dizer outra coisa, porém não o faz.
Sinto a garganta seca, assinto levemente que sim com a cabeça, e com passos pequenos ele se afasta. Encaro sua figura, percebo que um pequeno sorriso começa a crescer em meus lábios. Levo às mãos ao meu coração, sinto alegria ali. Alegria pura. Contudo, murmúrios de garotos faz com que eu sai do transe em que me encontro. Eles também encara a figura que se afasta.
— Ele é um bom capitão... — Diz um de cabelo loiro — É um grande amigo também — Revela o moreno. Encaro-os não conseguindo desviar a atenção deles — É uma pena que vai embora... — Outro diz, e os olhos deles se tornam distantes, a voz triste.
— Sim, é uma pena. — Diz o último, por fim.
Sinto algo dentro do meu peito se quebrar e afundar. O ar some de meus pulmões à medida que me levanto, em um movimento dolorido e pesado.
Não é verdade.
Não pode ser.
Se ele vai embora... Ele teria me contado. Não teria?
Me aproximo para mais pertos dos meninos... Para dizer que é mentira, que eles estão brigando, conforme me aproximo, sinto bile subir pela minha garganta, mas permaneço no mesmo lugar em que me encontro. Meus pés paralisam no no chão. Não consigo me mover. Quero gritar, mas não consigo. E há essa altura os meninos já foram embora. Estou paralisada. No entanto, lágrimas quentes pelo meu rosto, como chuva.
Felipe já se aproxima. Porém para subitamente. Os olhos dele se arregalam e seu rosto fica pálido enquanto observa um ponto mais distante.
— O que aconteceu? — Matheus pergunta assustado, enquanto se aproxima, com passaso rápidos e firmes, para perto perto de mim.
Lentamente, viro a cabeça para encara-lo. Com profundidade observo o menino a minha frente.
— Então você vai embora — Minha voz quebrada ao vento.
Matheus segura dois copos descartável de água, os mesmos caí no chão quando termino de proferir às palavras. A mão dele parece estar tremendo, agora sei que não é pelo frio. Relutantemente, ele se aproxima. Cada passo hesitante.
— Eu iria te contar... — É tudo o que ele diz — Eu juro. Eu iria te contar hoje.
A voz dele contém dor e súplica. Ele fala com tanta convicção, que por um momento, acredito em suas palavras.
Lágrimas e mais lágrimas descem pelo meu rosto, mesmo enquanto mordo a língua para cessar o choro.
— Por que me beijou então? Por que me beijou se vai embora?
Meus dentes trincam. Não sei se é pelo frio ou de raiva. Estava me preocupando em contar para Matheus sobre minha ida para Porto Real... Mas Parece que ele não se importou em contar para mim que também que iria ir embora.
Fecho meus punhos que estão inertes ao lado do corpo. Minha voz embargada conforme sinto pequenas lágrimas jorrando pelo meu rosto.
Mentiroso.
Como eu pude confiar nele?
Matheus se aproxima mais um passo não se importando com os copos que deixa cair no campo.
— Por que sou apaixonado por você! — Matheus diz alto o suficiente conforme leva às mãos ao cabelo. Encaro-o perplexa. Sinto minha cabeça se movimentar de um lado para outro em negação.
— Não. — Sussuro, ainda negando com a cabeça — Não é verdade.
Se ele fosse apaixonado por mim não iria ir embora... Não iria me deixar. Que tola, por achar que eu conseguia ser feliz. Por que uma pessoa como eu seria? Eu já fiz muito mal as pessoas que eu amo, não mereço sentir esse sentimento. Sinto os cacos do meu coração se estilhaçando cada vez mais.
O céu totalmente escurecido agora, o campo vibrante parece perder a cor.
Dou um único passo para trás, Matheus faz o mesmo, mas para frente. De relance, consigo ver Felipe, distante ele nos encara com olhos arregalados.
O peso ameaça me sufocar, não há palavras em minha boca, Matheus a minha frente parece querer dizer muitas coisas, mas sua boca abre e fecha em um movimento silencioso.
Então me viro, os passos pesados em meus pés. Me viro para ir embora. Não consigo mais ficar nem mais um único minuto nesse lugar. Nesse campo. Com ele.
— Continue o tratamento. — Matheus, diz, sua voz sem esperança — Sei que não estou no direito de pedir nada, mas... Faça isso. Por favor.
Encaro-o novamente. Dessa vez, meus olhos não tem piedade.
— Eu vou fazer isso. — Minha voz é fria como gelo e mais afiada que qualquer faca — Mas não por você.
Vou fazer, mas por uma amiga que me espera à quilômetros de distância. Apenas por isso eu vou continuar. Mesmo que algo dentro de meu peito se parta quando vejo a expressão do rosto de Matheus. Raiva, dor e tristeza, sentimentos já conhecidos agora se apossam de meu peito. Com passos apressados saio do campo, lágrimas quentes rolam por todo meu rosto enquanto sinto meu peito se afundar.
— Mel — Matheus grita em tom de súplica — Deixa eu me explicar. Por favor!
Viro meu rosto novamente, meu olhar fuzilando-o conforme, devido ao apelido.
— Não me chame de Mel — Minha voz quase um grunhir — Você não tem o direito! Você não significa nada para mim, entendeu? Nada!
Mesmo que aquilo seja mentira, é tudo o que digo. Estou me sentido traida e machucada. Matheus só me usou... como todos fazem. Agora ele vai embora. Também como todos fazem.
Corro para fora do campo com passos firmes e apressados. Consigo sentir os passos determinado de Felipe me seguir. Mas não me importo. Nem olho para Matheus, que ainda continua no campo, enquanto os restos do meu coração se fragmentam.
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