Capítulo 26

AURORA

Depois da minha confissão, não há mais volta. Mas não me importo. Não vou me privar de passar esses momentos incríveis com Patrick. Mesmo que não tenhamos nada sério... Sei que é verdadeiro. Então vou me permitir.

Ainda caminhamos pelas estradas esburacadas de Porto Real. Patrick está me levando para o lugar que ele mencionou no fundo do colégio. Obviamente não é o parque, pois não fica tão longe assim.

— Estamos chegando? — Pergunto ansiosa.

— Quase. — Patrick murmura perto da minha orelha e sinto um arrepio por todo meu corpo. Ele está tapando meus olhos com suas próprias mãos para me impedir de ver a "surpresa".

Nervosa, entrelaço as duas mãos em frente ao corpo. É diferente, de certa maneira. Das outras vezes eu não sabia ao certo o que sentia por Patrick. Agora eu sei.

— E agora?

— Calma — Patrick sussurra contra minha orelha. Seu hálito quente de mente arranha minha pele, pouco antes de um leve sorriso estender-se pelos meus lábios.

— Não é outro cachorro não, né? Tipo, eu gosto da Star, mas ela cagou no meu tênis favorito. — Faço uma careta ao me lembrar da cena.

— Não é um cachorro! — Patrick completa rapidamente — Nem um lanche.

— Ah... — Murmuro em decepção, mas ainda assim curiosa sobre o que é.

Sinto algo macio sob a sola do meus pés. Seria grama? Não sei ao certo.

— Pronto.

Estou tão distraída que nem percebo Patrick soltar as mãos do meu rosto. Não consigo esconder a surpresa ao encarar a paisagem.

— É lindo... — Balbucio com olhos brilhantes. Estou sem palavras, só consigo admirar o lago à minha frente e o verde ao redor.

— Conheci esse lago não faz muito tempo. Ele é um dos meus lugares preferidos, além do parque. — Patrick parece contemplar o lugar.

Observo a pequena floresta ao redor. Aprecio o modo como a água límpida do lago se move com a brisa, enquanto aproveito a sensação suave do vento que acaricia meu rosto. Me sento no deque e coloco meus pés descalços na água gelada.

Patrick dobra as calças até os joelhos e se aproxima. Tento, sem sucesso, desviar o olhar de seu abdômen quando ele tira a camiseta.

Oh, céus...

— Gostou? — Patrick abre um sorriso reluzente.

— Do lago ou de você sem camisa? — Questiono, não conseguindo esconder o sorriso também.

Patrick parece estar decidindo entre ficar surpreso ou contente devido ao comentário. Ele se aproxima mais de onde estou, o que faz nossos joelhos se tocarem.

— Se quer que eu tire minha roupa, Aurorinha... Eu faço com muito prazer.

Noto minha pele corar e engulo em seco. Com dificuldade, desvio meus olhos de sua imagem.

— Tanto faz. — Murmuro distraidamente. Sei que não é tanto faz... Mas só permaneço encarando a água e a maneira como se move sobre meus pés.

— Quer entrar? — Patrick pergunta repentinamente.

Levanto as sobrancelhas em sinal de confusão.

— Não tenho roupa reserva.

— Tanto faz — Ele diz com um sorriso nos lábios ao dar de ombros e pular na água, fazendo uma cambalhota no processo e rindo por ter usado meu próprio comentário contra mim.

Patrick se banha com a água conforme mergulha e volta para superfície, jogando um punhado de água pelos cabelos e abdômen. Tento segurar meu queixo que provavelmente está no chão a essa altura.

— Tem certeza que não quer entrar? — Ele pergunta novamente, dessa vez convencido.

Será que devo?

— Ah, dane-se. — Murmuro para mim mesma ao me levantar, prender o nariz e puxar os fios de cabelo para trás do meu rosto. Pulo na água com roupa e tudo.

A água refresca minha pele quente, e o vento gélido do fim da tarde colide em meu rosto. Mergulho uma vez, depois outra, e outra. Me sinto liberta, como se todas as amarras que me prendessem fossem, de fato, rompidas.

Emito um suspiro de alívio ao ressurgir na água depois de um momento submersa. Patrick se aproxima de onde estou, me encara e por um instante o mundo parece parar.

— É boa, não é? — Ele me estuda com aqueles olhos profundos — Essa sensação.

A qual delas ele se refere? À que o lago proporciona ou...?

Assinto, sem saber ao certo. Ao perceber meus dentes trincando pelo frio, Patrick diminui a distância entre nós, quase colando nossos corpos. Mesmo na água, consigo sentir seus músculos ao redor de mim. Sem palavras, apenas continuo observando as gotas de água que deslizam por seu cabelo.

Patrick segura meu rosto e passa o polegar por minha bochecha. Ele me encara com seus olhos negros profundos, me fazendo perder a força das pernas. Posso sentir o desejo exalar por cada poro do meu ser. Há apenas nós. Esse momento é infinito. E eu me sinto assim.

Alterno o olhar entre seus olhos e sua boca. Algo dentro do meu peito começa a fervilhar.

— Posso? — Patrick sussurra a poucos centímetros de distância.

Sem pensar duas vezes, confirmo com a cabeça. Patrick se inclina e encosta nossos lábios, unindo-os em um beijo. Sua boca está quente contra a minha. Nossas línguas se juntam em um único movimento, como se já houvessem experimentado uma à outra diversas vezes.

Ele suspira de prazer quando abro mais a boca para que ele possa explorar cada parte dela, enquanto mordo meu lábio inferior tentando evitar um gemido conforme aprofundamos o beijo. Agora se torna intenso...

Nossas línguas se movem como uma coreografia que sabemos de cór. Ele mordisca meu lábio inferior antes de se afastar, ainda segurando meu pescoço.

Com a respiração ofegante devido ao beijo, nos encaramos com profundidade. Por longos minutos, ficamos apenas assim.

Parece ser o suficiente.

— É melhor sairmos antes que você pegue um resfriado. — Ele diz já se movendo.

Ainda hipnotizada, concordo com a cabeça e nado ao seu alcance. Patrick sai primeiro do lago e me ajuda a subir no deque.

— Você deve estar com frio. — Ele continua, parecendo preocupado.

Minhas mãos estão ao redor de meus braços para gerar um pouco de calor. Patrick pega sua camiseta preta e a estende em minha direção.

— Pode pegar. — Ele oferece.

— Não precisa... — Murmuro, meio sem jeito.

— Apenas pegue. Você já usou meu moletom no parque, lembra?

Afirmo, hesitante. Em seguida, meus dedos se movem em direção à camisa.

— Você pode virar para o outro lado, para eu me trocar?

Patrick assente e vira de costas.

Tiro minhas roupas e as deixo no chão. As roupas íntimas também estão encharcadas, mas por enquanto é isso ou nada. Visto sua camiseta sobre meu corpo, apreciando a sensação da textura seca na pele molhada. O tecido acentua minhas curvas e deixa minhas pernas à mostra.

— Pronto.

Patrick se vira e me analisa de cima a baixo. Seus olhos levemente arregalados. Sua boca entreaberta. Ele passa a língua pelos lábios, umedecendo-os.

Cruzo meus braços em frente ao corpo e sinto minhas bochechas esquentando.

— Ficou melhor em você. — Ele diz por fim ao se aproximar e dar um leve sorriso — Ficou muito melhor em você.


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