Capítulo 24 - Respire fundo

A primeira noite com as gêmeas não foi a mais fácil do mundo, Jimin sentiu a intensidade da luta que seria para amamentar, agora sim ele entendia porque Taehyung chorava ao amamentar Crystal. Em sua concepção, amamentar estava doendo mais que a dor do parto, ele via estrelas, mas era pelo bem das gêmeas, então ele aguentaria, ao menos sabia que podia melhorar depois. Jungkook não dormiu em nenhum momento, ele fazia as bebês arrotarem e era sempre ele que trocava as fraldas. Também foi ele quem acompanhou os exames que as pequenas fizeram e Jimin pode tomar um banho.

O ômega ficou muito grato por seus pais terem trago suas coisas, mas tinha que usar fralda e não era assim tão confortável. Depois do café, Jungkook retornou e pouco tempo depois a agente Thuany veio junto a Jihyon tomar seu depoimento do que tinha acontecido.

Seu irmão mais velho paparicou um pouco os bebês e Jimin se sentiu um pouco receoso por vê-lo andar com as bebês de um lado para o outro. Jungkook até lhe olhava assustado, pois não tinha perigo algum e seu esposo olhava para Jihyon como se ele fosse o maior perigo existente perto de sua filha. Felizmente a única visita depois dele foi Seokjin, ele não pegou as bebês, na verdade ele mimou Jimin com uma cesta de guloseimas e infelizmente não pode ficar muito pois estava trabalhando.

Jungkook fez Jimin caminhar um pouco pelo hospital, cada um segurando uma das gêmeas, por pelo menos vinte minutos. A cada duas horas Sunhi vinha aferir a pressão e a temperatura do ômega. A parte mais difícil do dia era amamentar, principalmente quando tinha as duas mamando ao mesmo tempo por uma hora seguida, mas pelo menos era um sofrimento por vez.

— Eu acho melhor você dormir um pouco. — Jimin se ajeitou na cama, fazendo careta ao sentir o útero contrair, a doutora tinha explicado que poderia sentir cólicas pois o útero começaria a voltar ao tamanho normal. — Daqui a pouco você desmaia na minha frente.

— Não posso dormir, quem vai te ajudar? — Bocejou, piscando demoradamente.

— Eu consegui dormir de tarde, dou conta de olhar elas por umas horinhas. Você também precisa descansar um pouco. — Falou seriamente e Jungkook bufou, mas se deu por vencido.

A madrugada novamente não foi a mais simples, mas eles deram um jeito de ir intercalando e dormir ao menos algumas horas. Jimin foi liberado de tarde por Soyeon e ele retornaria em uma semana e por enquanto deveria caminhar um pouco pela manhã, pelo próprio jardim mesmo, por uns dez minutinhos e deveria descansar principalmente.

Quando chegaram em casa com as gêmeas, tomaram um susto. Confetes voaram em cima de suas cabeças e um vozerio eufórico se formou. As pulguinhas foram animadas em sua direção e eles praticamente ignoraram as irmãs, queriam saber se Jimin estava bem e lhe deixaram muitos beijinhos e abraços.

— Tudo bem, eu estou bem e também amo vocês. — Riu conseguindo se soltar deles. — Querem conhecer as irmãs de vocês?

Jungkook se aproximou com elas no colo e as seis pulguinhas rodearam o pai, observando cada uma delas, estas que soltavam resmunguinhos, querendo conversar de acordo com o pai.

— Elas são pequenininhas... — Dawon comentou surpreso.

— Muito pequenininhas... bem menor que o Wonho... não quebra não? — Jiho estava sério, parecia até com medo de tocar nelas.

— Só se você tacar no chão. — Somin revirou os olhos. — Elas são tão parecidas com o Jimin.

— Bem diferente da gente... — Junghyun fez bico, parecendo chateado.

— Tem os olhos do papai ao menos. — Junghwa sorriu, acariciando os cabelinhos de uma delas. — Quem é quem, pai?

— A da direita é a Myerin, ela é um pouquinho maior e tem uma pintinha embaixo do nariz. A da esquerda é a Hyerin, ela tem uma pintinha debaixo da boca. — Explicou com um sorriso.

— Que nem você! — Somin observou e depois se virou para Angie. — Angie?

— Não consigo mostrar meu lobo para elas... — Ela fez bico, cruzando os braços.

— Exige um certo controle, não se sinta chateada. — Jungkook uniu as sobrancelhas, sentindo pena da pequena.

— A Hyerin é ômega, Angie. — Jimin se aproximou tocando o ombro da pequena, olhando para a bebê nos braços do esposo, ela sorriu e seus olhinhos mudaram de cor, se mostrando para os irmãos. — Agora somos um trio!

— Ai meu Deus! — A pequena pulou no lugar, os olhinhos cheios de lágrimas, empurrou Junghyun para o lado e se colocou em frente a irmã. — Você ouviu, eu amo muito você, vou te ensinar tudo e-...

Angie parou de falar ao ver todos seus outros cinco irmãos de braços cruzados, Jimin com as mãos na cintura e Jungkook com a sobrancelha arqueada em sua direção. Ela demorou um pouco até entender e fez bico.

— Eu te amo também, Myerin, mas você tem seis para te ensinar.

— Será que eu posso interromper o momento agora? — Jiwon perguntou ansiosa. — Quero conhecer minhas netinhas.

Jungkook deixou que ela pegasse Myerin e seu pai se aproximou pegando Hyerin. Voltou a se aproximar de Jimin que respirou fundo após as pulguinhas seguirem seus avós, atrás das irmãs.

— Achei fofo como todo mundo esperou eles conhecerem as irmãs. — O loiro confessou. — Sabia que iriam fazer uma festa de boas-vindas?

— Na verdade não. — Negou, sorrindo pequeno.

Jimin pensou em responder, mas teve seu corpo abraçado. Yoongi lhe apertou com cuidado e o sentiu fungar. Ele foi o primeiro, passou uns cinco minutos ali, não queria lhe soltar, mas Taehyung o forçou, roubando Jimin de seus braços. Ao abraçar o melhor amigo, conseguiu sentir a bebê em sua barriga mexer, sorriu segurando nos dois lados da barriga de Taehyung para senti-la.

— Logo ela vai fazer companhia para as primas. — Taehyung sussurrou em seu ouvido.

Depois que Taehyung lhe soltou, Jimin recebeu abraços de Hoseok e todo o resto da família. Estavam todos aliviados por vê-lo bem, a última que lhe abraçou, pela primeira vez chorou em sua frente, Evangeline ficou tão feliz em vê-lo bem.

— Eu fiz croissant no capricho para o senhor. — Ela informou com um sorriso. — Venha, eu vou te servir, senhor Jimin.

Residência Jeon

01/09 - 23:20

Nos primeiros dias, Jimin se sentiu enfrentando uma guerra, tanto externa quanto interna. Jungkook tentou diminuir o ritmo de trabalho, mas ele precisava acabar com a coleção que estava produzindo com Lalisa e assim poderia tirar férias para ajudar Jimin integralmente. O ômega já se sentia uma bagunça, suas costas doíam, assim como a pélvis e amamentar era o seu maior pânico.

Era incrível como todos as noites sentia uma vontade imensa de chorar, desde que voltou para casa, chorava por uma hora seguida assim que anoitecia, sentimentos ruins lhe tomavam e ele se trancava no quarto com as gêmeas e Wonho.

As pulguinhas estavam ótimas, seguiram com a rotina de estudos normalmente e estavam sempre paparicando as duas novas irmãzinhas, mas eles perceberam a mudança de comportamento de Jimin, mesmo não entendendo o que estava se passando, eles tentavam compensar indo bem na escola.

Enquanto Jimin se sentia culpado por estar se sentindo mal e cansado. Ele queria estar aproveitando o sucesso de seu livro, sempre tinha imaginado aquele momento de forma diferente e mesmo tendo começado a fazer acompanhamento terapêutico, ainda não conseguia se livrar daqueles pensamentos. Se sentia grato por saber que suas filhas estavam bem e saudáveis depois do ocorrido, mas queria que o momento atual fosse diferente e a culpa por isso era tão grande. Porque agora ele sabia que amava tanto elas, mas queria não sentir tantas dores, queria conseguir se olhar no espelho, ter uma noite de sono tranquila e principalmente queria ter paz interna.

A casa se encontrava barulhenta, as pulguinhas estavam agitadas após o jantar e Jimin não se lembrava de ter tido um dia tão cansativo como aquele. Todo o terror que as crianças podiam causar em quase dois anos, resolveram fazer em um único dia. Ele tinha a teoria de que se sentia exausto por ter três bebês para olhar, sendo um de um ano e oito meses e duas recém nascidas de quase um mês, mas de fato os maiores estavam para lhe deixar louco hoje.

— Papa, papa! — Dawon puxou sua blusa, choroso. — O Jun me bateu!

— Para de ser mentiroso! Eu nem encostei em você! — Junghyun cruzou os braços, se aproximando. — Eu juro que não fiz nada.

— Fez sim! — Jiho acusou, se colocando ao lado do outro gêmeo. — Deu um soco bem no braço, pai!

— Jiho! — Olhou de forma chorosa para o irmão mais novo.

— Meninos é feio mentir, por que estão acusando o irmão de vocês? — Suspirou, tinha que manter a calma, estava tentando achar as trigêmeas que tinham insistido em brincar de esconde-esconde ao invés de tomar banho.

— Eles queriam mais sobremesa e eu me neguei a distrair a Evangeline enquanto eles assaltavam a geladeira! — Abaixou a cabeça. — Mas você disse que a gente não poderia comer mais hoje!

— Hey! — Os gêmeos olharam incrédulos para o mais velho, não acreditando em tamanha traição. — É mentira dele, pai!

— Não é, acredita em mim!

— Dawon e Jiho, vocês estão comendo besteira desde cedo, por hoje chega e amanhã talvez vocês possam comer, vai depender se pedirem desculpas ao irmão de vocês e se forem tomar banho, colocar os pijamas e me deixar colocar vocês para dormir. — Declarou e os dois abaixaram a cabeça. — E deixem a Evangeline terminar o serviço dela em paz, ela também precisa ir para casa e descansar.

— Mas a gente só queria mais um pouquinho...

— Eu entendo anjinhos, mas não pode, vão se banhar, por favor, já era para estarem na cama. — Suspirou de forma cansada, esboçando um sorriso fraco.

Os gêmeos bufaram, mas foram fazer o que foi pedido. O ômega olhou para o alfinha mais velho ao seu lado, aumentando um pouco mais o sorriso para ele.

— Obrigado por ter acreditado em mim. — Abriu os braços, abraçando a cintura do ômega.

— Eu sei bem que eles são uns pestinhas. — Riu, acariciando os fios castanhos do pequeno. — E não acho que você teria porque mentir, mas não fique chateado com eles, está bem? Eles só tem seis anos, não fazem com real intenção de maldade.

— Eu sei que não, mas fiquei com medo de brigar comigo.

— Não faria isso injustamente. — Afirmou, o afastando um pouco para olhar em seus olhos. — Poderia ficar de olho neles para mim? Preciso achar suas irmãs e colocar elas para tomar banho rápido, daqui a pouco as gêmeas acordam e o Wonho não vai ficar entretido com os brinquedos por tanto tempo. Aliás, você já ter tomado banho me deixa muito orgulhoso.

— Não sei se eles vão querer me ouvir, mas vou tentar. Que horas o papai chega? — Se afastou e Jimin levantou as mãos, dando de ombros como resposta. — Não precisa colocar eles na cama, dou um jeito.

— Se deixar eles limpos, secos e vestidos já me ajuda muito.

— Mamãe dizia que era importante eu ajudar por ser o mais velho... — Falou de forma baixa.

— E ela estava certa, mas você precisa descansar, amanhã vocês tem escola e você já me ajudou hoje auxiliando eles no dever de casa, inclusive, conseguiu terminar a sua?

— Sim, capitão Jimin! As meninas estão no ateliê do papai, mas não conta para elas que fui eu que disse! — Pediu antes de ir em direção as escadas para ir ao segundo andar, atrás dos gêmeos.

O loiro sorriu de forma grata, indo até o cercadinho, tirando Wonho de dentro e andando em direção ao ateliê do lúpus, encontrando Somin com os braços abertos e Angie e Junghwa enrolavam tecidos ao redor de seu corpo. As linhas de costura de Jungkook estavam espalhadas pelo chão, assim como vários pedaços de tecido estavam repicados pelos cantos. Jimin quase teve um ataque cardíaco, mas felizmente as agulhas não estavam onde elas pudessem alcançar.

— Meninas... — Seu tom saiu baixo, mas repreensivo. — Vocês tem um minuto para me explicar o que estão fazendo.

— Estamos brincando de estilista, papa. — Angie respondeu rapidamente e ele soltou o ar com força.

— Queremos fazer um vestido bem bonito! — Junghwa contou de forma orgulhosa.

— Eu sou só a modelo. — Somin sorriu amarelo.

— Vocês não podem brincar com o material de trabalho do seu pai sem a permissão dele e principalmente não devem mexer com coisas pontiagudas, longe da minha vigília ainda por cima. O ateliê fica fechado por um motivo e já era para as mocinhas estarem na cama! — Wonho olhava para a situação, sentindo seu pai um pouco nervoso, por isso deitou a cabecinha em seu ombro, ficando quietinho.

— Está bravo com a gente? — Angie perguntou fazendo bico.

— Para ser sincero, estou sim, Jungkook não vai ficar feliz ao ver a bagunça que está este lugar, mas estou bravo por saberem que não podem fazer! Vocês têm aula amanhã e não vão faltar só porque dormiram tarde e Angie, eu sei que você quer ser que nem o seu pai, mas podia esperar ele estar em casa e ele ajudaria vocês.

— Mas pai, ele demora muito! — Somin protestou.

— Ele está trabalhando em algo muito importante para ele e não é justificativa, vão as três tomar banho e deitar, eu passo no quarto depois tá bom?

— Não vai pedir para a gente arrumar? — Junghwa o olhou surpresa.

— Eu deveria, mas eu preciso que vocês tomem banho e durmam, então desta vez passa. — Esperou as três sairem do ateliê, Angie olhou para trás, o rostinho triste e Jimin suspirou, tendo força para não suavizar a expressão.

Subiu as escadas com elas, deixando-as na porta do quarto e indo em direção ao quarto dos meninos, vendo Dawon e Jiho pulando na cama de Junghyun, desprovido de roupas. Suspirou, indo com Wonho até o trocador.

— Vou por os dois de castigo se não colocarem a roupa agora. — Informou, pegando uma fralda da gaveta, começando a tirar as roupinhas do bebê.

— Você tá tão chato, Jimin! — Jiho acusou, começando a se vestir e Junghyun passou a ajudar Dawon no processo.

— Ele não é chato, já está tarde e a gente tem que dormir. — Junghyun o defendeu, enquanto terminava de por a blusa do irmão. — Amanhã a gente brinca mais.

— Mas eu queria brincar mais hoje, tenho muita energia! — Bocejou.

— Estou vendo. — O ômega respondeu de forma irônica terminando de trocar a fralda de Wonho, pegando o bebê e dando para Junghyun segurar por um momento. Foi na direção de Jiho, pegando o pequeno no colo e colocando na beliche de cima. — Guarde essa energia para amanhã, vai brincar bastante com seus coleguinhas e pensa que terrível seria se ficasse com sono e não pudesse mais brincar? — Falou de forma que parecesse a pior coisa do mundo.

— É.. não vai ser legal. — Se ajeitou na cama, vendo o loiro ajustar as cobertas por cima de si. — Você não é chato papai, desculpa.

— Desculpo, eu sei que você só estava fazendo cena. — Brincou, subindo um degrau da escada para poder deixar um beijinho na testa do alfinha. — Tenha bons sonhos. — Desceu, se virando para trás vendo Dawon com os braços estendidos para si, sorriu o pegando no colo. — Não quero ver mais o senhor inventando mentiras de que o seu irmão te bateu, ouviu? — O carregou até colocar na beliche de baixo. — É um menino muito lindo para ser mentiroso!

— Tá, desculpa, Jun! — Pediu, antes de deitar na cama e Jimin o aconchegar entre as cobertas. — Amo você, papai.

— Também amo você, meu pestinha! — Beijou sua testa. — Tenha bons sonhos.

Se afastou, pegando Wonho do colo do mais velho procurando uma roupinha para o bebê dentro da cômoda e pelo canto do olho viu Junghyun se deitar na cama. Trocou a roupinha do alfinha, por fim lhe colocou no berço.

— Papá! — Chamou e o loiro sorriu para si, fazendo carinho nas bochechinhas.

— Você tá com sono que eu sei. — Se afastou, após arrumar a chupeta em sua boca, andou até Junghyun. — Obrigado pela ajuda com os meninos, tenho que ir ver as meninas, mas como sei que você não dorme com barulho, se o Wonho chorar pode gritar que eu pego ele, tá bem?

— Tenho certeza que ele vai dormir, ele ama fazer isso. — Riu, observando o loiro ajeitar a coberta em si. — Não preci-...

— Não é porque você é mais velho que não posso te colocar para dormir como os outros, é meu filho também. — Passou o indicador pelo nariz do pequeno, se inclinando para frente e deixando um selar sobre sua testa. — Tenha bons sonhos, Jun.

— Jimin... — Chamou, quando o ômega já estava na porta e quando ele olhou para si, de forma um tanto insegura e envergonhada, ele disse: — Amo você.

O loiro não mentiria em dizer que seu coração não se encheu de alegria ao escutar as palavras do pequeno. O começo da relação dele com Junghyun foi muito complicado e demorou até chegar ao estágio dele falar abertamente consigo e atualmente eles se entendiam muito bem, mas ele nunca tinha dito que lhe amava e as outras pulguinhas falavam aquilo direto, da mesma forma que lhe chamavam de pai. Era um passo que o alfinha mais velho finalmente se sentiu pronto para dar e isso lhe deixava imensamente feliz.

— Eu te amo também, meu anjo. — Apagou a luz e deixou o quarto após fechar a porta.

Suspirou feliz por uma parte estar encaminhada e voltou ao quarto das trigêmeas. Seu coração se aliviou ao ver as três com os pijamas de vaquinha dado por seu irmão no último aniversário delas. Elas o olharam um pouco cabisbaixas, sentadas cada uma em sua cama.

— Não me olhem assim, eu estou bravo com o que fizeram, mas ainda amo vocês. — Sorriu, indo até a cama do canto esquerdo, ajeitando Junghwa entre as cobertas, deixando um beijo sobre sua testa.

— Não fizemos por mal... — Somin falou baixinho chorosa.

— Não precisa chorar, meu bem. — Acariciou os cabelos castanhos, não mexendo nas cobertas ao ver que a morena já tinha feito isso. — Vocês vão pedir desculpas para o papai depois e nunca mais fazer, tá tudo bem. — Beijou sua testa.

— Desculpa pai... — Angie se escondeu debaixo das cobertas.

— Não precisa ficar assim, Angie. — Suspirou, tirando as cobertas de cima da pequena, arrumando e deixando um beijo sobre os fios claros. — Sei que não vão fazer mais e como a Somin falou, não foi por mal. Agora vão dormir, sim? Vocês levantam cedo e eu tenho que ver se as suas irmãs ainda estão dormindo. — Acendeu a luz do abajur, pois Junghwa tinha medo de dormir no escuro. — Boa noite princesas! — Foi até a porta apagando a luz após receber a resposta conjunta delas e fechou a porta.

Respirou fundo, passando a mão pela testa, queria tanto tomar um banho e deitar naquele momento, mas ao chegar em seu quarto, encontrou as gêmeas acordadas e elas queriam mamar. O ômega se preparou mentalmente para o que viria, se arrumou na cama com elas e na almofada de amamentação, em cima da cama. Agora já doía menos e ele tinha se acostumado com aquele incômodo.

Os minutos foram se passando e ele observava os rostinhos delas, estava tão cansado, mas amava ficar olhando para elas e mal percebeu quando adormeceu.

A porta do quarto foi aberta meia noite e meia, Jungkook piscou algumas vezes, tentando ter certeza no que estava vendo, Myerin e Hyerin ainda estavam bem despertas, enquanto mamavam em Jimin.

— Meu amor, hey... — Acordou o ômega com cuidado, observando que Hyerin tinha soltado o pai, por isso a pegou no colo e a colocou de pé e deu batidinhas em suas costas para ela arrotar.

— Jungkook... — Murmurou, olhando para baixo e Myerin se separou de si, sorriu para a bebê e a colocou de pé. — Que horas são?

— Acho que meia-noite e meia. — Respondeu, assistindo o ômega colocar a neném para arrotar também. — Como você está?

— Diria que um caminhão passou por cima de mim. — Respondeu e sorriu ao ouvir a pequena em seus braços arrotar. — E você?

— No meu caso eu acho que foi só uma bicicleta. — Respondeu bem humorado, ao ver Myerin ser colocada no berço e finalmente ouviu Hyerin arrotar. — Vai dormir?

— Vou tomar banho, você toma conta delas, enquanto isso? — Questionou e o alfa assentiu. — Obrigado, amor.

Jungkook franziu o cenho, estranhando o fato de Jimin agradecer, ele não deveria agradecer por algo simples, era obrigação dele como pai cuidar das suas filhas. Depois que Jimin foi para o banheiro, ele ficou de olho nas pequenas, esperando elas dormirem, o que não demorou muito, normalmente elas dormiam catorze horas por dia e davam intervalos acordadas, mesmo que o pico de energia fosse de noite.

Depois que o ômega saiu do banheiro, foi a vez de Jungkook tomar banho e ele não demorou muito, se secou e vestiu o pijama e por fim, deitou na cama ao lado de Jimin e o ômega se aninhou contra seu corpo com cuidado.

— Como foi no trabalho?

— Falta pouco, depois do desfile estarei finalmente de férias. — Sorriu ao responder, acariciando as costas do mais baixo. — Vou poder te ajudar mais e me desculpa ter chegado tarde hoje, achei melhor não acumular para amanhã.

— Tudo bem, eu entendo. — Deixou um beijo singelo no maxilar do esposo, quase ronronando pela carícia em suas costas. — As trigêmeas entraram no seu ateliê e cortaram alguns dos seus tecidos, na verdade elas fizeram uma bagunça imensa.

Jungkook mordeu o lábio, soltando um suspiro pesado. Um local sagrado era seu ateliê e ninguém deveria entrar lá sem ele, a não ser que fosse Evangeline, pois ela era responsável por toda a limpeza da casa. Como era um ponto muito delicado em sua vida, aquele cômodo era o seu refúgio, não era um local para crianças brincarem, principalmente por terem coisas pontiagudas perigosas e estava todo o seu trabalho, podiam estragar.

— Eu falei com elas e acho que vão te pedir desculpas, não precisa brigar com elas, elas já reconheceram o erro. — Foi rápido em completar.

— Tudo bem, só espero que não tenham mexido nas minhas pastas. — Umedeceu os lábios, sentindo Jimin abrir os primeiros botões de sua blusa. — Que foi?

— Tava me incomodando. — Explicou sorrindo e olhou nos olhos escuros.

— Como foi hoje? Conseguiu descansar?

— As crianças estavam elétricas, foi cansativo, mas eu dei conta. — Jimin respondeu, apoiando a mão direita no rosto de Jungkook e beijou os lábios finos lentamente. — Eu queria conversar mais, mas eu preciso dormir um pouquinho... pode me perdoar por isso, não é?

— Não tem o que perdoar, meu amor. — Afirmou com serenidade, depositando um beijinho na pontinha do nariz de seu amado. — Boa noite, durma bem.

— Boa noite, eu amo você. — Abaixou o olhar, passando o braço esquerdo pela cintura do mais alto.

— Te amo mais...

Jungkook observou Jimin adormecer no escuro do quarto e soltou um suspiro. Se sentia culpado por estar ocupado com o trabalho, queria ajudar o ômega, mas só poderia fazê-lo após entregar sua última coleção e participar do desfile. Deu o máximo de si naquele último mês para entregar tudo antes do tempo e estar adiantado, pois se acontecesse algum imprevisto, estaria pronto a tempo. Tentou compensar o ômega nos momentos em que estava em casa e dormia bem pouco, pois fazia questão de cuidar das pequenas nas madrugadas, mesmo que elas não dormissem, Jimin ao menos podia dormir entre as mamadas em paz.

Adormeceu junto ao ômega por algumas horas e acordou junto a ele nos momentos em que as gêmeas despertavam para mamar e trocar a fralda. A manhã do dia dois estava mais fria, eram seis da manhã e o despertador tocava incessantemente. Abriu os olhos com preguiça, sentindo-se aquecido pelo corpo de Jimin e soltou um bocejo antes de alcançar o despertador e desligá-lo, voltando à posição anterior. Apertou Jimin em seus braços, beijando sua nuca, ouvindo um suspiro em resposta.

— Já tá na hora de levantar? — Questionou em um murmúrio, se virando na cama, até se aconchegar contra o peitoral de Jungkook.

— Vou ter que acordar as crianças, mas você pode continuar dormindo. — Sorriu, sentindo a fragrância de pêssegos de uma forma intensa. — Descansa mais um pouquinho.

— Volta para cama depois de arrumar eles... — Pediu e ouviu um riso baixinho do outro.

— Eu queria, mas vou trabalhar amor. Porém hoje eu vou tentar voltar depois do almoço, tá bem? — Beijou a testa do esposo. — Dorme mais um pouquinho.

Jimin apenas resmungou algo em concordância e Jungkook se levantou, indo até o quarto dos meninos, vendo todos os seus anjinhos dormindo tranquilamente, acendeu a luz do abajur, e mexeu no mais velho.

— Jun, hey! — Chamou, vendo o pequeno abrir os olhos. — Hora de levantar.

Passou a acordar os gêmeos, recebendo certa relutância de Jiho, mas o pequeno logo deixou de manha e despertou. Após ter certeza que iriam se arrumar, deixou os três começarem a rotina matinal e foi em direção ao quarto das trigêmeas.

— Meninas, hora de acordar! Tomem cuidado para não acordar a Angie.

Elas demoraram um pouco para despertar, mas começaram a se arrumar assim que o sono foi espantado pela água fria da pia em seus rostos. Depois que todos estavam de uniforme, eles se sentaram na mesa e Evangeline começou a servir o café.

— Eu não queria ir para escola hoje... — Jiho falou com um pequeno bico nos lábios.

— Mas tem que ir, é importante. — Jungkook falou, terminando de lhe servir um croissant.

— Não era pro Jimin estar aqui? — Somin perguntou, já que ele tinha feito isso nos últimos dias.

— Ele estava bem cansado ontem, é bom que seja o papai. — Junghyun respondeu e o lúpus o olhou de forma contente.

— Pare de chegar tarde, pai. — Junghwa pediu em um tom bravo.

— Desculpe, princesa, não tenho conseguido evitar! — coçou a nuca, sentindo-se culpado.

— Ele precisa trabalhar para ganhar dineiro, sua boba! — Dawon a olhou dando a língua.

— Dinheiro, Dawon. Di-nhei-ro . — Junghyun o corrigiu, negando com a cabeça.

— Ok, pulguinhas, terminem logo ou vocês vão se atrasar, vou tentar chegar mais cedo em casa e Dawon peça desculpas a sua irmã, ela não é boba! — Cruzou os braços e o pequeno olhou para a irmã.

— Desculpa, Junghwa. — Pediu e a alfinha sorriu para ele.

O café terminou sem muitas turbulências e logo o motorista levou os cinco para escola. Jungkook subiu para o quarto, vendo Jimin ainda adormecido e se arrumou da forma mais silenciosa que conseguiu, deixando o cômodo após pegar um casaco, saindo de casa rumo a L'atelier Encanto. Jimin infelizmente não pode dormir por muito tempo, logo Hyerin despertou e queria mamar. O ômega aproveitou para trocar a fralda da bebê e enquanto ela estava grudada em seu peito, foi até o quarto dos meninos, notando Wonho acordado, quase chorando por estar sozinho.

Conseguiu tirá-lo do berço e o colocou no chão, andando de mãos dadas com ele com cuidado até o primeiro andar da casa.

— Bom dia, sr. Jimin. — Evangeline desejou, andando até o pequeno, pegando-o nos braços.

— Bom dia, Evangeline. Como você está? — Perguntou com um sorriso, acompanhando-a até a sala de jantar e se sentou em um dos assentos vagos.

— Estou bem e você? Conseguiu descansar? — Ela o olhou de forma terna, enquanto posicionava Wonho no cadeirão. Pegou o pratinho especial dele e serviu as frutas que ele comia todas as manhãs. — O babador dele! — Correu para pegar.

— Eu consegui dormir um pouquinho, mas elas têm mais energia à noite e dormem menos. — Contou, pegando um pedaço de baguete de queijo que já estava cortado. Após Evangeline colocar o babador em Wonho, ela deu a volta na mesa e serviu o suco em seu copo. — Não precisava...

— Eu faço questão de ajudar senhor, sei que a amamentação não tem sido fácil. — Olhou para Hyerin e depois para as caretas que o ômega fazia.

— Eu pensei em comer depois que eu terminasse, mas pode ser que eu não tenha tempo para isso... — Negou com a cabeça.

— O senhor deveria contratar uma babá. — Evangeline o olhou preocupada. — Precisa de ajuda com eles.

— Não se preocupe, eu dou conta. — Sorriu de forma cansada, mastigando devagar.

— O senhor levou elas no pediatra ontem, como foi?

— Elas estão bem, o médico ficou surpreso quando eu disse que não estava dando fórmula para elas. Meu ômega se empenha em fazer meu corpo produzir leite para elas, é isso que ele não percebeu. Perdi nove dos doze quilos que ganhei na gestação graças a isso.

— É bom saber que elas estão saudáveis e evoluindo bem, o senhor passou na médica também?

— Não, minha consulta é só amanhã, mas fora algumas dores e o cansaço, estou bem.

A beta assentiu, auxiliando Wonho a comer, até ouvir o interfone e ir atender, autorizou a entrada por ser impossível de Jimin querer barrar a entrada de Taehyung, o ômega adentrou a residência com Taehyeon ao seu lado. A ômega deixou o pai e correu para abraçar Jimin, tomando cuidado para não atrapalhar Hyerin.

— Que saudades, tio. — Taehyeon falou, deixando um beijo em sua bochecha antes de se afastar. — Oiê, prima!

— Também estava morrendo de saudades, meu bem. Tudo bem, Tae? — Sorriu para o amigo que parou perto da entrada, com a mão apoiada na barriga. — Minha sobrinha tá como?

— Dormindo, eu acho, ou com preguiça. — Respondeu dando de ombros. — Eu acho que ela vai ser preguiçosa.

— Também acho, Yoonji só mexe bastante quando o papai come doce. — Taehyeon negou com a cabeça. — Oiê, Evangeline. Isso tá gostoso, Wonho?

— Olá, querem comer algo? — Evangeline perguntou, já começando a arrumar os lugares na mesa.

— Eu tomei café em casa, muito obrigado, querida. — Taehyung sorriu ao responder, andando até estar sentado ao lado de Jimin.

— Eu posso comer de novo, pai? — Taehyeon se sentou ao lado do Wonho. — Gosto da comida da Evangeline.

— Claro que pode, amor.

— Eba! — Ela pegou um dos croissants quentinhos. — Tio, a Angie tá na academia?

— Não, ela não tem aula hoje, deve estar dormindo, pequena. — Jimin respondeu, tomando um pouco do suco. — Daqui a pouco ela acorda.

— E Myerin, Jimin? — Taehyung procurou pela pequena.

— Tá no meu quarto, dormindo. Eu normalmente sei quando ela acorda e chora, é estranho. — Riu enquanto negava com a cabeça. — Você fica com a Hye enquanto eu dou banho nos três?

— Que três, tio? — Taehyeon o olhou confusa. — Você só teve dois bebês.

— Sim, mas o Wonho tem só um ano, amor. Ele continua sendo um bebê e precisa que eu dê banho nele.

— Ah é, verdade, verdade. Eu aprendi um novo salto, depois a gente pode ir no jardim pra eu mostrar? — Ela perguntou empolgada.

— Me perdoe perguntar, mas porque no jardim, senhorita? — Evangeline franziu as sobrancelhas.

— Porque a grama é fofa, ela não se machuca se cair no chão. — Taehyung quem explicou e Evangeline fez um "a" com a boca, assentindo em entendimento. — Ela conseguiu se classificar para a etapa de competição, Evangeline.

— Sério? Meus parabéns senhorita.

— Eu vou ser uma ginasta incrível! — Bateu palminhas orgulhosa. — Posso convidar a Evangeline para assistir, pai?

— Pode, meu bem. Isso claro, se não for te atrapalhar, Evangeline.

— Se o senhor Jimin me liberar no horário ou for na minha folga, terei o prazer de ir, senhor Taehyung.

Após terminar de comer e Hyerin estar satisfeita, Jimin levou Wonho para tomar banho e quando o bebê estava vestido e cheiroso, Myerin despertou, usando toda a força em seus pulmões para chorar. Jimin atendeu ao pedido de fome da pequena e Taehyung se ofereceu para banhar Hyerin, felizmente pouco tempo depois todos estavam de banho tomado e quietinhos em seus cantos.

— Taehyeon! — Angie abraçou com força a prima, depois de descer as escadas correndo, eufórica por vê-la. — Tão bom te ver.

— Também estava com saudades, quero te mostrar um salto novo que eu aprendi. — Sorriu segurando as mãos da pequena.

— Eu quero te ensinar uma música nova no violão! — Se empolgou.

— Tudo bem, vocês vão poder fazer tudo isso, mas só depois da Angie tomar café e tirar o pijama. — Jimin advertiu e elas fizeram bico. — Estou falando sério.

— Tá bem, tá bem. — Angie andou com ele até a sala de jantar.

— O que quer de café, Angie? — Jimin perguntou, apoiando os antebraços em uma cadeira.

— Frutas com iogurte.

Residência Jeon

02/09 - 14:26

Depois do almoço, Taehyung ficou com Wonho e Jimin subiu com as gêmeas pro quarto. Posicionou-as com cuidado nos moisés, arrumando as cobertas e o estofado do lado, normalmente eles dormiam em qualquer canto, não tinham sido acostumadas a dormir de uma única forma, o que facilitava um pouco para o ômega. Só poderia sair do quarto depois delas adormecerem, por isso foi até a cômoda do quarto, pegando as cartas que tinham chegado no dia anterior e ele não teve tempo de ler. Se sentou de volta na cama, trocando um sorriso rápido com Myerin que lhe olhava entretida.

A primeira carta que abriu, era de seu irmão mais velho.

"Hey maninho, como você tem estado? Passou só um mês e pela minha experiência, nunca é fácil, mas acho que a Hyosun pode te dar umas dicas, talvez o Tae também, mas não sei, diferente dela, ele deu espaço entre os filhos. Inclusive, ele já ganhou bebê? Yoongi ainda não respondeu minha última carta, mas ainda tem umas semanas para essa criança nascer, não é? Ah, Hyosun te contou que ela tá grávida de novo?

Ela me ligou ontem né, plena, dizendo que vai ter mais um bebê... Jimin, eu acho melhor a gente levar essa menina no psiquiatra, ela é viciada em fazer filho... acho que ser rica mexe com a cabeça dela...

Mas não foi para falar dos meus outros irmãos que eu estou escrevendo. Pedi para Thuany me atualizar sobre o Dongha, como ela que está cuidando do caso, sabe todos os detalhes. Não sei como você vai se sentir com o que eu vou contar, mas espero que não te afete negativamente. Bem, ele se matou, pegou um canivete e meteu na própria garganta, chegou a ser socorrido, mas não resistiu.

Agora ele nunca mais vai poder te causar algum mal, espero que você consiga superar aquele dia sabendo que o monstro se foi. Pensei se deveria te contar, mas acho que é o certo. Não sei o que deu na cabeça dele, mas o que importa para mim, é você maninho.

Espero poder ver meus sobrinhos em breve (sim, estou falando de todos os nove) e por falar nisso, por favor, não fica que nem a Hyosun não. Se bem que ela passou por mais de sete gestações... acho que você não vai querer tudo isso. Eu tenho trauma meu, a Bete me bateu em todas as gestações, imagina ter a coragem do Kwan? Tô fora.

Beijinhos do primogênito da família que quer maior distância possível da R&V, decepção da mamãe, mas que te ama muito. Me manda carta naquele antigo endereço, tô trabalhando num caso diferente agora, perto da Itália.

Fica bem, com carinho, Jihyon Park."

Jimin processou com calma o que leu, não sabia no que focar primeiro. Hyosun realmente gostava de gestações e ele sentiu um calafrio em sua espinha só de pensar em engravidar de novo.

Dongha tinha se suicidado, será que tinha sucumbido a loucura dentro da cadeia? Jimin iria ficar com essa possibilidade, ao menos agora ele podia se consolar sabendo que ele nunca voltaria a lhe atormentar e provavelmente estava feliz ao lado de Yoona, seja em qual plano estivesse, aqueles dois merecem apodrecer juntos.

Ficou feliz por ter recebido uma carta do irmão e iria escrever para ele depois. Agora leria as outras cartas e elas eram de fãs, muitas falando o quanto ele se tornou uma inspiração para outros ômegas, o quanto ele não desistir de seu sonho, cativou outros a fazer o mesmo. Foram várias cartas com dedicatórias de carinho e quando ele terminou a última, sentia uma dor no peito.

Era estranho, mas estava triste. Aquele era o momento mais especial de sua vida, tinha esperado tanto para vivê-lo, sonhou tanto com ele e agora não conseguia desfrutar de sua maior realização. Sua cabeça estava uma loucura, ele mal conseguiu acompanhar toda a repercussão que seu livro recebeu depois que ganhou as gêmeas. E particularmente ele não queria que fosse assim, queria tanto poder viver aquele momento de forma intensa, mas estava ali, se recuperando do trauma de um sequestro, lidando com o pós-parto e tentando segurar a barra de ter forças para cuidar de todos os seus filhos.

Cada pulguinha exigia de forma diferente sua atenção. Junghyun e as trigêmeas, queriam presença e mostrar suas conquistas; Dawon e Jiho queriam brincar, queriam que ele participasse das aventuras que vivenciavam; Wonho precisava de seu apoio para continuar descobrindo o mundo, aprendendo como viver e as gêmeas, as nenéns estavam apenas começando, dependiam totalmente dele, o tempo todo. Era cansativo, sentia que estava ficando impaciente, estava se irritando facilmente e ele não era daquela forma, nunca foi. Não fazia parte da sua personalidade lidar com as coisas na base do estresse, ele sempre preferiu respirar fundo e pensar na forma menos agressiva de resolver um dilema.

Se sentia tão frustrado com tudo, não tinha nada saído como nos seus planos e a pior parte é que odiava se sentir assim, pois sentia culpa. Suas filhas estavam bem e ele amava tanto elas.

Isso gerava cada vez mais perguntas em sua cabeça.

Afinal, se amava elas, por que a frustração? Ele deveria estar realizado.

Por que odiava se olhar no espelho, sentindo-se acabado, se tudo que importava é que estava vivo e elas estarem saudáveis?

Por que não se sentia satisfeito? Por que ele chorava a qualquer momento do dia, exausto de tantos sentimentos? Era somente os hormônios mesmo?

— Você é deplorável, Jimin... — Murmurou para si mesmo, fungando, tentando limpar as lágrimas e olhava para as bebês nos moisés. Elas tinham um olhar tão doce e inocente. — Me perdoem, papai jura que ama vocês...

Mas se amava, por que elas eram a fonte de sua frustração? Elas eram o maior motivo de não ter mais tempo. Por que só ele não conseguia dar conta sozinho? Por que com Wonho era mais fácil?

— Que merda! — Sufocou o grito, enquanto apertava o lençol com a mão esquerda.

Seu choro se intensificou, os sentimentos foram derramados como se fosse uma avalanche. Seu corpo tremia, enquanto ele soluçava e não conseguia se segurar, estava com medo de assustar elas, mas não conseguia parar.

— Jimin? — Foi surpreendido pela voz de Jungkook. — Meu amor, o que foi? — Não soube quando ele tinha chegado no quarto, ou quando ele se aproximou, mas quando sentiu a mão dele em seu rosto, se afastou. — Ji-...

O ômega se levantou com agilidade e deixou o quarto. A porta bateu e assustou as gêmeas, acarretando um um berreiro por parte de ambas e isso impediu Jungkook de ir atrás de Jimin. Ele respirou fundo e com muito custo, conseguiu acalmá-las, mas elas não dormiram tão rápido quanto ele queria.

Demorou para Jungkook conseguir um tempo a sós com Jimin, foi impossível pois ele não saia de perto de outras pessoas e o alfa sabia que ele não queria abrir aquela questão para muita gente, por isso esperou ele estar no quarto e as bebês terminado de mama, para puxá-lo para a sala.

— Eu acredito que você desconfie o que eu quero conversar. — Iniciou, vendo o esposo morder o lábio inferior e assentir. — Você sabe que eu não vou te forçar a me falar, mas não foi fácil para mim te ver daquele jeito.

— São só hormônios... — Olhou para suas mãos, negando com a cabeça.

— Você não precisa mentir sobre como se sente para mim, Jimin. Não coloque a culpa nos hormônios, eu não sou bobo de acreditar nisso. Eu sei que tudo muda, mas já te vi chorar por eles e não foi daquela forma.

— Tudo bem, quer mesmo ouvir? — O encarou de forma firme e Jungkook assentiu. — Eu... eu me acho um ingrato.

— Como assim? Por que acha isso de você mesmo?

— Porque eu tenho o que qualquer pessoa sonha. Eu tenho uma casa maravilhosa, um marido compreensivo e carinhoso, filhos que só dão orgulho, amor e apoio de toda a minha família e mesmo assim não gosto do momento atual. Eu queria estar aproveitando o lançamento do meu livro, mas eu mal tenho tempo para tomar banho. Eu deveria estar pulando de alegria porque as gêmeas estão bem, deveria estar agradecido por ter leite o suficiente para elas. Mas aí eu fico chorando, fico querendo outras coisas... quando eu já tenho tanto... — Respirou fundo, abraçando o próprio corpo. — É ridículo me sentir assim, eu deveria estar pulando de alergia, mas eu só sinto desespero, queria conseguir dormir uma noite completa, eu queria escrever um pouco e queria conseguir aproveitar a fase de recém nascidas delas... o Tae me ajuda tanto, mas daqui a pouco a Yoonji nasce e ele vai ter ela para se preocupar.

— Por que não quis contratar uma babá para te ajudar? Eu já sugeri isso várias vezes.

— Yoona cuidou de trigêmeas sozinha, com um bebê de um ano. — Respondeu rápido e sem pensar, foi quando tudo fez sentido para o alfa.

— Amor, Yoona teve ajuda da mãe dela. Angela viveu em casa ajudando ela, não fez nada sozinha e mesmo que tivesse feito, você não teria que ser igual, não é melhor ou pior que ela por precisar de ajuda. — Negou com a cabeça segurando a mão do ômega. — Eu entendo que você queria estar aproveitando o seu momento, o seu sonho e entendo que as bebês não vieram em um momento que a gente imaginava que fosse ser muito no futuro, mas agora elas já estão aqui. Assim que o próximo desfile ocorrer, vai me ter em casa por seis meses, posso falar com a minha mãe também e-...

— Não, não quero atrapalhar a vida da sua mãe, Jungkook, é responsabilidade nossa!

— Minha mãe tem vida de madame, fora que ela sempre quis ficar mais presente nesse período. Ela te adora, vai ser ótimo para vocês dois. — Rebateu, agora subindo as mãos para o rosto do ômega. — Você precisa aceitar ajuda, Jimin. Não é sinal de fraqueza e nem vai incomodar por isso, entendeu? Eu imagino que não tenha me contado tudo que se passa na sua mente, acho que boa parte deve ser paranóia. Mas se quiser abrir algo mais, eu tô aqui.

— Se você tivesse a possibilidade de mudar o passado, de continuar com a Yoona, você faria? — Os olhos do ômega brilhavam, parecia que ele iria chorar a qualquer momento.

— Eu acho que você sabe a resposta, mas é claro que não. Eu não trocaria a minha relação contigo, você me faz bem, você me faz feliz de verdade. Eu posso ser um pouco lerdo, mas agora eu sei como é ser amado de verdade. Você me trocaria pelo Dongha?

— Em nenhuma circunstância!

— Exatamente, por isso, não precisa se sentir inseguro. Como você mesmo me disse uma vez, você é o amor da minha vida. — Puxou o ômega para perto, o aconchegando em seus braços. — Vamos contratar uma babá para te ajudar e acho que deve falar disso com a sua terapeuta, ela provavelmente vai ser melhor que eu em soluções.

— Jungkook, eu não sou uma pessoa ruim, não é? — Questionou, apertando o corpo do esposo.

— Não, meu amor, você é a pessoa mais incrível que eu já conheci e de acordo com a Jade, a pessoa com uma alma linda. — Afirmou, acariciando as costas dele. — Eu sei que você queria aproveitar melhor o seu sonho se tornando real, mas esse é só o primeiro livro, de muitos que você vai escrever e ser um sucesso.

— Eu me sinto culpado... eu queria não sentir essas coisas ruins, Jungkook. — Fungou, deixando tudo sair novamente. — Parece que eu não sou verdadeiro com as minhas meninas, que eu culpo elas... mas não é, eu juro!

— Eu sei, meu amor, eu sei! — O apertou. — Vai ficar tudo bem, é só uma fase. Eu acredito em você e sei que ama tanto quanto ama as outras pulguinhas. Prometi que a gente daria um jeito antes e você sabe que eu mantenho a minha palavra. Estou aqui para você, sempre vou estar.

Aquela conversa fez bem para Jimin, ele se sentiu acolhido e seu coração recebeu um pouco de alívio. Incrivelmente naquela noite, ele conseguiu dormir seis horas seguidas, sem interrupções e logo pela manhã, Jiwon estava ali para lhe ajudar. A ômega lhe deu uma bronca, deveria ter contado que estava precisando de ajuda. Uma hora ele teria que conhecer o lado casca grossa da sogra, sabia que aconteceria em algum momento, mas quase saiu traumatizado.

Os dias foram mais calmos, conseguiu entrevistar várias pessoas e uma alfa ganhou a vaga. Com tudo se ajeitando, Jungkook conseguiu focar em sua última coleção e após o desfile, ele estava oficialmente de férias e iria ajudar Jimin com tudo. Recompensaria todo o tempo que ficou fora e tudo iria melhorar.

Sua cabeça podia ficar tranquila, o dinheiro que estava em sua conta seria mais que o suficiente para os seis meses de férias que iria tirar e ele não estava contando com o que ainda iria receber.

— Tem muitos planos para suas férias? — Namjoon perguntou, enquanto esperava terminar de fechar o ateliê.

— Na verdade, não, só cuidar das minhas filhas e ajudar o Jimin, ele não anda muito bem. — Suspirou ao contar, guardando a chave em seu bolso. — Ele queria ter vindo no desfile, mas não conseguiu e agora tá se culpando por isso.

— Eu imagino que a cabeça dele esteja uma bagunça, os hormônios a mil. — Namjoon assentiu de forma compreensiva, andando ao lado do melhor amigo. — Mas ele já está cuidando disso, não é?

— Sim, a babá e minha mãe tem ajudado bastante enquanto eu terminava as coisas aqui. Acho que o sequestro, descobrir a verdade do porque ele foi deixado no altar, mexeu com a cabeça dele e ele não fala sobre isso comigo, só falou quando me contou.

— Com certeza mexeu, mas você sabe se ao menos para terapeuta ele fala a respeito?

— Para ela sim, ele falou sobre com o Taehyung e a mãe dele também, sei porque o próprio Taehyung me contou e eu fiquei aliviado. Se ele não quer abrir isso para mim, eu entendo e respeito, principalmente.

— E como você se sentiu ao saber de tudo? Nunca me disse.

— A princípio eu não acreditei, porque... quais as chances? O cara que ele amava, que pediu ele em casamento, conheceu a minha esposa do nada, eles se apaixonaram e ele largou o Jimin por ela. Eu em partes entendo, eu também me apaixonei por ela, mas isso só me mostra que ele realmente amava ela, porque depois que eu me apaixonei pelo Jimin, que eu descobri que amava ele, eu teria deixado ela.

— Não no altar, né?

— Claro que não, Namjoon. Óbvio que no meu contexto seria mais difícil, eu não teria autoestima para pensar que ele iria me querer, ela sempre me fez acreditar que eu tinha muita sorte por ela me querer. — Respirou fundo, sentindo a dor das palavras que ouviu antes virem em sua mente. — Eu provavelmente não conseguiria trair como ela fez.

— Então, no fim você entende o Dongha ter deixado o Jimin pela Yoona?

— Ele se apaixonou por ela, mais do que se apaixonou por ele e escolheu ela, de certo modo, era para ela ter escolhido ele.

— Mas ela escolheu você. — Completou compreendendo.

— Não, de forma alguma. — Negou com a cabeça, rindo da fala do melhor amigo. — Ela escolheu as crianças. Acho que ela sabia que eu não ia aceitar ficar sem meus filhos. Eu refleti, tipo, de verdade, sobre tudo que aconteceu e é isso que me tira o chão. Eu assumo que naqueles três meses, eu fui um péssimo pai, mas minha mãe não usou eles para me chantagear atoa, ela sabia que naquele momento, a única coisa que me faria aceitar a loucura dela, eram eles. Eu faria qualquer coisa por eles e eu jamais aceitaria que a Yoona tirasse meus filhos de mim, ela não levaria eles para morar com outro pai, mas não mesmo! Não seria eu que teria o fim de semana depois de quinze dias, seria ela.

— Eu ia citar a guarda compartilhada, mas ele era um maluco, seria bom se ele nunca chegasse perto das crianças.

— Com certeza, mas... enfim. — Tomou fôlego. — Fui chifrado por uns oito anos sem saber, fui maltratado durante esse tempo e agradeço pelo Jimin não ter vivido o mesmo. Sou grato pelo destino ter nos juntado, odeio com todas as minhas forças aquele cara e queria poder ter dado pelo menos um soco nele, só um... — Olhou para o melhor amigo, levantando o indicador. — Naquele dia, depois que eu entendi que o Jimin teve um trabalho de parto com aquele vagabundo por perto, eu me senti muito mal, me senti culpado, porque durante toda a gestação o que o Jimin mais temia, era o parto e eu não estive lá para acalmar ele. — Fechou as mãos em punhos, bufando. — Eu já sabia que ela tinha colocado uma floresta na minha cabeça, saber que foi ele não mudou muita coisa, o que me deu ódio foi ele ter vindo atrás do Jimin. Ele é tão nojento que tentou estuprar um ômega, isso em si já é doentio, repugnante e nojento, mas o Jimin estava parindo, alguém assim só pode ser um psicopata, não tem um pingo de empatia. Foi direto pro inferno.

— Nessa parte... não sei como o Jimin não atirou na cabeça, se bem que eu acho que acertaria em outro local. — Namjoon fechou a expressão.

— Acho que mesmo que em legítima defesa, ele não queria carregar a morte de alguém. — Mordeu o lábio, olhando para cima, já estavam fora do edifício e a noite estava estrelada. — Ninguém merece passar por algo assim, eu fico me perguntando como a Yoona e o Jimin gostavam dele. Yoona foi abusiva, mas em comparação a ele, ela era um anjo.

— Respira, Jungkook, respira. — Namjoon colocou as mãos em seus ombros e só então o alfa notou que tremia de raiva.

— Desculpa, eu só... — Respirou fundo, tentando se recompor.

— Tá tudo bem, se eu fico com raiva, não consigo imaginar a sensação dentro de você ao pensar no assunto, tá tudo bem. — Massageou o local, tentando ajudar a relaxar. — O importante é que agora tá tudo se ajeitando, eles ficaram no passado e você e o Jimin vão ficar bem.

— Com muita terapia a gente supera isso... — Assentiu para o amigo. — Eu só queria que o conto de fadas que ele desejou fosse real, ele merecia ter vivido isso.

— E você acha mesmo que não é um príncipe encantado para ele? — Namjoon riu, arqueando as sobrancelhas.

— Acho, eu sou tipo, só eu. — Deu de ombros. — Minha única habilidade é fazer filho e isso ele não quer.

— Ai, ai Jungkook, você é engraçado. Eu acho que você é lerdo demais para algumas coisas, mas se acha que ele merecia esse conto, faça acontecer, o aniversário de vocês tá aí.

A fala de Namjoon vez Jungkook arregalar os olhos e uma lâmpada acendeu em sua cabeça. Sorriu de forma que assustou o amigo e pulou em seus braços, envolvendo as pernas em sua cintura.

— Namjoon, eu te amo, você é um gênio!

— Mas menino... tá doido, desce, desce! Estamos na rua seu doido, me solta!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top