Capítulo 16 - O mundo espiritual
Por motivos de preguiça em ligar o pc no domingo, cá estou eu em mais uma att.
#ataldamark2 #mamãeschantagistas
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Assim que o jantar terminou, Jimin quis voltar ao hospital e Jihyun se ofereceu para ficar com Wonho naquela noite e após separar algumas coisas, a alfa dirigiu até o hospital.
— Obrigado por esse tempo, mãe. — Agradeceu ainda dentro do carro. — Eu precisava do seu colo mesmo e juro que o Wonho é bonzinho.
— Eu sou avó dele, mesmo que ele fosse uma peste eu ficaria com ele, querido. Você não precisa me agradecer, sou sua mãe, vou sempre te ajudar em tudo. — Ela sorriu e Jimin a abraçou.
— Eu te amo, mãe!
— Também te amo! — Deixou um beijo no topo da cabeleira loira.
Jimin saiu do carro depois de olhar Wonho adormecido na cadeirinha no banco de trás e entrou no hospital, perguntando na recepção qual era o quarto da UTI que o marido estava e depois foi em sua direção. Ao chegar no quarto, pode ver Junghyun sentado na cama do alfa, segurando em sua mão e Jiwon dormia no sofá enquanto Jungmin estava ao lado do neto.
— Pensei que não fosse voltar hoje. — Jungmin contou, sorrindo.
— Acho que pela minha mãe eu não voltaria mesmo, mas eu não ia conseguir dormir em casa, a preocupação não deixaria. Então melhor ficar aqui com ele. — Justificou com um meio sorriso. — Vocês vão ficar também?
— Acho que não podemos. — Respondeu crispando os lábios. — Creio que só um de nós vai poder ficar mesmo. Acho até melhor que seja você a ficar, Jiwon precisa descansar.
A ômega estava derrotada, não se parecia em nada com a mulher que Jimin conheceu, mas ele entendia, era aquilo que a preocupação fazia com alguém. Por ser mãe, era a pior sensação do mundo saber que seu filho estava entre a vida e a morte.
— Vamos, Jun? — O avô perguntou ao neto.
— Quero ficar com o papai. — Negou, segurando mais forte na mão de Jungkook.
— Jun...
— Pode levar Jiwon primeiro, sogrinho, eu quero conversar um pouquinho com o Junghyun, depois o senhor volta aqui. — Jimin falou e o alfa assentiu, pegando a esposa com cuidado e o ômega abriu a porta para que ele pudesse passar.
— Não tente me convencer, eu não sou a Angie. — Alertou quando já estavam sozinhos.
— Vamos com calma, sim? — Jimin se aproximou aos poucos pegando na outra mão do alfa. — Eu só quero conversar com você.
— Eu não sei o que aconteceu com o papai, se é isso que quer saber.
— Não, meu bem, não é. Porque eu sei o que aconteceu e vem acontecendo com seu pai. — Junghyun passou a olhar para o ômega a sua frente, prestando atenção. — Você sabe o que significa uma marca, não sabe?
— Uhum.
— Bem, quando alguém com quem temos uma ligação morre, precisamos estabelecer uma outra conexão para que nosso lobo não fique depressivo e morra aos poucos. Seu pai não traía a sua mãe, Jungkook jamais faria algo assim, ele amava muito ela, mas por amor a vocês ele se casou comigo.
— Então vocês não se amam?
— Eu amo ele. — Respondeu rapidamente. — Mas o ponto é que da mesma forma que a sua mãe é tão importante pra vocês, ela era pra ele também. Você não precisa me ver como um monstro, como se fosse culpa minha a morte dela, sabe, um dia todos nós vamos morrer; é o que chamamos de ciclo da vida, pense que agora se sua mãe tinha alguma dor, ela está bem melhor e ela não ia querer ver o bebê dela se afastando do pai. Jungkook sente a sua falta e ele não sabe como reagir e sei que você também não sabe por ser pequeno. Eu não deveria ter gritado com você aquele dia, você merecia um abraço e alguém que te explicasse as coisas, por isso, me desculpe. — Suspirou, mordendo os lábios antes de continuar. — Jungkook simplSunhinte tem tanta coisa na cabeça, tantas preocupações que ele não sabia lidar com a sua situação, com a forma como você está lidando com tudo, porque ele mesmo não sabe. Você é novo ainda e não precisa entender isso por agora, o que precisa entender é que eu não sou o vilão da história, eu não sou um monstro que fez a sua mãe morrer e muito menos sou um monstro por querer ver seu pai feliz.
— Mas por que a minha mãe foi tirada de mim? Por que meu pai também tem que ser? — Questionou com os olhos transbordando em lágrimas.
— Sua mãe não foi tirada de você, meu bem. Ela vai sempre estar viva dentro do seu coração, se lembre dela te abraçando e sorrindo para você, pois ela te amou muito. Guarde isso dentro de si, o amor que ela te deu, eu tenho certeza que isso não faltou e seu pai está aqui ainda e ele te ama muito, mais até do que ele pode dizer. Nesse momento você tem que ficar bem por ele, pois agora ele não pode cuidar de você, ele vai se sentir muito mal por tudo que aconteceu e você ter ficado mal também. — Junghyun ficou pensativo, olhando para o pai.
— Você pode me dar um abraço? — Pediu e mesmo estando com o pé atrás, sabia que precisava daquilo.
— É claro que eu posso. — Deu a volta na cama, acolhendo o pequeno em seus braços, sentindo Junghyun apertar suas roupas e chorar. — Pode colocar tudo para fora, sem medo.
Junghyun o deu ouvidos naquele momento e chorou em seus braços, recebendo afagos em suas costinhas. Quando não ouviu mais som algum, Jimin se afastou, notando que o pequeno havia pego no sono. O pegou no colo e foi para fora da sala na intenção de ir até o estacionamento, mas Jungmin parou em sua frente, causando risadas pela coincidência.
— A única coisa que eu vou dizer antes de ir é uma pergunta, qual fórmula sua mãe usou para te fazer? — Pegou Junghyun do colo do mais baixo.
— Não faço ideia. — Sorriu ao responder. — Tenha uma boa noite, sogrinho.
— Boa noite Jimin, amanhã nos vemos. — Jungmin saiu dali com o neto no colo e Jimin retornou ao quarto.
Olhou para Jungkook adormecido e sentou na cama, ao seu lado. Acariciou a pele pálida da bochecha do amado e respirou fundo.
— Você sabe que está em dívida comigo, não sabe? Você prometeu pra mim que estaria naquele altar no dia do nosso casamento e eu confio na sua palavra, Jeon Jungkook, se você ousar não acordar, tenha certeza que eu te levanto daí no tapa e te mato depois. — Prometeu, sentindo as lágrimas descerem por seu rosto. — Eu não aguento duas vezes, Jungkook. Eu não vou conseguir ser deixado pela pessoa que eu amo uma segunda vez. Eu te disse que não ia deixar você morrer se você tentasse e eu tô tentando, falta tão pouco pra você querer me deixar assim, você precisa reagir logo para que seus órgãos continuem funcionando da maneira certa. Por favor, por favor não me deixe aqui sem você, eu não vou saber como lidar. Eu não sou tão forte assim... — Abaixou a cabeça, ficando com o rosto enterrado no pescoço do alfa. — Eu amo você... então por favor, não me deixe!
Hospital central
30/07 - 09:20
Jimin despertou no susto com um barulho externo, olhou para os lados procurando a fonte do barulho e se deu conta que ainda estava na cama com Jungkook, deu sorte de não mexer durante a noite e se alguma enfermeira viu, com certeza seria xingado. Mas ao virar para uma direção diferente, tomou um susto ao ver Sunhi trocando o soro de Jungkook.
— Bom dia, Jimin. — Sorriu, tirando as cobertas de cima de ambos e puxando a roupa de hospital do alfa. — Vou trocar o curativo. — Explicou tirando o que já estava por cima. — Dormiu bem?
— Eu apaguei na verdade.... Você não deveria brigar comigo?
— Eu? Que isso, eu ia brigar se você não tivesse dormido com ele. Isso aqui está praticamente cicatrizado. — Mostrou os pontos do alfa. — Pelo visto o lúpus dele está ficando fortinho novamente e isso é graças a você, vai acelerar a regeneração dele.
— Bom saber, vou ficar grudado nele, então — suspirou, se levantando para esticar o corpo. — Está tudo bem com ele? — Questionou sobre Jungkook. — Ele vai acordar?
— Eu não poderia te dar informações, mas não sabemos, ele já chegou aqui desacordado, mas há atividade cerebral, vamos torcer para o melhor. — Informou, terminando de fazer o curativo. — Ele estar regenerando assim é sinal de evolução, significa que o lobo dele ainda está vivo.
— Então ele tem alguma chance de acordar?
— Pelo histórico do meu paciente, ele está duro na queda, Jimin. — Brincou para descontrair.
— Vou me manter positivo... — Assentiu com a cabeça. — Quando servem o café da manhã?
— Daqui a pouco a moça trás. — Terminou de jogar as luvas no descarte. — Tem algo que posso fazer por você?
— Sabe se o laboratório faz teste de DNA? — A pergunta a fez franzir o cenho.
— Fazem sim, está precisando?
— Bem sim, mas não para agora...
— Tudo bem, te vejo mais tarde! Qualquer coisa aperte aquele botão ali.
Após estar sozinho novamente, esperou pela moça que trazia o café e comeu, observando o moreno na esperança dele se mover, mas nada acontecia. Assim que pegou um livro para ler, a porta do quarto foi aberta e ele tomou um susto ao ver os olhos curiosos em sua direção.
— Jihyon? Como você entrou aqui? — Controlou o tom, mas queria gritar, tamanha era a surpresa em ver seu irmão mais velho. — Como soube que eu estava aqui?
— Jimin eu sou um investigador, me ofende você perguntar algo óbvio e eu entrei pela porta, ué. — Deu de ombros. — Ele não tá numa situação legal... — Apontou para Jungkook.
— E você aprendeu a falar o óbvio na faculdade por acaso? — Cruzou os braços andando na direção do irmão.
— Nossa, você tá ácido... — Fez uma careta. — Precisamos conversar.
— Não é o melhor momento para me pedir explicações, sabe? — Suspirou, estava sem paciência.
— Mas eu não vou ficar muito, vamos lá para fora, se ele acordar alguém vai te avisar. — Sem que Jimin pudesse protestar, seu irmão o tirou de dentro da sala e o levou para a área externa do hospital.
— Quando chegou em Paris? — Jimin perguntou ao estarem sentados em um dos banquinhos.
— Ontem de tarde, Sunhyun tá puto, não que seja novidade... ele ficou ainda mais puto quando me pediu para investigar a mamãe e se ela tinha planos com o seu nome, ele sabe que você se casou por interesse. Publicar um livro, hein? — Levantou e abaixou as sobrancelhas várias vezes.
— Então você aceitou a proposta dele? — deduziu sem muito ânimo.
— Bom, em partes. Eu investiguei, mas não contei nada, afinal o que eu devo a ele? Seu pai é um porre. — Deu de ombros. — Não investiguei a vida do bonitão, passa as informações.
— Ele é estilista e pai de sete crianças, a esposa morreu em janeiro, mesmo problema que o seu pai causou na mamãe.
— Sete filhos de uma vez, forças meu guerreiro... — Negou descrente. — Eu conheci o Wonho, ele é uma gracinha.
— Meu bebê dorminhoco... — Sorriu ao pensar no bebê.
— Mamãe me contou que você tá amarradão no cara, espero que ele melhore logo... — Jihyon se aproximou. — Esse eu acordo na porrada, aquele maltido do Dongha eu não fiz porque você não deixou.
— Valeu, Jihyon, é bom poder contar com você. — Riu se deitando no ombro dele. — Senti sua falta...
— Eu também, mas trabalho é trabalho, não posso colocar vocês em risco.
— Você vem para o casamento?
— Venho sim, mas vou ficar disfarçado, se aparecer nos jornais, não posso dar bandeira. — Estalou a língua. — Vou ser o mais charmoso das fotos.
Jimin conversou com o irmão mais velho por um tempo, distraindo a mente e depois de se despedirem, voltou para o quarto, vendo que Jungkook ainda não havia tido progresso, continuava na mesma posição e era frustrante.
— É pedir demais poder olhar nos seus olhos mais uma vez? Sentir você me beijar com afinco, ou o aconchego dos seus abraços? — Perguntou enquanto uma lágrima fujona descia por seu rosto. — Eu só queria saber se você consegue me escutar...
Jungkook estava perdido, ele não entendia muito bem a forma que estava e se questionava se estava sonhando ou se havia morrido. Estava em uma campina de grama verde, com árvores frutíferas e um belo lago cristalino lindo que dava vontade de se banhar até o corpo cansar. Suas patinhas tocavam a grama macia, sim patinhas, na verdade eram bem grandes, mas ele preferia chamar assim. Olhava seu reflexo pela água e era meio estranho ver-se daquela forma. Admitiria, seus pelos pretos eram lindos e brilhosos, podia ser confuso, mas dava um baita lobão!
— Aqui é legal, não é? — A voz ao seu lado, o fez virar bruscamente. — Calma menino, sou só eu.
— Você não tava morta? — Questionou de olhos arregalados para a ômega, apesar da forma lupina, reconhecia o cheiro de lavanda de Yoona, era até previsível pela pelagem cinza. — Eu morri também, não é?
— Não, você não morreu. — De alguma forma ela riu. — Estamos no plano espiritual do seu lobo, ainda consigo me conectar com você por conta do nosso antigo elo, mas não temos muito tempo.
— Lobos tem isso mesmo? — Olhou para suas patinhas. — O que tem para falar comigo?
— Acho que precisamos terminar de vez o que começamos... — Ela pareceu pensar. — Eu tenho que me desculpar, por tudo que eu te fiz.
— Desculpas não mudam o que aconteceu.
— Eu sei que não, mas preciso dizer que o arrependimento me matou. — Olhou para o horizonte. — Eu realmente sinto muito, imagino que não esteja sendo fácil.
— Realmente não está, mas eu tenho ajuda.
— O ômega com cheiro de pêssegos... o que resta da minha ômega nesse espaço já sentiu ele. Acho que ele te faz bem, então eu fico feliz, meus filhos devem estar em boas mãos também. — Se levantou. — Você precisa sair daqui, não é sua hora de morrer ainda.
— Estou sabendo... — Estava ficando irritado por ela ficar dizendo o óbvio, claro que ele ainda não podia morrer, tinha sete filhos pra criar e um casamento para comparecer.
— Quero te agradecer por tudo que fez por mim, mesmo que eu só tenha te trago dor, obrigada por todo amor que me deu. Eu renuncio ao elo que tínhamos, deveria ter feito isso antes de você sair de casa aquele dia, mas não tive coragem, precisava que você fosse ou eu iria desistir. Está livre agora e deve te afetar menos, nunca mais vamos nos sentir e-...
— Muito obrigado, se diminuir a quantidade de surtos, ao menos um momento de paz eu terei antes do meu casamento.
— ... Adeus Jungkook, boa volta, cuide dos nossos filhos....
— Jungkook. — Jimin chamou pela trigésima vez. — Sabia que é falta de educação não responder às pessoas? Vamos lá, no três você abre os olhos, tudo bem? 1... 2... 3!
Brincou, pois sabia que não ia acontecer ou bem, ele pensou que não ia acontecer.
Seus olhos se arregalaram ao ver Jungkook abrir os olhos devagar, ele estava desorientado e a primeira reação do ômega foi apertar o botão da parede com agilidade. A sala encheu de médicos e enfermeiros, e o loiro foi quase brutalmente retirado do quarto. Demorou meia hora até ser liberado para entrar pelo cirurgião.
— Sem esforços pelos próximos quinze dias. — O médico advertiu. — A fisioterapeuta vem vê-lo dentro de algumas horas, por enquanto essas são minhas ordens, sem serelepagem!
— Tudo bem, doutor, obrigado. — Jungkook sorriu singelo e o cirurgião deixou a sala após sorrir para Jimin, deixando-os sozinhos.
— Como você se sente? — Devagar o loiro se aproximou da maca, perguntando em um tom baixo.
— Um pouco dolorido, mas posso sobreviver, acho que um pouco cansado também. — Respondeu pegando em uma das mãos do outro. — Por que você está tão longe?
— Porque se eu me aproximar mais, eu vou te abraçar... — Sua voz saiu baixa e tímida.
— Por favor, faça isso!
Pediu e no mesmo instante Jimin se sentou ao seu lado, abraçando seu pescoço e diferente do que imaginou, o ômega começou a chorar alto e forte.
— Você me assustou! Eu pensei que ia te perder.
— Meu bem, acredite, vai precisar de bem mais que isso para se livrar de mim. — Retribuiu o abraço, alisando as costas do mais baixo. — Vai ter que me aguentar por muito tempo ainda, não se preocupe!
Ficaram abraçadinhos por bastante tempo, não conversaram muito, principalmente porque o moreno estava sonolento e Jimin o deixou dormir. Na hora do almoço sua mãe veio lhe buscar e trouxe Jiwon consigo, a ômega ficaria com Jungkook durante a tarde.
— Ele está bem? — Jihyun perguntou quando o loiro entrou no carro.
— Sim e despertou hoje de manhã! — Contou empolgado. — E o meu bebê, mãe?
— Dormindo ali! — Apontou para a cadeirinha e Jimin riu, não era nenhuma novidade. — Então, quer ir lá para casa?
— Acho que quero, vou tentar convencer o papai a fazer compras comigo, se ele não quiser, vou pedir ao Yoongi. — Empinou o nariz decidido.
— Olha, está com sorte, seu irmão está lá em casa, eu e ele tivemos uma reunião esta manhã. Jihyon me contou que veio te ver. — A alfa deu partida no carro, saindo do estacionamento. — Ele te encheu o saco?
— Sabe que não? — Sorriu olhando para a estrada. — Eu pensei que ele iria me questionar sobre tudo, mas ele foi compreensivo, mesmo sabendo da verdade.
— Eu disse que ele seria deserdado se ferrasse com o meu plano. — Jihyun sorriu grande ao ver a expressão de descrença no filho. — É lindinho, tenho meus truques na manga.
— Às vezes você me dá medo, mamãe...
Jihyun apenas sorriu diabolicamente e pouco tempo depois chegaram à residência Park. Jimin pegou Wonho e entraram na mansão, Yoongi estava apagado no sofá e Sunhyun estava sentado em sua poltrona lendo um livro sobre botânica.
— Boa tarde, papai. — Jimin desejou chamando sua atenção.
— Boa tarde... — Respondeu sem humor na voz.
— Eu senti a sua falta, faz tempo que não nos vemos. — Tentou, se sentando no sofá oposto ao qual o irmão dormia.
— Oras, agora que me perdeu sente a minha falta? Deveria ter pensado nisso antes de me apunhalar pelas costas. — Declarou rabugento.
— Eu apenas me casei, quem está me afastando é o senhor! — Rebateu sem se abalar, olhando para Wonho. — Você viu como o seu netinho é adorável?
— Ele é realmente uma graça, diferente do pai seboso que tem!
— Está se referindo a mim ou ao Jungkook? — Franziu as sobrancelhas.
— Apesar de ser um traidor, você ainda é a flor mais linda que a natureza já fez. — Enfiou a cara no livro. — Agora pare de me perturbar.
— Mas eu gostaria de saber se você não queria ir comprar alguns móveis comigo, estou me mudando e-...
— Me deixe em paz, Jimin. — Fechou o livro com tanta força que Yoongi acordou com o barulho, despencando no sofá.
— Porra meu, não sabem respeitar o sono alheio? — Massageou o topo da cabeça.
— Lugar de dormir é em cama, quem mandou você ficar aí? — Sunhyun se levantou saindo da sala.
— Ele tá mais insuportável que nunca... — O moreno revirou os olhos, levantando-se. — E ai, maninho, quanto tempo?
— Estou bem e você? Anda trabalhando muito? — Sorriu para o irmão.
— Bastante e o Jungkook, ele está melhor?
— Acordou hoje pela manhã. — Seu sorriso aumentou e os olhos brilharam. — Os médicos dizem que ele está evoluindo bem!
— Isso é bom, logo ele vai para casa. — Falou de modo consolador.
— Sim e falando em casa, você não gostaria de ir fazer compras comigo? Preciso comprar alguns móveis pro quarto das trigêmeas... — Mordeu o lábio.
— Claro, quanto menos tempo ficar em casa melhor. — Resmungou alto, colocando os cabelos para trás.
— Taehyung me contou a respeito, não acha muita infantilidade da parte de vocês isso?
— Claro que eu acho, mas acontece que não tem lógica esse negócio de ter dois biológicos para cada! Por acaso o Hoseok pensa que se houver separação em algum momento eu não vou querer ter contato com a Taehyeon? Ela é minha filha e pronto, genética nenhuma me tira isso.
— Eu sei e eu concordo, mas Yoongi, não pode ficar em pé de guerra com o Hoseok para sempre. Vocês tem que entrar em um consenso...
— Acontece maninho, que não tem consenso, não existe isso nessa situação, só vamos ter outro filho se for na sorte e pronto.
Jimin até pensou em tentar argumentar, mas Yoongi o chamou com a mão, se levantando decidido a encerrar o assunto e pegou a chave do carro, andando para a saída. A tarde se resumiu na ida a muitas lojas e conversas aleatórias de irmãos. Yoongi era o mais próximo de si, sempre foi, mas com a rotina de estudos, trabalho e casamento, eles não tinham mais tantos momentos.
A família Park não era harmônica e pacífica, os conflitos eram o que não faltavam. Os três mais velhos eram filhos de outro ômega e nunca aceitaram o novo marido de sua mãe e o pai de Jimin não era a pessoa mais agradável do mundo. Sunhyun podia ser mente aberta em muitas coisas, mas achava um absurdo que Yoongi tivesse um relacionamento a três e principalmente um de seus companheiros ser outro alfa. Por isso Yoongi se casou e se mudou aos dezessete anos e desde então se afundou em trabalho e dedicação a sua família. Jimin tinha mais contato com Taehyung pois ele trabalhava na floricultura consigo.
Não se recordava da última vez que teve um tempo para falar baboseiras com o irmão, mas ficou feliz em ter sua ajuda com a decoração da casa. Por volta das oito, Jimin voltou ao hospital, de banho tomado e com Wonho em seus braços, passou rapidamente na enfermaria pedindo um favor a Sunhi e depois subiu para o quarto, quase sendo barrado por ter muitas pessoas visitando Jungkook.
— As pulguinhas estão por aqui? — Perguntou ao passar pela porta, mas encontrou apenas Jungmin e duas novas silhuetas.
Se tratava do irmão mais velho de Jungkook, Jaehwa. Ele lembrava um pouco de Jungmin, mas tinha os traços de Jiwon. Ao seu lado, sentada havia uma moça baixinha e muito bonita, os cabelos ruivos e ondulados, enquanto os olhos eram verdes, mas ela não olhava para ninguém.
— Amor, bem-vindo de volta e você trouxe o Wonho!
Jungkook abriu os braços para o pequeno assim que ele sorriu e estendeu os bracinhos e Jimin o entregou para o pai. O pequeno foi rapidamente envolvido por Jungkook, que o encheu de beijinhos e cheiros.
— Amor, ele é o meu irmão.
— Jaehwa, prazer. Essa é minha esposa, Jade.
— Encantado em conhecê-los.
Com cuidado Jade andou em sua direção, a princípio Jimin não entendeu, mas pela ajuda que Jaehwa fornecia, constatou que ela não podia enxergar, pelo menos não como eles. Quando segurou em sua mão, Jade sorriu, mordendo os lábios.
— Ele é lindo, tem uma alma linda. — Jade diz com um sorriso. — São poucas as pessoas que conheço assim, o prazer é meu.
— Obrigado, você é maravilhosa.
Jimin sentiu a necessidade de retribuir o elogio e ela ficou feliz ao ouvir. Eles conversaram por alguns minutos sobre as chatices de estar em um hospital, até que Jaehwa decide comentar:
— Eu pensava que você nunca perceberia, sabe? O quanto ela te fez mal.
— É meio difícil, mamãe tem um ótimo sexto sentido, mas ainda é muito superprotetora e eu estava apaixonado.
— Mas eu lhe disse que a alma dela não era muito bonita... — Jade rebate.
— Desculpe não ter acreditado e te chamado de idiota... mas continuo achando pesado você comentar essas coisas, Jade.
— Tudo bem, águas passadas! — Jungmin bebericou o café. — Vejam, tudo está se alinhando.
— Jade e eu planejamos ter mais um filho, achamos que o Kihyun já está grandinho o suficiente para ser irmão mais velho. — Jaehwa comentou com um sorriso no rosto, enquanto segurava a mão da esposa. — E achamos que seria uma boa ideia renovar nossos votos.
— Desde quando vocês estão casados? — Jimin olhou com curiosidade.
— Tem doze anos, nosso filho fez onze em fevereiro.
— Inclusive não perdoo você não ter ido à festa, Jungkook! — Jaehwa o encarou mortalmente.
— Eu estava em um profundo luto, além do que você não foi na das trigêmeas! Então, não tem moral.
— Estava bravo com você...
— E isso te dá direito de descontar nas suas sobrinhas?
— Eu não queria olhar na sua cara, você ainda não entendeu isso?
— Acho que já está tarde, vamos embora? — Jungmin intervém. — Trago o Wonho de volta amanhã ao meio dia para a troca de turno, Jimin.
— Ahn... claro! Foi um prazer conhecer vocês, espero que compareçam ao casamento.
— Claro que estaremos lá, é importante! — Jade confirma. — Espero uma visita de vocês em casa.
Eles conversam por mais alguns minutos e se despedem, quando estão sozinhos, Jungkook sorri para o noivo. Jimin se senta ao seu lado, retribuindo o sorriso e pega em suas mãos.
— As pulguinhas vieram hoje de tarde com meu pai, elas ficaram tão preocupadas... me senti mal.
— Você não tem culpa pelo que aconteceu Jungkook, é algo que está longe do seu poder de escolha. — Se aproximou e acariciou o rosto pálido. — Sei que eles não te culpam e em breve vamos todos estar em casa.
— A verdade dói e eu tive que mentir para eles, não queria assustá-los. — Mordeu os lábios de forma envergonhada. — Não sei se fiz o certo.
— Calma, tudo vai ficar bem. Amanhã eu vou ficar com eles enquanto montam algumas coisas em casa. Sua mãe está sendo maravilhosa.
— Não tem como você me deixar sozinho aqui, amor. Meu pai trouxe até um caderno e lápis para mim... ele disse que tenho que continuar trabalhando, quer uma coleção para ontem.
Jimin riu e beijou seus lábios de forma delicada.
— É importante manter o foco no trabalho, principalmente porque em breve nossa rotina vai voltar ao normal, fica tranquilo. Estou muito feliz que você esteja desperto.
— Eu também estou, fiquei com medo de me perder no limbo... eu nunca acreditei que o plano espiritual pudesse ser real.
— Você esteve lá? — Os olhos de Jimin se arregalaram.
— Sim, se eu tivesse a forma de um lobo, meus pelos seriam negros, confesso que achei bem bonito. — Sorriu ao contar. — E eu meio que... bem, eu encontrei a Yoona.
— Hum... e como foi?
Jimin nunca teve certeza da existência do plano espiritual. Diziam ser onde você estava na forma de sua alma e podia vagar por lá após morrer ou passar por uma experiência de quase morte. Muitas pessoas tinham relatos, mas nunca aconteceu com alguém próximo para que ele acreditasse em sua existência. Pelo menos até agora.
— Ela me pediu desculpas, falou que estava arrependida do que fez e que não era minha hora ainda. Resumidamente foi isso.
— E como você se sente?
— Eu não sei, na verdade é muita coisa acontecendo, a coroa de chifres tá grande na minha cabeça e eu podia estar fora dessa situação se tivesse ouvido a minha mãe. — Engoliu em seco, desviando o olhar dos do ômega. — Mas sabe... eu queria ver você como lobinho também.
— Espero que demore muito para nos conhecermos dessa forma! Obrigado por ter voltado.
— Olha, que eu me lembre, tem um compromisso muito importante para comparecer no dia dezesseis, ou estou enganado?
— Muito importante mesmo, meu irmão mais velho veio me ver mais cedo, antes de você acordar e ele disse que te acordaria no soco!
Hospital central
14/08 - 10:30
Os dias que se seguiram no hospital para Jungkook foram torturantes, era uma atmosfera tão chata, mas pelo menos ele pode se ocupar com ideias para uma nova coleção. Recebia visitas todos os dias, até mesmo seus avós vieram vê-lo, era muito bom ter a companhia deles e ficou feliz por ter sido no horário que Jimin não estava. Seus avós tinham pensamentos retrógrados e nada agradáveis sobre os ômegas independentes. As pulguinhas apareciam uma vez por semana e estavam aproveitando as férias, felizes e contentes, Angie estava se esforçando para o seu primeiro espetáculo no fim do mês e era lindo ver o brilho que ela tinha nos olhos. Jimin passava o fim da noite e o começo da manhã com Jungkook, cuidava das crianças e ajeitava a casa durante a tarde. Jiwon ficava com o filho à tarde e tomava conta dos netos à noite.
— O médico disse que você vai ter alta hoje, então sua mãe vai continuar com as crianças hoje de tarde. — Jimin avisou depois de entrar na sala.
— Onde você estava? Quando acordou? — Se espreguiçou sonolento na cama.
Ficou chateado ao acordar e não ter Jimin ao seu lado, sentia segurança quando estava na companhia do ômega.
— Fui pegar o resultado de um exame. — Explicou brevemente indo até a bolsa que tinha trago consigo.
— Só para ter certeza de que não estou pensando besteira... eu vou ser pai de novo? — Chutou e ouviu uma gargalhada do noivo.
— Não tem nenhum bebê dentro de mim no momento. — Afirmou, virando com dois papéis em mãos. — Na verdade, eu fiz uma coisa sem você saber e espero que não fique bravo comigo, mas antes de eu explicar, preciso te entregar isso. — Entendeu os dois envelopes que tinha encontrado no chão no dia em que tudo desmoronou. — Eu achei que você tinha lido tudo, mas depois me toquei que se estava lacrado, não tinha como você ter lido.
— Não sei se quero ler. — Falou de forma sincera, sentindo a textura do papel.
— É uma escolha sua, mas... eu acho que você deveria ler, de verdade.
Com o olhar firme de Jimin em sua direção, Jungkook suspira alto e deixa de hesitar. Com calma, tira os papéis do envelope e começa a lê-los. Ele demora um tempo para terminar, provavelmente lendo cada uma delas mais de duas vezes e quando termina, não sabe o que dizer. Jimin o encara e entrega o exame que tinha ido pegar.
— Eu só fiz isso, porque não quero que a gente passe a vida sem saber, fora que é importante saber se futuramente ele tiver algum problema de saúde...
— Você está me assustando.
Apesar do receio, abriu o exame, lendo atentamente o que ele dizia.
— O suposto pai tem no mínimo 99,99% de chance de ser pai biológico... — Repetiu em voz alta. — Fez um teste de DNA no Wonho?
— Eu fiquei com medo de como você lidaria com essa questão e como eu disse, é importante saber. Mas eu nunca duvidei, o menino é a sua cara, só quis que isso não fosse uma questão aberta.
— Wonho é nosso filho, mesmo que esse resultado fosse diferente, ele é meu filho e ninguém pode me dizer o contrário. Quem cuida sou eu e quem ama também.
— Fico feliz em ouvir isso, de verdade. — Abriu um sorriso grande. — Como está em relação a carta?
— Não é a melhor sensação do mundo saber que o seu amor é unilateral, mas depois de tudo? Sinceramente não me sinto tão afetado. Sinto muito por ela ter feito o que fez, por ter deixado os filhos por conta da culpa, eu penso mais neles do que em mim, sabe? Sinto que devo perdoar, mas não sei se consigo.
— Você não precisa perdoar ela, ela fez coisas horríveis independente de como tudo terminou para ela, Jungkook.
— Mas Jimin, o perdão não é para outra pessoa, é para mim. Eu quero enterrar a Yoona de vez, não me lembrar a todo momento que eu vivi uma mentira esse tempo todo, eu fui usado, era conveniente estar comigo.
— Eu acho que você ainda não aceita e entendo que vai levar um tempo até a realidade cair de vez. — Segurou na mão do alfa. — Estarei aqui, com você. Quando precisar conversar, quando sentir que deve chorar... a dor que está aí, precisa ser sentida e é ela que pode te sufocar, então coloque para fora quando se sentir pronto.
— Sabe, minha mãe é uma santa por ter te colocado na minha vida, obrigado por amar tanto escrever ao ponto de se casar com um desconhecido para realizar seus sonhos.
Jungkook segurou ambos os lados do rosto de Jimin e o beijou. Um beijo doce, apaixonado, repleto de gratidão e poderia ficar ali por toda eternidade.
— Nossa casa está pronta e a Evangeline já está lá. — Jimin murmurou contra os lábios finos de Jungkook.
— Até a Evangeline você levou, amor?
— Como nós vamos ficar sem ela? Eu disse que aumentava o salário dela em dois, ela tentou dizer que não precisava, que a casa dela era até mesmo mais perto de lá, mas eu insisti. Ela merece por estar sempre nos ajudando, mesmo em funções que não são responsabilidade dela.
— Evangeline é nosso trevo da sorte mesmo. Estou feliz que vamos para casa, a nossa casa.
Era maravilhoso saber que ao saírem de lá, estariam na casa que tinham planejado para os dois. Após o médico assinar a alta e Jungkook finalmente ser liberado, eles foram para casa. Tiveram uma pequena discussão, pois Jimin disse que dirigiria, mas Jungkook protestou, pois ele já estava mais que apto para isso, fora que sentia saudade de fazer as coisas por ele mesmo.
Era ótimo receber carinho e ser muito bem cuidado, mas ele não estava inválido e podia voltar a sua rotina normal, o doutor tinha liberado!
Chegaram em casa e Evangeline o abraçou no calor do momento, ela estava tão feliz em vê-lo bem que não conseguia por em palavras. Avisou que tinha arrumado o quarto do casal e Jungkook subiu animadamente as escadas, pulando na cama e rolou no colchão.
— Minha casinha, meu lar! — Gritou empolgado. — Temos que dar uma festa, Jimin!
— Uma festa? Melhor um jantar entre as nossas famílias, eu quero que as pulguinhas conheçam melhor os meus sobrinhos e principalmente os tios deles. — Respondeu se sentando ao lado do alfa.
— Mas ainda não estamos marcados, seu pai vai querer te roubar de mim!
— Ele não vai me tirar de você, eu tenho quase trinta anos, sou crescido já!
— Hum, quem te contou essa mentira? — Provocou com um sorriso malandro nos lábios. — Onde que você cresceu, Jimin?
— Olha aqui, seu projeto de coelho misturado com tartaruga, você está em período de pós-operatório não me faz te jogar na cama não. Você que é um poste!
— Poste não, prefiro tartaruga.
— Tudo bem, então é a minha tartaruguinha! Tô tão feliz que você tá bem e aqui comigo Jungkook, você não faz ideia do quanto eu estou aliviado.
— Eu te prometi que estaria naquele altar, eu vou honrar a minha palavra, amor!
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Cenas novas é essencial e o motivo pelo qual eu amo tanto essa versão!
Não tenho o que explicar aqui nas notinhas, fui!
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