Capítulo 33
AURORA
Abro as portas duplas do lugar. Cada passo abre uma fenda em meu coração. Patrick me trouxe para cá e com um beijo na testa se despediu.
Me aproximo de onde Laura está. Não sei como consigo. Mas estou ao seu lado agora. Seu pequeno corpo está com vestes específicas do hospital. Seu rosto está pálido e suas feições suavidas por causa do sono profundo. Sinto um nó na garganta e no peito. Seguro sua pequena mão, que se encontra fria em minha pele.
— Por que você fez isso? — Sussuro quando fico do seu lado — Por quê?
Aperto mais forte sua mão. Lágrimas molham meu rosto, mas não me importo.
— Você é tão boa, Laura. Eu não mereço sua amizade... — Murmuro com a voz embargada. Me ajoelho na sua frente — Me perdoa, por favor, me perdoa.
Cometi muitos erros na minha vida, mas não há outro que me arrependa tanto quanto esse.
— Te abandonei na primeira oportunidade que tive. E você sempre esteve comigo. Me apoiando e ajudando.
Meu rosto está úmido, dou um beijo delicado em sua pequena mão.
— Eu sou uma covarde. Eu sempre faço isso. Magoou as pessoas que amo. Eu sempre estrago tudo... Gostaria de ter te contado antes, mas eu tive medo. Eu sempre tenho.
Então conto tudo. Mesmo sabendo que Laura não vai escutar. Eu preciso apenas falar. Dizer a verdade antes que isso me sufoque por completo. Com sussurros digo sobre a visita até o cemitério, o sequestro, a ameaça e por fim a ligação.
— É tudo culpa minha... É tudo culpa minha, por ser uma babaca egoísta. — Repito sentindo lágrimas rolarem pelo meu rosto — Eu deveria ter prestado atenção em você. Eu deveria ter escolhido você... deveria ter feito diferente, independente das consequências, e agora eu me arrependo.
Longos minutos se passam. Apenas fico ao lado dela, apertando sua mão, enquanto lágrimas quentes jorram pelo meu rosto.
— Eu sei que você vai conseguir sair dessa, Laura. — Murmuro para a menina de cabelo cacheado ao meu lado — Se não por mim. Por ele. — Digo me referindo ao meu irmão — Faça isso nem que seja por ele...
Não sei quanto tempo se passou, mas acabei adormecendo ao lado de Laura. Me espreguiço ao sentar-me ainda na cama. Encaro-a novamente. Ela se encontra do mesmo jeito desde que eu a tinha visto antes de cair no sono.
Por quanto tempo ela ficará assim?
Ainda estou encarando-a, quando sinto alguém entrar no local. Viro meu rosto apenas para ver quem é.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunto rapidamente ao me levantar.
Com passos rápidos, Melissa entra no quarto de hospital, e se aproxima de Laura.
— Isso é tudo culpa sua! — A ruiva dispara com raiva ao parar e apontar para mim — Era para ter sido você não, ela!
— Por que você tá aqui? — Minha voz é um é um turbilhão de sentimentos.
— Você acha que estou aqui por você? — Ela dá um riso de escárnio — Nem tudo é sobre você, Aurora. — Ela cruza os braços sobre o corpo, e em seus olhos claros há ódio.
Melissa dá uma pausa antes de continuar.
— Eu e Laura éramos amigas antes de você chegar e rouba-lá de mim. — Com profundidade me encara enquanto profere às palavras. — E ela te salvou! É você que deveria estar nessa cama em coma, e não ela!
Tento me equilibrar em meu próprio corpo e tento não demonstrar a total surpresa e o choque que me atinge como ondas fazendo-me paralisar.
— Como assim? — Murmuro confusa.
Mas ela não diz nada, apenas se aproxima mais de Laura.
Ela está... chorando?
— Boba — Melissa diz para Laura com pesar — Deveria deixar essa daí morrer! — Ela aponta para mim sem me encarar.
Sinto minhas narinas dilatarem e minha paciência se esvaindo.
— Melissa, acho melhor você ir embora...
— Quem é você para me mandar embora? — Melissa diz rispidamente com aquela autoridade que apenas ela tem. Ela volta aqueles olhos profundos para mim.
— Eu sou a melhor amiga dela! — Digo firmemente ao cerrar os punhos.
— Melhor amiga? — Melissa pergunta de modo debochado. Ela levanta as sobracelhas como se dissesse o contrário.
— Sim. — Desvio o olhar. Sinto meu estômago se revirar com o mingau que comi hoje de manhã — Eu sou.
— Ah, por favor, que tipo de melhor amiga você é? Laura só ficou com você por dó. — Melissa me olha de cima a baixo com um olhar desdenhoso — A menina triste e sozinha que perdeu o papai. Patético! — Ela cospe as palavras na minha cara.
Com o coração disparado, levanto meu punho e dou um tapa na cara de Melissa que não está muito longe de mim. Ela rapidamente leva à mão para a sua bochecha. O ato foi impulsivo... Mas não me arrependo.
Melissa apenas me encara surpresa. Ela está com as mãos no rosto, no local atingido.
— Sai daqui. —Digo firme ao endireitar a coluna — Agora!
Já estou me preparando para a surra que Melissa vai me dar, mas ela apenas me olha com raiva e sai batendo os pés pelo corredor.
Consigo sentir que lágrimas quentes escorrem por todo meu rosto. Mesmo não querendo, um sentimento familiar de tristeza me invade. Levo os braços ao redor da minha cintura.
Quando eu perguntei se elas se conheciam, no dia que conheci Laura, ela falou que era uma longa história... Não dei muita atenção, até porque não achei que fosse algo sério. Mas se o que Melissa disse for verdade...
Tento não pensar muito nisso. Às perguntas viriam depois, agora eu só preciso estar ao lado de Laura. Porque uma vez não estive, mas agora vou estar. Pela nossa amizade.
Com o coração apertado dentro do peito dou um pequeno suspiro trêmulo ao limpar as lágrimas quentes do meu rosto. Observo o lindo rosto de Laura conforme acaricio suas lindas madeixas.
— Uma vez, você me disse que eu não precisava ser forte o tempo todo. — Encaro-a com carinho devido a memória — E eu segui seu conselho. — Agora, Laura, eu peço para você fazer o contrário. Aperto sua mão com mais firmeza, querendo que ela retribua ao toque — Agora, eu preciso que você seja forte.
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