Capítulo 9 - Traidor

Oiê gente, como vocês estão? Prontos para essa atualização?

Obrigada a todo carinho que estão dando a essa versão do RC!

#mamaeschantagistas #ataldamark2

Boa leitura!

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Os últimos dois dias tinham sido esquisitos, poderia nomeá-los como catastróficos, mas nada tão terrível tinha acontecido para isso, pelo menos não externamente. Angie estava melhorando, a pequena ainda ouvia tudo abafado, mas estava ouvindo consideravelmente melhor, em contrapartida seu lobinho ainda pouco desenvolvido estava acuado e temeroso, ele fazia seu interior entrar em pânico praticamente quando ficava sozinha com um de seus irmãos, o que afetou o lobo de suas outras gêmeas. Junghwa e Somin estavam sendo castigadas pelas alfinhas que carregavam dentro de si, o que resultava em crises de choro por parte das três.

Jimin não esperava receber um abraço de uma das duas tão cedo, mas Junghwa estava tão fragilizada, que lhe abraçou de repente atrás de colo, ela não tinha a menor ideia de como lidar com o gênio do lobo ainda, sequer entendia porque ele fazia aquilo para lhe castigar.

— Por que não passa? — Ela questionou enquanto tinha as costinhas sendo afagadas. — Por favor, faça ela parar.

— Oh meu bem, eu queria poder... — O loiro respondeu com o coração doendo ao vê-la daquela forma. — Eu não posso mandar no seu lobo.

— Mas dói muito, Jimin! — Ela lamentou, soluçando.

— Onde dói, princesa? — Olhou nos olhinhos amendoados, sentindo-se despedaçar por ver o desespero dela.

— Eu não sei dizer, é como se doesse tudo, mas ao mesmo tempo não doesse nada.

Lobos são a parte da alma, então era perfeitamente compreensível ela não conseguir apontar o local em que dizia sentir, até mesmo porque não era um tipo de dor física.

— Meu bem, seu lobo deve estar chateado com a atitude que você teve, sabe, você e a Somin são gêmeas da Angie, o que faz a conexão de vocês ser maior que a de irmãos de gestações separadas... — Tentou pensar na melhor forma de explicar para a pequena. — Eu sei que você nunca imaginou que aquilo machucaria a sua irmã, mas seu lobo entendeu que você fez mal a ela e o instinto dele fala mais alto nesse caso, ele vê isso como uma forma de disciplina.

— Mas eu nunca mais vou fazer, ela não precisa fazer isso... — Fungou, limpando as lágrimas que desciam.

— Mas ela não pensa da mesma forma que você, meu bem, lobos não pensam como nós, a função dele é te proteger, mas veja, um lobo não é nada sem a matilha, por isso temos um senso de família tão forte. — Ele acariciou os fios escuros, trazendo-a para mais perto, soando serenamente. — Vou tentar te dar um exemplo, você procura os olhos do lobo do seu pai quando está com medo, não é?

— Uhum... — Ela assentiu, prestando atenção.

— Isso porque o seu lobo é protegido pelo dele, ele é a sua família, parte da sua matilha. Quando você e seus irmãos fizeram aquilo com a Angie, além de machucar ela fisicamente, fez o lobo dela entender que não pode confiar na matilha dela, não pode confiar em você, porque ao invés de protegê-la, você atacou ela. — suspirou quando a pequena abaixou a cabeça. — Seu lobo entende isso e isso faz ele entender que tem que te disciplinar para ser uma boa alfa, porque...

— Os alfas são a figura de proteção de uma matilha. — Ela completou, assentindo. — E eu fiz o contrário de proteger.

— Eu sinto muito, queria poder fazer algo a respeito para você não se sentir mais assim, mas não vai ser para sempre, está bem? Sua alfa vai parar assim que considerar que você entendeu, provavelmente a ômega da Angie também deixe de ter crises de pânico quando passar a fase do susto e sentir que vão proteger ela novamente.

— Como sabe tanto sobre sobre lobos, Jimin? — Ela fungou mais uma vez, mas não chorava mais.

— A gente aprende a lidar melhor com o nosso lobo quando crescemos, ele se manifesta mais vezes e de forma mais forte, por enquanto você é um filhote e somente depois do primeiro cio você começa o processo de amadurecimento, até ele se tornar um lobinho adulto. — Sorriu pelo olhar curioso que ela dava para si. — Eu não sei tudo, mas tem uma área na medicina que cuida de casos feitos pelo lobo.

— E existem muitos? Isso é como uma doença? — Franziu o cenho, inclinando a cabeça para o lado.

— Existem casos mais sérios, casos em que o lobo fica... doidinho, sabe? E tem tratamentos para melhorar, mas não se preocupe, está longe de ser o seu caso. — Avisou antes que ela entrasse em pânico. — Quero que você tente ficar tranquila, tudo bem? Isso vai passar e quando a gente cresce, é mais fácil lidar com eles.

— Por que eles não fazem o que a gente quer? Por que querem ficar mandando?

— Na verdade, eles respeitam muito nossas vontades, quando falamos de romance, por exemplo, pode ser que ele odeie o parceiro, mas respeitam a vontade de estar com ele. — contou, deixando-a surpresa. — Mas veja bem, seu lobo não é seu inimigo, na verdade ele é o que mais te ama, ele é você em emoção pura, sem filtros. O fato dele priorizar a matilha, é pelo motivo de você não conseguir sobreviver sem ela, nossa espécie precisa de ao menos um companheiro ao lado. Pode ser o pai, a mãe, um irmão ou uma irmã, um amigo ou um parceiro, mas precisa de alguém.

— Ter uma matilha grande é algo bom? — Ela parecia cada vez mais interessada no assunto.

— É ótimo, antigamente usavam isso para definir quem governaria um grupo grande de matilhas.

— Eu tenho uma matilha grande e vou me esforçar para ser uma alfa melhor! — Prometeu, arrancando um sorriso do ômega. — Você acha que eu posso ser uma médica que cuida de lobinhos, papa?

— Claro que pode, pequena. — Sentiu seu coração errar a batida ao ouvir do que ela tinha lhe chamado. — E "papa"?

— A Angie te chama assim, eu posso chamar também, né? — Ela abaixou a cabeça envergonhada.

— Sim, pode me chamar como se sentir confortável. — A trouxe mais para perto novamente, abraçando-a carinhosamente.

— Me desculpa por ter sido malvada com você, você é muito legal. — Falou retribuindo o contato, deixando um beijo em sua bochecha. — E seu abraço é quentinho, como um lar.

Houve um momento em que todos os cinco juntos tentaram pedir desculpas a Angie, mas neste momento ela correu para os braços de Jungkook, que suspirou e pediu paciência para as cinco pulguinhas. Consequentemente era uma questão em aberto e o alfa rezava para que se resolvesse antes do aniversário das trigêmeas, já que estava organizando uma festa e não seria bom elas continuarem daquela forma.

A tarde de sábado ao menos estava mais tranquila, os cinco alfinhas tinham voltado do curso de línguas e estavam descansando, enquanto Angie e Wonho estavam desmaiados em suas respectivas camas, o que dava para Jimin um momento de paz, pois tinha tempo o suficiente para se preparar psicologicamente para o jantar daquela noite. Sentia-se à beira do surto e teria um momento para acalmar tudo dentro de si, pelo menos era isso que ele achava.

Ele estava com um cabide em mãos, analisando uma blusa, quando sentiu sua cintura ser envolvida e uma rosa vermelha ser colocada em frente ao seu rosto. Sorriu após se recuperar do susto, pegando a flor com a mão livre.

— Desculpe pela demora. — Jungkook pediu, deixando um beijo em seu pescoço.

— Sei que tudo que você menos queria era uma reunião no sábado. — Riu baixinho. — Obrigado, ela é linda.

— Assim como você. — sussurrou no ouvido.

Sentiu seu corpo estremecer, ao mesmo tempo que sentiu sua barriga ficar estranha, como se estivessem uma infinidade de abelhas voando ali dentro. Riu nervosamente, sentindo suas orelhas queimarem um pouco. Mordeu os lábios de maneira tímida, girando a flor entre os dedos, tentando descontar a sensação.

— Quantas vezes ainda vai me deixar sem jeito hoje? — Respirou fundo, questionando curioso.

— Hum, não sei, até eu me cansar de te ver vermelhinho. — Lhe virou de frente para si. — Não acha que está muito cedo para estar escolhendo uma roupa?

— Não, eu tenho que achar uma que deixe o meu pai calmo, se eu for muito arrumado ele vai me dizer que eu não considero lá minha casa mais, se eu for com algo muito simples vai achar que eu perdi a vaidade e que a paternidade me sugou, o que faria ele ter um surto e não, não seria nada legal. — negou com a cabeça, soltando o ar de forma cansada. — Você deveria estar um pouco nervoso, não?

— Eu estou, mas não adianta sofrer por antecedência, se eu morrer, ao menos aproveitei meus últimos momentos contigo. — respondeu com suavidade, andando para frente, consequentemente Jimin andou pra trás, até encostar contra a parede.

— C-como assim? — perguntou, gaguejando um pouco, nervoso por conta da proximidade, por sentir as mãos do mais alto se fecharem ao redor de suas costas e por ter levantado a cabeça para encarar as orbes escuras. Sentindo seu coração bater forte em seu peito, o ar praticamente mais denso, como se precisasse de oxigênio a mais ali dentro do closet.

— Podemos aproveitar um pouquinho, só nós dois, antes de irmos à batalha, soldado. — respondeu de forma humorada, mas Jimin apenas conseguiu esboçar um leve sorriso, estava concentrado na forma como seu corpo não estava mais sob seu controle e esperava ansiosamente, pelas próximas ações. — O que acha?

Jungkook se aproximou mais, deixando os lábios roçando nos seus e Jimin apenas conseguiu assentir, largando o cabide da mão esquerda e abraçando o pescoço do mais alto, quando este lhe beijou. Sentiu um formigamento pelo corpo e parecia que borboletas andavam por toda a sua pele. Seu ômega acordou dentro de si, empolgado com tudo que acontecia e passou a trabalhar na produção de feromônios.

O alfa suspirou entre o beijo, soltando um grunhido após sentir a intensidade do cheiro do ômega e Jimin sentiu que as coisas estavam ficando perigosas quando as mãos que estavam em suas costas, desceram até sua bunda e deixaram um aperto forte. Suspirou levando as suas até os botões da camisa social do alfa, começando a desabotoar devagar, tirando-a de seu corpo à medida que os lábios alheios trilharam beijos por todo seu pescoço.

E antes de poderem se empolgar para continuar, ouviram um chorinho estridente vindo do quarto. Jungkook lamuriou ao escutar Wonho gastando todas as cordas vocais e treinar bem seus pulmões, deixando o rosto enterrado no pescoço do ômega.

— Wonho não dá uma dentro... — Choramingou, ouvindo uma risada do ômega. — Não é engraçado, Jimin.

— Claro que é, coelhinho. — Acariciou os fios castanhos. — Vai lá papai, ver o que o seu filhotinho está precisando!

Jungkook deixou o closet contrariado, fechando a porta ao sair e Jimin deslizou pela parede, estando mais uma vez naquela semana ali, com o coração a mil. Encarou a rosa em sua mão direita, estando um pouco desajeitada aquela altura e sorriu, sentindo-se como se estivesse na adolescência novamente. Encarou a porta fechada e então o chão, puxando a blusa do outro para perto, sentindo o cheiro de hortelã presente. Suspirou, mordendo os lábios e apertando o tecido contra seu corpo.

Estava ferrado e já era tarde demais para tentar recuar, era a mosquinha presa na teia de uma aranha e não conseguiu sair. Ele queria correr, mas as pernas já tinham sido presas e seu lobo fazia questão de se demonstrar empolgado com toda a situação, estava saltitante em seu interior e mesmo que ele conseguisse se mover daquela armadilha, sentiria as presas fincarem em sua roupa, para trazer-lhe de volta. Seu ômega faria de tudo para conseguir a marca daquele alfa e só isso já causava um grande desespero em Jimin.

Sete anos criando barreiras, sete anos sem ninguém lhe fazer sentir como se o resto do universo não fosse nada, perto da imensidão que os olhos que uma pessoa tinha e Jungkook tinha olhos misteriosos, nublados e lembrava uma maré furiosa, com uma tempestade cheia de raios, trovões, redemoinhos e furacões lhes rondando, enquanto ele tinha apenas um velho barquinho para atravessar tudo isso.

E o que ele mais temia era não conseguir passar da primeira onda, ou pior, conseguir chegar em uma praia e se afogar antes de pisar na superfície.

Residência Jeon

02/04 - 18:59

Jungkook no momento se acalmava, o nervosismo veio com tudo naquele instante, ele conheceria os pais de seu marido, era estranho pensar que não os conheceu antes de desposar Jimin, mas não foi um casamento normal e mesmo com essa resposta, seu nervosismo não diminuiria. Sem a marca um casamento é facilmente anulado e algo lhe dizia que o sr. Park tinha voz o suficiente para conseguir a anulação se algo desse errado. Seu esposo não estaria nervoso e nem teria demorado tanto para escolher uma roupa se esse não fosse o caso.

Espantou tais pensamentos e desceu as escadas enquanto arrumava o relógio em seu pulso, deparando-se com uma cena chocante para qualquer pai.

— Não vai, por favor, eu não quero ficar sozinha com eles. — Angie estava agarrada à cintura de Jimin, sua voz estava embargada. — Não me deixa, papa!

— Querida, hoje não posso levar você, quem vai ficar de olho no Wonho para mim? — Acariciou o rostinho, limpando suas lágrimas.

— Angie, nós não vamos fazer aquilo de novo. — Somin tinha a cabeça baixa, arrependida de suas ações. — Fomos idiotas!

— Desculpa a gente, nunca mais vamos falar com você daquela forma. — Junghwa se aproximou, mas a loira se encolheu contra o ômega. — Eu prometo que não deixo os meninos se aproximarem.

— Nós somos um trio, não é o mesmo sem você. — A mais velha das trigêmeas completou a resposta da irmã, tentando se aproximar.

— Querida, escute suas irmãs. — Jungkook pediu, atraindo a atenção dos quatro presentes. — Elas estão arrependidas e eu já conversei com eles, nunca mais vão fazer aquilo de novo.

— Não queríamos te machucar, por favor, acredite em mim.

— Jiwoo já está chegando para ficar com você e ela não vai desgrudar de ti até voltarmos. — Jimin contou, tentando tranquilizar a pequena.

— Não demorem muito, tá?

— Prometo que vamos tentar voltar antes das dez. — Jungkook acariciou seus cabelos e olhou para as duas alfinhas que tinham o olhar entristecido. — Não posso resolver isso por vocês, nem tirar o medo dela, mas eu acredito que em breve, vocês vão fazer as pazes.

Após conseguirem tranquilizar cada uma delas e Jiwoo chegar, eles entraram no carro e estavam a caminho da casa dos pais de Jimin. O ômega parecia muito tenso, suas mãos estavam inquietas, respirava fundo muitas vezes e suas pernas balançavam. Jungkook pensou em dizer algo, mas não tinha ideia do que falar para ajudar o ômega a se acalmar, consequentemente foi uma viagem silenciosa.

A mansão ficava do outro lado do centro, a cerca de cinquenta minutos de sua casa atual. Em compensação, Jungkook se sentiu encantado, a entrada do jardim era repleta por narcisos, íris, rosas, gérberas e as extremidades rodeadas por árvores, praticamente como um bosque. A casa em si tinha em torno de três andares, a pintura era branca por fora e as janelas e portas de madeira escura.

— Meu pai gosta de botânica. — Jimin tornou a comentar ao ver a expressão surpresa do alfa. — No jardim de trás tem uma horta, se tudo der certo, talvez ele deixe trazermos as crianças para plantar com ele.

— Dawon e Jiho vão fazer muita bagunça. — Pegou na mão do ômega.

— Esse é o intuito. — Entrelaçou seus dedos.

Jimin abriu a porta e Jungkook notou que os Park gostavam bastante de branco. Eles passaram por um pequeno corredor, deixando os casacos, seguindo para sala, onde Jihyun estava deitada de forma despojada, as pernas cruzadas, totalmente de preto, os cabelos presos de qualquer maneira e óculos de armação preta, lendo um livro.

— Olha, meus convidados chegaram! — Ela fechou o livro, deixando na mesinha de canto, se levantando. — Bem-vindos! — Foi até o filho, lhe abraçando.

— Pensei que estaria toda produzida, mamãe. — Jimin comentou rindo ao lhe abraçar.

— Ora, eu estou na minha casa e você acha mesmo que eu ia colocar um vestido social apertado e saltos para receber vocês dois? Sinto muito, neném, mas a mamãe gosta de conforto! — Se afastou de si, um sorriso dominando seus lábios. — Você fica lindo de jeans e essa blusa rosa, é muito bonita! — Se aproximou de Jungkook, lhe abraçando. — Bom te ver, querido.

— Estou contente em revê-la, sra. Park. — Sorriu retribuindo o abraço.

— Que formal, me chame de Jihyun, você é da família agora. — Ela se afastou, olhando-o repreensiva.

— Só se for da sua. — Uma quarta voz foi ouvida no final da escada.

O senhor Park era baixinho e rechonchudo, tinha as bochechas grandes como as do filho, os fios de cabelo eram castanho escuros, os olhos no tom mel e carregava um olhar severo, por baixo das lentes do óculos redondo, sua postura era ereta e os passos que deu foram elegantes como as flores em seu jardim. Jungkook podia jurar que ele tinha no máximo trinta anos, mas na verdade ele já tinha quarenta e oito.

Não conseguia ver semelhança entre ele e o filho, exceto pelas bochechas, olhos e altura, o resto se assemelhava totalmente a Jihyun, os cabelos loiros escuros, boca e nariz eram totalmente iguais ao de Jimin.

— Sun, me lembro bem da minha sogra ter te dado educação, que os deuses a tenham, mas neste momento ela deve estar se revirando no túmulo. — Jihyun colocou os óculos para trás, não se deixando abalar. — Tínhamos combinado que você não seria ranzinza essa noite.

— Se casou comigo sabendo que eu era assim, vai querer me mudar vinte e oito anos depois? — Rebateu, se sentando em uma das poltronas.

Jimin guiou Jungkook até o sofá contrário ao que sua mãe se deitava antes e se sentou ao lado dele, enquanto Jihyun se sentava também.

— Jamais, meu bem, só talvez eu te faça dormir no sofá essa noite.

— A casa tem dezesseis quartos, uma noite longe de você não fará mal.

— Eu não sinto falta disso. — Jimin comentou alto, atraindo a atenção dos dois.

— Está incomodado, Jimin? — Seu pai lhe encarou, olhando para Jungkook com raiva.

— Estou, é a primeira vez em dias que me vê e ao menos me cumprimentou. — Ok, talvez mais uma semelhança exista entre os dois.

— Será que é porque eu não queria te ver?

— O senhor realmente não me quer mais na sua vida por que eu casei? — Franziu o cenho, cerrando os punhos.

— Não exatamente por isso, e sim porque você é um traidor que se vendeu para um acordo com a sua mãe, me parece até que seu trauma de cerimônias religiosas foi superado, fiquei sabendo que vai fazer uma. — Acusou elevando o tom.

— Sunhyun! — Jihyun quase gritou consigo. — Não admito que fale assim com ele.

— Mas eu apenas falei a verdade, ou vai ter coragem de me dizer que não é e inventar uma mentira?

— Sr. Park, peço perdão, mas não me importa se acredita ou não no que foi lhe dito, o que você acha ou deixa de achar não muda o fato de que Jimin e eu somos casados e porque queremos casar.

— Seu erro é achar que conhece mais meu filho do que eu, a história que contaram para o Yoongi e a Hyosun foi criativa, mas nunca tive um cliente com o seu nome, sr. Jeon. — Passou a mão pelo cabelo, o olhando com superioridade. — Se fosse verdade, estaria tudo bem, mas sempre pensei que ele fosse diferente dos outros.

— Chega, Sunhyun. Você só tem falado asneiras ultimamente, me perdoem por ele, é o estresse da idade. — Jihyun tomou ar. — Por favor, querido, deixe de ser irritante.

— Você que quis esse jantar, Jihyun, por mim estava trancado lá em cima, bem longe do filho que me apunhalou pelas costas.

— Pai, acredite no que o senhor quiser, está bem? Se você não consegue lidar com o fato de que um dia eu sairia de casa, eu sinto muito, mas se é o caso, tenha outro filho com a mamãe, porque eu tinha que sair do ninho uma hora, não dava mais para ficar debaixo dos seus olhos de coruja para sempre. Eu não sou mais uma criança e as minhas escolhas são minhas, as consequências das minhas ações sou eu que vou enfrentar, por favor, não aja como se isso fosse sobre você. — declarou por fim. — Eu sinto muita falta do senhor, eu amaria voltar a te visitar, a ficar na floricultura, então deixe esse orgulho bobo que tem de lado.

— Eu vou ver se a comida está pronta. — Se levantou de repente, ainda lhe encarando. — Eu só espero que você não corra para mim quando ele te largar por um qualquer como aquele lá fez, você cai em contos de fada muito facilmente e principalmente, não diga que eu não te avisei quando ela não cumprir o que prometeu!

O clima tencionou e o ômega mais velho se retirou, deixando os três ali se encarando espantados. Jihyun demorou alguns segundos para conseguir pensar em algum assunto para apaziguar toda aquela confusão e tomou a liberdade de perguntar sobre seus novos netinhos, sendo Jungkook a lhe atualizar de tudo que acontecia, enquanto Jimin se calou, afetado pelas palavras do pai.

Comeram naquele clima estranho, Jungkook comentou algumas coisas sobre a L'atelier Encanto, mas os dois ômegas travavam uma guerra fria entre olhares. Ambos contendo raiva e orgulho, fundidos pela mágoa. Não foi nada agradável, mas pelo menos depois da sobremesa, Jimin puxou o alfa para o segundo andar, em seu quarto.

— É maior que o nosso... — comentou ao analisar o cômodo, que estava vazio exceto por alguns livros, porta retratos e os móveis.

— Quando a maior parte das minhas coisas estavam aqui, ele parecia menor. — respondeu com um sorriso triste.

— Sinto muito por hoje, sei que você desejava que fosse diferente.

— Uma hora ele supera e não pense que é pessoal, ok? O problema não é com você, ele tinha problemas até mesmo com o Dongha. — Se sentou na cama. — O problema do meu pai é que ele realmente nunca se preparou para o dia que eu não estaria todos os dias com ele.

— E aí você fez isso do nada. — Se sentou ao lado do ômega.

— Sim, eu quebrei uma promessa, menti para ele... — suspirou, deitando a cabeça no ombro do alfa. — Ele tem razão em estar chateado.

— As coisas vão se resolver, se meu pai me perdoou por ter brigado com ele pela Yoona, seu pai vai te perdoar. — Acariciou as costas do menor. — Sua mãe está ao seu lado e ela vai ajudar.

Viva la vida
12/05 -00:34

Alguns dias se passaram desde o jantar na casa dos Park e as coisas pareciam aos poucos ir se encaixando, ao mesmo tempo que foram se complicando. Angie tinha acabado de tomar os antibióticos e se recuperou totalmente, podendo voltar a fazer as aulas que tanto gostava e pelo período que ficou em casa, ao menos focou mais no que Jimin lhe ensinava e evoluiu muito bem, já estava conseguindo assimilar as sílabas no papel e ler aos poucos. Seus irmãos se reuniram e pediram desculpas mais uma vez e a pequena se sentiu novamente amada por eles, vendo o ressentimento verdadeiro em seus olhos.

Entrementes, Jungkook se atolou de trabalho na L'atelier Encanto sem querer, não porque quis, mas sim pela atual onda no mercado e porque ele estava tentando voltar a criar, acabava perdendo tempo junto ao estresse de sentir-se incapaz de voltar a fazer o que tanto amava. Jimin seguia os planos de seu livro, tendo pequenos surtos de felicidade durante os dias, comemorando e cantarolando que tinha vencido na vida, oras ele seria o primeiro ômega na história a publicar um livro.

Pela primeira vez o ômega levou Wonho ao pediatra, a médica ficou confusa sobre ser ele a estar ali ao invés de Jiwon, mas o loiro rapidamente esclareceu ser o novo sr. Jeon. Agora seu pequeno tinha quatro meses e estava no peso e tamanho ideal para sua idade, além de estar começando a firmar o corpinho e fazer umas manobras radicais pela cama.

Jungkook levou pela primeira vez Junghyun para o psicólogo, mas a consulta não foi tranquila como esperava, na verdade o pequeno se recusou a falar e não importou as manobras que o doutor fazia, ele continuou em silêncio até a sessão terminar, não queria estar ali, não se sentia à vontade para falar com um estranho e não iria falar. De toda forma, Jungkook tentaria mais algumas vezes, precisava apenas ter paciência.

Por conta da rotina puxada, o casal não tinha saído tanto por aquele período, mas conversavam bastante sobre as casualidades do dia a dia e quando Jungkook não parecia ter sido sugado até a alma sair de seu corpo, eles saiam para passear, não que fosse um verdadeiro encontro romântico de cinema, só aproveitavam a companhia um do outro fora de casa.

Porém hoje era diferente, hoje o alfa estava mais disposto, chegou mais cedo em casa questionando onde Jimin gostaria de ir naquele momento e este lhe respondeu que queria dançar, sugerindo que fossem no clube que tinha comentado um outro dia, o alfa achou a ideia interessante e concordou.

Quando chegaram ao local, Jungkook tomou um susto e compreendeu porque Jimin lhe disse que pessoas casadas normalmente vão com seus pares. Ele nunca tinha visto nada parecido, se casou pouquíssimo tempo depois de começar a namorar com sua ex-esposa e o motivo do casamento era a gravidez de Junghyun, o que não lhe permitiu conhecer um local como aquele.

As pessoas não estavam ali para ser recatadas, não existia controle, não existiam regras. O lugar mais fundo e escuro do local, Jimin aconselhou que não se aproximasse e após averiguar um pouco, o alfa denominou como o local da profanidade. O palco dava acesso aos strippers e revezava com o karaokê e apresentações de músicos. Tinham pessoas que perderam suas roupas em algum canto, ou simplesmente tinham se livrado delas e seu ômega avisou para que ele não questionasse sobre os drinks secretos e nem cogitasse pagar por um deles.

Na pista de dança era o local mais parecido com o que o alfa tinha imaginado e no andar de cima era a casa de jogos e espaço vip, até perguntou para o ômega o que tinha de especial lá e Jimin lhe respondeu que ele não gostaria de saber, pelo olhar sério do ômega, ele acreditou.

Não se lembrava se alguma vez tinha dançado tanto, seus pés ficaram dormentes e estava até mesmo um pouco tonto pelo calor que sentia, sem beber nada ele passou a entender porque tinham pessoas que arrancavam as roupas, tomou um susto conforme as horas foram passando e algumas pessoas subiam no outro palco e começaram a se despir, sensualizando na barra, roubando toda a atenção. Jimin riu da expressão assustada e surpresa do marido, ele já estava acostumado, mas sentia que a mente de Jungkook fosse explodir em algum momento.

O alfa sussurrou em seu ouvido que pediria uma água, indo em direção ao bar e aproveitando a saudade do local, ele continuou a dançar. Jungkook conseguiu sentar-se em um banquinho, pensando em sua cama, estava tão cansado que só queria tomar um banho e desmaiar entre os lençóis, toda sua disposição tinha morrido e ele queria o silêncio de sua casa. De onde estava, conseguia ver o loiro estando pleno, dançando e curtindo as vibes da música, ele tinha um corpo extremamente maleável e era como se sua alma fizesse parte do ritmo, movimentando o corpo com mestria.

Quase dormiu ali, observando o outro, porém seus olhos captaram algo que o deixou em alerta, tinha alguém falando com Jimin, próximo ao ouvido desse, provavelmente por conta do som alto. De onde estava não conseguia sentir o cheiro do indivíduo, mas pelo porte físico, parecia um alfa. Passou a língua pela bochecha, sentindo-se incomodado com aquela proximidade e o sorriso que ele tinha nos lábios ao falar com Jimin. Respirou fundo, ele não devia ficar daquela forma, seu lobo tinha que ficar quietinho na dele, ele não era do tipo possessivo e não era dono do outro, ele podia falar com quem quisesse.

Entretanto, estava demasiado incomodado para ficar ali, se levantou, voltando para a pista de dança e abraçando Jimin por trás. Avisou ao loiro sobre estar cansado e eles precisarem ir para casa.

— Foi tão divertido! — O ômega comentou empolgado, após entrar no carro, com Jungkook dando partida, dirigindo para casa. — Tinha me esquecido do quanto eu gosto desse lugar.

— Gosta tanto assim pelos alfas ou pelas músicas? — indagou após soltar um riso nasalado.

— Que pergunta mais besta, Jungkook. — negou com a cabeça, apoiando o rosto nas mãos. — Se fosse por algum alfa, eu não teria ficado sete anos solteiro.

— Mas o seu amigo parecia não pensar a mesma coisa, de onde vocês se conhecem? — Tentou perguntar no tom mais suave que conseguiu, não querendo demonstrar seu incômodo.

— Ele não é meu amigo, ele apenas me disse que eu danço bem e me cumprimentou, perguntando o meu nome, mas eu informei que sou casado, se quer saber, senhor eu estou com ciúmes! — Alfinetou se divertindo pelo jeito do alfa, às vezes Jungkook era transparente demais.

— Eu? c-com ciúmes? — Olhou de forma nervosa. — Que absurdo Jimin, eu não sinto esse negócio possessivo. E eu não tenho motivos para ter ciúmes de você, não diga bobagens...

— Tudo bem, então...

Jimin não levou fé nas palavras do alfa, na verdade apenas não queria irritar o outro, porque Jungkook tinha se embolado todo ao falar, preferiu deixar passar, rindo internamente, enquanto revirava os olhos e negava com a cabeça.

Casa do Yoongi
16/05 - 16:34

— E então eu ganhei a competição de soletrar! — Crystal contou para o tio, toda contente.

— Eu aprendi um novo salto! — Taehyeon se gabou, jogando o cabelinho para o alto.

— E eu aprendi uma nova música. — Taehyun bateu palminhas animado.

— Vocês são mesmo meus orgulhos, sério. — Jimin colocou a mão no peito, enquanto Taehyung ria ao seu lado. — Lindos do titio.

— Crianças, podem nos deixar sozinhos um momento? Quero conversar em particular com o tio de vocês. — O acastanhado pediu para os filhos.

— Vamos, eles vão começar a falar coisas de adultos... — Crystal revirou os olhos, pegando na mão do irmão mais novo.

— Por que não podemos ouvir? — Taehyeon cruzou os braços, fazendo bico.

— Porque você é pequena e eu não fico ouvindo os seus segredos com as suas amigas, ou fico? — Taehyung respondeu empinando o nariz.

— Você é chato às vezes, pai. — Ela saiu junto dos outros dois irmãos, indo brincar em outro cômodo.

— Não precisava pedir para eles saírem, Tae. — Jimin riu, abraçando uma almofada.

— Como não? Quando vem aqui, grudam em você feito pulga, se eu não pedir para sair, eles te rodeiam até ir embora. — Indignou-se, afinal Jimin não percebia que estava tomado pela curiosidade?

— Isso significa que me amam... — suspirou ao ouvir a palavra pulga, o lembrou das crianças.

— Vamos, me conte as atualizações. Como você e o Jungkook estão? — Apoiou o rosto na mão, apoiando o cotovelo nas costas do sofá.

— Bem, eu diria, estamos saindo às vezes. — respondeu casualmente, implorando para mudarem de assunto.

— Certo e como se sente em relação a ele? — Quando o loiro desviou o olhar, Taehyung entendeu tudo, sabia exatamente o que se passava em sua cabeça. — Você foi flechado pelo cupido, né? Seu danadinho!

— Claro que não, n-não é porque eu fico nervoso quando ele se aproxima, ou porque meu corpo todo vibra só de ouvir ele e meu coração perde o ritmo só de nos olharmos, que eu estou apaixonado. — Se apressou em negar, fazendo o acastanhado rir.

— Aham, vai se enganar até quando? Você gosta dele e sabe disso, eu te disse antes e quanto mais rápido aceitar, mais fácil você lida com isso. — Encarou o melhor amigo de forma séria.

— Olha, eu não quero estar apaixonado, eu passei sete anos estável para ele vir e só com um sorriso me deixar mole. — Se revoltou, bufando e apertando a almofada contra seu corpo. — Isso é injusto, eu não posso me apaixonar de novo.

— A questão não é se quer ou se pode e sim que aconteceu, você não podia ficar blindado para sempre. Durante sete anos eu estive ao seu lado, vendo a forma como você se fechou em um casulo, qualquer pessoa que se aproximava, você afastava, até mesmo os encontros você me dizia, sequer realmente dava uma chance para a pessoa. — Tomou fôlego, pegando na mão do loiro. — Você conheceu alguém desta vez, está indo a fundo, convivendo com ele, trocando momentos e carícias, não tem nada de mal em se apaixonar, ele é o seu marido, em setembro a marca vai ser selada e é importante que o seu lobo esteja encantado, então isso não é uma má notícia. Já conversou com ele sobre o que tem sentido? Seus medos e inseguranças?

— Como eu poderia? Taehyung, as coisas não são simples como você diz, com Jungkook nada é preto no branco, tudo é cinza. Ele não corresponde o que eu sinto, ele ama a Yoona, ela pode estar morta, mas o sentimento continua lá. — Olhou para seus dedos entrelaçados, mordendo o lábio inferior. — Aquela casa, tudo lembra ela, todo momento os objetos me lembram como eu sou um intruso ali. Não tem como eu contar isso ao Jungkook, pois essa é a minha última barreira, não posso entregar tudo sabendo que vou dar de cara no chão! — Respirou fundo, deixando uma lágrima cair. — Ele não está comigo porque quer estar, ele está porque precisa de mim, não tenho um sim sincero, pois em outra circunstâncias ele nunca teria olhado para mim, pois ele não queria esse casamento.

— Você também não, só se casou por conta dos livros, Jimin. Foi a proposta da Jihyun que fez você dizer sim, as coisas podem ter mudado e eu acredito que não tenha sido só para o seu lado, ele não pode ser indiferente a você nesta altura do campeonato. — Rebateu sem se abalar. — Você não precisa declarar ao universo seus sentimentos e principalmente não diga como se você não fosse uma pessoa incrível e que nunca chamaria a atenção dele, você atrai ele, apenas está com medo e inseguro.

— Claro que eu estou inseguro, imagina se no fim de tudo, ele me deixa no altar? Eu temo o dia dezesseis de setembro desde que decidimos que a cerimônia seria nele. E se tudo der errado? E se meu pai estiver certo?

Taehyung tomou fôlego, pois seria uma longa conversa e no fim sabia que Jimin continuaria com o mesmo pensamento, às vezes ele era muito cabeça dura. No fim, tiveram que mudar de assunto pois as crianças voltaram e queriam a atenção do tio, que brincou alegremente com o trio. Por volta das sete, o loiro voltou para casa, estranhando ao entrar na residência e o corredor da entrada estar totalmente escuro.

Andou cauteloso, focando em sua audição, procurando por qualquer ruído suspeito. Seu coração estava acelerado e ele se sentia temeroso perante ao silêncio, foi quando chegou à sala e sentiu os batimentos acelerarem em surpresa. O cômodo era iluminado por várias velas azuis, exalando o cheiro de camomila. O sofá estava afastado, com um montinho de lençóis e cobertas forrados sobre o tapete, rodeados por várias almofadas, havia potes com tartelettes, macarons, Éclair e um Opéra, junto a duas garrafas de vinho.

— Olha só quem chegou! — Olhou para o alto da escada ao ouvir a voz do alfa e acompanhou com os olhos ele descendo os degraus.

— O que é tudo isso, Jungkook? Onde estão as crianças? — perguntou, chocado com o que via.

— Eu quis te fazer uma surpresa e as pulguinhas estão com a minha mãe, ela me ajudou com algumas coisas, inclusive. — Sorriu se aproximando do loiro, segurando em suas mãos e depositando um beijo nas costas delas. — Gostou?

— Se gostei? Eu adorei, mas tem algum motivo especial por trás disso? — respondeu, sentindo-se corar, enquanto as famosas borboletas faziam uma festa em seu estômago.

— Ora meu bem, hoje faz um mês que estamos casados. — Guiou o ômega até estarem ambos sentados sobre a "cama" improvisada. — E como estamos indo no nosso ritmo, tendo encontros e nos conhecendo, tomei a liberdade de considerar que na verdade, estamos fazendo um mês de namoro.

— Isso é... — Ficou sem palavras, admirando o brilho nas onix escuras pertencentes ao lúpus. — Podia ter me avisado, eu não preparei nada, não tenho um presente para você.

— Mas se eu contasse, não seria surpresa, sem contar que você já me deu um presente. — Puxou o pingente debaixo da blusa, deixando exposto. — E eu achei que fosse importante retribuir o carinho que você me dá.

— Jungkook, eu-...

— Espera um pouquinho, já te deixo falar, estou muito ansioso pra ver sua reação a uma coisa. — Se levantou, pegando atrás de uma das estantes, uma caixa preta retangular e fina, com um enorme laço azul com detalhes em prata e voltou a se sentar ao lado do ômega. — Ainda não é o que me pediu, mas quando eu vi, achei que tem muito a ver contigo, espero que goste.

Tomado pela surpresa e curiosidade, o ômega pegou a caixa que lhe era estendida pelo alfa. Com cuidado, desfez o laço, arregalando os olhos ao retirar a tampa, intercalando o olhar entre o esposo e o presente.

— Gostou? — perguntou ansiando pelas próximas reações do ômega.

Piscou várias vezes, encarando a caneta bico-de-pena, as penas eram em um azul Royal, exceto pelo topo que era preto, existia um degradê na transição de um tom para o outro e tanto a ponta quanto o cabo em prata com ramos de flores enfeitando-o.

— Eu não sei o que dizer... — Declarou, sentindo-se emocionado. — É muito linda, obrigado, Jungkook! — Abraçou-o de forma apertada, o coração aquecido por tudo aquilo.

— Não precisa agradecer, meu bem, eu pensei muito em uma forma de retribuir o seu presente. — Retribuiu o aperto, deixando um beijo sobre os fios loiros.

— Mas eu não comprei o pingente esperando algo em troca, quis somente simbolizar nossa união. — Se afastou, mas apenas o suficiente para olhar para o rosto do outro.

— Eu sei disso, mas eu senti que deveria ser bom para você, da mesma forma que você é para mim. Eu sei bem que tivemos interesse de ambos os lados, mas eu acho que você assumiu um risco muito grande quando aceitou a proposta da sua mãe. Veja bem, aceitou se casar com um desconhecido que tem sete filhos e que a cabeça não está no lugar, mudou toda a sua vida e a sua rotina, sim foi pelo seu sonho, mas o preço por ele é alto. — Tornou a explicar, acariciando a bochecha cheinha e agora quentinha por conta da vergonha. — Não é fácil para nenhum de nós dois, mas você teve que aprender a lidar com sete crianças, cada uma com uma reação diferente quanto a você, Dawon e Jiho são pulgas elétricas, eles viram essa casa de cabeça para baixo, o Junghyun não aceita a situação, as trigêmeas são as mais calmas e tem o Wonho que é um bebê de quatro meses.

Jimin mordeu os lábios ao escutar cada uma das palavras do outro atentamente, do mesmo modo que estava alerta quanto a todos os pequenos movimentos que ele fazia ao falar.

"E o mais complicado de tudo, nós. Eu sei que para você uma cerimônia religiosa não é fácil de encarar, você evita ao máximo estender esse assunto, eu sei que é por conta do que aconteceu antes. Precisa entender que sou grato por você estar tão disposto a me ajudar, quando poderia só ter casado, não me contado nada, teria feito sua parte, mas você está sempre tentando me conhecer melhor, tentando fazer isso dar certo e enfrentando todos os seus demônios enquanto me ajuda a enfrentar os meus. Só queria reforçar que você não está sozinho nisso, eu quero que se apoie em mim também."

Normalmente, o loiro tinha ótimas respostas, muitas vezes elas estando na ponta da língua, mas naquele instante, estava sem palavras, tentou esboçar uma resposta, até mesmo emitiu alguns sons, porém foi em vão. Diria que estava estático por fora, mas por dentro podia sentir como se lava passasse por suas veias, seu corpo parecia em combustão e ele não sabia como processar tudo aquilo. Estava se afogando, sentindo-se sem ar, o mundo pareceu pequeno comparado a imensidão de sensações que seu coração liberava para todo seu corpo e apesar de ser muito bom, parecia que estava com dor. Sua alma clamava por algo que naquele momento, ele não conseguiu entender o que era, estava em uma guerra consigo mesmo, pois o medo lhe puxava de um lado e a paixão puxava de outro.

Estava verdadeiramente assustado e nunca tinha se sentido assim, a intensidade que aquele sentimento tinha era amedrontadora e quebraria qualquer blindagem que estivesse em pé e em negação.

— Juro que estou tentando pensar no que te responder, mas não consigo. — Resolveu ser sincero, umedecendo os lábios, segurando a vontade de chorar. — Eu realmente não esperava por isso, mas como eu te disse no nosso primeiro encontro, estou feliz por não nos odiarmos. Era o meu medo, aceitar a proposta na loucura da emoção e acabar fazendo alguém sofrer ou piorar seus dias.

— Estou feliz por você, ser você, Jimin. — Sorriu, gostando do que sentia ao ver a reação do loiro. — Mais uma vez obrigado por ter aceitado a loucura que eu sou.

— Se estamos na chuva, é para se molhar, certo? — Se afastou um pouco, se ajeitou melhor e voltou a olhar para seu presente.

— Eu não comprei ela só porque você é um escritor, da mesma forma que os colares significam o laço que estamos criando, a pena representa nossa história sendo escrita. — comentou, sorrindo grande, de forma que seus dentes ficassem bem aparentes.

— Você parece um coelho quando sorri, sabia? — contou, tentando acalmar a festa dentro de seu estômago. — Gosto muito disso.

— Mesmo? — Tombou a cabeça para o lado, interessado. — O que mais gosta em mim?

— Em aparência? Tudo, você é um alfa muito bonito, me irrita um pouco você ser mais alto, mas gosto da forma como isso faz com que nossos corpos encaixem perfeitamente quando dormimos de conchinha. Amo o formato amendoado dos seus olhos, das íris que são quase negras e me lembram o onix, carregando toda intensidade que existe no universo, é fofo você ser narigudinho, principalmente quando você tem a mania fofa de franzir o nariz e amo o formato dos seus lábios, são finos e gostosos de chupar.

— Você não precisava me deixar tão sem jeito assim, podia ter economizado um pouco, vou ter um ataque cardíaco e você vai ter que explicar à polícia como me matou de amor! — negou com a cabeça, posicionando a mão no peito. — Deveria ter piedade de mim!

— Então quando é com você não pode, mas você faz isso comigo todo dia, sabia? A sorte é que meu coração é muito forte. — acusou, cerrando os olhos.

— Com você é engraçado! — respondeu como se fosse plausível, fazendo o ômega rir.

Por um tempo eles apenas comeram, desfrutando do vinho e dos aperitivos, rindo vez ou outra das piadinhas que faziam, mas foi um momento calmo, sendo o que o loiro precisava para se recompor internamente. Após se darem por satisfeitos, deitaram sobre o "ninho" que Jungkook tinha preparado, olhando um para outro em silêncio.

— Eu gostei muito da surpresa. — O ômega foi o primeiro a se pronunciar.

— Isso é música para os meus ouvidos. — respondeu bem humorado. — Você quer ter filhos?

— Por que isso de repente? — indagou confuso.

— Porque nunca falamos abertamente sobre, nós demos a entender que sim, mas não é algo que foi concretizado. — explicou com simplicidade.

— Certo... bem, eu acho que sim, futuramente talvez a gente possa ter um juntos. — respondeu dando de ombros.

— Na verdade, eu queria cinco... — Mordeu o lábio inferior, sorrindo amarelo.

— Eu sou o que? Uma incubadora? — perguntou em um tom de humor, mas estava um pouco assustado.

— Não, só acho que você tem um gene perfeito demais para não espalhar por ai. Já tenho sete que são cópias minhas, quero suas agora.

— Cinco talvez seja demais, acho três um número ok. — Sorriu, colocando a franja do outro para trás. — E tomara que sejam todos ômegas para deixar a Angie feliz.

— Ela vai amar mesmo se for alfa. — Riu ao lembrar da expressão de decepção da pequena quando recebeu a notícia que Wonho era um alfa.

— Sim, mas esses bebês só serão feitos daqui uns quatro ou oito anos, no momento não me imagino passando por uma gestação. — Se apressou em informar, antes que o outro se empolgasse. — Wonho também ainda é muito novinho.

— Eu concordo, eu sei bem o trabalho que dois bebês dão. — suspirou de forma cansada ao recordar de Dawon e Jiho. — Você ia se casar aos vinte, não é?

— Quase vinte e um na verdade, mas sim, por quê?

— Estou curioso, não quis se juntar a ele antes?

— Até queria, mas eu não tinha tanta pressa e ele me pediu em casamento no meu aniversário de vinte anos. Depois disso eu fiz um super planejamento de como seria a nossa vida, na época eu pensava em engravidar seis meses depois do casamento, mas como não houve casamento, considerei um livramento. — Brincou, arrancando uma risada do lúpus. — Eu era muito ingênuo, Jungkook.

— Se ele te procurasse hoje em dia, pedindo desculpas e para voltar, você aceitaria?

— Óbvio que não, nem que ele tivesse a melhor justificativa do mundo, eu voltaria para ele. E também mesmo que eu estivesse louco a esse ponto, não poderia, pois já sou comprometido, entende? — Juntou seus corpos, selando os lábios finos em um beijo casto. — Está achando que eu vou te abandonar?

— Ah não sei, de repente... — respondeu um pouco nervoso, arrancando uma gargalhada do ômega.

— Não, eu não te deixaria por ele, nem mesmo em outra realidade isso poderia acontecer. — Passou a acariciar o cabelo acima da orelha direita do moreno. — Meu alfa agora é você, lindinho.

— Lindinho? Achei brega. — respondeu em um tom divertido, ganhando um revirar de olhos em resposta.

— Vou chamar de lindinho, goste você ou não. — Empinou o nariz, deixando beijinhos por todo o rosto do outro.

— Se você continuar me olhando dessa forma, eu serei obrigado a marcar o senhor aqui mesmo! — Avisou, agarrando a cintura do menor, puxando-o contra si.

— Mas já decidimos que a marca vai ser após o casamento, pois é um rito. — Lembrou. — A marca é o símbolo de união mais forte que existe.

— É o mais lindo também, apesar dos riscos que agora eu tenho conhecimento, espero que nunca deixe de ser feito.

Residência Jeon
10/06 - 11:09

Quase um mês tinha se passado e para a surpresa de Jungkook infelizmente tinha sido o último encontro romântico que o casal teve. O alfa estava um pouco sumido de casa, pois a L'atelier Encanto estava uma loucura, Lalisa estava a todo vapor em sua nova coleção, junto com toda a empresa. Consequentemente, para lidar com tudo, o moreno estava voltando mais tarde e saindo mais cedo, o que resultou na falta de tempo. As vezes que ele e Jimin saíram nesse tempo era referente à organização do casamento, que por sinal, se aproximava cada vez mais.

No momento Jimin estava responsável por arrumar as pulguinhas para irem para a casa da avó. No dia doze seria o aniversário das trigêmeas e tinham organizado uma festa surpresa para elas, para que tudo seguisse como planejado, seguiram a mesma tradição dos anos anteriores para que elas não desconfiassem de nada.

Angie estava quase pronta, só faltava o ômega terminar de pentear seus cabelos e prender em dois rabinhos. Ela estava quietinha e concentrada no exterior da casa, admirando através da janela.

— Eu notei uma coisa... — Ela disse de repente, atraindo a atenção do ômega mais velho, que apenas lhe perguntou o que era. — Não consigo lembrar qual foi a última vez que a mamãe penteou meu cabelo, você faz de uma forma diferente...

— Você não gosta da maneira que eu faço, pequena? — perguntou terminando de amarrar o segundo rabo.

— Gosto, gosto muito. É só que a mamãe não parecia contente das últimas vezes que fez isso e faz bastante tempo. — contou, um pouco triste. — Eu sinto falta dela, mas se ela estivesse aqui eu não estaria apreendendo as coisas que você me ensina.

— Talvez a sua mamãe não estivesse passando por algo bom, mas ela tinha que cuidar de ti e para não te preocupar, ela não te contava o que se passava. — Abraçou-a por trás. — Agora sobe lá e vê se seus irmãos estão prontos, logo sua avó chega para pegar vocês.

— Tá bem. — Acatou, se levantando e subindo para o segundo andar.

— Que foi pequeno? — Balançou de leve o bebê conforto onde Wonho estava, pois ele deu um pequeno chiado ameaçando choro. — Você é tão lindinho, às vezes fico com raiva de você parecer tanto seu pai, todos parecem na verdade. Neném, você acha que quando eu tiver filhos com o seu pai vão ser parecidos com ele como vocês?

— Dã! — Deu um gritinho.

— Eu vou encarar como um sim, quer sair daí? Eu te ajudo a firmar o corpinho, você tá quase conseguindo engatinhar, tão lindinho meu neném! — Wonho sempre lhe olhava fixamente, como se fosse realmente encantado por si e isso aquecia seu coração. — As vezes me pergunto o que se passa nessa sua cabecinha, será que-...

— Papa, me ajuda! — Foi interrompido por Angie, a pequena gritou do mezanino, chamando sua atenção.

— O que aconteceu, meu bem?

— A Junghwa tá chorando no quarto, porque o Dawon e o Jiho estavam brincando e rasgaram o vestido favorito dela. — explicou fazendo bico.

— Fica de olho no Wonho para mim, princesa? — Pediu e Angie desceu as escadas assentindo enquanto ele subia, indo na direção do quarto.

Adentrou o cômodo, a maioria das pulguinhas já estavam prontas, exceto por Somin que terminava de pentear o cabelo e faltava calçar os sapatos. Junghwa chorava no canto, enquanto os gêmeos discutiam um com o outro.

— Foi culpa sua!

— Foi sua, Jiho! Você que puxou o tecido!

— Sua, seu atrapalhado!

— Onde você aprendeu essa palavra, traidor?! — Olhou indignado para o irmão.

— Hey, vamos nos acalmar, foi só um acidente! — O ômega se pronunciou, interrompendo a discussão e andou até a alfa, que chorava encolhida, se abaixou na altura dela, levantando seu rostinho. — Não precisa chorar, meu bem, deixa eu ver como está.

Após ouvir seu pedido, a alfinha estendeu o vestido para si, analisou e viu o enorme rasgo na saia, ele não tinha ideia de onde começar a arrumar, estava ferrado.

— Foi o último presente que a mamãe me deu. — Junghwa chorava, soluçando realmente triste pelo ocorrido.

— Hm... — Jimin suspirou, pensando no que fazer. — Vamos fazer assim, você vai tomar uma água, lavar esse rostinho lindo, vestir outra roupinha e me dar esse vestido. Eu vou até a L'atelier Encanto depois que vocês forem pra casa da vovó e peço pro seu pai arrumar tudo bem? — Apontou a solução, esperando que ela concordasse.

— Você acha que tem concerto? — perguntou com os olhinhos brilhando em expectativa. Jimin assentiu, sendo abraçado por ela.. — Obrigada, muito obrigada!

A morena lhe soltou, indo até o banheiro e Jimin se levantou, encarando os gêmeos, que pareciam discutir silenciosamente.

— Meninos, procurem tomar cuidado, vocês poderiam causar algo irreversível e fazer a irmã de vocês ficar realmente muito chateada. — Pediu aos gêmeos que se entreolharam e então seu olhar caiu em Somin, que tentava pegar sua sandália, mas estava em uma prateleira alta, o que lhe fez caminhar até lá e pegar, entregando para ela. — Era essa?

— Era sim, obrigada, papa. — Sorriu agradecida.

Felizmente depois desse imprevisto tudo deu certo, Jiwon os buscou meio dia e meia, o que deu tempo do ômega descansar no sofá, estava tirando um cochilo, quando foi despertado com leves batidinhas em seu braço. Abriu os olhos, visualizando Evangeline, a beta tinha um sorriso no rosto.

— Me desculpe por atrapalhar seu sono, senhor, mas me pediram para entregar isso. — Estendeu o buquê em suas mãos, que veio junto de uma caixa de bombons.

— Não tem problema, Evangeline, muito obrigado. — Sorriu e ela apenas se curvou brevemente, voltando aos seus afazeres. — Quem mandou?

Colocou os chocolates ao seu lado no sofá e procurou por um cartão, encontrando-o entre as flores.

"Eu vi hoje de manhã e achei que você fosse gostar e como me disse que gostava muito de chocolate, resolvi incrementar o presente. Isso é o meu pedido de desculpas por estar voltando pra casa quando você já está dormindo e saindo cedo. Essa última semana está sendo bem corrida, então por favor me perdoe, não é a minha intenção deixar você ou as crianças sozinhos.
E em breve teremos outro encontro, mas me dá um descontinho Jimin, prometo que vou parar de chegar tarde.
Do "lupinho" que fez seu sonho virar realidade."

— Te odeio Jeon Jungkook, te odeio!! — Comentou sentindo seu coração disparar, mas já estava habituado com esse traidor que ficava daquele jeito por qualquer atitude vinda do outro, ele e seu lobo estavam de complô declarado contra si. — Vai se ferrar seu alfa fofo!

Enquanto Jimin tinha mini surtos por não aguentar o romantismo do marido, seu esposo estava pronto para ter um colapso enquanto encarava os três manequins a sua frente, cada um deles vestido com um modelo semelhante, com apenas a cor e alguns detalhes de diferença. Ele tinha combinado consigo mesmo que faria o vestido de festa das trigêmeas e tinha somente essa tarde para finalizá-los. Estava com medo de não estar bom, tentou o mês inteiro fazer algo que fosse digno de suas pulguinhas, mas nada parecia bom o suficiente.

— Com licença, posso entrar? — Sua atenção decaiu para Namjoon, este que estava parado em sua porta. — Estou atrapalhando?

— Entra, você sabe que nunca atrapalha. — Autorizou o melhor amigo, que sorriu, adentrando, mas ao começar a reparar no ambiente, engoliu em seco.

— Passou um furacão por aqui? — questionou de forma preocupada. — Isso tudo é desespero ou estresse?

— Eu diria que os dois, a que devo sua visita? — Respirou fundo, soltando o ar frustradamente pela boca, sentando em sua mesa.

— Vim conversar um pouco, quase não tenho te visto. — explicou se sentando na cadeira de frente para si.

— Tenta cuidar da L'atelier Encanto e ter sete filhos, aí você vai entender como alguém que está vivo consegue virar um fantasma. — Massageou a cabeça, querendo gritar.

— Você por acaso tem transado?

— Não começa, Namjoon!

— Eu to falando sério, faz quanto tempo desde a última vez que você fez? — Colocou os óculos para trás.

— Talvez uns nove meses, não me lembro direito, Yoona estava muito indisposta na gravidez do Wonho. — explicou, não entendendo porque o outro era fissurado naquilo.

— Você está a quase dois meses com o Jimin e ainda não rolou nada? — perguntou surpreso. — Deu a sorte grande de se casar com alguém bonito por dentro e por fora, como ainda não aconteceu?

— Sim, ele é maravilhoso, mas as coisas não são simples assim, já quase aconteceu, mas alguma coisa sempre atrapalhou. Jimin não tem uma vida sexualmente ativa, o que me faz travar, afinal como eu vou simplesmente olhar para ele e dizer: Opa, vamos tranzar? — Revirou os olhos, negando com a cabeça. — Fora que eu sinto que ele está meio estranho, é como se tudo estivesse normal, mas tem algo esquisito, entende?

— Ele age normalmente, mas parece que tem algo errado e você não sabe o que é? — Deduziu, compreendendo o que o amigo dizia. — Vocês vão ter que conversar de qualquer forma, afinal seu cio não vai demorar para vir, já que o Wonho não foi amamentado.

Era verdade, como Yoona não viveu muito tempo para amamentar Wonho, o lobo de Jungkook já entendia que precisava procriar novamente, o que resultava em adiantar seu ciclo e de acordo com suas contas, não estava muito longe.

— Eu sei e estou com medo de como vai ser, com medo real de falar com o Jimin sobre isso, não sei como meu lobo vai reagir, como vai se sentir, como vai tratar ele. Ele ainda não é marcado e sei lá, vai que meu lobo dá a louca e machuca ele? Jamais iria me perdoar se acontecesse.

— Você tem que conversar com ele sobre, Jungkook. Diálogo é a solução para tudo em um relacionamento e se quiser tentar algo antes é bem simples, induz isso, na primeira oportunidade que você sentir que o clima está esquentando, continua até ver onde vai dar. — Deu a dica, verificando as horas no relógio. — Preciso ir, tenho uma reunião, até mais tarde!

O alfa se retirou, deixando o amigo pensativo. Sabia que Namjoon tinha razão, mas era tão difícil abordar algumas questões, não queria assustar o loiro ou força-lo a algo. Respirou fundo, negando com a cabeça e olhou para os papéis a sua frente, soltando um gemido frustrado. Quando estava quase chorando de desespero, seu telefone tocou, estranhou o fato de estar sendo requisitado em seu estúdio.

Senhor, seu esposo está aqui, ele deseja lhe ver, posso autorizar a entrada?

— Ele sempre tem autorização para entrar, Kim, mas obrigado por avisar.

Ele já irá ao seu encontro.

— Obrigado, Kim.

Teve de esperar alguns segundos, até o ômega cruzar a entrada do estúdio, sorrindo para si, trazendo consigo apenas uma sacola.

— Olá, meu bem, aconteceu alguma coisa?

— Comigo não, mas com esse lugar... — comentou assustado, olhando ao redor.

— Eu sei que está tudo uma bagunça, inclusive os modelos... — suspirou derrotado.

— Para com isso, estão ficando lindos e elas vão amar. — Lhe repreendeu, sorrindo em seguida. — Por acaso você teria um tempinho para consertar esse vestido? — Tirou da sacola o vestido de Junghwa após não ouvir uma resposta do outro. — Dawon e Jiho... foi um acidente, tem conserto?

— Tem sim. — Jungkook se levantou pegando a peça e analisando o tecido. Foi até o armário do outro cômodo, saindo com um pequeno rolo e verificando a cor. — É... não tem jeito, vou ter que refazer a saia toda.

— Ainda bem que eu não mexi, tenho certeza que deixaria pior do que está. Junghwa ficou muito triste, eu disse que você tentaria arrumar. — Jimin fez bico, ganhando um sorriso do alfa.

— Tem conserto, ainda sei arrumar um modelo. — explicou deixando de lado por um momento, em cima da mesa oposta a sua. — Você veio aqui só por isso, ou tem outro motivo?

— Eu queria ver como andava o processo de criação da roupa das meninas e ver se as suas paranóias estavam te deixando inteiro. — Brincou ao responder. — E aproveitar para agradecer as flores e o chocolate.

— Eu queria te compensar de alguma forma. — Justificou, massageando a nuca, tentando relaxar.

— Você está totalmente tenso, o que aconteceu?

— A tartaruguinha aqui não sabe fazer nada do que aprendeu e isso tá acabando com a cabeça dela... — O alfa respondeu, voltando a se sentar em sua cadeira e olhando os desenhos.

— Hum, como eu posso ajudar a tartaruguinha?

— Me dando uma luz, talvez.

— Ainda não virei o sol, mas posso tentar. — Jungkook riu de sua fala e lhe chamou com os braços. — O que? — perguntou se aproximando e foi puxado para o colo dele.

— Isso... — Jungkook falou próximo ao rosto do outro, juntando suas testas. — Já faz um tempinho que a gente não se beija.

— Sua agenda lotada não tem permitido, vossa ocupadeza. — Passou a mão pelos cabelos escuros, colocando uma mecha atrás da orelha esquerda. — E temos um tempo limitado nos encontros, já que o senhor está sempre morrendo de sono.

— Então a culpa é minha?

— Basicamente. — Deu de ombros.

— Sendo assim, vou me redimir agora. — Não demorou a avançar nos lábios cheios do loiro, estando um pouco afoito no começo, mas aos poucos o espírito foi se acalmando.

O ômega mantinha as mãos em seu rosto, enquanto ousou se aventurar um pouco, passando a mão por debaixo da blusa clara que o loiro usava, tocando a pele quentinha da cintura, deixando um leve aperto.

Os pequenos estalos do ósculo rondavam o ambiente, enquanto suas línguas se envolviam, o modo automático como o loiro suspirou entre o beijo e quase gemeu o nome do alfa ao ter seu lábio inferior mordido no final de cada ósculo, o enlouquecia. Se perderam no tempo, enquanto matavam a saudade um do outro, pelo menos até Jimin sentir algo embaixo de si, se separou devido a surpresa e até planejava dizer algo, mas a porta foi aberta de repente, roubando sua atenção.

— Me perdoem! — A ruiva pediu, envergonhada. — Eu deveria ter batido antes, eu não sabia que o seu esposo estava na empresa, Jungkook.

— Lalisa, tudo bem, o que precisa? — Jungkook tentou se recompor, segurando Jimin com força em seu colo, para ele não ousar sair dali e deixar tudo mais constrangedor.

— Me perdoem mesmo, eu trouxe os projetos que me pediu, mas eu posso voltar mais tarde. — Ela mostrou a pasta em suas mãos.

— Eu que peço desculpas, eu não deveria estar desconcentrando Jungkook do trabalho. — Jimin engoliu em seco.

— Imagine, senhor Jeon, um artista precisa de inspiração, imagino que o senhor seja o motivo de Jungkook estar criando modelos tão lindos quanto esses três, toda ajuda é bem-vinda, me perdoem mais uma vez, vou deixar a pasta com a Kim, com licença! — Antes que pudesse responder, a ruiva fechou a porta, lhes deixando sozinho.

— Pelos Deuses, coitada dela... — Jimin negou com a cabeça, nervoso. — Espero que eu pelo menos tenha te relaxado um pouco depois disso.

— Não é bem esse o meu estado, mas pode-se dizer que sim. — O alfa sentia-se comprimido por suas vestes íntimas.

— Alguém ficou mais animado do que o esperado. — Tentou aliviar o clima, brincando com o outro.

— Efeitos que você causa nas pessoas. — Desviou o olhar, tentando se recompor.

Jimin sorriu ao ouvir a frase, se aproximando mais do alfa e deitando a cabeça em seu ombro. Não sabia o que responder e nem o que fazer naquela situação, na verdade, ele sabia como poderia resolver o "problema" de Jungkook, mas a coragem estava faltando, não só por sua parte, como a do outro também.

Significando isso, eles apenas conversaram por um tempo, até Jimin dizer que era melhor ir e deixar com que o moreno terminasse seu trabalho, resultando nele sozinho em casa, analisando a lista de convidados que estavam fazendo para o casamento. Existia um nome que tinha uma observação que assustou um pouco o ômega a princípio.

"De jeito nenhum que eu mando convite para ela, lugar de demônio é no inferno".

Estava à frente do nome Lee Yun e aparentemente era tia avó das pulguinhas, ela deveria ser muito ruim para Jungkook não gostar dela, pois ele aparentemente amava tudo que tivesse conexão com Yoona.

Notou também um sobrenome que chamou sua atenção, Jeon Jaehwa e Jeon Jade, aparentemente eram um casal, mas ele não fazia ideia de quem poderia ser, fez uma nota mental para perguntar sobre ao esposo mais tarde.

Depois resolveu aproveitar que estava em casa sozinho, sem as crianças para olhar e foi tomar um banho, este o qual demorou bastante, usou o momento para relaxar e pensar. Suas costas estavam gratas e sua cabeça ficou infinitas vezes mais leve após deixar tudo ir embora junto a espuma e água. Saiu do banheiro, indo para o quarto, encontrando as roupas que tinha separado na cama e após se secar, pegou o creme para pele neutro e começou a passar pelo corpo, distraído enquanto cantarolava, sequer notou quando a porta foi aberta.

Jungkook entrou no quarto, com o semblante cansado e com três roupas dentro da proteção, os vestidos das trigêmeas estavam prontos e foram colocados no apoio da porta. O alfa começou a desabotoar a blusa que usava, pois pensou que entraria no quarto e poderia tirar a roupa e ir tomar um banho, mas o que viu foi algo que lhe deixou sem ar.

Jimin estava nu, passando as mãos delicadamente pelo próprio corpo e cantarolando. Recapitulando, ele estava nu e tinha uma parte em especial que chamou demais a atenção do alfa. Jungkook arregalou os olhos e de repente, o loiro virou a cabeça para o lado, notando a sua presença ali. Foi impossível não soltar um grito alto e jogar o tubo do creme na direção do alfa em reflexo.

— Aí! — Se encolheu ao ser acertado e Jimin pegou a toalha rapidamente, se enrolando nela.

— Que susto, filho da mãe! — Jimin praguejou, com uma mão segurando a toalha em sua cintura e a outra em seu peito. — Não chega assim de fininho!

— Desculpa, desculpa! — Jungkook pediu, se virando rapidamente. Nunca tinham visto um ao outro sem roupa, no máximo de peça íntima, mas como vieram ao mundo, jamais. — Não era minha intenção te assustar, Jimin. Aliás, não era minha intenção ver uma imagem dessas... — A última frase ele sussurrou para si mesmo, afetado.

— Desculpa se te machuquei. — Pediu referente ao tubo de creme e se vestiu rapidamente. — Já pode virar.

— Prefiro continuar de costas. — Jungkook falou, olhando para baixo e pensando "traidor!". Era a segunda vez no dia que Jimin lhe deixava daquela forma e isso era injusto.

— Eu já estou vestido, não se preocupe, não vai mais ver o que não te agradou. — declarou, pois em sua cabeça o alfa não queria se virar por conta disso.

— O que? — Jungkook perguntou um tanto assustado e se virou automaticamente. — Me agradou até demais o que eu vi, com todo respeito é claro. É só que... merda...

— Jungkook-...

O alfa não deu tempo para o loiro terminar, apenas agiu como um adolescente e foi em direção ao banheiro trancando a porta. Estava fora de controle, parecia ter dezesseis anos novamente, aquilo não deveria lhe afetar daquela forma, por que estava tão nervoso?

— Ótimo, eu assustei o bichinho...— Jimin suspirou se sentando na cama. — Kookie, sai daí, não tem motivos pra você se trancar no banheiro.

Jungkook não respondeu, respirava fundo e tentava se acalmar, mas era meio difícil pois o cheiro do ômega estava presente ali e a cena que viu anteriormente ficava repassando em sua cabeça.

— Aquela bunda... — negou com a cabeça, tentando espantar aqueles pensamentos. — as coxas, as costas... aí meu pai! — murmurava, sentindo-se tonto de tanto mover a cabeça. Começou a tirar a roupa e ligou o chuveiro, se enfiando debaixo da água gelada. — Você não é um adolescente com hormônios a flor da pele, você é um adulto, um alfa lupus que não tem mais toda uma confusão dentro de si, você já é crescido, não pode continuar tendo esses surtos!

— Jungkook? — Jimin ouvia o alfa praguejando e se sentiu preocupado. — Meu Deus, ele surtou.

Saiu do quarto, correndo para o andar debaixo e discou o número da floricultura, rezando para Taehyung lhe atender.

Floricultura Rose et Violet, o que deseja?

Ouviu a voz do melhor amigo e suspirou aliviado.

— Sou eu, Tae. O Jimin, você está atendendo alguém?

Oh, Minnie! Não, pode falar, eu estou dando um intervalo, seu pai fechou pois teve que ir resolver uma coisa no centro e eu tenho uma horinha de descanso, então só vou abrir quando acabar. Pode falar, meu doce.

— Ah que bom! Taehyung, o que você faria se o Hoseok ou o Yoongi ficassem excitados duas vezes no dia por sua causa? — Ouviu o melhor amigo gargalhar do outro lado da linha.

Ah, Jimin, como assim o quê eu faria? Tenho três filhos com os dois, somos casados, ficar excitado é a coisa mais normal do mundo, eu poderia ajudar a aliviar a situação ou eles que se virassem, mas provavelmente eu ia dar um jeito das crianças ficarem entretidas por uma meia hora e iria me divertir, oras.

— É foi uma pergunta besta, mas é que a situação é diferente! Você casou com eles porque quis, digo não casou, afinal a sociedade não aceita o amor de vocês, mas vocês moram juntos e... você me entendeu.

Gostaria que você se acalmasse, por que está tão nervoso? Até parece que ele é um bicho de sete cabeças.

— Não, é só que... nós nunca passamos dos beijos, sabe?

E já conversaram sobre isso? É importante falar sobre, ele sabe como vai ser o cio dele até ele te marcar? Porque você já me disse que não iria passar com ele.

— Não sou nenhum masoquista, Tae. — O loiro respondeu, tomando fôlego. — Não falei sobre e talvez eu esteja enrolando para falar é só que... não, hoje foi a primeira vez que ele ficou duro, pelo menos na minha frente e da primeira vez eu tava no colo dele, na empresa e eu não tive a coragem de tomar a iniciativa pra ir mais além, principalmente por ser o ambiente de trabalho dele. Na segunda, eu tava como eu vim ao mundo e agora o Jungkook está trancado no banheiro, tomando banho dizendo "Eu não sou mais um adolescente cheio de hormônios", eu deixei ele louco, Taehyung, no mal sentido da palavra!

Oh, que neném! Talvez ele também não tenha a coragem de tentar algo, afinal tudo pra vocês é motivo de uma reunião na OLU*, e talvez ele tenha esse receio igual a você. Pode estar com medo de estar indo rápido demais contigo nesse sentido também, conversa com ele. Fala que não tem problema ele querer te tocar, pois aparentemente você quer também, não quer?

— Bom, quero, pela primeira vez em anos na verdade.

Será que é porque você ficou cinco anos sem nem se tocar direito? Saia dos contos um pouquinho, Jimin, se bem que até nos seus contos os seus personagens tem a vida sexual melhor que a sua. Eu acho que ele talvez não tenha tido contato sexual nos últimos tempos, então isso pode ter deixado o corpo dele mais carente e soma mais o cio chegando... bem, espera ele se acalmar e conversa com ele.

— Está bem, vou tentar isso e Taehyung?

Sim, neném?

— Eu amo demais você, obrigado por ser o melhor amigo desse mundo!

Olha eu tento, agora vai se resolver com seu marido, que eu vou terminar meu chá e ir ver se abro a floricultura de novo.

— Tudo bem, vai lá. Beijos e abraços de pura gratidão para você!

Idem, bebê.

A chamada foi encerrada e Jimin suspirou, voltando pro quarto e encontrou Jungkook já vestido, sentado na cama, parecendo ainda estar se acalmando.

— Você está bem? — perguntou e o alfa deu um pulo na cama. — Desculpe, estamos assustando demais um ao outro hoje, não?

— É estamos... — negou com a cabeça. — Estou bem sim, foi só um surto básico, acho que os hormônios do cio estão mexendo comigo. — suspirou relaxando a postura.

— Compreendo. — respondeu se sentando ao lado do alfa, tomando coragem para entrar nesse assunto com o alfa. — É-...

— Vamos sair? — Porém o alfa foi mais rápido e lhe interrompeu. — As crianças estão na minha mãe, não vamos precisar ficar preocupados com o horário e hoje ainda é sexta, um ótimo dia para sair. — Convidou um pouco afobado, pois queria verdadeiramente distrair a mente naquele fim de tarde.

— Pra onde vamos? — respondeu, perdendo toda coragem que tinha de iniciar aquele assunto com o alfa.

~^•^~

Foram 12450 palavras nesse capítulo, um capítulo imenso e cheio de acontecimentos.

Vocês gostaram das novas cenas?

Não sei qual a minha favorita se é o momento do Ji com a Hwa sobre as matilhas ou o encontro deles na sala se casa. Qual foi o de vcs?

Sou simplesmente apaixonada por essa versão e espero que vocês também.

OLU - Organização dos lobos unidos.

Amo vocês e até segunda!

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