Capitulo 36
PATRICK
Laura já saiu do coma. O que é muito bom. Nem sei como agradecê-la pelo o que ela fez pela Aurora. Ela salvou a vida dela.
— Caio, posso falar com você um minuto? — Pergunto inseguro.
Ele assente e se vira para me encarar. Estamos no intervalo da escola, e eu acho que esse é o momento ideal para conversar com ele sobre esse assunto. Temos conversado bastante devido aos últimos acontecimentos.
— Sim? — Caio pergunta enquanto nos afastamos das fileiras de adolescentes.
— Você é irmão da Aurora, conhece ela melhor que ninguém.
Caio assente meio confuso devido ao meu nervosismo.
— Eu gostaria de pedir sua ajuda. — Digo por fim.
— Minha ajuda? Com o quê? — Ele coloca as mãos no bolso da calça. Parece genuinamente curioso.
— Eu quero pedir sua irmã em namoro. — Falo rapidamente e passo as mãos pelo cabelo devido ao nervosismo.
Caio pareceu surpreso. Ele fica em silêncio por alguns instantes. Seu rosto está neutro, mas seus olhos estão com um leve brilho que não sei identificar.
— Não sei ao certo o que há entre vocês dois. Mas você provou ser uma boa pessoa. — Ele apoia a mão em meu ombro e dá um meio sorriso de aprovação — Sei que gosta de verdade da minha irmã. Eu percebo o modo como você a trata. Eu quero a felicidade dela. Então, eu aprovo, e acho que posso ajudá-lo com isso.
— Obrigado! Quero que essa noite seja perfeita. Penso em pedir a mão dela enquanto encaramos o céu estrelado — Murmuro com um sorriso no rosto.
Lembro-me de quando estávamos no parque pela última vez, quando conversamos e comemos os lanches.
Passo meu número de celular para o Caio.
— Depois combinamos o resto por mensagens. Por enquanto, apenas não diga nada a ela. Quero que seja surpresa. — Peço para ele — Caio aperta meus ombros em compreensão.
— Pode deixar. Vou fazer isso.
Passo as mãos suadas por minha calça, e logo avisto Aurora e a melhor amiga conversando. Elas estão apenas a alguns metros de distância. Me aproximo mais das duas e abraço a menina de olhos castanhos-dourados por trás, surpreendendo-a.
Aurora abre um sorriso quando me vê. Laura parece surpresa, mas não diz nada.
— Desculpa atrapalhar, senhoritad. Só quero checar se está tudo bem ou se precisam de algo.
— Eu tô bem — Aurora diz rapidamente. Ainda estou com meus braços ao redor de sua cintura. Ela parece não perceber ou não se importar com algumas meninas à espreita nos olhando com inveja devido ao gesto.
— Muito bem, pois Laura está saudável. E você está aqui conosco. — Aurora completa, parecendo ainda mais feliz.
Acho que é a primeira vez que a vejo tão feliz em tanto tempo.
— Você está bem, Laura? — Pergunto para a menina de cabelos cacheados.
Ela que assente ainda meio hipnotizada.
— Então, estou indo. — Dou um beijo na bochecha da Aurora e uma despedida para Laura.
AURORA
— Eu não acredito! Vocês estão namorando?
— Não estamos namorando.
— Não acredito! — Laura cruza os braços sobre si — Vocês parecem estar namorando.
Dou uma risada sincera ainda encarando minha melhor amiga.
Meu Deus, como eu senti falta disso.
— Não estamos.
— Vocês já se beijaram?
Engulo em seco.
— Sim. — Digo apenas.
— O quê?! — A expressão em seu rosto é perplexa — Por que não me contou? Sou sua melhor amiga! — Ela vira o rosto, decepcionada.
— Eu sei. Me desculpa. Eu queria, mas não tive a oportunidade devido aos últimos acontecimentos.
Um.
Dois.
Três...
E agora vão vir as enxurradas de perguntas.
— Como, quando e onde?
— Calma — Encaro minha amiga com firmeza — Vou responder todas às suas perguntas.
Laura apenas assente de modo distante. Seus olhos estão grandes e cheios de curiosidade e expectativa.
— Quero saber de todos os detalhes sobre beijo! É uma pena que você não me contou antes, mas nem tinha como, pois eu estava em como. Então eu te perdoo!
Dou uma risada. Então conto para minha melhor amiga sobre o lago, o beijo e o modo como a camiseta de Patrick se acomoda perfeitamente em meu corpo. Laura solta um suspiro quando termino.
— O amor é lindo!
Assinto, sem saber ao certo o que dizer.
— Então — Tento mudar assunto — Me diga como é estar em coma?
— É como ver sua vida passando pelo seus olhos e você não poder fazer nada para mudar isso. É frustrante. — Laura solta um suspiro. Aperto a mão dela em sinal de compreensão.
— Deve ter sido difícil para você.
— Foi sim, mas deve ter sido mais ainda para vocês. Eu vi vocês todos os dias sofrendo. Eu me senti tão triste por não conseguir ajudar vocês. Por não conseguir me ajudar.
Assinto cabisbaixa. E, então, Laura continua:
— Sinto muito por não ter te contado sobre Melissa antes. Eu só... Não sabia como dizer. É um assunto delicado.
— Tudo bem. Eu deveria ter percebido antes. Mas você pode contar agora, não pode?
Laura assente.
— Éramos boas amigas no ensino fundamental. Porém nos afastamos por motivos pessoais e paramos de falar.
Ela não fala mais nada, mas sei que não é apenas isso. No entanto, não a pressiono.
— Então você me perdoa? — Questiono insegura. Já perguntei isso um milhão de vezes, mas nunca parece ser suficiente. Pelo menos, não para mim.
— Não há nada para perdoar. — Laura responde, e segura minha mão — Você fez o que achou necessário para me proteger. Eu admiro isso. Mas agora chega de pedir desculpas e me agradecer, está bem? Eu não fiz isso para receber elogios, eu fiz isso porque é o certo, porque você é minha melhor amiga. Eu faria novamente mil vezes se fosse necessário.
— Estou com saudades. — Patrick sussurra no telefone.
— Não faz mais que algumas horas desde que você me viu. — Digo com um meio sorriso.
— Um minuto longe de você é como a eternidade.
Sorrio mais um pouco, com o telefone ainda na orelha. Eu e Patrick passamos a conversar pelo telefone constantemente desde que ele passou o número para fazermos o trabalho de Biologia.
— O que vai fazer essa noite? — Patrick pergunta. Escuto um ruído do outro lado da linha como se ele estivesse se movendo.
— Assistir netflix enquanto como um pote de sorvete?
— Que depreciação, Aurorinha — Patrick diz, com a sua voz rouca.
— Tem coisas melhor que assistir e comer guloseimas?
Essas coisas são um paraíso para mim.
— Existem muitas coisas para fazer além disso. — Patrick diz, percebo que sua voz se torna maliciosa.
— Fale por você. — Digo, sem saber ao certo o que dizer. É claro que eu sei o que isso significa, mas não estou pronta para ter essa conversa. Pelo menos, não agora. Sei que nos beijamos... E, pode apostar, foi muito bom. Mas não sei se estou pronta para ir mais além.
Termino de arrumar algumas roupas do meu quarto. Agora é período da tarde e eu resolvo limpar meu quarto.
Ligo o viva-voz e deixo o telefone na cama. Abaixo para pegar uma camiseta que está no chão bem na hora que a porta do meu quarto se abre.
— Eu quero te ver — Patrick fala ao telefone no exato momento em que minha mãe entra no quarto.
— O que você disse? — Escuto a voz da mãe soar pelo local.
Me levanto rapidamente — quase batendo a cabeça no guarda roupa —, e com rapidez desligo a chamada. Minha mãe me encara confusa devido minha atitude.
— Não entendi, filha. — Ela diz novamente, quando adentra o quarto. Suas sobrancelhas estão arqueadas. Ela está com um avental sujo de farinha. Seus cabelos estão presos em um coque. — O que você disse?
— Eu quero comer! — Digo rapidamente, sem fôlego para minha mãe que me encara com uma expressão confusa — Foi isso que eu disse.
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