Capítulo 32
AURORA
Viro meu rosto em um único movimento, e encontro Patrick dormindo ao meu lado. Algo dentro de meu peito se agita quando noto seu lindo rosto suavizado pelo sono.
Recordo do que aconteceu. Do atropelamento. De laura. Tento controlar as batidas frenéticas do meu coração à medida que encaro seu rosto, sua expressão é convidativa e tenho vontade de encará-lo o dia inteiro.
Decido não pensar muito nisso. Me aproximo perto de Patrick, não consigo me conter, para sentir seu cheiro de menta. Inspiro ar, quero mantê-lo mais tempo em meus pulmões.
— O que você está fazendo? — Patrick pergunta, sem abrir os olhos.
Sufoco um grito na garganta devido ao susto. Me afasto rapidamente dele conforme levo a mão ao meu coração que está completamente acelerado no peito.
— Você não está dormindo? — Pergunto, um pouco ofegante com as mãos ainda no peito.
— Você também não. — Ele observa.
Patrick abre os olhos e me encara, seus olhos negros estão com um leve brilho. Encaro-o perplexa e tento não parecer muito surpresa. Um silêncio constrangedor se instala no local.
Ele se aproxima e corta a distância que há entre nós.
— Você está muito assustada, Aurorinha. — Ele sussurra próximo a minha orelha.
— E você — Digo, tomando liberdade — Você fica melhor dormindo. — Concluo com um sorriso, o que faz Patrick soltar um riso sincero. Nos encaramos profundamente, e, sem aviso, Patrick, roça de leve seus lábios nos meus. Um movimento suave e carinhoso. Como se apenas para senti-los.
Menta me atinge imediatamente. Um profundo desejo reverbera por todo meu ser. Sua boca é macia, quente e rodeia a minha. Ele move carinhosamente nossos lábios como se fosse uma melodia, uma canção, que sabemos de cór. Tento não suspirar quando ele morde meu lábio inferior e se afasta. Ele me encara com repleto desejo. Acho que estou fazendo o mesmo.
Passo a mão pelo seu cabelo. Não consigo pensar em mais nada. Agora, não consigo pensar em mais nada apenas em Patrick. Desde que nos beijamos no lago, não paro de pensar nele. No quanto é bom estar com ele e que esse sentimento dentro de meu peito cresce cada vez mais. É desejo, mas também algo a mais. Algo que eu não sei explicar, mas quero sentir.
— Você precisa comer. — Patrick murmura ao se levantar. Ele coloca uma bandeja com café da manhã perto de mim. Com um aceno de cabeça pego o mingau servido e apenas com uma colherada tento não vomitar. Bebo o suco de laranja em seguida afasto a bandeja. Tento não fazer uma careta no processo.
— Hm... — Murmuro, tentando soar convincente — Esse mingau está bom. Mas estou sem fome.
Patrick me lança um olhar inquisidor
Ele pega uma muda de roupa e percebo que a roupa é minha. O conjunto é básico. Uma camiseta regata, uma legging e meu tênis All star favorito. Ele deixa as roupas do meu lado. Sem perder tempo pego o tecido macio conhecido. Seguro-as com carinho devido a saudade que estou delas.
— Se quiser se vestir, estou esperando lá fora. — Patrick diz antes de sair.
Assinto que sim. Tentando não suspirar de alívio. Coloco as peças de roupas em meu corpo. Não faz mais que três dias que estou ali, mas parece uma década.
Estou sentindo falta do meu quarto. Da minha cama. Logo estou calçando os sapatos, e com um suspiro me levanto.
Caminho até a porta e abro-a. Logo encontro o menino de cabelo negro casualmente com às mãos no bolso. Ele está distraído. Não consigo impedir meus lábios que se repuxam em um sorriso verdadeiro. Me aproximo mais dele. Ele percebe minha presença e sorri. Caminhamos até a sala de espera do hospital. Logo encontro Caio, seu semblante é indecifrável.
— Onde está ela? — Pergunto não conseguindo controlar a ansiedade. — Já passou dois dias, posso vê-la agora?
Já esperei por muito tempo. Preciso vê-la. Não quero mais perder nem um minuto. Eu preciso conversar com minha melhor amiga. Preciso me explicar.
Meu irmão desvia o olhar e sinto meu peito se acelerar. Engulo em seco.
— É melhor irmos para casa... — Caio balbucia apreensivo.
Sinto meus pés ficarem pesados e minha boca fica seca como papel.
— Não vou sair daqui sem vê-la. — Minha voz é firme.
E é verdade.
— Tudo bem — Meu irmão diz depois de um suspiro trêmulo — Mas eu preciso te dizer algo sobre Laura e espero que você entenda — Ele passa a mão pelo cabelo castanho, um gesto que demonstra nervosismo e insegurança.
Franzo a testa conforme ele profere as palavras.
— O que está acontecendo?
— Ela está em coma. — Ele diz rapidamente, como se não conseguisse se conter. O olhar dele se torna distante... e triste.
— Não. — Digo rapidamente — Isso não é verdade.
Me viro para Patrick, encaro-o com olhos arregalados. Ele apenas me encara com angústia.
Não. Não pode ser.
— Não é verdade. Não é verdade... Me diz que não é! — Quando vejo estou gritando.
Com desespero levo as mãos para a cabeça, o coração acelerado dentro do peito.
— Por que você não me disse isso antes? — Minha voz ficando baixa e falha — Você disse que tudo ficaria bem. Eu acreditei em você!
— Eu... queria ter certeza que você estava bem antes de dizer. — Meu irmão apoia a mão em meu ombro em sinal de solidariedade. — Me desculpe. Eu deveria ter falado, mas eu não consegui.
Balanço a cabeça em negação com mágoa brilhando em meus olhos.
— Você escondeu isso de mim. Você falou que ela ficaria bem! Você falou para eu confiar em você, e eu confie. Você mentiu!
— Maninha... Por favor, não precisa ser assim...
Um nó se forma pela minha garganta, sinto meus joelhos fraquejarem. Me sento no primeiro banco que encontro pela frente. Lágrimas quentes já começam a adornar meu rosto e uma dor conhecida se instala em meu peito.
— Não. — Sussurro a medida que encaro o chão — Não é ela. É outra pessoa.
Tudo isso é um pesadelo. Tem que ser.
Sinto uma mão apertar carinhosamente meu ombro. Não preciso levantar o olhar para reconhecer a presença reconfortante de Patrick. Levanto meu olhar para encará-lo.
— Você também sabia. E não me contou. — Minha voz contém mágoa — Eu fui a última a saber!
— Aurora... — Patrick começa, a voz aflita.
— Não — Digo firme, ainda encarando o chão — Eu quero acordar. Eu quero acordar desse pesadelo. Por favor...
Sinto algo molhado em meu rosto. Estou chorando. Levo a mão em meu coração, a dor começa a preencher cada parte do meu corpo.
Sinto braços fortes me agarrando.
— Sinto muito... — Patrick sussurra, sua voz é angustiante e arrependida.
Ele se abaixa apenas para conseguir me encarar. Em seus olhos escuros há um brilho indecifrável. Sua expressão dolorosa, não consigo encará-la por muito tempo.
— Vem. Eu te ajudo. — Patrick sussurra. Ele segura meu antebraço esquerdo. E me levanta, mas completa toda a ação com.
Não digo nada. Não há palavras. Há apenas um nó em minha garganta. Um vazio em meu coração. Patrick engole em seco. Ele fica em silêncio apenas alguns instantes.
— Vou levá-la para onde ela está.
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