Capítulo 45
AURORA
Às vezes, eu me recordo do tempo em que passava o intervalo sozinha. Era uma sensação muito ruim, de solidão. Mas agora tenho pessoas que se importam comigo. Eu não vou desperdiçar isso.
À tarde, trabalhei meio período no Briar. Não estava relativamente cheio e Gael me ajudou em alguns momentos. Sem contar que Laura me mandou mensagens no meio do expediente.
Patrick me pegou no fim do turno para jantarmos em sua casa. Para que eu possa conhecer sua mãe.
E se ela não gostasse de mim? E se eu fizesse algo de errado? Como diz Specter Harvey do seriado Suits "A primeira impressão é a que fica".
Tento não pensar muito nisso, e com um suspiro adentro o lugar simples, mas bem decorado.
— Seja bem-vinda! — Sou recebida por uma mulher de cabelos ondulados que não aparenta ter mais de quarenta anos.
— Obrigada — Digocom um sorriso no rosto quando entro no lugar aquecido. Sinto um cheiro de comida deliciosa me atingir e Inspiro o ar.
— É um prazer finalmente conhecê-la, Dona Julia.
— O prazer é todo meu. — Ela responde com um sorriso nos lábios — Meu filho fala muito bem de você!
— É uma honra saber disso. — Olho de Julia para Patrick. — Minha mãe também fala muito do seu filho.
A mulher sorri sorri.
— Acho que vamos nos dar bem.
Assinto e com um sorriso sigo a mãe de Patrick pelo corredor.
— Está delicioso. — Dou um pequeno suspiro quando provo a batata assada.
— Fico feliz que tenha gostado — Julia responde. — Aurora? — Ela continua. — Me conte mais sobre você. Quem são seus pais? O que gosta de fazer? Enfim, me fale o que quiser.
— Bem... — Começo dizendo ao passar o guardanapo pela minha boca. — Minha mãe é dona de casa. Eu tenho um irmão mais velho. E meu pai... faleceu há alguns meses. — Completo, já perdendo o apetite.
— Coitadinha! Sinto muito. Você é tão jovem — Seu olhar é triste — Apenas assinto com a cabeça sem saber o que dizer — Pelo menos ele não a abandonou. — Continua e lança um olhar para Patrick.
Patrick deixa os talheres no prato, e a encara com um olhar de repreensão.
— Mãe... Por favor.
Patrick me lança um olhar que diz "Me desculpe". Levo o guardanapo aos lábios e murmuro um "tudo bem". Eu ouço esses comentários com mais frequência do que gostaria.
Sou interrompida com um estrondo. Viro a cabeça assustada e arregalo os olhos quando encaro a imagem que surgiu: um homem com barba para fazer entra com passos tropeçantes na cozinha, com uma garrafa de bebida nas mãos.
Patrick se levanta e me leva junto como forma de proteção. Meus olhos se arregalam de surpresa.
O que está acontecendo?
— O que você está fazendo aqui? — Patrick rosna para o homem.
— Vim fazer uma visitinha à minha mulher e ao meu filho. Por quê? Não posso?
— Não sou seu filho — Patrick diz entredentes.
Eu ainda estou escondida atrás dele. Mas não sei ao certo o porquê.
Com passos cambaleantes o homem de meia idade se aproxima de onde estávamos. Pego meu celular à medida que ele se aproxima.
— Eu vou matar você, Julia. — Ele ameaça ao apontar para a mulher — Você e esse moleque malcriado! — Esse é meu último aviso — Tenho uma arma no nosso antigo apartamento e vou buscá-la.
Sem querer acabo fazendo um barulho e o homem parece notar.
— O que foi isso?
Patrick parece paralisar. Faço o mesmo. Ele apertar forte minha mão quando o homem se aproxima mais. Tento controlar o crescente medo nas veias. Não por mim, mas por ele.
— Quem é você? — O homem percebe onde estou escondida.
Engulo em seco sem saber o que dizer. Ou fazer.
— Deixa eles! — Julia diz alterada — Resolva isso comigo. Afinal, sou eu que você quer não é? Então... deixa o meu filho em paz e a namorada dele em paz.
— Fique quieta! — O sujeito responde de modo grosseiro — Eu to casando de você!
Dou um pulo para trás quando sinto o homem se aproximar. Patrick ao meu lado aperta o punho e o atinge em cheio. O sujeito cai no chão com força.
— Não se aproxime. — Patrick diz entredentes. Ele está segurando o colarinho do homem — Ele olha para trás e encontra meu olhar — Fique onde está e não tenha medo.
— Patrick... — Julia o chama — Você não precisa fazer isso.
— Não. Eu vou falar o que eu tenho a dizer para esse homem. — Ele segura mais forte o colarinho do sujeito. O padrasto de Patrick parece estar em um estado de paralisação.
— Eu te odeio! — Patrick grita com mágoa — Por tudo o que você fez comigo e com minha mãe. Pela dor que você causou a nós. Você não só arruinou minha infância, mas também arruinou o conceito que eu tinha de ter uma família feliz! Você nos machucou, da pior forma possível! E eu te odeio por isso! — Patrick grita essas palavras com ódio, como se sempre quisesse dizê-las, mas só agora teve a oportunidade.
Meu coração fica apertado dentro do peito ao vê-lo nesse estado.
Lembro-me de quando Patrick foi fazer o trabalho de Biologia na minha casa. Ele falou que o Padrasto batia na mãe dele. Também me disse que era apenas uma criança e não podia fazer nada. Deve ter sido muito difícil aguentar tudo isso e não poder fazer nada para ajudar. Nem consigo imaginar.
Patrick sai de cima do padrasto quando ele se encontra inconsciente.
— Desculpe — Patrick sussurra ao se aproximar rapidamente de mim. — Eu só não consegui me controlar. Me desculpe por isso. Eu não queria. Eu só.... Desculpa. — Ele diz com a voz inconstante contra meu cabelo enquanto me abraça — Eu só não queria que ele te fizesse mal. Eu não permitirei que isso aconteça.
— Vocês estão bem? — julia pergunta um pouco perplexa. Os olhos levemente arregalados, posso ver suas mãos tremendo.
Assinto e engulo em seco.
— Temos que chamar a polícia. Ele pode acordar a qualquer momento. — Encaro o padrasto de Patrick que está inconsciente no chão da cozinha.
— Eles não vão acreditar na gente. Não temos provas. — Patrick está com um semblante aflito e distante.
— Quem disse que não temos provas? — Mostro a gravação da ameaça que o padrasto dele fez para ele e para Julia — Temos provas. É apenas questão de tempo antes da polícia revistar o antigo apartamento e encontrar a arma, sem contar a gravação. Isso é suficiente.
Patrick me encara, surpreso.
— Essa sua cabecinha pensa em tudo não é mesmo? — Patrick beija o topo de minha cabeça. Dou um pequeno sorriso. Rodeio meus braços ao redor de sua cintura colando nosso corpo em um abraço aconchegante.
— Na maior parte do tempo ela só está pensando em você.
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