III
●Último capítulo, boa leitura.
III
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Quanto tempo se passou desde aquele primeiro encontro? Liza não se lembraria, não quando tudo o que veio a ocorrer foi muito melhor.
O encontro com Todoroki foi apenas o começo de sucessivas saídas promissoras. Ele a olhava de uma forma tão complexa, como se tentasse desvendar cada linha de seu ser, e era retribuído em igual intensidade. Havia algo nos olhares que trocavam, uma conexão silenciosa que os atraía, mesmo sem palavras.
Lizayumi nunca imaginou que um encontro com um estranho pudesse marcar o início de um nova fase em sua vida. Tudo o que passou, todos os abusos que sofreu, realmente foram soterrados por novas vivências, momentos que a fizeram redescobrir quem ela realmente era. Todoroki não apenas a ajudou a recuperar a confiança que tinha perdido, mas também mostrou que havia um mundo além da dor que ela conhecia. E ele não estava muito diferente, dando passos cada vez mais longos em direção a deixar o passado onde deve ficar.
A relação de Todoroki com sua própria família era um campo minado, repleto de lembranças dolorosas. Crescer sob a sombra de um pai tirânico, que via em seus filhos apenas instrumentos para realizar suas ambições, deixou marcas profundas em seu coração. As cicatrizes não eram apenas físicas; eram também emocionais, invisíveis para a maioria, mas sempre presentes em sua mente. O peso de presenciar os abusos sofridos por sua mãe, o ódio que nutria pelo fogo que queimava em seu lado esquerdo, tudo isso compunha uma parte sombria de sua alma que ele carregava como um fardo constante.
Mas com Lizayumi, algo começou a mudar. Não foi de uma hora para outra; era como se, a cada encontro, ele sentisse uma pequena parte de si se curando. As conversas que tinham não precisavam ser sobre o passado para que ambos entendessem que havia uma compreensão mútua, um reconhecimento silencioso das feridas que carregavam. Ambos sabiam o que era sobreviver a algo ou alguém que os marcou profundamente, e era esse entendimento que criava um laço invisível.
Não eram mais adolescentes receosos que mantinham as correntes, mas sim heróis que enfrentavam o mal diariamente e lidavam com os desafios de um mundo perigoso e incerto. Bom, pelo menos um deles era. Lizayumi, por sua vez, havia optado por permanecer à margem da grande cadeia de heróis que viviam em constante ascensão. Mesmo assim, ela agia como uma vigilante nas horas vagas, de maneira tão sutil que ninguém suspeitaria que a nova fotógrafa do maior e mais famoso jornal da cidade estava por trás de certos casos misteriosos.
Shoto e Liza poderiam facilmente dizer que o que os uniu foi a habilidade de continuar coexistindo depois de tantos problemas, ou talvez confiar que seus amigos em comum mexeram seus pauzinhos para aproximá-los cada vez mais. Afinal, desde aquele primeiro encontro, quase não tiveram paz de verdade—não quando o assunto era relacionamento, algo que nenhum dos dois estava buscando no momento.
O trabalho de Todoroki como herói o mantinha ocupado, constantemente enfrentando vilões e protegendo inocentes. Ele estava cada vez mais consciente da responsabilidade que carregava, tanto para com a sociedade quanto para consigo mesmo. A pressão de ser filho de Endeavor, de viver à altura do legado de sua família, era algo que nunca desaparecia completamente. No entanto, ele se esforçava para apagar tal traço enquanto subia no ranking.
E quando estava ao lado de Lizayumi, algo lhe dizia que havia encontrado um refúgio. Como se, ele pudesse ser apenas Shoto, sem a máscara de herói ou a sombra do passado.
Lizayumi, por outro lado, se adaptava bem à sua vida como fotógrafa. Ela não precisava dos holofotes para sentir que fazia a diferença. Seu trabalho a mantinha conectada ao mundo dos heróis, mas de uma forma que lhe permitia manter uma certa distância, uma proteção necessária para evitar que o passado voltasse a assombrá-la. Ainda assim, era impossível ignorar a conexão crescente com Shoto, mesmo que ambos resistissem à ideia de um relacionamento.
Eles compartilhavam um entendimento mútuo de suas cicatrizes e do que significava viver com elas. Essa compreensão silenciosa, essa facilidade em estar um com o outro sem precisar de explicações, fez com que continuassem a se encontrar. Se perguntassem a eles, diriam que eram apenas amigos, que as saídas eram simples distrações em meio ao caos de suas vidas. Mas, em seus corações, sabiam que havia algo mais. Algo que crescia a cada conversa, a cada momento compartilhado.
O que começou como um encontro ocasional evoluiu para algo que ambos relutavam em definir. Talvez fosse a sensação de segurança que sentiam juntos, ou a maneira como se entendiam sem precisar de palavras. Lizayumi e Shoto, mesmo sem querer, encontraram um no outro um porto seguro, um lugar onde podiam ser vulneráveis sem medo de julgamento.
E, assim, seguiam lado a lado, navegando por essa nova fase de suas vidas. Não tinham todas as respostas, mas, pela primeira vez em muito tempo, estavam dispostos a descobrir o que o futuro reservava. Afinal, tanto Liza quanto Shoto sabiam que, de uma forma ou de outra, suas histórias estavam entrelaçadas, e talvez o que menos precisassem naquele momento fosse rotular o que sentiam.
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Muito obrigada por ter lido até aqui, esse foi apenas um conto ao qual eu estava louca para escrever e em breve nos veremos novamente com a presença desses dois como um verdadeiro casal em uma Longfic no universo cannon de MHA.
Não deixe de conferir minhas outras obras de Boku no hero academia. Até breve ♡
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