Capítulo 29

AURORA

Sinto alguém me observando e viro o rosto, meu olhar rapidamente encontra o de Richard e sinto a bile subir a garganta. Quase todo rosto dele agora está coberto de ferimentos já cicatrizados devido a surra que levou de Patrick.

Sinto uma mão apertar carinhosamente meu ombro e me viro a tempo de ver olhos negros me encarando com cautela, mas também há carinho neles. Em resposta aperto sua mão.

Ao bater o sinal suspiro de alívio. Me levanto rapidamente conforme me afasto da sala de aula. Patrick logo atrás de mim. Ele está com a veste habitual preta e as mãos no bolso da calça. Solto um suspiro que não sabia que estar guardando quando avisto Laura na saída do colégio.

— Oi... — Murmuro ao me aproximar.

— Olá. — Laura me encara com carinho.

— Vamos para minha casa? — Pergunto meio hesitante — Eu prefiro conversar sobre isso lá.

Laura assente que sim com a cabeça. Patrick segura minha mão e dou um meio sorriso para ele. Andamos para fora do colégio. Observo Patrick soltar minha mão para pegar um objeto que caiu no chão. Ele assente para que eu continue meu trajeto. Fico um pouco a frente de Laura. Estamos caminhando normalmente pela estrada de Porto Real, quando...

— Cuidado! — Escuto a voz de Laura.

Foi tudo muito rápido...

No primeiro momento, eu sinto dor por todo meu corpo, principalmente no joelho. Sufoco um grito na garganta quando tento me mover. Com tontura, levanto a cabeça e meus olhos se arregalam de puro pavor quando vejo o corpo de Laura estatelado no chão à poucos metros.

Não.

Não pode ser real.

É apenas mais um daqueles pesadelos.

Tem que ser.

Tento me levantar do chão, tento com todas as forças, mas não consigo. Sinto ondas ondas latejantes reverberando por todo meu corpo conforme tento me locomover em direção à minha melhor amiga.

— Laura... — Arquejo de dor à medida que me rastejo para onde ela está. Meu corpo dolorido e minha cabeça lateja — Por favor.

— Laura... — Repito com a voz embargada quando ela se mexe — Por favor, me responde.

Se Laura morrer....

Não cogito pensar nisso.

Lágrimas desce como cascata pelo meu rosto, na qual faz minha visão ficar embaçada. Minha garganta se fecha conforme chamo Laura e solto chiados de dor. 

— Se mexa. Se mexa... Por favor.

Meu coração se quebra em milhares de pedacinhos quando não vejo resposta. Agora meu choro é dolorido e angustiante. Solto um grito quando sinto mãos fortes me segurarando e me puxando.

— Aurora, não se mexa, por favor — Patrick diz, a voz falhando ao se aproximar de mim.

Viro meu rosto para encará-lo. Quase não o vejo devido as lágrimas que embaça meus olhos.

— Laura — Choramingo apontando para onde seu corpo está. — Ela... ela não tá se mexendo... Ajude ela. Por favor. — Mais lágrimas descem do meu rosto e minha voz embarga de medo e dor.

Patrick desvia o olhar para encarar onde eu estou apontado.

— Patrick... Por favor... — Começo novamente.

— Está tudo bem. Ela vai ficar bem. — Ele me encara com olhos preocupados. — Ela está viva. Não se preocupe.

No entanto, não senti verdade em sua voz. No mesmo momento, minha cabeça lateja mais forte. É como se tivesse acertado-a com um martelo. Está tudo embaçado e escuro. Não consigo manter meus olhos abertos. 

— Ei! Fica comigo. — Patrick murmura aflito ao me segurar mais firme  — Fica comigo, por favor, Aurora — sua voz não passando de um sussurro e um apelo — Por favor...

Patrick pega seu celular. Ele disca no aparelho e o pressiona na orelha. Consigo sentir uma pequena multidão se reunindo pelo lugar e mumurmos assustados. Vejo lágrimas que agora adornam o rosto aflito de Patrick. O abismo de seus olhos estão completamente desesperados. É angustiante até mesmo ver. Ele mexe rapidamente pelos fios de cabelo.

Eu achei que tivesse passado por coisas terríveis e assustadoras. Mas ao olhar Laura caída no chão coberta de sangue, e Patrick chorar com olhos tão aflitos... Eu sei que isso é mais apavorante do que tudo de ruim que já presenciei.

Meu coração fica apertado dentro do peito. Não consigo impedir o choro que cresce em meu peito cada vez mais. Nem a dor que lateja em meus músculos e na minha alma.

Eu quero que isso acabe.

— Está tudo bem. Não se preocupe — Patrick sussurra ao acariciar meu cabelo — Sem retorno ele desiste de fazer a ligação. Ele me segura mais forte, e beija minha testa — Não precisa ter medo, minha luz. Eu estou aqui. Nada de ruim vai acontecer com você. Eu prometo.

CAIO

Não consigo prestar atenção na aula ao pensar na conversa que tive com minha irmã. É claro que eu confio nela, mas isso não faz com que eu me sinta menos preocupado ou que diminua meu medo.

Rápidamente, Laura se levanta e sai da sala com passos apressados. Arqueio às sobrancelhas à medida que encaro ela se afastando. Ela parece melhor.

Tento encontrá-la, mas a perco de vista.

Solto um suspiro de alívio quando me levanto e caminho pelos corredores. Charles, Katie e Kauã já foram embora. Provavelmente, algum rolê que eu não dei muita importância de aceitar.

Me aproximo da saida do colégio com dificuldade.

Por que há tantas pessoas reunidas aqui?

Os murmuros ficam mais conforme eu desvio das variedades de corpos presentes. Passo por mais uma pessoa quando levato meu olhar e percebo o motivo do tumulto.

Paro subitamente. Prendo o fôlego.

Meu coração se quebra no exato momento em que noto os corpos ensaguentados de Laura e Aurora no chão cinzento. Sinto um nó se formar na minha garganta e meu estômago se revira. Meus passos são pesados e rapidamente se movimentam em direção a Laura que está semi-inconsciente. Sua pele está palida e tem sangue espalhado por toda sua lateral.

Caio de joelho ao seu lado, parando a poucos centímetros de seu corpo.

— Laura. — Murmuro assustado, ao segurar seu corpo frágil. Seus cílios piscam levemente, mas foi o único movimento que ela faz. — Laura, fala comigo — Falo mais uma vez, com a voz falhando enquanto segur9 seu rosto. — Qualquer coisa. Apenas fala comigo. Ok?

Desesperado por não ter respostas, passo as mãos pelo cabelo. Meu peito é um amontoado de batidas frenéticas. Um sentimento avassalador toda conta de todo meu corpo. Eu quero gritar. Eu quero chorar. Eu quero que Laura me responda. No entanto, tudo que vejo é um amontoado de pessoas que encaram e não fazem nada.

— Chamem uma ambulância! — Grito alto o suficiente para qualquer um escutar.

— Estou tentando! — Diz um menino de cabelo pretos e rosto aflito. Ele está ao lado de minha irmã.

Assinto de modo distraído, ainda observando o rapaz. Quando sinto à menina à minha frente balbuciar, abaixo novamente meu olhar.

— Laura — Sussuro ao segura-lá mais firme. — Você tem que viver.

Se Laura não viver... Nao completo o pensamento.

— Viva, por favor, apenas viva.

Com passos doloridos e hesitantes, vou em direção a Aurora que está a poucos metros de Laura.

— Maninha. — Figo com a voz falhando ao segurar sua mão.

— Caio... — Aurora murmura ao tentar se mover — Eu queria ter te contado... Me desculpa ter mentido para você. Eu queria ter te contado...

— Não se esforça, Ok? Está tudo bem. — Falo baixo enquanto acaricio seu rosto.

Uma pequena lágrima escorre pelo rosto de minha irmã. Acho que estou chorando também.

— A ambulância chega em cinco minutos. — Diz o menino de cabelos escuros e olhos negros.

O menino, cujo nome não sei identidicar, se aproxima mais de minha irmã. Segurando-a firme.

— Vai ficar tudo bem, minha luz. — Ele beija as lágrimas que escorrem pelo rosto dela. — Você consegue.

Quem é ele?

Encaro-o confuso, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa escuto Laura arquear de dor à poucos metrôs de mim. Com passos cambaleantes vou ao seu encontro.

— Eu estou aqui. — Murmuro ao apertar sua mão — Eu estou aqui. — Repito ao passar o polegar por sua bochecha. Tento controlar o coração acelerado no peito e o crescente medo nas veias, enquanto a puxo para mais perto de mim. — Não tenha medo, minha garota.


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