Capítulo 3 - Flores

Olá meus amores, como vocês estão?
Feliz segunda para vocês!
Passando aqui no começo para agradecer a vocês pelos comentários e apoio a essa versão <3
Continuem comentando para me deixar feliz e ajudar no crescimento da história.
Ps. n esquece da estrelinha <3

~^•^~

De fato não é a melhor sensação do mundo estar em um ambiente que não se está habituado a chamar de casa, mas era uma das consequências da escolha que tinha feito, então Jimin tentava ignorar o desconforto que sentia naquele momento. Estava no quarto de casal, sentado em frente a escrivaninha, olhando para as folhas em branco, enquanto segurava uma caneta em mãos. Puxou o ar e soltou, descontando o nervosismo, parando de enrolar.

"Normalmente não me faltam palavras para conseguir me expressar, mas sinto que dessa vez é um pouco diferente. Não nos vemos há algumas semanas, imagino que a mamãe esteja te atolando de trabalho com o aumento de livros, mas espero que esteja bem.
Não duvido que Taehyung esteja cuidando para que a sua alimentação, saúde e bem estar estejam em dia.
Me sinto nervoso nesse momento, pois sei que vai ficar furioso ao saber que me casei... calma, não surte. Tudo aconteceu muito de repente e resumidamente era um amigo que eu tinha feito e que está passando pela mesma situação que a mamãe passou com o seu pai. Então é, eu me casei e estou perdidamente apaixonado, espero que não queira comer meu fígado.
Do seu irmão caçula e que te ama muito, Jimin."

"Jihyon você não me escreve faz alguns meses, mas sei que anda muito ocupado com as investigações. Tenho uma notícia para você, eu conheci uma pessoa especial e nos casamos, não disse nada antes por medo das coisas não andarem para o rumo que eu esperava.
Espero poder te contar tudo pessoalmente e que todos estejam bem, um beijo para a minha cunhada e os meus sobrinhos e para você não, porque estou muito chateado por não estar me escrevendo!
Do seu irmão mais novo que não suporta o seu jeito superprotetor, Jimin!
"

"Querida Hyosun, como está o meu mais novo sobrinho? Me diga, por favor, que você não está providenciando mais um...
Precisamos nos encontrar, mas tenho uma notícia, talvez a mamãe já tenha te contado, mas eu me casei. Não me bata, não te contei nada porque as coisas são complicadas, você sabe!
Gostaria de te fazer uma visita e trate de me escrever mais, entendo que você tem nove crianças para cuidar, mas sinto falta das novidades!
Do seu irmão favorito e que te ama muito, Jimin!
"

Dobrou o papel e colocou dentro do envelope, mordendo os lábios. Gostaria de ter escrito mais coisas, mas com certeza preferia conversar com eles pessoalmente. Deixou as cartas no cantinho da escrivaninha, enviaria no dia seguinte após passar na floricultura para comprar flores e pedir para entregar tudo junto.

Se levantou ao escutar um chorinho e sorriu, andando até o pequeno moisés onde Wonho estava. Colocou a chupeta de volta em sua boca, vendo ele voltar a adormecer tranquilamente. Sorriu admirando aquele pequeno pedacinho de gente, ele era muito lindinho. Sentia uma vontade gigantesca de pegar, apertar e morder as bochechas do neném, mas claro que ele jamais faria isso.

Saiu do quarto pois não poderia se esconder ali para sempre e pelo mezanino já podia ver as crianças e Jungkook sentados na sala. Desceu as escadas atraindo a atenção deles, tendo um sorriso enorme de Angie em sua direção.

— Como combinamos, certo? — Jungkook olhou para os cinco alfinhas, perguntando assim que o ômega ficou em frente a eles.

— Nos perdoe, não foi educado a forma como te recebemos. — Quem tomou a palavra foi Somin, a pequena só queria brincar e aproveitar o resto do dia.

— Desculpa! — Os outros quatro pediram em uníssono e analisando as expressões de cada um, o único que estava nitidamente emburrado, era o mais velho.

— Está tudo bem, eu sei que é um choque grande para vocês. — Sorriu e os gêmeos correram em sua direção abraçando suas pernas. Jimin ficou surpreso, mas retribuiu o abraço, bagunçando de leve os cabelinhos negros.

— Agora podemos brincar? — Junghyun perguntou para o pai, ganhando um aceno positivo.

Não foi nada surpreendente ver que quase todos sumiram de vista o mais rápido que puderam, sobrando apenas a ômega que continuava sentadinha na poltrona.

— Não quer brincar? — Jungkook questionou, um pouco preocupado.

— Na verdade, queria brincar com você, pai. — Deu um sorriso banguela e um tanto sapeca, fazendo Jungkook até mesmo se surpreender.

— Tudo bem, qual gostaria?

— De esconde-esconde! — respondeu empolgada e Jungkook assentiu. — Eu começo!

Jimin achou a cena muito fofa de Jungkook virando para trás e começar a contar, enquanto a pequena correu para se esconder. Apenas se sentou no sofá e observou, pois ainda se sentia estranho naquele ambiente, principalmente por tudo parecer tão mórbido. Cinza é uma cor linda, não negaria, mas com certeza faltava um tchan ou algo para harmonizar o ambiente.

Observou todos brincando com o pai depois de um tempo, até mesmo Jungkook entrou na parte de se esconder e de forma muito adorável, Jiho lhe perguntou onde estava o pai e sem conseguir negar, o ômega apontou para a cozinha.

Depois de tomarem banho, às oito horas, Evangeline serviu o jantar. As crianças até estavam bem falantes, exceto pelo mais velho, Junghyun parecia verdadeiramente irado com sua presença. Jimin fingiu que não era com ele, afinal sabia que era questão de adaptação e como ele mesmo já tinha dito: ele era o estranho ali.

— Coloquei todos na cama! — Jungkook anunciou, entrando no quarto e sorriu ao ver Wonho mamando a mamadeira, quietinho nos braços de Jimin. — Iria perguntar se precisava de ajuda, mas acho que consegue lidar bem com ele.

— Nessa fase eles são tranquilos, dá trabalho só depois que anda. — Brincou, arrancando um riso do alfa. — Estou preocupado em ter colocado roupinhas demais, o quarto está quente.

— As mantas dele são quentinhas e o clima lá fora está agradável, podemos tirar o macacão. — Assentiu para si mesmo após dizer.

— Será que podemos ir lá fora? — Jimin questionou de repente, olhando para a varanda.

— Por que a pergunta?

— Bom, o bebê é seu, não sei quais coisas você aceita. Meus irmãos têm opiniões divergentes, um não deixa um vento chegar perto do bebê, outro se estiver calor só uma fralda já tá bom e tem o meio termo. — Jimin tombou a cabeça para o lado, rindo ao lembrar.

— Podemos ir para a varanda. — Riu negando com a cabeça, levantando-se enquanto sinalizava com a mão para ser acompanhado.

O loiro o seguiu, se acomodando no sofá que tinha no canto esquerdo, encarando as estrelas e a Torre Eiffel. Jungkook estava escorado na grade de proteção, olhando para o jardim.

— Nunca tinha reparado no quão bonito é a vista daqui. — O moreno comentou, parando para analisar.

— Você não costuma vir à varanda? — Jimin inquiriu um pouco curioso.

Jungkook arregalou os olhos por um momento, o desespero quase consumindo todo seu corpo, até sorrir fraco para outro e responder:

— Nunca parei para olhar os detalhes na verdade. — Se desencostou da sacada e andou até se sentar ao lado do ômega. — Você tem algum dom para cuidar de crianças? — Olhou para Wonho que estava quase se rendendo ao sono.

— Acredito que seja prática, eu tenho bastante sobrinhos. Meu irmão mais velho, Jihyon, me deu cinco, a Hyosun teve o nono recentemente e o Yoongi me deu três. — explicou de forma calma. — Tive muitas cobaias e por enquanto acredito que o Wonho seja um bebê bonzinho.

— Nunca quis ter filhos? — De forma curiosa, o alfa não se conteve em perguntar.

— Querer, eu quis, mas existem coisas que estão verdadeiramente longe do nosso alcance. Eu idealizei muito uma coisa e se não for dessa forma, para mim não faz sentido, entende? — O olhou nos olhos, deixando a mamadeira de lado ao ver Wonho soltá-la.

— Acredito que posso compreender.

— Você se sente confortável em falar da sua falecida esposa? — questionou de repente e Jungkook assentiu, um pouco incerto. — Como se conheceram?

— Em uma das lojas L'atelier Encanto, eu tinha onze anos. — respondeu nostálgico, enquanto encarava os olhos curiosos do ômega sobre si. — Me encantei por ela desde o primeiro instante, mas até os meus dezesseis anos ela me esnobou, fomos apenas amigos. Depois da puberdade do meu lobo, não sei exatamente o porque ela passou a me ver com outros olhos e passamos o meu primeiro cio juntos, em consequência disso, nasceu o Junghyun.

— Então ele foi um acidente?

— Sim. — negou com a cabeça, rindo baixinho. — Você não teve alguém assim na sua adolescência?

Já que estavam falando sobre o passado, Jungkook não achou que faria mal perguntar.

— Na verdade, sim, aos meus dezesseis anos pensei ter encontrado o amor da minha vida. Ele era bonito, inteligente e gentil, me apoiava em tudo e me incentivava em todos os meus sonhos, mas as coisas não são como os contos de fada e infelizmente eu não tive um final feliz. No meu aniversário de vinte anos, ele me pediu em casamento e antes de completar vinte e um, já estava tudo perfeito, pronto... mas no dia ele simplesmente me deixou plantado no altar e eu nunca mais o vi. — contou com o olhar vago para a imensidão do céu, mordendo os lábios.

— Ele não deu nenhuma explicação? Simplesmente te deixou esperando? Que babaca! — Jungkook não acreditava, ficou perplexo com tudo que ouviu.

— Hoje em dia eu acho que foi bom ele não ter aparecido, do jeito que eu era trouxa naquela época, provavelmente iria rastejar aos pés dele para que ele não me deixasse. — Riu de si mesmo, se levantando e entrando com Wonho no quarto, após constatar que ele tinha adormecido.

— Sinto muito por você ter passado por isso... — O alfa lhe olhava de forma triste, após copiar seus passos e voltar para o quarto.

— Nem todos têm a sorte de encontrar um parceiro incrível como você achou a sua esposa, mas está tudo bem, foi melhor para mim em todos os sentidos. — Ajeitou o bebê no pequeno berço, cobrindo seu corpinho com a manta mais fina para que não sentisse calor e ficasse protegido do frio. — Mas saindo desse assunto melancólico, me diga, como é a rotina das crianças?

— Bom, às seis da manhã eles se arrumam para ir para a escola, a Evangeline serve o café da manhã, depois dos dentinhos escovados, conferir o material e pegar a lancheira o motorista deixa eles na escola e eles ficam das oito até às seis e meia da tarde na escola. — Começou a explicar, vendo o ômega se aconchegar debaixo dos lençóis. — Trabalho das oito às seis, isso se eu conseguir resolver todas as pendências. Em casa só vai ficar a Angie e o Wonho. — Apagou a luz, se deitando do lado direito da cama, ao lado do loiro.

— Entendi, acredito que em uma semana eu consiga pegar o ritmo.

Em resposta o alfa afirmou positivamente, suspirando nervoso ao olhar para o loiro, esperando que ele fizesse alguma coisa.

Talvez um beijo? Bom, não poderia passar disso, mesmo que Wonho não pudesse ver, não teria coragem de fazer com o pequeno ali. Era estranho o fato de que no máximo tinham se abraçado e eram casados no cartório, o ômega agora era Jeon Jimin. Tinha aceitado casar consigo, sabia que a mãe do ômega tinha lhe proposto algo, mas eles teriam que levar uma vida de casados, tanto pelas crianças quanto porque não tem lógica não trocarem algum tipo de afeto, só estariam se prendendo, seria mais fácil não ter casamento.

Jimin estava de costas para si pronto para dormir e mesmo que ainda sentisse sua consciência lhe punindo, passou o braço esquerdo pela cintura do ômega, o trazendo um pouco mais para perto. Seu coração estava com os batimentos fora do ritmo normal, afinal era a primeira vez que seu corpo encaixava a outro, sentindo uma fragrância distinta da sua em três meses. E sobre o cheiro ele não mentiria, era viciante e se o inebriou como um calmante, não tinha como negar que pêssegos em calda eram muito mais gostosos que lavandas, porém, ele não admitiria isso em voz alta, ao menos por enquanto.

Já fazia muito tempo que Jimin não dormia assim com alguém e tentou não estranhar, respirando fundo, acabando por sorrir pelo fato do alfa ser quentinho e se aconchegou melhor contra o corpo alheio, ao ponto de sentir a respiração do outro contra sua nuca.

O ômega foi o primeiro a adormecer, mas Jungkook além de demorar muito para conseguir dormir, acordou várias vezes durante a noite. Olhou Wonho inúmeras vezes estranhando o fato do bebê não ter acordado ou chorado durante a noite, quase colocou o bebê na cama consigo para ter certeza que ele não esqueceria de respirar em algum momento. Depois das duas e meia, a paranoia o abandonou e ele simplesmente passou a relaxar e abraçar o corpo menor que o seu novamente, porém inconsciente pelo sono, o loiro virou de frente para si, passando o braço por seu tronco e de alguma forma entrelaçou suas pernas, fazendo-os ficar totalmente colados.

A posição fez o alfa se sentir um pouco estranho, pois não era Yoona ali, mas agradecia aos céus por Jimin ter a beleza de um anjo, de forma que era até mesmo invejável e isso ele não conseguia negar, era simplesmente extraordinariamente lindo. Atração ele confessa que sentia, o que facilitava o processo de se acostumar com os toques.

Não conseguia parar de imaginar o dia que marcaria o outro, no civil já eram casados, mas era após cerimônia religiosa que a marca seria feita. Ainda sentia o vazio de seu lobo após a antiga conexão ser desfeita, tudo bem que achou que seria pior, mas foi agoniante de toda forma.

E com a marca em mente ficou analisando o ômega, enquanto se questionava qual local ele escolheria para ela, será que ele era dos que gostavam de ser discretos ou não se importava de sair por aí exibindo?

Depois de tanto pensar, conseguiu adormecer ao menos quatro horinhas antes do despertador começar a tocar e o arrancar do mundo dos sonhos.

Se espreguiçou, abraçando um corpinho quentinho agarrado ao seu de maneira mais forte e inconscientemente. Abriu os olhos, arregalando-os em surpresa pela distância que se colocou por conta da ação e, céus, se tiver três centímetros é muito. Se afastou rapidamente, tendo em resposta Jimin abrindo os olhos e coçando em seguida, e okay, era a coisa mais fofa que já tinha visto e olha que seus filhos eram a coisa mais fofa que poderia existir.

— Bom dia... — Jimin murmurou, ainda estranhando a proximidade do outro. Não estava nem um pouquinho acostumado a dormir assim com outra pessoa, no máximo dormir abraçadinho a um dos seus sobrinhos por estarem com medo da chuva e olhe lá!

— Bom dia. — Jungkook respondeu com a voz meio rouca, se levantando e indo até Wonho, constatando que o pequeno ainda dormia. Acordaria morto de fome, certeza. — É a primeira noite que ele dorme sem acordar.

— Ele devia estar bem cansadinho. — Jimin bocejou, se sentando na cama e espreguiçando o corpo.

— Eu vou acordar as crianças. Pode dormir mais um pouco se quiser. — avisou saindo do quarto, fazendo o ômega assentir, mas não pôde concretizar a ação, pois ouviu um resmungo.

Ficou de pé, andando até o moisés e Wonho estava abrindo os olhinhos, levantando os bracinhos e esticando as perninhas.

Iti que preguiça, neném! — Sorriu para o bebê, tirando a mantinha e tocando a fralda. — Alguém fez bastante xixi de noite, uh? — Pegou o bebê no colo, indo até o trocador que tinha no quarto e colocando o pequeno ali, ainda meio sonolento. — Que dózinha meu Deus, todo quentinho e eu vou ter que tirar as roupinhas... — lamentou, pegando uma fralda nova, os lencinhos e a pomada.

Tirou a roupinha com cuidado brincando com o bebê enquanto isso, Wonho parecia gostar bastante de si, já que ficou bem quietinho observando-o curioso. Após terminar de trocar a fralda, arrumou as roupas do bebê, o pegou no colo e saiu do quarto. O bebê com certeza estava com fome então a primeira coisa que faria era dar mamá para ele. Quando chegou no andar de baixo viu uma das empregadas já terminando de fazer as coisas na cozinha e Evangeline ao lhe ver, entregou a mamadeira do pequeno.

— Obrigado! — agradeceu chacoalhando o líquido para colocar o bico na boquinha do bebê, observando ele sugar com vontade o leite da mamadeira.

— Dawon volta aqui, deixa eu arrumar o seu uniforme! — Jungkook elevou o tom correndo atrás do filho pelas escadas, mas o gêmeo ficava se esquivando. — Dawon!

— Você não me pega! — Se empolgou e parou de olhar para frente, como consequência bateu contra as pernas de Jimin e caiu de bunda no chão. — Ai!

— Você está bem? — O loiro se abaixou na altura da alfinha, com Wonho nos braços, preocupado. — Machucou?

— Eu disse pra não correr! — Jungkook olhou para o filho repreensivo, ajudando-o a se levantar e verificou se não tinha algum machucado. — Já pensou se tivesse acontecido algo sério? Poderia ter sofrido uma concussão e me deixar preocupado!

— O que é con... contubão? — perguntou confuso, não sabendo como repetir a palavra. — É muito ruim?

— Horrível!

— Desculpa papai, é que eu não quero ir para escola, quero ficar aqui que nem a Angie! — Cruzou os braços, fazendo bico.

— Mas a Angie não pode ir amor, você pode, então deveria aproveitar. — Jimin falou sorrindo docemente para si. — Você tem uma oportunidade que ela infelizmente não tem. E você não quer ver a Angie triste, não é?

— Ela vai ficar triste se eu não for? — O pequeno arregalou os olhos.

— Uhum, ela não vai ficar feliz em te ver desperdiçando a chance que ela não tem. — Jimin tinha um olhar triste e Jungkook estava incrédulo com o que via.

— Eu vou colocar o sapato! — O alfinha andou rapidamente até a escada, subindo e sumindo pelo corredor.

— Você é um manipulador nato! — Jungkook não pode deixar de pontuar.

— Não sou não, eu apenas usei um pouco da pressão psicológica ao meu favor! — Sorriu ladinho, dando uma piscadinha. — Eu só usei a verdade para fazer ele ir à escola.

— Se a Angie soubesse o inferno que é a escola, ela não iria querer ir. — Jungkook correspondeu o sorriso, observando Wonho lhe olhar. — Seus braços devem estar cansados, quer me dar ele?

— Eu estou bem, mas o bebê é seu! — Jimin riu nasalado, entregando a criança para o pai.

— Não fale assim quando as crianças estiverem em casa, por favor. Eles tem que acreditar que somos um casal a algum tempo. — Jungkook pareceu um pouco nervoso, afinal não era fácil para si.

Jimin apenas assentiu, olhando para cima e vendo o filho mais velho do alfa olhando tudo do topo da escada, ele era com certeza o mais desconfiado. Se aproximou de Jungkook, inclinado a cabeça de uma forma que parecesse que estavam se beijando, Jungkook estranhou e quando ia se afastar, sentiu o outro passar as mãos ao redor de seu pescoço e acariciar sua nuca e lhe olhando nos olhos.

Ele iria lhe beijar?

— Pai! — O alfa se afastou ao ouvir chamado e olhou para o topo das escadas. — Pode me ajudar com os materiais?

— Ajudo sim, as meninas já estão prontas? — Estendeu Wonho para Jimin que prontamente pegou o pequeno, sorrindo em sua direção.

— Estão precisando de ajuda para arrumar o cabelo. — respondeu e andou em direção ao seu quarto.

— Ele não gosta mesmo de mim. — Jimin murmurou para si mesmo.

— De um tempinho a ele. — O alfa escutou e pediu indo em direção às escadas. — Você pode ajudar as meninas?

— Posso sim!

Somin e Junghwa não eram muito exigentes. A trigêmea mais velha quis um rabo de cavalo e a outra pediu tranças, o que com certeza era um alívio para seus professores, afinal elas eram idênticas, não tinha o que tirar nem pôr, o que era diferente em relação a mais nova, pois fora os traços do rosto, Angie tinha o diferencial de ter os cabelos e olhos mais claros.

Depois que as crianças se foram, Jungkook conseguiu se arrumar devidamente e Jimin estava com Wonho no colo, brincando com o neném.

— Nos vemos no almoço, está bem? A Angie deve acordar em torno das nove horas. — O alfa informou descendo as escadas.

— Certo, depois que ela tomar café vou sair com eles, tudo bem? — perguntou sem olhar para o outro, focando-se totalmente nas gargalhadinhas que Wonho dava por conta das caretas que fazia para entreter o bebê.

— Então não devo voltar para o almoço? — Jungkook indagou, confuso.

— Que horas você almoça? — Desviou seu olhar para o moreno.

— Uma hora.

— Estarei aqui antes, garanto. — Sorriu para o outro, sendo retribuído da mesma forma.

— Então, até o almoço! — Se despediu, decidindo por simplesmente sair de uma vez ao invés de ficar travado no lugar se perguntando se deveria tomar alguma atitude ou dizer mais alguma coisa.

— Acho que seu pai está incomodado com alguma coisa, neném. — Jimin sussurrou como um segredo para Wonho. — Eu deveria conversar com ele ou dar espaço?

Ponderou por um tempo, até Evangeline lhe entregar um caderninho com o nome de todos os empregados e suas funções.

— Tem todos os horários para o senhor não se perder em relação às crianças, os horários das refeições, as atividades que costumam ser feitas e também o cardápio dessa semana, varia todo mês após a consulta com o nutricionista, senhor. — A governanta instruiu calmamente. — Caso queira mudar alguma coisa, basta me dizer.

— Evangeline, você é um doce, muito obrigado! — A olhou de forma terna, realmente agradecido por ela ter anotado tudo certinho para que não ficasse tão perdido.

— É apenas o meu trabalho, senhor. — Sorriu, sentindo-se tímida. — Mas preciso que me tire uma dúvida.

— Claro, o que é? — Se levantou, colocando Wonho na cadeirinha de atividades, com várias coisinhas penduradas para lhe entreter.

— Não sei se o senhor se sente confortável que eu toque no nome da-...

— Oh, não se preocupe, pode mencioná-la quando quiser, não é algo que me incomode. — Riu baixinho, achando fofo a preocupação da ômega. — Mas eu te interrompi, me desculpe.

— Que isso, senhor, não foi nada. Porém, como eu ia dizendo, a senhora Yoona gostava de fazer as compras e todas as funções da casa, ela quem coordenava, depois que ela... bem, que ela faleceu, eu quem tenho feito isso, o senhor Jungkook quase nunca está em casa. Preciso saber se o senhor quer que continue assim ou quer assumir o controle.

— Bom, eu ainda preciso me adaptar a tudo, na minha antiga casa eu cuidava apenas do meu quarto. — Riu de forma divertida. — Talvez mais para frente vai ter que replanejar algumas coisas por conta do meu trabalho, mas se você gostar de cuidar dessa parte, não me importo de deixar sob sua responsabilidade.

— Muito obrigada pela confiança, senhor! — Os olhos da beta brilharam. — Posso lhe fazer uma pergunta?

— Claro.

— O senhor mencionou que trabalha, em que seria? — Piscou algumas vezes, de forma realmente curiosa e um pouco intrigada.

— Eu trabalho na floricultura da minha família e sou escritor. — respondeu, o orgulho chegando a ser palpável em sua voz.

— Incrível! — Ela expressou, realmente encantada. — Fico feliz que ao menos em algumas famílias as coisas não sejam no ritmo das cavernas. — No fim, pareceu até mesmo irritada.

— A sociedade anda a galope, mas tenho certeza que algum dia os ômegas estarão livres para tomar suas próprias escolhas. — Comentou realmente esperançoso. — E minha contribuição para ver isso acontecer, tem sete aninhos.

— Angie? — Ela questionou e ele assentiu. — Ela será a ômega mais feliz do mundo por isso, senhor. Sabe, a senhora Yoona abominava isso... ela sempre ficou afetada por querer ser como os irmãos e não poder.

— Infelizmente ela não está mais aqui e felizmente não vai poder me impedir. — Piscou para a beta que segurou o riso. Pois ali Evangeline teve certeza que sua senhora provavelmente estava se revirando no túmulo com toda aquela conversa. — E sobre a Angie, ela come assim que acorda?

— Angie é muito boazinha, senhor, bom... quando não está chorando, pelo menos.

— Como assim?

— Digamos que não ter a mãe por perto, afeta muito ela. Nenhuma das babás que o senhor Jeon contratou aguentou cuidar dela. — contou, ficando um pouco nervosa. — Não passaram mais de uma semana aqui.

— Compreendo, espero que eu consiga dar o apoio que ela precisa. — suspirou, sentindo-se triste ao saber sobre a pequena. — O que ela gosta de comer no café?

— Ela não tem frescura para comida, mas se ela pudesse escolher... diria bolo de laranja ou sorvete.

— Sendo assim, podemos sair um pouquinho do que o nutricionista passou? — Jimin perguntou depois de olhar no caderninho que a beta tinha lhe entregado.

— Um dia com certeza não fará mal. — declarou cúmplice.

— Certo, você pega o Wonho e vamos para a cozinha!

— Mas por que? — A beta estava realmente confusa.

— Porque eu vou fazer o bolo de laranja para ela! — respondeu empolgado. — Quero que ela goste de mim, então vou conquistar ela pela barriga!

Evangeline ficou encantada com as intenções do ômega e fez o que lhe foi pedido, indo em direção a cozinha com Wonho em sua cadeirinha e dizendo onde estava os ingredientes para o bolo.

Jimin tomou o máximo de cuidado para fazer o bolo da maneira correta e usou de todas as suas habilidades culinárias para deixar bem gostoso e após tirar o bolo da forma depois de assado, tomou um susto por ver a pequena parada na porta da cozinha e o rostinho inchado por conta do sono.

— Bom dia! — Jimin desejou a pequena que sorriu.

— Bom dia, Jimin e bom dia Evangeline. — Sorriu para os dois.

— Bom dia, querida. — Evangeline respondeu e em seguida olhou o relógio. — Com licença senhor, preciso ir à feira.

— Evangeline está sempre correndo... — Angie comentou assim que a beta se retirou, negando com a cabecinha, fazendo Jimin ficar besta com o gesto. — Você já tomou café, Jimin?

— Não sinto vontade de comer assim que acordo, então resolvi esperar você. — Foi sincero e ela o olhou com os olhinhos brilhantes. — Você quer comer aqui ou prefere comer na sala de jantar?

— Não tenho preferência, Jimin.

— Acho que na mesa fica mais confortável. — ponderou por um momento e a pequena assentiu.

— Precisa de ajuda? Quer que eu leve os pratos ou copos? — perguntou olhando para o irmão que estava tentando pegar um dinossauro. — Difícil eu ver o Wonnie acordado.

Wonnie? — Repetiu o que a pequena tinha dito, achando fofo o apelido.

— Eu chamava ele assim desde que a mamãe me contou que era um menino e o papai contou que o nome era Wonho, eu achava muito difícil de pronunciar... — confessou meio tímida e Jimin quase morreu de amores em ver que ela olhava para os pés, fazendo desenhos imaginários.

— Combina muito com ele. — afirmou e levou o bolo para a mesa voltando para buscar o bebê. — Ah, sobre os copos e pratos, já estão na mesa, meu bem.

Angie assentiu e acompanhou Jimin até a mesa, a pequena se aconchegou em uma das cadeiras e com muita cautela ela cortou um pedaço de bolo e se serviu, surpreendendo o ômega com essa ação, mesmo que fosse nítido que ela estava com medo de fazer besteira.

— Quer que eu coloque o suco para você? Você prefere goiaba ou abacaxi? — Jimin indagou, ajeitando Wonho em seus braços ao ver o bebê piscar de forma demorada, indicando que logo dormiria.

— Abacaxi, por favor. — respondeu. — Obrigada, Jimin. — agradeceu depois do ômega servir e depois sentar ao seu lado. — Quer um pedaço de bolo?

— Eu prefiro croissant, na verdade. — Sorriu, observando o bebê adormecer. — Mas antes de comer, vou colocar esse neném na cama.

— Ele demora um pouquinho para realmente dormir, as babás sempre reclamavam disso. — Comentou. — Mas acho que ele só não gostava delas.

— Elas eram chatas?

— Acho que eu era a chata. — Brincou e Jimin mais uma vez queria morrer de amores pelo jeitinho fofo e por ver o quão inteligente ela é, tinha a fala bem desenvolvida. — Jimin, posso te perguntar uma coisa?

— O que quiser, princesa.

— Como você e o papai ficaram juntos? — Tombou a cabeça para o lado ao perguntar.

— Oh bem, nós éramos amigos... — Coçou a garganta, tentando afastar o nervosismo ao mesmo tempo que procurava as palavras. — E depois que a sua mãe... sabe... — Respirou fundo. — Passamos a nos ver de outra forma, nasceu algo além da amizade.

— Isso é bom, papai precisa de alguém que o ame e cuide dele agora que a mamãe não está mais aqui. — De forma inocente, ela falou olhando em seus olhos. — E você não vai ser como as babás, não é? A vovó me disse que agora mamãe está no lugar que ela merece, mas eu não quero mais ficar sozinha...

— Não vou a lugar nenhum pequena, não se preocupe! Inclusive, quando terminarmos o café, vamos passear.

— Onde?!

— Você já foi em uma floricultura?

A pergunta deixou Angie ainda mais empolgada, de fato, em seus míseros sete anos de vida ela ainda não tinha visitado uma floricultura. Ficou tão animada, que depois de terminar o café, não conseguia escolher qual vestido ficaria bom para a ocasião, mas no fim deu tudo certo e optou por um rodado na cor rosa bebê e usou até mesmo um arquinho com lacinho sobre os fios loirinhos.

— Assim está bom, Jimin?

— Está uma verdadeira princesa, Angie! O que você acha da roupinha do Wonho?

— Ele é o marinheiro mais bonitinho que existe!

Com essa resposta, Jimin soube que estavam prontos para sair, pegou a bolsa de Wonho, sua carteira, colocou no bolso e comunicou a Evangeline que logo estaria de volta. Instruiu o motorista sobre o caminho após entrarem no automóvel que Jungkook tinha reservado para si. Angie estava verdadeiramente animada, tudo que via pelo caminho ela apontava e fazia algum comentário.

Ao chegarem os olhos da pequena arregalaram, só pela vitrine já dava para ver um pouco do interior e Angie achou tudo simplesmente perfeito ao entrarem na loja. As paredes eram recobertas por um papel de parede rosa claro, com desenhos de flores roxas, enquanto os móveis eram de madeira branca. Nos nichos ficavam a maior parte das amostras de plantas, enquanto no chão haviam as mudas prontas para o plantio.

— Taehyun, Crystal, o tio Jimin tá aqui! — A atenção do loiro foi para sua sobrinha, que veio rapidamente em sua direção e lhe deu um abraço. — Tio, eu fiquei muito triste de chegar e não te ver aqui!

— Taehyeon, eu também estava com saudades e me desculpe. — Retribuiu o abraço da menina, a apertando com cuidado por Wonho estar em seu colo.

— Quem são esses? — Ela perguntou, curiosa, intercalando o olhar entre Wonho e Angie.

— Essa é a Angie e esse é o Wonho, são filhos do meu marido. — Explicou calmamente. — Angie, essa é a Taehyeon.

— Tio, o senhor casou e não me convidou pro casamento? — A pequena fechou a expressão, ficando triste.

— Casei apenas no papel, mas vou te convidar para a cerimônia, não se preocupe, amor. — Foi rápido ao dizer.

— Angie, acho que agora somos primas! — Se animou novamente, virando para a loira. — Eu sou legal, juro.

— Acho que eu também sou, eu ainda não sei como identificar classificação, mas eu sou ômega.

— Eu sou ômega também, mas meus irmãos são alfas. — respondeu.

— Os meus também! — Os olhinhos da loira brilharam e impulsivamente ela segurou nas mãozinhas da acastanhada. — Você também não vai à escola?

— Não, não posso. — Sorriu meio triste. — Mas eu aprendo tudo em casa, com os meus pais e faço ginástica artística também.

— Que incrível! Eu tenho sete anos e você?

— Fiz oito mês passado. — Riu achando engraçado toda a empolgação da outra.

— Jimin, como isso é possível? Ela é como eu... eu faço oito anos em junho. — Olhou para o maior, sem soltar as mãos de Taehyeon.

— Vocês realmente têm muito em comum!

—Jimin? — Sua atenção foi chamada ao ver seu melhor amigo. — Oh, bem que eu achei que não estava ficando louco! Vou bater no seu pai, Taehy.

— O que? Ele está mesmo aqui? — Hoseok perguntou após passar pela porta dos fundos, com um menino no colo e logo atrás dele vinha outra menina.

— Angie, esses são meus pais, bom... dois deles. — Sua fala deixou a pequena confusa, mas antes que ela pudesse perguntar a respeito a ômega continuou. — O ruivo é o papai Hoseok, no colo dele é o Taehyun, meu irmão mais novo, ele tem quatro anos e é carente, o moço alto é o papai Taehyung e aquela ali é a Crystal, tem dez anos e só tem cara de nojenta, mas é um amor.

— Eu ia bater nela se ela não tivesse explicado. — Crystal fuzilou a irmã com o olhar.

— Você não ia bater na sua irmã. — Taehyung olhou repreensivo para sua primogênita, que apenas cruzou os braços.

— Queria entender porque o Jimin está com duas crianças, você não sequestrou ninguém, não é? — Hoseok o olhou preocupado. — Minha área não é criminal, criatura!

— Ele se casou com meu pai, senhor Hoseok. — Angie respondeu no lugar de Jimin, o que fez os olhos do ruivo saltarem.

— Paixão que fala, Hoseok. — Jimin brincou, sorrindo amarelo.

— Papai, posso brincar com a Angie lá em cima, prometo que não bagunço nada! — Taehyeon pediu para Taehyung.

— Eu ia levar vocês para tomar sorvete... — Hoseok fez bico.

— Leva a Angie junto. — Taehyung sugeriu. — Tudo bem por você, Jimin?

— Quer ir? — Jimin olhou para a loirinha, que olhou para Taehyeon.

— Vamos? — A ômega perguntou, os olhinhos brilhando.

— Tá bem, eu quero ir, Jimin! — afirmou com um grande sorriso.

— Te devolvo ela em meia hora! — Hoseok informou após deixar um selar nos lábios de Taehyung, guiando as crianças para o lado de fora.

— Como você está? — Taehyung perguntou após estarem sozinhos.

— Bem, eu acho. Por enquanto tem sido bem tranquilo e-...

Sua sentença foi interrompida pelo barulho da porta. Virou o pescoço para ver quem era e sentiu um calafrio tomar todo seu corpo ao vislumbrar seu progenitor. Respirou fundo, colocando um sorriso no rosto.

— Oi, pai. — Cumprimentou, umedecendo os lábios.

— O que você está fazendo aqui? — O sr. Park não estava contente em lhe ver, sua postura era rígida e mantinha os braços cruzados.

— Vim encomendar flores e fazer uma visita. — respondeu sem se abalar. — Não sou mais bem vindo aqui? Ainda é o meu trabalho.

— Oh não, você não trabalha mais aqui. Assinou sua demissão a partir do momento que se casou tão repentinamente. — De forma amargurada as palavras saiam de sua boca, pouco se importando com a intensidade deles.

— Eu só não te contei porque sabia que o senhor não aprovaria. — Continuou firme no personagem, não queria arrumar problemas para sua mãe.

— Vai me dizer que superou o seu trauma assim tão facilmente? Acha mesmo que não sei que tudo isso é armação da sua mãe ou quer que eu acredite nessa história ridícula que se casou por amor? Que de repente, você se apaixonou? — Riu alto, como se tudo fosse uma grande piada.

Só que tais palavras deixaram o loiro totalmente desarmado, ele não sabia como retrucar. Não amava o homem que agora chamava de esposo, mas amava seu sonho, então de certa forma, estava fazendo por amor. O que realmente tirou suas palavras, foi ouvir seu pai debochar da situação, pois o tal trauma voltou a sua mente. Iria completar sete anos de recuperação de algo que o marcou tão profundamente ao ponto de não ter cicatrizado. Um dia ele foi um bobo apaixonado, porém não se passou de ilusão, afinal mesmo com as mais belas declarações, teve seu coração partido no dia que deveria ser o mais feliz de toda a sua vida. E tinha sido tão traumático ver todos irem embora após o cancelamento da cerimônia, com todos os seus planos e metas indo para o lixo, que ele não desejava voltar a amar alguém novamente e por hora, isso ainda lhe era concedido.

Pois no momento, amor em sua concepção deveria ser puramente ficção e continuar apenas nos livros, isso claro, cabendo somente a si mesmo.

— Sim, é exatamente isso, pai. — respondeu após alguns segundos, assumindo totalmente o personagem. — Eu estou perdidamente apaixonado, realmente aconteceu e estou tendo a chance de ser feliz. De uma coisa o senhor pode ter certeza, não teria dito sim e assinado um documento no cartório se não desejasse com todo meu ser me casar. Sobre a mamãe, sim, ela me ajudou, mas apenas como rede de incentivo e apoio, coisa que o senhor jamais me daria, em vista de que o senhor não sabe deixar os filhos voarem para fora do ninho!

L'atelier Encanto, sala do CEO
17/04 - 11:30

Jungkook executava suas tarefas rotineiras calmamente até ser avisado por sua secretária de que sua mãe estava indo em direção a sua sala e realmente não demorou para conseguir ver a silhueta da ômega pela parede de vidro. Jiwon, como sempre, andava em trajes formais e esbanjava elegância ao caminhar.

— Mamãe, o que faz aqui? — Estranhando a presença da mulher, o moreno não se conteve em questionar, relaxando a postura ao vê-la se sentar em sua frente.

— De repente me veio uma ideia insana de que meu filho estaria enfurnado no trabalho ao invés de se concentrar na lua de mel dele e tive que vir ter certeza que eu poderia estar errada, mas comprovei mais uma vez que isso é impossível. — respondeu ironicamente, suspirando decepcionada.

— Jimin e eu mal nos conhecemos, nos casamos por uma pressa irracional da sua parte e não acho que seja confortável forçar o que não existe, ou seja, clima. Não somos um casal apaixonado. — respondeu a altura, recebendo um riso nasalado e cansado da genitora.

— Eu me pergunto como posso ter acertado tanto com o Jaehwa e a Jiwoo, e errei justamente com você. — Ela cruzou os braços, negando algumas vezes com a cabeça.

— Não estou compreendendo. — Cruzou os braços da mesma forma, a olhando sem ânimo.

— Veja bem, vocês se casam esse ano, planejar um casamento é trabalhoso e organizar tudo da maneira que seja bom para os dois não será simples. Eu consegui que você se casasse com um ômega único, Jungkook, alguém como ele você não vai achar em qualquer esquina. Ele é um ômega independente, inteligente e que de trouxa não tem nada. Ele não aceitou esse casamento por amor, por dinheiro também não, pois se brincar, os Park tem o dobro da nossa fortuna. — Apesar de saber da proposta de Jihyun para o filho, Jiwon preferiu mover suas peças do tabuleiro. — Enquanto a marca não existir, anular o casamento é bem simples. Acha mesmo que se não o conquistar ele vai te dizer sim no altar?

— Para começo de conversa, só aceitei essa loucura por conta da sua chantagem. Ele realmente é muito legal, mas a senhora se esquece que eu ainda estou de luto e que ainda amo a Yoona. Não pode me pedir para superar o meu primeiro e único amor da noite pro dia! — contestou indignado.

— Você não superou? Tudo bem, eu entendo, mas você tem vinte e seis anos, seu filho mais velho tem nove e nos últimos três meses você mal os viu, eles tem capacidade de seguir em frente, continuar tendo notas exemplares, mesmo estando sem o apoio e com saudade do pai, passando semanalmente de babá em babá e você não pode sair da sua bolha depressiva e tentar seguir em frente? — Colocou os fatos na mesa, vendo o ódio nítido nos olhos do filho, ele estava visivelmente se segurando. — Não ouse rosnar para mim, te eduquei muito bem pelo que me lembro. — O repreendeu. — E apesar de você negar e se fazer de cego, sabe que eu tive meus motivos para detestar aquela mulher, porém nunca te tirei o direito de escolha. Até mesmo quando se voltou contra sua própria família, quando você precisou eu te apoiei. Sabe que para mim não gostar de alguém é muito difícil e que em questão de intuição, eu nunca errei.

— Nunca me tirou o direito? O que a senhora fez nas últimas semanas foi o que? — perguntou perplexo.

— Volto a repetir, você tem vinte e seis anos, já sabe ou ao menos deveria saber como lidar com as suas emoções e entender que a sua vida não é só mais sua, você é responsável por sete crianças e vai ser para sempre, pois isso é a paternidade. Eu como sua mãe, sou responsável por você e seus irmãos e no momento, estou fazendo tudo para o seu bem. Enquanto não voltar a pensar racionalmente e priorizar os meus netos, eu vou ser a vilã.

— A senhora não acha que pode errar uma vez na vida? — Mesmo estressado, tentou controlar o tom.

— Em relação a Yoona? Nunca estive e você somente se cegou para todos os sinais. Não estou aqui para discutir isso, ela já não está mais aqui. O foco agora é em Jeon Jimin, vocês precisam criar um laço além do atrativo, uma marca sem isso vai ser impossível de ser consumada. Jihyun confiou o filho dela a você, ela quer que ele seja feliz e não sei se ele já comentou sobre ter sido abandonado no altar, esse casamento é complicado para ambos, Jungkook. Ele aceitou tudo, inclusive a responsabilidade de cuidar de sete crianças, ele está disposto a tentar. Então faça ele feliz, assim como eu sei que ele vai fazer o que for possível para te fazer também. — Tomou fôlego. — Mas se não quiser tentar, tudo bem, jogue os dados e arrisque a sorte, só tenha em mente que você não tem chances de ganhar de mim. — Se levantou, arrumando o vestido preto que usava rapidamente. — E nada do que eu faço é para te ver infeliz, como eu disse: você sempre será minha responsabilidade, eu sei que ama muito ela, não sou insensível. Só preciso que entenda que ela se foi e você precisa começar a tentar aceitar isso, não tem como trazer alguém dos mortos, filho!

Após terminar, a ômega deixou a sala. Naquele momento, Jungkook sequer sabia o que responder, estava estático. Absorvia todas as palavras da progenitora, tendo a certeza que ela não lhe deixaria em paz até estar tudo concretizado.

Criar um vínculo com outra pessoa, quando se ama outra acaba se tornando quase impossível e naquele momento, teria que descobrir como tornar o impossível possível.

Residência Jeon
17/04 - 13:20.

— Então a gente começa a ler por sílabas? — Os olhinhos da pequena brilharam, enquanto olhava para o papel, tentando entender tudo que Jimin já tinha lhe explicado. — E existem diferentes línguas e alfabetos? Quer dizer que os humanos que criaram as línguas que nós falamos? Como eu vou conseguir aprender todas?

— Vamos com calma pequena, começaremos com o francês, depois que você dominá-la por completo, te ensino outra que se interessar, tá bem? — Sorriu para ela, desviando o olhar para Wonho adormecido no chiqueirinho. Era um bebê tão calminho, Jimin não poderia ser mais sortudo. — Já sabe as letras do nosso alfabeto?

— Eu sei todas e aprendi a cantar elas em inglês também, a vovó me ensinou! — revelou orgulhosa. — Vovó diz que eu tenho que ser como ela, uma ômega independente, mas eu fico um pouco confusa porque minha mãe dizia que era errado, que isso não é atraente numa ômega, não sei o que significa, isso ela não me explicou. — suspirou, abaixando a cabeça. — Mas agora ela não pode me impedir e nem brigar comigo, certo?

— Certíssimo, pequena! — afirmou enquanto escrevia as letras no papel, para a demonstração. — O que você costumava fazer com a sua mãe?

— Mamãe gostava de costurar, então ela brincava comigo de fazer ursinhos, todos os que eu tenho ela que fez. — contou sorridente, mas logo murchou. — Jimin, eu não sei por que a mamãe teve que ir, papai apenas disse que não não voltou. O que isso quer dizer?

— Ah meu amor, existe algo chamado ciclo da vida, as coisas nascem, se desenvolvem e morrem. Sabe a história da bela adormecida? — Ganhou um aceno positivo em resposta. — Quando morremos é como se estivéssemos em um sono eterno, porém não podemos ser salvos por um príncipe.

— Oh! Então a mamãe está lá em cima dormindo? — Tombou a cabeça para o lado. — Eu espero que ela esteja tendo bons sonhos. — Divagou enquanto olhava curiosamente o que Jimin fazia no papel. — Eu posso te chamar de papai? — Abaixou o tom, ficando tímida ao perguntar.

— Pode sim, neném. — Sorriu ternamente e bagunçou os fios loirinhos, ganhando um resmungo.

— Por que o meu outro pai não fica mais aqui em casa? — Pareceu confusa sobre como chamar Jungkook, o que fez o ômega rir.

— Como assim?

— É que antes ele ficava mais aqui, agora ele vive na LE. Eu sinto falta dele, da gente brincar, dos almoços em família. Depois que a mamãe morreu, ele não faz mais essas coisas. — Ela demonstrava estar profundamente triste ao relatar. — É errado pensar que ele não ama mais a gente? — Jimin arregalou os olhos ao notar que a menina estava chorando. — Eu sinto falta da mamãe, muita falta dela. Não parece que eu perdi só ela, sinto que o papai também se foi.

— Angie, vem cá. — Jimin abriu os braços, e a pequena não demorou em se atirar contra eles. — Seu pai ama muito você e seus irmãos, só que ele também sente muita saudade da sua mãe, sabe? Ele só precisa de mais um tempo.

Angie não compreendeu de fato, mas concordou e tentou parar de chorar, ficou grata pelo ômega estar fazendo cafuné e afagando suas costas, pois ajudava. Ficaram nisso até o loiro notar a respiração da pequena mais calma e concluiu que ela tinha dormido.

— Agora eu entendo a sua vó. — sussurrou, se levantando do chão, colocando-a no sofá e arrumou as almofadas para que dormisse confortavelmente.

Pretendia ir para a cozinha, mas foi surpreendido quando seu marido adentrou o cômodo com um buquê de rosas em mãos, junto de uma sacola do supermercado. O olhou de forma confusa, mas ao olhar para o relógio, entendeu o que o alfa fazia ali.

Viu o moreno ir para cozinha e quando voltou estava apenas com o buquê em mãos, estendendo na direção do outro.

— Pra você!

— Ah, quem mandou? — perguntou, pois talvez alguém tivesse mandado entregar, afinal antes de quase ser expulso da floricultura por seus pais ele mesmo tinha mandando entregar três buquês e cartas para seus irmãos. — Não tem nome... oh! Desculpa. Eu só não esperava, obrigado! — Justificou ao ver o alfa lhe olhar incrédulo. — São lindas!

— Muitas pessoas te mandam flores? — perguntou divertido, assistindo o ômega entregar o buquê a uma das empregadas e pedir baixinho para colocarem em algum vaso com água.

— Não, só os meus irmãos. — respondeu. — Esperava que estivessem com cartas da Hyosun ou do Yoongi comendo meu fígado por não contar que estava apaixonado por um alfa e me casar com ele do nada.

— Apaixonado? — Jungkook sentiu as bochechas esquentarem.

— Nas cartas que escrevi, disse estar. — explicou dando de ombros. — Me desculpe realmente por pensar que não era um presente seu, eu só realmente não esperava esse tipo de atitude vinda de você.

— E por quê? — Estava começando a ficar nervoso, não estava demonstrando que estava interessado? Céus, se Jimin decidisse que anularia o casamento, era sem mini Jeon's pro resto da sua vida.

— Ah, porque você ainda parece bem mexido com a morte da sua esposa. — Jimin respondeu com simplicidade. — Mas eu gostei, muito obrigado.

— Eu estou, porém a gente tem que se concentrar no presente, certo? — Jungkook sorriu tentando disfarçar o nervosismo.

— Creio que sim. — O loiro estava bem confuso, o alfa estava estranho.

— Você tem dom de fazer crianças dormirem? — Mudou de assunto, enquanto se aproximava do ômega e podendo ver tanto Angie quanto Wonho adormecidos. — Estava ensinando a Angie? — Olhou para as folhas na mesa de centro.

— Estava, mas no fim ela acabou dormindo. — respondeu, colocando as mãos atrás das costas. — O Wonho dormiu tem uns vinte minutos, ele dorme bastante, não é?

— Sim, é um alfinha bem dorminhoco. — Tomou coragem para colocar a mão na cintura do ômega. — Nesse fim de semana tem um desfile, eu gostaria que fosse comigo.

— Eu vou. — Jimin respondeu ainda estranhando o comportamento do outro, mas tentou ser recíproco e posicionou os braços nos ombros do mais alto.

— Também temos que começar a pensar sobre o casamento, não acha?

— Sim, temos poucos meses para organizar tudo. — concordou. — Acho que o primeiro passo é decidir uma data.

— Nos casamos no cartório dia dezesseis, a cerimônia pode ser no mesmo dia. — sugeriu.

— Uh, que tal dezesseis de setembro?

— O segundo passo acredito que seja a lista, para termos ideia de qual igreja seria o ideal. — Juntou mais seus corpos, ao sentenciar.

— Acho ótimo, assim vai ficar mais fácil decidir as outras coisas. — Jimin ainda sentia que o outro estava estranho e isso só piorou quando literalmente do nada Jungkook começou a aproximar seus rostos.

Não entendia o que estava acontecendo, pois de fato esperava que o alfa levasse um tempo para tomar aquele tipo de atitude, fora que Angie estava ali na sala, tudo bem que a pequena estava no décimo quinto sono e não veria nada, mas ainda era estranho. O ômega até pensou que podia ter algo em seu rosto, mas não, pois logo os lábios finos do mais alto encontraram com os seus. Mesmo que totalmente surpreso, fechou os olhos tentando deixar a situação menos esquisita.

E o alfa tentava se sentir confortável, se culpando por estar fazendo aquilo. Não estava pronto, não parecia certo, mas já havia tomado a iniciativa, teria que ir até o fim, pensando em cada um de seus filhos, não podia simplesmente dar brecha para que Jimin fosse embora, isso estava fora de cogitação.

~^•^~

Ai meus amores, eu tenho uma mistura de sentimentos com esse capítulo.

Particularmente eu gosto da sensação esquisita que ele causa, justamente para mostrar o quão estranho é isso tudo pra eles.

O primeiro beijo saiu, olha só, acho que acabei com as vossas expectativas. Peço perdão (;

As novas cenas me deixam muito boiola, olha que lindo a Angie conhecendo os priminhos... ai que dor.

Espero que tenha dado para vocês conhecerem um pouquinho da personalidade de cada um.

Eu amo muito a Jiwon e o quanto ela tá desesperada.

 Esse capítulo tem 4k a mais do que o antigo, muita coisa a mais hein.

enfim, já enrolei muito, espero que tenham gostado.

amo vocês e até o próximo <3

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