Capítulo 6 - Arrependimentos

O capítulo a seguir pode causar desconforto, ele tem conteúdo sensível sobre relacionamento abusivo e crises de ansiedade.

Cuidado e boa leitura

~^•^~

A noite que se passou não poderia ter sido melhor, por conta da chuva a temperatura caiu em demasia, o que proporcionou uma ação natural entre o casal, Jungkook se recordava de terem dormido respectivamente em seus lados da cama, mas ao se levantar de madrugada para usar o banheiro, notou que estava abraçando Jimin por trás, não conseguia lembrar quando aconteceu, provavelmente tinha feito durante o sono e pensou que fosse um travesseiro, porém quando retornou para cama após se aliviar, abraçou o ômega novamente, gostando do conforto que seu lobo manifestou sobre a ação. Ficou pensativo durante um tempo, encucado por aparentar fazer mais de três meses que não sentia nada vindo do alfa, ele parecia quieto bem antes do acidente que matou sua ômega acontecer.

Parando para pensar, ia fazer um ano que o seu cio não ocorria, podia ser em razão de Wonho, já que os lobos entendiam que não precisam procriar novamente em um curto espaço de tempo, afinal o filhote precisava de atenção. Obviamente não era uma regra, existem casos e casos e era isso que trazia um turbilhão de possibilidades para sua cabeça.

Concluiu que pelo menos se sentia feliz por ele se fazer presente novamente, seu guia não tinha ido ao final e sentindo o cheiro do ômega mais cheiroso do mundo, — em sua opinião, claro, — ele se entregou ao mundo dos sonhos.

O alvorecer tomou os céus após o sol nascer e o clima ainda estava em temperaturas baixas.

O loiro se remexeu na cama, abrindo os olhos lentamente, soltando um bocejo enquanto coçava o olho direito. Visualizou todo o cômodo, realizando estar sozinho, não que fosse incomum, Jungkook sempre ia trabalhar antes que acordasse e as pulguinhas estavam na escola, ficando somente Angie e Wonho ao seu cuidado.

Deixou a cama, indo para o banheiro para esvaziar a bexiga e aproveitou para tomar banho, colocando uma blusa de manga longa branca e uma calça de moletom preta, sentindo-se confortável para passar o dia. Desceu as escadas e tomou café, Evangeline tinha retornado e parecia aérea, resolveu não fazer muitas perguntas a beta e após terminar de comer, escovou os dentes pronto para aproveitar o tempo livre e ir trabalhar em um de seus enredos, todavia, ao retornar a sala, a silhueta de Jungkook chamou sua atenção. Franziu o cenho, confuso sobre o outro estar sentado com as costas apoiadas em uma almofada, um caderno e lápis em mãos, enquanto ainda estava usando o pijama de seda preta.

— Bom dia? — O tom saiu como indagação para o alfa, estava realmente surpreso por vê-lo ali sendo que era quase meio dia.

— Bom dia, Jimin. — Sorriu rapidamente em sua direção, voltando o olhar para o papel. — Dormiu bem?

— Dormi sim... — Se aproximou, se sentando no sofá ao seu lado. — Não quero soar rude, mas... o que está fazendo aqui?

— É a minha casa. — respondeu bem humorado e o ômega revirou os olhos. — Tenho dias de folga, ficar três meses vivendo em uma empresa faz você adiantar muita coisa, libera muito espaço na agenda, então avisei a Kim e resolvi ficar em casa hoje.

— Entendo, o que você está escrevendo? — questionou, curioso por não conseguir ver o que o alfa fazia no papel.

— Não estou escrevendo, meu bem, estou desenhando. — Sorriu ao responder. — Me veio uma onda de inspiração.

— Não sabia que você desenhava, você pinta também? Você que fez os quadros? — Apontou para os retratos em família nas paredes.

— Não, não, Jimin. — Riu alto. — Eu nunca tentei pintar um quadro, um dia talvez eu tente, mas não é essa a minha área. Eu era estilista... — Tomou coragem para virar o caderno para o ômega, mostrando a blusa que estava desenhando. — Ainda é só um esboço, eu sei que não tá bonito e-...

— Isso é um esboço? — Jimin arregalou os olhos, um pouco descrente.

Jungkook sentiu o nervosismo crescer, querendo se encolher e rasgar o papel, tinha sido uma péssima ideia voltar a desenhar, ele sabia disso.

— Se só o esboço é assim, imagina o brilho que vai ter quando terminar. — Verdadeiramente encantado, o ômega passou a analisar os detalhes das mangas longas. — É uma roupa artística, não é?

— Sim, acabei lembrando das músicas que dançamos ontem e do filme que pertencem, acabou que... seria interessante ver em um espetáculo. — explicou animado. — Você gostou?

— Eu adorei! — Jimin corrigiu. — Por que você não trabalha mais com isso? Sei que a L'atelier Encanto é da sua família, mas... por que cuidar da administração?

— É um pouco complicado... — suspirou cansado. — Não gosto muito da parte administrativa, mas é a que eu me encaixo atualmente, eu perdi a mão na moda.

— Esse modelo discorda de você! — Olhou seriamente para o mais alto. — Tem outros modelos? Me deixa ver?

— Hum... — Mordeu o lábio inferior, reflexivo. — Tudo bem. — Voltou a primeira folha, entregando o caderno para o ômega. — Acho que vendo você vai entender.

Jimin passou a analisar folha por folha, se concentrando em avaliar cada detalhe e ele se sentiu encantado, todos os modelos que viu eram incríveis e originais. Estava simplesmente sem palavras, queria ver todos prontos e babar em cada um deles em suas mãos.

— Como que perdeu a mão? Não tem um que eu não tenha gostado e estou sendo sincero, não tenho motivos para puxar seu saco. — Pronunciou, ainda com os olhos no caderno.

— Yoona era minha musa, mas de uns cinco anos para cá eu desisti porque ela me disse que era o melhor a se fazer, eu não tenho mais talento para isso. — suspirou, engolindo o choro.

— Meu cu que não tem! — O linguajar do ômega assustou o alfa. — Ora essa, onde já se viu, ômegazinha de muito mal gosto, sua ex, viu? — comentou irritado. — Como você ousa dar ouvidos para ela, Jungkook? Está na cara que ela não estava em plenas faculdades mentais ao te dizer essas coisas.

— Bem eu... não vi sentido em continuar depois que ela rasgou minha última coleção um dia antes de eu entregar... — Coçou a nuca, desviando o olhar.

— Ela fez o que?! — Piscou incrédulo e só não falou o que veio em sua mente ao ter essa informação, pois não queria brigar com o alfa. — Sinceramente, você gosta de ser estilista?

— É minha paixão desde que eu me entendo por gente. — contou sem pensar muito. — Meu maior sonho...

— Então por que diabos deixou de ser por conta dela? É o seu sonho e ninguém tem direito de opinar sobre ele, se é disso que gosta, deveria continuar!

— Não sei se ainda consigo, eu posso ter-...

— Calado! — O ômega lhe calou, pressionando o indicador sobre seus lábios. — Eu não aceito desculpas esfarrapadas, se for me dar um motivo para não continuar, que seja plausível. Se for aprender, estude novamente, você ainda é novo e mesmo que não fosse a vida só acaba mesmo no dia da morte! Você quer continuar?

— Claro que eu quero!

— Então continua! — Segurou nas mãos do alfa. — Se ser estilista é o que você é, pula sem medo, se você cair, prometo que ajudo a levantar!

Aquele fogo no olhar, provocado pela indignação do ômega, mexeu consigo, ao ponto de começar a tremer. Seus ombros começaram a balançar e seu peito apertou, aparentando ter pouco oxigênio na atmosfera. Ele não soube explicar o que lhe ocorreu, ele simplesmente sentiu uma imensa vontade de chorar, se sentiu vulnerável, como se fosse a primeira vez que estava sendo acolhido. Ele não lembrava que a sensação de acreditar em si era tão boa e Jimin o olhava genuíno, as palavras sendo determinadas e de sinceridade palpável. Ele realmente não tinha razão para dizer aquelas palavras somente para lhe agradar, afinal como ele mesmo tinha dito, não havia motivos para tal.

E foi isso que o fez desmoronar naquele momento, a saudade daquele acolhimento, de sentir como se bolhas estourassem no estômago, enquanto seu lobo abanava o rabo, estando feliz. Sentiu dor por notar sua alma aos pedaços, ao ponto de um simples gesto como aquele lhe desestabilizar, mesmo que de forma positiva.

— Jimin... — chamou baixinho, começando a soluçar à medida que as lágrimas deslizavam por seu rosto, caindo sobre sua calça.

— Vem cá! — Abriu os braços, acolhendo o alfa em seu peito. — Tudo bem, pode colocar para fora.

— Eu odiei... eu odiei ouvir ela me falar que eu deveria desistir! — Apertou os braços ao redor do ômega. — Me entristeceu tanto ela dizer que eu não tinha vocação, que envergonharia nossa família... — Fechou as mãos em punhos, segurando na blusa azul do ômega. — Ela nem percebeu, ela não ligou, ela-... por que doeu tanto? Eu odeio, odeio cuidar da administração, é horrível ficar em um escritório sentado, sem poder criar, matando minha criatividade! Eu odeio tudo isso, eu não queria parar! Eu me odeio por isso também...

Jimin apenas assentiu, e retribuiu o aperto, sabia que o moreno precisava disso, por isso deixou que ele despejasse suas frustrações quanto aquele assunto.

Ainda na residência Jeon
27/04 -13:02

O céu voltou a chorar naquele dia, quase como se compartilhasse do sofrimento de Jungkook, ele passou quase quarenta minutos colocando as angústias para fora e agora seu rosto estava inchado, o nariz vermelho e ele brincava com a comida no prato, sem muita emoção, já estava melhor, apenas se encontrava reflexivo e foi grato por Jimin estar dando espaço, mas de algum modo, não queria o ômega longe, sentia que terminaria de despedaçar.

Achava engraçado como vinha se enganando todo esse tempo, fugir dos problemas sempre vai ser a pior opção, pois uma hora ou outra o sentimento vai desencadear e com certeza não é recomendado ser levado por uma avalanche, encarar uma bolinha de neve por vez era mais fácil. A conversa que teve com Jimin no dia do desfile continuava ecoando em sua mente e estava preocupado, pois se ele, sendo um adulto estava daquela forma, imagina como seus filhos, sendo crianças estavam e principalmente como ficariam se o perdessem também.

E o que doía em si, era o fato de que naqueles três meses tinha sido praticamente assim, ele apareceu em casa pouquíssima vezes, conseguia contar nos dedos e admitiu seu erro, não sentia sequer mais raiva de sua mãe, naquele momento inclusive queria que ela lhe botasse no cantinho para pensar no que tinha feito como castigo por ser tão negligente.

— A comida está ruim? — Jimin perguntou atraindo sua atenção e ao olhar o ômega sentado à sua frente, ele já tinha terminado a refeição.

— Não... apenas me distrai. — respondeu, se forçando a sair da bolha que tinha entrado e começou a almoçar.

Jimin esperou que terminasse e depois pediu licença, deixando-o sozinho. Jungkook soube que ele se trancou na biblioteca por Evangeline e com essa iniciativa, ele subiu e foi até o seu antigo quarto, não entrava mais ali tinha tempo e evitaria entrar, mas tinham três caixas grandes que quis pegar, levou até a sala, empurrando a mesinha de centro para a parede e recolheu o tapete. Não tinha mais a metade de seus materiais, mas com aquilo poderia ao menos começar a trabalhar em algo e olhando os tipos de tecido que estava disponível, ponderou sobre o que poderia tentar criar para fazer um teste.

Optou por fazer uma roupinha de bebê, pensando no tamanho atual de Wonho, passou a cortar os tecidos, depois de criar um esboço rápido, apesar de se sentir um pouco enferrujado, ainda lembrava bem de todas as técnicas e macetes que adiantaram o processo. Passou na máquina, fazendo os pequenos detalhes na mão, até mesmo procurou materiais para não deixar de fora o chapeuzinho, teria sido mais fácil se tivesse o filho ali para ter certeza do tamanho, mas foi de intuição e se não desse certo, quando estivesse com o bebê ele faria outro.

Quando terminou, guardou tudo de volta em seu lugar e entregou a roupinha para que Evangeline lavasse, os tecidos estavam guardados a muito tempo e tinham juntado um pouco de poeira. Se sentou novamente no sofá, encarando os modelos antigos e pensando em reproduzir algum na L'atelier Encanto no dia seguinte, lá tinha toda matéria prima que quisesse e tudo atualizado em questão de tecnologia.

Seu olfato de repente lhe tirou a atenção, parou para pensar por um momento, o cheiro de Jimin parecia muito mais atrativo que o normal, tinha reparado nisso desde a noite anterior. Mordeu os lábios, gostou muito de recordar de seus acontecimentos. Tinham voltado para casa depois de Jimin terminar seu milk-shake de chocolate e se beijaram uma última vez no quarto, com o loiro praticamente fugindo de si e entrando no banheiro para fazer a rotina noturna.

Foi divertido sair da rotina e conversar de forma descontraída enquanto comiam em um de seus lugares favoritos, fazia tempo que não dançava com alguém daquela forma, simplesmente seguindo o ritmo, sem se importar se os passos estavam certos.

"Eu te acho um gostoso."

Essas palavras ecoaram por sua mente e ele não pode deixar de sorrir, pois seu ego foi muito bem amaciado e era legal saber que estavam na mesma página, era um bom começo.

— Pensando sobre a vida? — A voz de Jimin lhe tirou de seus devaneios.

— Como adivinhou? — perguntou bem humorado, vendo o ômega sentar-se ao seu lado. — Tem poderes mágicos ou algo do gênero?

— Eu já te disse que sou incrível? — Entrou na onda, fazendo o moreno rir e concordar.

— Se trancou na biblioteca? — questionou e o ômega assentiu. — Foi bom?

— Ótimo! Não querendo te pôr em um clima melancólico de novo, mas se sente melhor? — Colocou a franja do alfa para o lado, olhando-o com olhinhos de gato.

— Estou sim, eu só precisava de um tempo. — respondeu e ficaram um tempo em silêncio, ouvindo os ruídos da televisão, até Jimin tomar a palavra.

— Me veio uma estranha vontade de comer panquecas!

— Jimin, pelo amor de Deus, a gente nem transou ainda e você já engravidou? Eu tenho um filho de três meses, tenha dó da minha alma! — brincou em resposta, arrancando uma risada alta do outro. — Vou assumir um filho que nem é meu? Por favor, tenha pena de mim!

— Estou grávido sim, do divino espírito santo. — Revirou os olhos, ainda rindo e negando com a cabeça. — Só tem como ser dele, visto que eu não faço sexo tem uns bons anos.

— Como? — Franziu o cenho, incrédulo sobre o que ouviu. — Como assim? Isso não faz sentido!

— Ué, eu não me deitei com muitas pessoas na minha vida, foram duas para ser exato. O Julien e um beta com quem me envolvi dois anos depois de ter sido abandonado no altar, mas foi uma aventura de uma noite. — explicou e Jungkook ainda lhe olhava desacreditado. — O que foi?

— Você só pode estar de brincadeira! E seus cios? Você é bonito e tem um cheiro bom demais para algo assim ser verdade.

— Eu tomo supressores para não deixar os sintomas se manifestarem, inclusive eu estou nesse período e você sendo um lúpus não percebeu. — Deu de ombros. — E obrigado pelo elogio!

— Você está no cio? — Jungkook olhou para os lados, procurando possíveis câmeras, aquilo tinha de ser uma pegadinha. — Meu Deus, não! Eu até entendo que tem um mês e meio pro meu cio e eu planejava passar ele sozinho, isso claro, até me casar com você.

— Pretendia passar comigo?

— Na verdade, eu pretendo, isso claro, se você quiser. — Pegou nas mãos do ômega instintivamente. — Mas pelo visto eu vou ter que adiar, podia ter me falado, poxa...

— Não acho que transar por agora seja algo necessário, até porque para você é tudo muito recente. — relembrou.

— Jimin, não dá! Como assim cinco anos sem sexo? — Jungkook ainda lhe olhava descrente. — Sei que não é algo indispensável, mas sei lá, não me parece certo bloquear nossos lobos assim.

— Talvez, mas eu não era casado.

— Mas agora é.

— E a gente vai transar só por que eu to no cio?

— Já era pra termos feito se você pensar por um lado. — Jungkook observou, pois se fosse um casamento menos forçado, teriam tido uma lua de mel há essa altura.

— Eu não sinto dor física alguma e apenas me sinto um pouco carente e meu ômega bravo por eu estar anulando com remédios os hormônios que ele produz. — Tentou segurar o riso, pois era cômico ao mesmo tempo que era fofo ver a expressão indignada do moreno, enquanto ele assimilava suas falas. — Além de que, nós já conversamos sobre "obrigações", certo? Não é porque somos casados que temos que fazer, não é uma regra. — Desprendeu as mãos das do mais alto, posicionando em seu rosto. — É algo que você quer fazer por tesão ou por que sente que me deve isso?

O questionamento lhe pegou desprevenido, em partes ele sentia as duas coisas, pois pela noite anterior ele queria muito ter jogado o loiro na cama e mergulhar nas sensações que ele lhe proporcionou. Acabou por decidir não responder com palavras, apenas levou o rosto para frente, se permitindo saciar o desejo que sentia naquele instante.

Jimin envolveu seu pescoço com as mãos, grudando seus corpos, enquanto suas línguas dançavam juntas. Se ajeitou no sofá, levando as mãos até a cintura do ômega, puxando-o para seu colo. Suspirou contra os lábios cheios, quando seu cabelo foi puxado com certa força e sentiu o outro movimentar o quadril para se aconchegar melhor.

— Eu acho que chegamos em um mal momento, vovó.

Se separaram no susto ao escutarem a voz da ômega, Angie estava piscando curiosa e Jiwon tinha os olhos um pouco arregalados, com Wonho adormecido em seu colo. Jimin rapidamente deixou o colo do mais alto, sentindo o vermelho dominar desde suas bochechas e até as pontas das orelhas.

— Bem-vindos de volta. — Jungkook desejou após se recuperar da surpresa. — Estão aí faz muito tempo?

— Acabamos de chegar, mas eu levo a Angie e o Wonho de volta se quiserem continuar. — Jiwon mexeu as sobrancelhas de forma sugestiva, fazendo Jimin atingir um novo tom de vermelho. — Jimin, querido, você está bem? — perguntou apenas para ver ele ficar mais envergonhado.

— Estou sim, Jiwon. E a senhora? — respondeu engolindo em seco.

— Estou ótima, obrigada.

— Vovó eu não quero voltar, quero ficar com o papai. — Angie falou.

— Tem certeza? Acho que eles querem ficar um tempinho sozinhos, meu bem, amanhã eu te trago junto dos seus irmãos. — insistiu.

— Não, mãe, deixa ela aqui. Vamos brincar muito né, pequena? — Jungkook perguntou se levantando, dando a volta pelo sofá e estendendo os braços para a pequena que soltou a mão da avó e pulou em seu colo, abraçando seu pescoço.

— Sim, papai, vamos brincar muito! Temos um chá para tomar com as princesas essa tarde! — declarou empolgada.

— Me dê ele aqui. — Jimin pediu, andando em direção a ômega, pegando Wonho de seu colo. — Seus braços devem estar cansados...

— Que isso, eu estou acostumada. — Sorriu.

— Mãe, onde estão o resto dos meus filhos? Tá faltando cinco.

— Ah, Jungkook, não quiseram voltar, vou trazê-los de volta amanhã de tarde. — Ela explicou, olhando o relógio de pulso. — Adoraria ficar para o chá da Angie, mas vou buscar a Jiwoo na casa da amiga dela. — Abraçou Jimin do jeito que pode e depois foi em direção a Jungkook, fazendo o mesmo e beijando sua têmpora e a testa da neta. — Vou me lembrar que você prefere seu pai a mim, não me ama mais, não é?

— Não, não, vovó! — negou desesperada. — Eu te amo muito, muito, muito, muiiiito! — Se apressou em dizer. — É só que eu quero brincar com o papai hoje, prometo brincar outro dia com a senhora! Não fica chateada comigo...

— Oh meu amor, a vovó tá brincando! — avisou, rindo baixinho da atitude da pequena. — Eu sei que você me ama tanto quanto eu te amo e vou cobrar esse outro dia, ouviu?

— Sim, senhora!

Jiwon se despediu, deixando a residência e Jungkook colocou a pequena no chão, voltando ao sofá junto com Jimin que segurava Wonho adormecido em seus braços, mas logo teve o bebê roubado pelo alfa, que aconchegou-o em seus braços.

— Angie, por que seus irmãos não quiseram voltar? — O alfa tornou a indagar.

— Hum, Junghyun não queria vir, ele diz que gosta mais da casa da vovó porque ela não traiu ele, não sei exatamente porquê ele fala isso. — Ela se pôs a pensar. — Dawon e Jiho seguiram seu pensamento e a Somin e Junghwa queriam ficar por conta da tia Jiwoo.

— Preciso conversar com seu irmão... — Jungkook murmurou, mordendo os lábios de forma preocupada.

— Jimin, vovó não me deixou pegar o Wonho no colo... — Ela contou sentida.

— Ele é pesado, meu bem, mas você pode pegar se sentar. — respondeu ternamente.

— Assim não tem graça. — Ela negou com a cabeça. — Tudo bem, ainda vou ter outros irmãozinhos para pegar.

— Outros? — Jimin franziu o cenho.

— Os filhos que você e o papai tiverem serão meus irmãos também, não? — Tombou a cabeça para o lado, confusa.

— Ah... sim...? — respondeu olhando para o alfa, como se questionasse se a resposta estava certa.

— Se tivermos filhos, sim, Angie. — Jungkook respondeu segurando a mãozinha de Wonho.

— Eu quero mais irmãos, quem sabe não vem outro ômega para me fazer companhia? — falou animada. — Vocês estavam fazendo um bebê, não estavam?

— O que?! — Eles perguntaram em uníssono, espantados.

— Não é beijando que se faz um? Aí a cegonha vem de noite e coloca a semente na nossa barriga? — Agora a pequena estava encabulada, não entendeu o susto dos dois.

— Claro, é assim mesmo princesa... — Jimin respirou aliviado ao ouvir a resposta da pequena e ela se virou em direção a caixa de brinquedos.

— A gente podia fazer uma encomenda, né, Jimin? — Jungkook sussurrou em seu ouvido, fazendo-o arrepiar. — Essa noite, o que acha?

— Não devia me perguntar algo assim sabendo o período que estou. — Fingiu não ter se sentido afetado. — Principalmente depois de me atiçar.

— Qual o segredo? — Angie perguntou, voltando com um carrinho em mãos.

— Coisas de adulto, princesa. — O alfa se apressou em responder. — Você não gostaria de saber.

— Acho que sim, adultos são estranhos...

Quarto das pulguinhas
27/04 - 22:34

Depois de passarem o resto da tarde brincando com Angie e cuidando de Wonho, jantaram por volta das nove da noite e no momento, Jungkook tinha acabado de tirar a ômega do banho, enquanto Jimin trocava as roupinhas de Wonho.

— Quem é a pulguinha mais comportada que existe? — Deixou um beijinho na bochecha do bebê, ouvindo ele rir. — Estamos terminando, seja paciente, só faltam dois botões! — O bebê lhe olhava curioso e assim que terminou, balançou as perninhas soltando um gritinho. — É? Você gosta de dormir né? Já tá morrendo de sono, eu tô vendo você ficar com os olhinhos fechados e piscando lento demais, tem dez minutos desde a sua última mamadeira e você gorfou na roupinha, não foi culpa minha! Desculpa ter te incomodado, já pode dormir! — Pegou o bebê no colo, balançando suavemente, após arrumar a chupeta em sua boca.

— Quietinha, para eu não te deixar cair. — Jungkook avisou, enquanto carregava a pequena, colocando-a na cama e secando os cabelinhos loiros com a toalha e ela arrumava o roupãozinho.

— Papai me ajuda com o pijama? — Ela pediu retirando rapidamente o roupão do corpo, colocando a camisola e se virando para o alfa fechar.

— Prontinho. — avisou após fechar o zíper. — Fiz como a mamãe fazia?

— Uhum, só falta escovar meu cabelo. — Ela foi até a estante pegando a escova e entregando para o moreno, sentando-se em sua cama, de costas para si. — Eu ensinei o Jimin a fazer também, pai, ele faz certinho!

— Ele é incrível, filha. — Trocou um olhar com o loiro que estava ninando Wonho no canto do quarto. — Acho que terminei, está feliz? — Penteou com cuidado os fios claros, até não existir um único nó.

— Muito... — Ela falou com a voz carregada e ele arregalou os olhos, ficando de frente para ela.

— O que foi, neném? — Tocou em seu rosto, limpando as lágrimas que desciam.

— Eu não sei, eu me sinto feliz, muito feliz, eu te amo muito! — Abriu os bracinhos envolvendo-os ao redor de seu pescoço. — Estou feliz por ter ficado em casa e cuidado de mim!

Ele abraçou-a de forma apertada, acariciando suas costas e deixando um beijo na testinha, sentindo-se culpado por vê-la se sentir feliz por algo tão simples, só mostrava o quanto tinha sido egoísta nos últimos três meses, mesmo de luto, ele não deveria ter deixado seus filhos sozinhos.

— Angie, escute com atenção o que o papai vai te dizer agora, tá bem? — pediu olhando nos olhos da pequena. — Desculpa por ter ficado longe, o papai errou, tá bem? Mas eu te amo muito, amo de uma forma que sequer consigo descrever! Prometo que de agora em diante vou ficar mais em casa, combinado?

— Combinado, papai! — Ela sorriu banguela. — E eu te desculpo papai, eu sei que o senhor estava triste pela mamãe ter nos deixado!

— Obrigado por me entender, filha. — Sorriu agradecido e ela deixou um beijo em sua bochecha.

— Estou com sono, preciso dormir. — Ela bocejou. — Obrigada por deixarem o Wonho dormir comigo essa noite.

Declarou após Jungkook lhe soltar e ver Jimin colocando o bebê no moisés, arrumando as cobertinhas. O loiro sorriu para si, se aproximando.

— De nada, meu bem, ele dorme a noite toda, mas qualquer coisa me chama. — Ajeitou ela em meio as cobertas, beijando o topo de sua cabeça. — Tenha bons sonhos!

— Quer que eu conte uma história? — Jungkook perguntou e ela assentiu.

Jimin deixou os três sozinhos no quarto, aproveitando para tomar um banho rápido e colocou o pijama, arrumando a cama na sequência, se aconchegando entre as cobertas, ouvindo no mesmo instante o barulho da porta se abrindo e fechando, ao mesmo tempo que o alfa trancava a porta, o ômega arqueou as sobrancelhas, mas deu de ombros ao ver o alfa ir em direção ao banheiro, saindo cerca de dez minutos depois, somente com a calça do pijama xadrez.

— Estou quase indo para casa da minha mãe e pegar os outros cinco. — comentou ao se deitar ao lado do ômega.

— Eles sentem bastante a sua falta mesmo. — anuiu. — Fico feliz que vá ficar mais por aqui.

— Eles são chatos com você?

— Não, só o Junghyun que é um pouco mais complicado, mas nada que tire meu sono e que eu já não tenha te contado.

— Me desculpe por ele, imagino o quão ele tira a sua paciência.

— Oh não, eu entendo que seja só uma fase, apenas fico triste por ele colocar os outros contra mim, ele podia me odiar sem complicar minha vida, né? — Soltou o ar derrotado, fazendo bico.

— Você é uma graça, Jimin. — contou encantado pelo jeitinho do ômega. — Parando de falar nas crianças, podemos sair de novo amanhã à noite. O que acha?

— Claro, para onde pretende me levar dessa vez? Vai me apresentar outro restaurante da sua ídola?

— Pode ser, pensei em fazermos compras no shopping, descontraidamente, sabe? — sugeriu se aproximando e o ômega concordou com a cabeça. — Ótimo, vou ver se minha irmã fica com eles.

— Vamos depois que você voltar do trabalho? — indagou, acompanhando cada detalhe dos movimentos do alfa. Sentiu as mãos dele subirem da coxa até às costas o puxando para mais perto. — Jungkook... você está jogando baixo.

— Eu vou sair mais cedo, acho que já adiantei o trabalho do próximo mês. — Se aproximou do pescoço do ômega sentindo o forte cheiro de pêssego. — Eu não estou fazendo nada demais. — sussurrou deixando um selar na pele clarinha. — Onde você vai querer a marca? — Surgiu a dúvida em sua cabeça de repente.

— Imagina se estivesse. — murmurou.

Era golpe baixo ficar provocando alguém daquela maneira no cio, Jungkook era muito malvado por estar fazendo aquilo consigo.

— Eu não sei, da primeira vez que eu ia me casar, tinha decidido que ia ser no pulso, porém atualmente não tenho um local em mente, o pescoço por ser o lugar mais visível talvez? — respondeu sobre a última questão.

— Pescoço? Adoro o seu pescoço. — Sorriu de lado.

— Meu cheiro está mexendo com você, não é?

— Uhum. — O alfa começou a distribuir beijos molhados pela pele sem marcas. — Nunca gostei tanto de pêssego como eu estou gostando agora.

— Jungkook, eu juro que tô tentando controlar os meus hormônios, mas com você me beijando assim... remédio nenhum dá conta. — Tentou afastar o alfa, pois seu lobo estava quase igual a um pavão macho, que eriçam suas penas para seduzir a fêmea e praticarem a arte de copular. — Jungkook...

— Hum? — O alfa lhe olhou nos olhos, fazendo com que o ômega arregalasse os seus próprios. O lobo dele tinha tomado conta de si, era oficial: Jeon Jimin estava fodido.

— Vamos acordar? — pediu ainda tentando ter autocontrole, mas complicou tudo com aqueles olhos amarelos lhe olhando com tanto desejo, seu ômega estava pronto para abanar o rabinho e ser um bom menino, seus instintos estavam falando mais alto, principalmente pelo cheiro de Jungkook se intensificar pelo ambiente.

Céus, Jimin precisava de um anjo para o socorrer naquele instante, não queria que fosse daquela forma, com ele mexendo com os sentidos do alfa e também não queria ceder aos caprichos de seu lobo, ele iria querer um bebê e com um pouco de lucidez em sua mente, o loiro dizia "bebês não!".

Estava mandando suas resistências embora, no momento em que o mais alto o beijou de forma envolvente, transbordando em desejo, fazendo-lhe quase se derreter nos braços dele, todavia alguém salvou sua pátria, batendo na porta.

Papai, eu não consigo dormir. — Ouviram Angie declarar do outro lado.

Jungkook se afastou a contragosto, piscando algumas vezes, tendo suas íris voltadas ao castanho de sempre. Ele tentou recuperar o fôlego e se acalmar, sendo somente depois disso que se levantou, obrigando Jimin a tirar os braços de seu pescoço.

— O que foi, neném? — perguntou ao abrir a porta e ver a pequena sentada no chão.

— Eu estou com medo. — respondeu um pouco envergonhada. — Não consigo dormir sem meus irmãos, o Wonho tá lá, mas ele é um bebê. Eu que tenho que proteger ele já que sou mais velha...

Jungkook suspirou derrotado, sentindo-se frustrado deixando a pequena entrar, indo para o quarto das crianças para buscar Wonho. Jimin riu, no fundo dividindo se queria realmente que ela tivesse interrompido o momento, mas morreu de amores ao ouvir sua justificativa.

Ainda seria uma longa noite e ainda bem que a cama era grande o suficiente para caber mais de três pessoas.

~^•^~

Muitas emoções em um único capítulo, na minha nada humilde opinião.

Essa versão tem realmente mais detalhes sobre como os personagens se sentem, isso é basicamente uma evolução da minha escrita e eu fico muito contente em poder mostrar mais de todos os personagens para vocês, pois eles sempre tiveram essas coisas na minha cabeça, eu só não tinha experiência o suficiente para passar na escrita e espero que vocês apreciem.

O Jungkook não é um pai perfeito, mas eu sinto que preciso reforçar aqui, que ele ama muito cada pulguinha dele e que ele apenas precisa de um pouquinho de paciência e atenção, pois como deu pra perceber, foi só alguém dar carinho para ele, que ele desabou.

Sinto que é muito importante dizer que tá tudo bem precisar de ajuda, de um ombro, procurar terapia é muito bom e importante e vamos ver isso na história.

O Jimin é com certeza um dos meus personagens favoritos, se não o meu favorito da história. Ele tem os errinhos dele também e aos poucos, os dois vão se encaixando.

Eu sei que o Junghyun nessa parte da história pode parecer bem chato, mas lembrem-se que o adulto da situação é o pai dele e nem o Jungkook sabe lidar com a perda da Yoona, imagina o filho dele. Tenham paciência.

Angie quer irmãos, aí ai Angie, seis irmãos não tá bom não? Seu pai já colocou pulguinha demais no mundo, viu?

Enfim, espero que estejam gostando das interações se entre eles, eu sou muito encantada por toda essa versão.

Espero vocês na segunda que vem, deixem o vosso Votinho para me ajudar, amo vocês e obrigada por tudo apoio ❤️

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