Capítulo 8 - Letrinhas Miúdas
E ai minhas pulginhas, tudo beleza?
Segundou com att, queria agradecer a vocês por todo apoio com essa versão de RC, to amando ler todos os comentários.
Se forem lá no twt usem as #mamaeschantagistas e #atadamark2
Boa leitura
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O térreo da casa estava escuro e silencioso, eles entraram de forma desajeitada e quase tropeçando nas coisas, se beijando da maneira que podiam. Deixaram as sacolas no chão, não se importando em saber onde exatamente colocaram. O objetivo era chegar inteiros até o quarto, mas Jungkook achou que o sofá estava mais perto, pois ficou por cima do ômega após conseguirem achá-lo.
Eles riam e alguns beijos eram desajeitados por esse motivo, mas não era ruim. Jimin levou as mãos até os botões do colete que o alfa usava, desabotoando para tirá-lo.
— Alguém pode acordar... — Jungkook sussurrou contra os lábios macios. — Melhor irmos pro quarto.
— Concordo, imagina se a Jiwoo vê essa cena? — Riu baixinho, dando-lhe um último beijo, antes do alfa sair de cima de si.
Subir as escadas ainda foi uma tarefa difícil, pois Jungkook lhe abraçou por trás e estava com o rosto enterrado em seu pescoço, intercalando beijos e leves mordidas.
Porém pararam assim que chegaram ao corredor, ao ouvirem um vozerio que não devia estar presente naquele horário:
— Você tem que parar de ficar sendo baba ovo dele, até parece que prefere ele a nossa mãe! — Junghyun estava nitidamente usando o tom de alfa, podia ser pequeno, mas o efeito só seria causado em outras crianças e foi justamente isso que os preocupou. — Você foi a que mais sofreu com a perda da mamãe, a que mais ficava com ela, então porque fica defendendo ele? Ele não é da família, não é nosso pai. Ele roubou o lugar da nossa mãe!
— Tenho que concordar, Angie. Mamãe deve estar chateada com você! — Junghwa completou.
— Ela esqueceu da mamãe, você não vê que ela fica o tempo todo colada nele? — Dawon gritou.
— Você é uma-...
— O que vocês pensam que estão fazendo? — Jimin interrompeu, horrorizado ao ver os cinco alfas cercando Angie, a pequena estava encolhida no canto do quarto, com lágrimas banhando seu rosto, os braços ao redor do próprio corpo, tremendo e soluçando. — Se afastem dela! — ordenou entrando no cômodo, andando na direção deles que automaticamente deram espaço para que passasse. — Vocês podem me odiar, mas não descontem isso na irmã de vocês!
— Papa! — Angie abriu os braços, o choro se intensificando. — Meus ouvidos, eles estão doendo muito! — Ela falou entre os soluços.
— Vai passar, eu prometo. — Pegou a pequena nos braços, ignorando os outros cinco e antes de sair do quarto, trocou um olhar rápido com Jungkook antes de deixar o quarto, o alfa estava parado no batente da porta, o maxilar travado e os braços cruzados.
— Dou três segundos para me falarem o que aconteceu. — avisou para os cinco alfas.
Eles abaixaram as cabeças, desviando o olhar. Sabiam que estavam encrencados, mas não queriam responder.
— Estou esperando me explicarem exatamente o que estavam fazendo. — Não obteve resposta e esperou durante alguns segundos. — Eu não estou brincando. — Seu tom fez todos baixarem mais a cabeça e colocar as mãos nos ouvidos ao mesmo tempo que soltava um grunhido de dor. — Foi assim que a irmã de vocês se sentiu, agora me respondam, o que vocês estavam fazendo?
— Para pai! — Somin pediu, apertando os dois lados da cabeça. — Não gostamos de você estar traindo a mamãe e o Junghyun disse que o senhor colocou ele de castigo por culpa do Jimin.
— E a Angie defendeu ele, aquela boba! — Jiho completou.
— Em primeiro lugar, eu não estou traindo ninguém, em segundo, conte aos seus irmãos o motivo de você ter saído da escola mais cedo, Junghyun. Fale para os seus irmãos o que aconteceu. — Olhou sério para o mais velho.
— Um dos meninos da sala disse que somos órfãos e eu bati nele e quebrei um instrumento da sala de música. — Resolveu não testar a paciência de Jungkook, não queria que ele usasse aquele tom novamente, doía muito.
— Agora eu pergunto a vocês quatro, o que o irmão de vocês fez foi correto? A mãe de vocês aprovaria isso? — Olhou nos olhos de cada um.
— Mamãe ficaria horrorizada, pai... — Junghwa respondeu, abaixando a cabeça, os outros três concordaram.
— E me respondam, é certo agredir a irmã de vocês por ela se dar bem com o Jimin? — Eles negaram em silêncio. — Dawon e Jiho ainda não entendem muita coisa, mas vocês três são exemplos para eles. Tem noção do que acabaram de fazer? — Se aproximou deles, ganhando silêncio como resposta. — Vocês tem uma vantagem natural sobre a irmã de vocês, não sei a quanto tempo estavam falando com ela daquela forma, mas com duas frases minhas vocês sentiram na pele como foi. Eu sempre disse e eu vou repetir, não devem usar isso com ninguém, principalmente com ômegas. Sua mãe e eu sempre fomos claros com essa questão. Eu espero que essa tenha sido a primeira e última vez que eu falo assim com vocês.
— Desculpa, pai! — Somin pediu, deixando as lágrimas caírem.
— Não é para mim que você tem que pedir desculpa, Somin. — Os olhos amarelados, mostraram para a pequena que Jungkook estava realmente decepcionado, seu lobo tinha se mostrado para si.
— Por que se casou, pai? Por que nos deixou sozinhos antes? — Dawon perguntou choroso.
— As coisas não são como parecem, eu não troquei vocês pelo Jimin, nesses três meses. Eu sofri tanto quanto vocês com a morte da sua mãe, eu sinto muita falta dela, mas ela não está mais aqui, ela não vai voltar ou aparecer a qualquer momento. — Respirou fundo para não chorar. — Eu entendo que ter outra pessoa aqui, assuste vocês, que vocês queriam que fosse ela, mas o Jimin não tem culpa do que aconteceu. Podem estar magoados comigo, joguem a dor de vocês em mim, mas nunca mais tratem a irmã de vocês daquela forma. Minha última pergunta, qual o mal que a Angie e o Jimin fizeram para vocês?
— Nenhum... — Junghwa respondeu, deixando uma lágrima cair.
— Exatamente, então por que estão descontando os meus erros neles? Por favor, não façam isso. Eu sei que eu errei e eu peço perdão a vocês. Não vai apagar a minha ausência, mas eu me arrependo muito e espero que um dia vocês me perdoem. — Tomou fôlego. — Pensem no que fizeram e agora todos estão de castigo.
Jungkook deixou o quarto, não olhando para trás e correu até o seu próprio, quando entrou, arregalou os olhos, Jimin segurava Wonho em um dos braços, enquanto tentava vestir Angie com a pequena segurando um pano contra o ouvido.
— A gente vai ter que levar ela ao médico. — avisou, tentando acalmar o bebê em seus braços.
— Quanto tempo eles fizeram aquilo com você.
— Ela não está ouvindo direito, Jungkook. — Jimin contou apreensivo. — Ela me disse que tá escutando tudo abafado e que os ouvidos estão doendo muito. — Conseguiu terminar de pôr a calça na pequena.
— A gente coloca o sapato no carro, vem cá princesa. — Pegou a filha no colo, e eles desceram rapidamente as escadas.
Jimin chamou exasperado por Evangeline e a beta apareceu assustada, o rosto já um pouco inchado pelo sono.
— Evangeline, me desculpa por atrapalhar seu sono, mas pede para a Jiwoo ficar com o Wonho, vamos ter que levar a Angie ao hospital.
— Senhor, como assim? O que aconteceu? — Ela pegou Wonho dos braços do loiro.
— Não tenho tempo para explicar agora, mas cuida bem dele, tá bom? Eu espero que a gente volte logo e me desculpe mais uma vez.
— Não tem problema, meu senhor! Vá logo, espero que a Angie fique bem!
— Obrigado!
Ele correu para a garagem, Angie continuava chorando no banco de trás do carro e após entrar e colocar o cinto, Jungkook dirigia feito um louco para o hospital mais próximo. Estacionou, pegando a pequena e os sapatos que ela não tinha colocado.
— Tá doendo, pai! — Ela chorou mais, se apertando contra ele.
— Calma, daqui a pouco vai passar, meu bem. — Ele respondeu alto, implorando internamente para que ela ouvisse.
Eles passaram pela triagem e estavam na lista de prioridades. A médica felizmente não demorou muito para atender.
— Vamos lá, o que aconteceu com ela? — perguntou preocupada ao analisar os ouvidos da pequena.
— Os irmãos dela usaram o tom de alfa com ela. — Jungkook respondeu, sentindo Jimin apertar sua mão.
— Quantos alfas foram? — Ela os olhou preocupada. — Parece uma lesão que um alfa adulto causaria.
— Cinco, um de nove, duas de sete e dois de cinco. — Jimin respondeu e a doutora o olhou espantada.
— Essas crianças não sabem com o que brincam... — Negou com a cabeça. Durante alguns minutos a doutora fez um exame, até ter certeza do diagnóstico. — O tímpano esquerdo dela sofreu uma perfuração média, não acho necessário uma cirurgia, mas ela vai precisar tomar antibiótico por alguns dias. Vou medicar algo para a dor e vamos observar ela por duas horas, acredito que a capacidade auditiva não vá demorar a voltar.
Após prescrever os remédios, Angie foi guiada por uma enfermeira até a salinha de medicação, ela não ficou muito feliz, mas o remédio intravenoso faria a dor passar mais rápido. Ela adormeceu cinco minutos depois, deixando Jungkook e Jimin sentados no banco perto de sua maca.
— Mais um pouco e ela precisaria de uma cirurgia... — Jungkook comentou fechando as mãos em punhos. — Eu nunca me perdoaria se-...
— Jungkook, não é culpa sua.
— Claro que é, Jimin! Eu sou um pai horrível. — Fungou. — Eles estão agindo assim por eu ter passado três meses desaparecido e apareci casado!
— Olha para mim. — Apoiou sua mão na bochecha do alfa, sentindo-se quebrar ao vê-lo daquela forma. — Não faça isso consigo mesmo, você é um bom pai. Você ama todas as suas pulguinhas, cuida e pensa num futuro para cada um deles. Perdeu a sua parceira, é compreensível o seu afastamento, seus motivos não foram por falta de amor e sim por não saber lidar com a dor. Todo mundo erra e um erro não diminui seu amor por eles. Tenho certeza que fez seu papel como pai com eles hoje e que eles nunca mais vão fazer algo assim.
— Ela podia ter-...
— Para com isso, não aconteceu e nem vai acontecer! Angie vai ficar bem, está bem? Nós vamos cuidar dela e vai tudo ficar bem, eu prometo! — Afirmou e Jungkook suspirou e lhe abraçou, sendo grato por Jimin ser uma pessoa tão incrível e estar ao seu lado.
— Me explica como você não casou antes. — Jungkook pediu, ainda apertando o ômega em um abraço, tentando aliviar o medo que estava sentindo.
— Depois do trauma do altar, eu nunca consegui me envolver com alguém ao ponto de passar de alguns beijos. — explicou, dando de ombros. — Eu travei meus sentimentos, eu não queria amar novamente. Doeu demais, doeu como o inferno. — Olhou nos olhos do alfa. — É por isso que te entendo, por isso eu entendo a dor que você sente em ter perdido ela. E me encanta ver você se empenhando para seguir em frente, para ser um bom alfa para mim e continuar a ser o pai incrível que sempre foi.
— É que eu tenho uma pessoa incrível demais do meu lado para deixar a chance passar.
Residência Jeon
29/04 - 08:49
Eles tinham retornado para casa por volta da uma e meia da manhã, Angie dormiu a noite inteira e até o momento ainda ressonava baixinho. Jiwoo ficou horrorizada ao descobrir, a ômega tinha se certificado de dormir somente após deixar todos na cama e teve uma conversa com os cinco, mostrando o quão chateada estava com toda a situação, como consequência eles estavam envergonhados e não queriam sair do quarto.
A loira pediu desculpas para o irmão e estava até mesmo se sentindo culpada, mas Jiwoo não tinha como saber que eles fariam aquilo, por isso Jungkook a tranquilizou. Ela foi embora logo após o café e no momento, Jungkook estava na sala de casa, com seu caderno e lápis em mãos, concentrado em seu projeto, até ver Jimin descer as escadas com Wonho em seus braços, seus cabelinhos estavam úmidos, o que sinalizava que ele tinha acabado de tomar banho.
— Wonho, vamos lá, diga ao papai que agora está limpinho e cheiroso! — Jimin brincou, colocando o bebê na cadeirinha de atividades, lhe entregando um mordedor. — Ele gorfou na roupa toda! — Contou se levantando e se sentando próximo ao alfa.
— Mas pelo menos agora é o bebê mais cheiroso que existe! — Jungkook sorriu, vendo que seu bebê mexia o corpinho, acompanhando os movimentos que o personagem do desenho fazia na televisão. — Com ou sem babado, Jimin?
— Perdão? — Olhou confuso para o moreno.
— Eu estou criando um vestido de noiva, na verdade, tentando. — explicou meio cabisbaixo, suspirando fortemente e o loiro se moveu até estar atrás de si, lhe abraçando por trás, começando a fazer carinho nos cabelos castanhos. — Não sei nem o porquê de estar tentando, eu não sei mais ser um estilista.
— Deixe de besteira, isso é apenas insegurança e se quer minha opinião, acho que já está ficando muito bonito. — Penteou os fios escuros com os dedos, rindo baixinho do drama alheio. — Você não deixou de ser um estilista por conta de um hiatus, não desista só porque está sendo difícil, uma hora você vai se encontrar novamente, afinal você não ama isso?
— Sou completamente apaixonado.
— Sendo assim, vai ou não colocar babados?
— Não, vou colocar pedras preciosas no lugar, deixar ele menos cheio, mas extravagante de outra maneira! — respondeu convicto, ouvindo o outro rir mais alto dessa vez. — Eu disse algo engraçado?
— Não, você é apenas muito fofo. — Não resistiu e passou os braços por seu tronco e o apertou. — Vai ficar perfeito, confio em você.
Jungkook sorriu genuinamente, mostrando todos os dentes e lembrava um coelho, Jimin teve de observar, ele somente não sabia que há muito tempo o marido já não sorria dessa forma, era nítida a felicidade em seu ser.
E ver aquilo, preencheu o coraçãozinho da pequena ômega, Angie acordou e desceu, não estava sentindo dor, mas ainda não ouvia cem por cento, o som ainda era bem abafado.
— Você sorriu, papai! — Ela não tinha noção, mas tinha gritado, fazendo os outros dois se assustarem e mesmo que não tivesse entendido o motivo do susto, ela se desculpou.
Jungkook negou, abrindo os braços e a pequena subiu no sofá, lhe abraçando. Recebeu um beijo nas madeixas claras e um afago nas costas.
— Bom dia, princesa, está me ouvindo?
— Bem baixo, papai. — A ômega respondeu, ela sabia o que tinha acontecido, com muita paciência a doutora tinha lhe explicado que por alguns dias ela ouviria daquela forma, mas logo voltaria a ouvir como antes. — Papa, eu estou com fome!
— Poxa, vai tirar ele de mim? — Jungkook perguntou, fazendo bico e a pequena riu. — Sem mais nem menos? Ele está me mimando, princesa!
— Mimando? — Ela repetiu e ele assentiu. — Tudo bem, eu peço para a Evangeline!
A última parte ela falou mais alto do que deveria, tanto que a beta até mesmo estava na porta lhe esperando. Ela chamou Angie com a mão e a pequena correu em sua direção.
— Quantas vezes eu já disse para não correr dentro de casa? Aish, quando será que vão aprender que podem cair?
— Ela só tem sete anos, tem muita energia para gastar. — O ômega riu da expressão irritada de Jungkook, acariciando seus cabelos, gostava de sentir de perto o cheiro de hortelã que o alfa possuía.
— Eu vou dormir assim. — comentou referente aos carinhos após voltar a se focar no desenho. — Você faz um cafuné gostoso.
— Quer que eu pare? — Jimin perguntou, ganhando um não como resposta.
— Quero que você continue pra sempre. Eu estou amando sentir o seu cheiro nessa intensidade e receber carinho, não parece, mas eu sou carente, tá? — Jungkook declarou, terminando os detalhes na saia do vestido.
— Fofo. Muito, muito fofo! — Desceu os braços pelo tronco do alfa e abraçou, apertando-o fortemente novamente, ouvindo um baixo resmungo.
— Talvez sendo fofo eu consiga te conquistar. — Piscou os olhos, fingindo charme e ganhando uma gargalhada em resposta. — Eu estou falando sério.
— Para de me fazer ficar vermelho. — Pediu, pois sabia que o alfa fazia aquilo só para lhe ver corar das bochechas até as orelhas.
— É que você fica uma graça vermelhinho. — Justificou sorrindo e Jimin escondeu o rosto em seu pescoço.— Quando quer sair de novo? — Mudou de assunto, voltando ao desenho que fazia.
— Eu só cuido das crianças, os dias que eu for na R&V eu te aviso.
— Que lugar você gostaria de ir?
— Tem um lugar, que faz tipo bailes, sabe? Eu ia com frequência lá, gosto de dançar. Hoseok gostava de me levar nos dias de folga e eu meio que ia nos dias que eu queria apenas sair da bolha que eu vivia.
— Não vai mais?
— É que eu casei, sabe? — Brincou, dando uma explicação que fez o moreno rir baixinho, terminando o modelo. — E eu meio que respeito o meu atual marido.
— Vamos juntos então. — Solucionou, virando o rosto rapidamente, deixando um selar na bochecha do ômega. — Mas você pode ir sem mim, eu confio em você. Fora que eu não posso te proibir, afinal não mando em você, você é meu ômega, mas não sou seu dono.
— Acho que vai mudar de ideia quando for, não é questão de você ser meu dono, Jungkook, é mais questão de respeito mesmo. Pessoas casadas só vão mesmo com seus pares, por ser mais divertido e porque... você vai entender quando formos. — Jimin falou, brincando com a blusa do alfa. — Finalizou?
— Uhum. — Mostrou o resultado. — Eu disse que perdi o jeito...
— Mas está lindo. Se eu gostasse de vestidos, eu usaria ele no nosso casamento. — contou, encantado com o desenho. — Eu realmente achei muito bonito.
— Aish, eu não te mereço! — Jungkook olhou nos olhos do outro, virando-se no sofá e deixou vários beijinhos pelo rosto do loiro, que ria pelas cócegas feitas.— Eu... eu posso fazer a sua roupa... tipo do nosso casamento... se v-você quiser é claro. — Sugeriu, sentindo o nervosismo lhe dominar.
— Eu quero, quero muito! — O apertou em seus braços.
— Então eu faço! — declarou empolgado. — Faço da forma que você quiser. — Estava pronto para beijar os lábios do loiro, porém ouviu passos na escada. Olhou para trás vendo os cinco reunidos em fila cabisbaixos. — Acho que a fome falou mais alto. — sussurrou.
— Uma hora teriam que descer. — concordou no mesmo tom.
— Bom dia, fico feliz que tenham descido. O café está na mesa, a Evangeline está lá para auxiliar vocês e se falarem com a Angie, não esqueçam de pedir desculpas e ter paciência. — Somin e Junghwa arregalaram os olhos e pareciam que iam chorar novamente, foram as primeiras a correr para a sala de jantar. Dawon e Jiho foram de cabeça baixa para lá e Junghyun continuou ali parado. — Está sem fome?
— Eu decidi que só vou comer quando o senhor se separar desse ômega. — Cruzou os braços, se sentando no último degrau da escada, convicto em esperar. Jungkook ouvia os barulhinhos de fome que a barriga do pequeno alfa vazia e deixou um sorriso maldoso brotar em seus lábios.
— Ele está falando sério? — Jimin perguntou baixinho, o alfa se sentou, lhe puxou para sentar também. — Jungkook?
— Sabia que está mais lindo do que nunca essa manhã? — Se aproximou do ômega, deixando beijos por seu maxilar, mandíbula e bochecha. — Eu penso diariamente na nossa cerimônia, pensar naquela salinha... ah, Jimin, nossas almas vão estar unidas para sempre e eu mal posso esperar para esse dia chegar. — Segurou o ômega pelo queixo, não hesitando em juntas suas bocas em um beijo simples, apenas encostando seus lábios. Jimin sorriu, envolvendo o braço ao redor do pescoço do alfa.
— Ai credo! Como isso é nojento! — Junghyun tapou os olhos.
— Sabe, eu recomendo que você vá comer, porque eu não vou me separar do Jimin e vou beijar ele por muito tempo, na sala de jantar não dá pra nos ver. — Jungkook se separou do outro somente para falar e viu então o filho se levantar e ir correndo em direção a sala de jantar. — Eu sou mal.
— Depois eu que sou o manipulador, né? — Gargalhou ao ver a expressão sapeca do outro.
— Você é, mas eu nunca disse que não tinha culpa no cartório. — Sorriu selando os lábios cheinhos do outro demoradamente. — Mas falei sério em te beijar por muito tempo.
— Então está esperando o quê, Senhor Jeon?
Ainda na residência Jeon
29/04 - 12:34.
A manhã tinha sido calma, já tinham retirado o pijama, Jimin já tinha dado o remédio para Angie e Wonho estava tirando o primeiro cochilo do dia, após tomar a mamadeira do almoço. Jungkook assistia televisão no momento, enquanto as cinco alfinhas estavam no andar de cima fazendo a lição de casa. Angie estava aconchegada ao seu lado vendo o seriado local.
— Senhor, com licença, chegaram visitas para o senhor Jimin. — Evangeline veio avisar. — Eu devo deixar entrar? Ela disse que é irmã dele.
— Claro Evangeline, pode autorizar a entrada. — Assentiu, por fim agradecendo a beta que se retirou. Jimin surgiu na sala logo em seguida. — Sua irmã veio nos visitar.
— A Hyosun? Como ela descobriu o endereço? — O loiro indagou para si mesmo de forma surpresa, já se preparando para enfrentar a fera.
Dois minutos depois de desligarem a televisão e se prepararem para receber sua cunhada, Jungkook vislumbrou a mulher entrar acompanhada de seu marido, deduziu. Hyosun era alta, tinha pernas longas e tinha o perfil de uma modelo, seus cabelos batiam em sua cintura, eram negros como carvão e sua pele era palida. Lembrava muito a aparência de Yoongi, não tinha um único traço que conseguisse lembrar de Jimin.
Isso se devia ao fato de seus pais serem diferentes, Jimin era o único filho do segundo casamento de Jihyun, enquanto seus três irmãos eram do primeiro e por já ter visto a alfa, Jungkook chutava que o loiro era único que tinha herdado os traços de sua mãe.
— Com licença. — Ela pediu ao entrar na sala.
— Hyosun, que bom te ver! — Se levantou, prontamente abraçando a mais velha.
— Eu também senti, maninho, mas temos que conversar sério sobre algumas coisas. — Retribuiu o contato, se afastando um pouco em seguida.
— Claro! Kwan! — Abraçou o cunhado, que lhe recebeu calorosamente. — Onde estão as crianças?
— Com a minha mãe, ela fez todo um drama que eu a Hyosun não deixamos ela ficar com os netos. — Revirou os olhos, lhe soltando.
— Ah, imagino. — Sorriu, voltando a se sentar. — Sentem-se, fiquem a vontade.
— Com licença. — Pediram ao se sentar.
— Bom, Jungkook essa é minha irmã, Hyosun e esse é meu cunhado, Kwan. — Apresentou contente. — E esse é o meu marido, Jungkook.
— É um prazer te conhecer. — Kwan apertou a mão do alfa.
— O prazer é meu. — respondeu. — Essa é a Angie, minha filha, ela é um pouco tímida com pessoas novas.
— Olá. — Hyosun cumprimentou com um sorriso. Angie deu um tchauzinho com a mão.
— Tivemos um imprevisto e ela não está ouvindo direito, melhor você ir lá para cima descansar, não acha, princesa? — Angie lhe olhou agradecida e acenou para os outros dois, correndo para o andar de cima.
— Que imprevisto, Jimin? — Hyosun perguntou preocupada.
— É complicado, problema de irmãos. — Jimin respondeu suspirando. — A que devo a visita? Não que eu não esteja feliz em tê-los aqui.
— Você achou que com apenas uma carta eu iria me contentar? — Hyosun fez uma expressão de tédio. — É óbvio que não, pedi o endereço para a mamãe e cá estou eu, atrás de explicações.
— Eu espero que não estejamos sendo inoportunos. — Kwan falou de forma preocupada.
— Não se preocupe, é um prazer estar conhecendo mais da família do Jimin. — Jungkook o tranquilizou, sorrindo de forma simpática.
— Vou ir direto ao assunto, gostaria de saber por que escondeu seu romance de toda nossa família, pois o que passa pela minha cabeça é que isso é algum plano louco da nossa mãe, afinal ela resolveu finalmente publicar um de seus livros.
— Perdoe a indelicadeza dela, está apenas chateada. — Kwan pediu pela esposa.
— O escritor da família sou eu, Hyosun, deixe de fantasiar coisas. — Pediu para a irmã, um pouco cansado. — Mamãe não fez nada além de me apoiar. Eu e Jungkook éramos apenas amigos antes.
— E por que nunca me contou? Até onde eu me lembro, sempre fui sua confidente e sequer o Taehyung sabia sobre ele. — Rebateu desconfiada.
— Eu não podia contar que estava apaixonado por alguém casado. — Justificou com simplicidade. — Éramos amigos, mas eu o via de outra forma e como não era certo, guardei somente para mim.
— O que aconteceu com o ex parceiro dele?
— Minha esposa morreu há três meses. — Jungkook respondeu, tentando soar naturalmente.
— Então você e o Jimin vão se casar por conta da marca, presumo. — Kwan concluiu.
— Basicamente isso, estamos unindo o útil ao agradável.
— Mas o senhor não gosta mais da sua esposa ou já tinha interesse no meu irmão enquanto a falecida estava viva? — Hyosun cerrou os olhos, como se fosse uma onça pronta para dar o bote.
Jungkook sentiu o corpo tencionar, aquela conversa não estava lhe fazendo nada bem, parecia que a ômega estava lhe acusando de um crime.
— Hyosun, por Deus! — Jimin repreendeu a irmã. — Acho que isso diz respeito a mim e ao Jungkook.
— Me desculpe se estou sendo indelicada, mas você é meu irmão mais novo e eu não vou permitir que aconteça o mesmo de sete anos atrás. — A ômega declarou séria. — Eu sei o que você sofreu, eu sei o quão mal você ficou e não quero que isso se repita, Jimin. Você se casou do nada e eu quero explicações, sempre abominou a ideia de se apaixonar novamente e me lembro bem de você dizendo que preferia morrer a se casar pois "isso de amor e casamentos é uma perfeita mentira" e do nada você casa?
— Eu falei isso quando estava magoado e por mais que eu não quisesse, não é como se eu mandasse no meu coração.
— As pessoas não mudam da água pro vinho. Quantos pretendentes você recusou em anos? Você se negava a conversar com alguém diferente para não se apaixonar e me diz que tinha um amigo ao qual você começou a gostar? A matemática não bate. Eu quero ouvir a verdade!
Jimin suspirou, sabia que a irmã não tinha culpa de estar desconfiada e insegura com a situação. Hyosun estava querendo apenas lhe proteger, afinal era a segunda mais velha, sendo ômega, ela sempre foi a que mais lhe compreendeu, pois passavam pelas mesmas coisas e por mais que doesse, ele não poderia dizer a verdade, ela faria um escândalo e as crianças poderiam ouvir.
— Hyosun, eu entendo sua preocupação, em vista do que você me viu passar sete anos atrás. Porém eu não sou o mesmo Jimin de antes, hoje em dia eu tenho os meus dois pés no chão, sei me virar. Eu tenho 27 anos agora e não acabei de sair da adolescência, claro que eu não vou te falar sobre todos os meus amigos, você não me conta todos os seus, às vezes as conversas não se batem. — Argumentou calmamente. — Eu estou dizendo e peço que acredite em mim, me casei porque quis e Jungkook me faz muito feliz se é isso que lhe aflige. — Pegou na mão do alfa no fim da fala e sorriu para a irmã. — Eu tenho até mesmo filhos agora. Eu só não contei antes, pois era uma situação muito delicada.
A ômega ficou em silêncio por um momento, pensativa e analisou o irmão da cabeça aos pés, soltando um suspiro. Ela não conseguia acreditar em si, não totalmente, mas resolveu dar o braço a torcer.
— Sendo assim, eu fico feliz por vocês. — Foi sua resposta final, recebendo um grande sorriso do mais novo. — Mas um aviso... han, senhor?
— Jeon. — Jungkook respondeu para a ômega.
— Ah sim, sr. Jeon, esteja avisado que o outro eu não consegui decapitar a cabeça de baixo, mas tenha certeza que se magoar o meu irmãozinho a sua eu irei decapitar. — Alertou em um tom sério.
— Ela tá brincando. — Kwan segurou no ombro da esposa.
— Eu não estou não!
— Não vai cortar parte nenhuma dele, eu preciso dele inteiro. — Jimin deixou o corpo tombar para trás, até se encostar em Jungkook, rindo da expressão que a morena fazia. — Mas me contem, o que vocês gostariam de almoçar?
Enquanto Jimin puxava assunto, na mente de Jungkook se passava algo como: "Não magoe o Jimin nunca, primeiro porque ele não merece e segundo por prioridades!".
Hyosun e o esposo ficaram até depois da hora do almoço, acabando por conhecer todos os filhos de Jungkook, que para a surpresa do casal, os recebeu muito bem. Hyosun até mesmo contou a loucura que tinha feito em prol do amor pela arquitetura. Ela basicamente falsificou documentos fingindo ser uma beta para cursar a faculdade, mas teve que trancar um mês antes de concluir o curso.
Quando o almoço terminou, às cinco pulguinhas foram para o quarto por estarem de castigo e Angie estava sendo observada pelos pais, enquanto desenhava em uma folha. Wonho estava no colo de Jungkook, sendo prontamente mimado por ele.
— Eu gostei muito da tia Hyosun, ela parece realmente muito inteligente. — Angie falou.
— Ela me ajudou muito a aprender matemática, afinal ela sempre foi uma gênia em exatas. — Jimin contou, observando Jungkook brincar com Wonho. — O que está fazendo?
— Eu quero desenhar que nem o papai, mas não sei como fazer uma saia... como faz pai? — Olhou para Jungkook.
— Eh... como eu explico sem toda a parte técnica? — Olhou para Jimin, pensando numa forma de não falar sobre medidas, ângulos, tons, tecidos, caimento, cálculos... — Bem, você está usando saia nesse momento, como você começaria a desenhar?
— Talvez fizesse uma linha reta e ia puxando dos lados e juntando depois?
— Foi assim que eu comecei. — Jungkook disse sorrindo e Angie então colocou a mão na massa. — E você? — Olhou para Wonho. — Você vai ser um alfinha sapeca ou vai ser todo preguiçoso que nem é agora?
— Uh! — mexeu os pezinhos, sorrindo.
— Gosto tanto quando são desse tamanho. — Contou deixando vários beijinhos na bochecha do bebê. — E de pensar que ele é o último...
— O que? — Angie olhou com os olhos arregalados, pois mesmo que estivesse com a audição temporariamente prejudicada, ela estava perto o suficiente para ouvir. — Não, não. Eu quero mais irmãos, quero irmãos que venham do Jimin. Assim eles não vão implicar comigo por gostar dele.
Jimin se entristeceu ao ouvir a conclusão da ômega.
— É só uma fase anjo. — A consolou. — Não é tão fácil para os seus irmãos, nem todos pensam como você.
— Só o Wonho, ele é mais inteligente do que o Junghyun que tem nove. — Angie negou com a cabeça, arrancando uma gargalhada do casal.
— Não tem a ver com inteligência, meu bem, quando for mais velha você vai entender. — Jungkook corrigiu com um sorriso singelo.
— Vocês vão casar de novo? — Mudou de assunto, curiosa quanto aquela questão.
— É um pouco complicado, Angie. A gente tem que casar no civil, ou seja registrar que casamos no cartório e casar no religioso, diante da lei de algum Deus, claro se assim for nossa escolha.
— Mas o vovô me disse que só pode casar uma vez no religioso e você se casou com a mamãe lá, tem foto e tudo mais. — Franziu o cenho.
— Lembra quando eu te disse que a sua mamãe tá dormindo lá no céu? — Jimin perguntou e a pequena assentiu. — Os votos do casamento dizem "Até que a morte nos separe", então se você se casar religiosamente e o seu esposo ou esposa morrer, você pode se casar de novo lá.
— AHHHH! — Soltou um gritinho compressivo. — E uma marca? Pode ser feita em outra pessoa?
— Funciona mais ou menos da mesma forma, anjo. — Jungkook respondeu. — Posso marcar o Jimin, pois o elo que eu tinha com o lobo da sua mãe foi desfeito.
— Uh, então é fácil quebrar o elo da marca. — Pareceu empolgada, de fato a pequena ainda não entendia o significado verdadeiro de uma.
— Quem me dera. — Jungkook falou bem baixinho, talvez só Wonho tivesse ouvido.
Angie mesmo que indiretamente tocou em uma ferida dentro de si, deixando-o um pouco cabisbaixo. Se lembrou de toda a dor que sentiu quando Yoona partiu, felizmente antes que tudo voltasse como uma bola de neve, Jimin lhe abraçou de lado, deitando a cabeça em seu ombro.
— Gosta assim, Papa? — Angie mostrou o desenho e ele sorriu assentindo. — Um dia eu vou fazer um modelo mais lindo do que o que o papai fazia. Queria que você voltasse a criar as coisas aqui em casa.
— Talvez ele volte. — Jimin sorriu para o alfa, ao ouvir a resposta e este escondeu o rosto no corpinho de Wonho.
— Vamos sair? — Angie pediu. — Quero tomar sorvete.
— Mas e seus irmãos? — Jimin lembrou, não poderia deixá-los sozinhos.
— Evangeline está aí, você já deixou a mim e ao Wonho sob responsabilidade dela e ela cuida muito bem de nós. — Solucionou. — Vamos, por favor, é rapidinho!
— O que você acha? — O loiro olhou para o moreno.
— Está bem, vamos na sorveteria.
Jimin assentiu e foi até a cozinha conversar com Evangeline, a beta aceitou sem problemas e Jungkook optou por deixar Wonho também, o bebê apenas sentiria vontade de comer as coisas. Saíram de casa apenas os três e o moreno só tinha concordado em ir, pois queria compensar Angie pela noite anterior. A pequena estava saltitante pela rua, apenas dois passos à frente dos dois.
— Andei pensando e acho melhor me apresentar para sua família toda de uma vez, talvez devêssemos fazer um almoço ou algo do tipo, pois eu estou ficando com medo das ameaças. — Pegou na mão do ômega, entrelaçando seus dedos.
— Desculpe por isso, é só que ninguém pode saber mesmo, iam me tirar a força da sua casa. — Jungkook riu baixinho do comentário. — Mas eu não sei se conseguiria ir, mesmo que as crianças não gostem muito de mim, eu gosto delas.
— Eles vão se adaptar em algum momento, tenho certeza. — Apertou a mão alheia, recebendo um sorriso em resposta.
— A gente pode passar na praça que tem lá perto depois? Tem patinhos! — Angie perguntou esperançosa.
— Podemos, mas tem que ser rápido. — Seu pai respondeu, fazendo-a sorrir abertamente.
Angie parecia energética, como se estivesse com toda a alegria do mundo em seu corpo. O que multiplicou ao chegarem na sorveteria e tinham vários e vários sabores que ela pudesse apreciar. Ela queria um cascão com três bolas, mas Jungkook pediu a casquinha a parte e um potinho com apenas duas bolas, uma no sabor pistache e o outro abacaxi ao "vinho", o vendedor se certificou que não faria mal a menina e Jimin achou melhor dar o que ela queria, afinal mesmo com a evolução das espécies a querida tia lombriga ainda existia, então antes prevenir do que remediar. Jimin optou por um milk-shake de morango básico — que básico nada, ele pegou o tamanho família — Jungkook pediu um especial que vinha com uma cestinha enorme e que continham seis bolas de sorvete, respectivamente: floresta negra, mousse de uva, flocos, morango, prestígio e o abacaxi ao vinho — sim, talvez tivesse lhe dado vontade ao ver a filha se deliciando. — e por fim, pegou um pote de napolitano para viagem e a cobertura junto. Seus pequenos estavam em sua maioria de castigo, mas Jungkook não era um monstro e se Angie ganhou sorvete era injusto — mesmo que não merecessem por conta do atual comportamento —, os outros cinco não ganharem também.
No caminho para casa, passaram pela praça que Angie queria, tinha um lago com patinhos mesmo, bastante deles até. Era tudo bem branco e bege, tinham músicos e desenhistas por ali, aparentemente sentindo a arte.
Passar pela ponte e ver os lindos patinhos fez Angie dar um pequeno gritinho aos animais, queria tocar mas Jungkook não deixou. De acordo com ele, os bichinhos precisam de paz e não deveriam ser acostumados a ter mãos neles.
Muitas pessoas estavam sentadas nos bancos e Angie viu um círculo cheio de desenhos de rosa e ficou maravilhada por lembrar da história das doze irmãs que eram bailarinas, tentou dançar como elas, enquanto comia seu sorvete.
— Ela vai ficar tonta. — Jungkook negou com a cabeça, se sentando em um dos bancos vazios e observando a pequena que estava um pouco à frente.
— Ela vai ficar bem, relaxa. — Jimin tomava o seu milkshake calmamente, sentindo a brisa passar fazendo seus cabelos voarem. — Está esfriando. — Observou o céu.
— Talvez chova. — O alfa concluiu, parando para analisar Angie dançando, ela parecia uma pequena rosa desabrochando, deu até uma ideia para o lupus. — Sabe, eles crescem tão rápido... E de pensar que eu só tenho sete, pois a genética da Yoona estava na geração dos gêmeos. Aguentei surtos de quatro gestações e a da Angie foi mais complicada.
— Talvez seja por isso que as gêmeas sejam tão diferentes umas das outras. — Jimin comentou, se referindo a personalidade. Mesmo que fosse estranho Somin e Junghwa serem idênticas e Angie ter os cabelos mais claros e ao invés de ter olhos como duas jabuticabas, chegava a parecer chocolate. — Tem alguém na sua família que seja parecida com a Angie?
— Minha avó é idêntica a ela. Até hoje é estranho, mas eu entendo de medidas, roupas e moda. De genética eu passo longe. — Enfiou três colheres de sorvete de uma única vez na boca.
— Não posso dizer que sei muito sobre, estudei bem mais a arte da escrita do que outras matérias. — O ômega contou descontraído. — Quando você descobriu que gostava de desenhar?
— Eu passei boa parte da minha vida dentro da L'atelier Encanto pois a minha mãe sempre achou que meu pai traia ela, mas no fim era paranoia da cabeça dela. Meu pai é perdidamente apaixonado por ela, sabe? Acaba que por conta disso eu vivia lá, já que mamãe ficava lá e bem, onde ela estava eu estava depois que voltava da escola. Eu via o trabalho que faziam e bem, comecei a reproduzir e vi que adorava, resolvi fazer isso da minha profissão e com o tempo fui nomeado o mais novo CEO da L'atelier Encanto.
Jimin sorriu para si e em seguida olhou na direção de Angie. Mais para frente tinha um moço de costas e o ômega franziu o cenho, aqueles ombros pareciam familiares. Não queria se precipitar, mas talvez fosse realmente ele, talvez fosse só a sua cabeça sendo paranóica por conta de ter lhe visto no Shopping na noite anterior, mas era certeza que não ficaria ali para decidir.
— Vamos pra casa, daqui a pouco o sorvete vai derreter. — Se levantou e Jungkook apenas assentiu confuso, pois nem lhe deu tempo de perguntar para o loiro como tinha decidido que seria escritor. — Angie, vamos pequena? — perguntou ao se aproximar dela e pegar em sua mão.
— Já? — perguntou um tanto chateada.
— Já, o sorvete vai derreter, neném.
Mesmo que triste, a pequena assentiu. O caminho foi um pouco silencioso por parte do ômega, enquanto Angie conversava com o pai sobre querer fazer aulas adicionais de ballet e ele autorizar, fez a pequena sorrir radiante.
Jimin estava realmente refletindo sobre o porquê daquele fantasma do passado estar aparecendo nos lugares que frequentava, afinal quando morava com os pais nunca mais tinha visto o dito cujo, foram sete anos sem lhe ver e de repente ele começou a aparecer? Talvez não fosse ele na praça? Talvez, mas isso ainda ficava na cabeça do ômega, principalmente por não saber o que faria se ele se aproximasse de si. Talvez iria dar uns belos cascudos no alfa? Lhe chutar as bolas até ficar estéril? Ou quem sabe lhe quebrar o nariz? Eram possibilidades reais perto do que se passava em sua mente.
— Obrigada por me levarem a praça dos patinhos, toda vez que a mamãe me levava lá, ela pedia pra senhora que vende maçã do amor ficar de olho em mim e sumia por uns minutos. — Angie contou de repente. — Aí eu brincava, mas ela não me deixava ir pra depois da ponte e também... eu não posso contar.
— Como assim? — Seu pai lhe olhou confuso. — Começou termina, sua mãe não vai brigar com você se contar.
— Até porque é impossível.— Fez bico. — Toda vez que eu dizia pra ela levar todos nós pra praça dos patinhos e chamar você para ir junto ela dizia não, que isso jamais ia acontecer e que eu deveria ficar quietinha se não magoaria ela. — Ponderou por um momento. — Jimin não tem a possibilidade da mamãe ficar magoada lá do céu, não é?
— Não tem princesa, fica tranquila. — Passou a mão pelos cabelos da pequena, vendo Jungkook se calar de forma esquisita.
Yoona deixava Angie sozinha, com uma moça que podia nem sequer olhar para sua filha e então levarem a menina e fazerem sabe-se lá o que com ela? O que a ômega fazia nesse tempo? Resolver questões de negócios com certeza não era. Jimin tinha uma certa suspeita, mas ele não acusaria nada por hora. Sabia que a ômega era uma pessoa de atitudes ruins, mas quem era ele para sair especulando algo? Porém Jungkook tinha uma expressão estranha. Talvez pensasse o mesmo que si? Bom, não iria perguntar, queria evitar brigas.
Quando chegaram em casa as coisas ficaram um tanto esquisitas, o clima parecia tenso pois ambos tinham certos dilemas para pensar e resolver em suas mentes.
Angie quem anunciou rapidamente sobre o sorvete para os outros irmãos e Jungkook foi para algum lugar da ala oeste da casa. Olhou para as coisas daquele quarto, notando que estava limpo, bem arrumado e tinha todas as coisas da esposa ali, até mesmo o cheiro da falecida ainda era presente e seu lobo tinha a sensação de nostalgia, porém com o tempo começou a se sentir mal. Com toda certeza, a princípio ele achou que era saudade, mas era um desconforto diferente.
Era como se sua alma fosse um vidro, como se o ser que habitava seu interior, estivesse totalmente despedaçado. Pois Jungkook sentia que era uma vidraça despedaçada, provavelmente além do emocional eram as consequências da marca.
Você se entrelaçar com alguém era algo lindo, algo que te completa, porém ver essa parte sumir, ser arrancada de ti do nada, era como morrer por dentro. No entanto, o alfa sabia que isso ainda não tinha acontecido, porém iria acontecer caso não criasse algo além do atrativo pelo seu atual marido. Estava tentando, estava mesmo, não era difícil pois Jimin era incrível, o problema é que isso não anula os anos que passou com Yoona, todo amor que sentiu por ela. Ela foi o seu primeiro amor e não estava mais ali, tinha ido embora e agora ele se encontrava perdido.
Se deitar naquela cama e refletir sobre o que tinha ouvido da filha, chegou na resposta de que não queria saber, ela era inalcançável e não deveria mais ser uma questão, o que quer que tenha feito, ela não estava mais neste plano. Seu presente agora era Jimin, e poderia não amá-lo, mas já tinha passado da linha da atração carnal, estimava demais ele e queria conhecer todas as nuances de Park Jimin.
Então deitado naquela cama, Jungkook adormeceu em meio a memórias e questionamentos internos. Enquanto as horas passavam, Jimin fazia companhia a Angie e cuidava de Wonho, até o momento em que deixou Angie dormir por ter ficado tarde e ir conferir se os outros já tinham comido e ido dormir.
— Não se preocupe mamãe, eu sei que o papai não ama ele da forma que te amou. — Junghyun era o único acordado, enquanto olhava para um retrato. O retrato da linda ômega que Yoona era, de cabelos escuros e um belo sorriso, os olhos um pouco menores que os de Jungkook e parecia bem magra na imagem.
Suspirou após fechar a porta e se deparar com o cinza dos corredores, céus a sensação de ser intruso ali parecia nunca sumir. Voltou para seu quarto, entrando e vendo o vermelho predominando, Wonho deitado no Moisés e dormindo calmamente e Angie adormecida no meio da cama de casal.
Passou a andar pelo quarto, observando enquanto pensava. Não queria estar sentindo aquelas coisas estranhas, não deveria sentir, na verdade. Era só empatia, era só isso não era? Tinha que ser só isso, pois foi como os pingos de chuva que caíam do lado de fora, que as lágrimas acompanharam o que acontecia e o que sentia. Entrou no closet apenas para não acordar nem Angie e nem Wonho. Deslizou pela parede, até sentar no chão, abraçando as pernas, forçando um casulo de proteção.
Aquela situação toda mexia consigo, a soma de todas as vertentes veio de uma única vez e estava tudo ali dentro, preso e não tinha que sair, mas era forte demais e não teve outra escolha senão liberar. As lembranças ainda rondavam, os sinos, a decoração, os anéis, juras de amor... tudo junto, tudo se passando na sua cabeça, assim como o dia que chegou na igreja, todos disfarçado os rostos preocupados e as horas iam se passando, cada segundo sendo angustiante, até que os convidados foram indo embora e o ômega ficou parado sentado na escada da igreja, onde esperou anoitecer para finalmente ser tirado de lá. Foram dias e dias chorando pelos cantos, procurando explicações sobre o que tinha levado a ser abandonado no dia de seu casamento.
Pois viveu um lindo romance, digno de contos de fada e de repente tudo some como o passe de mágica da varinha de condão da Fada Madrinha. Amar doeu demais naquele momento, as memórias felizes se tornaram mentira quando viu que aparentemente só uma das partes amava ali.
E o que lhe desesperava mais naquele momento, era o que sentia perante ao alfa que tinha casado. Era tudo muito confuso, tudo muito rápido... viveu sete anos se negando, sete anos trabalhando na floricultura de seus pais e somente para se distrair. De repente apareceu uma oportunidade de realizar um sonho e em pouco tempo viveu tanta coisa.
No começo criou a empatia por saber sobre o que o alfa ia passar e o que poderia vir a acontecer e imagine só como é a sensação de deixar alguém morrer por falta de informação, não... não podia deixar o alfa acabar consigo mesmo. Então inicialmente era o desejo de ajudar, pois Jungkook tinha sete filhos para criar, além de ser jovem e muito bonito, um casamento era algo que, sim, poderia viver! Tudo naquela casa começou a lhe deixar cada vez mais mal, seja os cinco alfas que aparentemente lhe detestavam ou como a decoração do ambiente fazia se sentir deslocado e um verdadeiro intruso.
Mesmo com tantas barreiras internas, aparentemente seu lobo tinha feito uma escolha e seu coração também, porém Jungkook não se sentia da mesma forma em relação a si e dói tanto.
As palavras, o tom, o jeito brincalhão, às vezes inseguro, fofo, o cuidado e o sorriso do alfa lhe deixavam sempre com aquela sensação no estômago, como se várias e várias borboletas fizessem festa em seu estômago e isso sem contar como sentia-se envergonhado pelas palavras gentis e o coração errando as batidas não poderiam negar o que sentia, estava realmente se apaixonando pelo alfa, se recusava a admitir que já estava apaixonado. No entanto, ele querendo ou não, teria que encarar a realidade em algum momento.
Mesmo depois de anos dizendo que não acreditava no amor, ele estava passando a amar. Antes apenas um Park e agora um Jeon Park, estava sim, sentindo paixão. Ele estava apaixonado pelo seu marido e naquele momento doeu, doeu como o inferno saber que o outro não o amava.
No fim, a vida nos ensina que por mais que a gente tente, vão aparecer coisas e pessoas que nos farão perder as estruturas de forma boa ou ruim. Pois no fim, estamos todos fadados a ter uma nova descoberta sobre nós mesmos.
É sair da nossa bolha, para então ter novas descobertas.
~^•^~
Espero que tenham gostados dos novos pequenos detalhes, foi tenso a situação com a Angie, né?
Jungkook se liga, hein, fica ligado!
Não tenho muito mais o que comentar, até segunda que vem!
Amo vocês <3
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