Capítulo 24 - Repulsa
E aí meu povo, finalmente o capítulo 24 tá pronto e eu tô com o cu na mão, afinal é o "último" capítulo (ainda tem o epílogo, calma).
Aí eu não sei o que dizer gente, só comentem tá? Pq eu passei muito nervoso escrevendo isso, quase acabei com as minhas unhas e até crise eu tive de medo, vai que não tá legal... Cometem, xinguem bastante o ser que vai aparecer aí tá?
Amo vocês e boa leitura!
~^•^~
Aquela reunião estava sendo uma tortura, céus era pedir demais para acabarem logo? Seu pai parecia bem confortável em sua cadeira e Jungkook se arrependeu demais em não ser mais o CEO da Magic Shop, já teria acabado com aquela reunião a tempos. Tinha que ir para a sessão de autógrafos, Jimin iria ficar muito triste se não fosse, suspirava audivelmente e só não resmungava, pois tinha uma pessoinha que estava amando estar ali.
Angie prestava muita atenção no que era dito, não entendia muita coisa dos termos que usavam, mas estava concentrada e determinada a entender. Algumas coisas era compreendidas de forma rápida por já ter ouvido seu pai falar algumas vezes, mas era difícil. O motivo da loirinha estar ali, era basicamente porque Jungkook teria que pegar ela após a aula e acabou que ele se atrasou no trânsito e não teve como deixar a menina em casa ou iria ficar totalmente atrasado em todos os compromissos do dia e agora ela estava toda comportadinha sentada em seu colo, ouvindo o que os outros tinham a propor, vez ou outra olhando para os desenhos do pai na mesa. Desejava criar coisas tão lindas como ele fazia.
Jungkook olhava para Angie vendo a admiração dela em todo aquele ambiente, era reconfortante para seu coração e de fato, ele não teria problema algum em passar a Magic Shop para ela. Era engraçado o fato de que Jiwoo não se interessava por nada na Magic Shop, a música e a dança eram sua vida. Seu irmão vivia nos números e não queria nada relacionado a empresa para si, então Jungmin deixaria a MS para Jungkook, a empresa seria dele, já era algo até documentado. Nesta nova fase o alfa obviamente se concentrava em suas criações novamente, mas sabia que uma hora seu pai lhe daria a presidência novamente por simplesmente querer aproveitar a vida.
Não conseguia deixar de olhar para o relógio, os minutos passavam e parecia que os minutos se passavam cada vez mais rápido e que aquela reunião nunca iria acabar. Deixou mais um suspiro sair quando Angie pegou em sua mão, brincando com seus dedos e fazendo desenhos imaginários na mesma enquanto ouvia outro estilista.
Teve que se mexer na cadeira quando um desconforto passou por seu corpo, olhou ao redor, procurando algo errado no ambiente, sentia uma inquietação dentro de si. Suspirou longamente mais uma vez, segurando firme na mão da filha, como uma aura protetora. Seu lobo estava em estado de alerta e ele não conseguia ficar quieto no mesmo lugar.
— O que foi Appa? — Angie perguntou baixinho.
O alfa negou, como quem dissesse um "nada não", mas não adiantou muita coisa, em vista de que ele se levantou com a mesma no colo em seguida, lhe ajeitando de forma ágil, assustando a loira no processo, porém esta grudou no pescoço do mesmo, observando ele com a outra mão guardar os papéis em sua pasta, fechar a mesma e andar em direção a porta.
— Lamento não poder mais ficar senhores. — Foi o que disse antes de sair apressadamente. Precisava chegar em casa rápido e saber o que tinha acontecido, ouviu a porta ser aberta e pelo cheiro sabia que era seu pai. Continuou andando até o elevador e foi Angie quem apertou o botão.
— O que houve? — Jungmin indagou preocupado.
— Tem algo muito errado acontecendo e eu vou descobrir o que é. — Explicou vagamente entrando no elevador e apertou o botão do estacionamento.
Angie olhava para o pai um tanto confusa, mas não questionava nada, sequer estranhou quando ele entrou pelo lado do motorista, jogou a pasta sem cuidado algum no banco de trás; lhe colocou com cuidado no banco do passageiro, na mesma hora que fechou a porta e em seguida ligou o carro, enquanto puxava o sinto da mesma e depois o seu próprio enquanto estava com o carro em movimento.
— Appa, não estamos indo muito rápido não? — A ômega perguntou, quando tinham saído da empresa e estavam nas ruas.
— Tem chocolate dentro do porta luvas, come, começa a cantar e finge que o papai não tá sendo inconsequente em estar dirigindo nesta velocidade, tudo bem? — Pediu e a loira assentiu, pegando o chocolate e começando a cantar as musiquinhas que sabia. — Muito bem.
Acelerou ainda mais, tinha que chegar em casa logo, faria uma hora de transformar em meia, porque diabos ele morava tão longe mesmo? Ah sim, ele tinha se mudado. Angie estava bem tranquila, confiava muito no pai, sabia que Jungkook não faria nada que pudesse lhes machucar. Secretamente estava adorando a sensação que sentia ao carro andar naquela velocidade.
A sensação lhe consumia, era certo de que o destino lhe ajudou naquele momento. Quando chegou em casa, não demorou para tirar Angie do carro e entrar com a menina no colo, sem olhar para trás.
— Junghyun, Somin, Jungwa, Dawon, Jiho e Wonho estão bem? — Entrou já perguntando de todos as outras seis pulguinhas e estranhou aquele tanto de gente na sua sala.
— Jimin está com você, não é Jungkook? — Yoongi perguntou, o alfa estava totalmente aflito.
— Não. Ele deveria estar com você. — Respondeu colocando Angie no chão, estranhando aquele tipo de pergunta.
— Meu Deus... — O alfa dos cabelos negros se sentou no sofá. Yoongi estava pra chorar e então o lúpus teve uma luz sobre o que estava acontecendo.
— Jungkook, olha... é melhor você se sentar. — Hoseok pediu, tentando se acalmar e não deixar o outro surtar. — Talvez ele esteja com o TaeTae.
Jungkook sentia a sensação dentro de si ficar pior, sua respiração ficou desregulada e Angie que estava ouvindo tudo quietinha, tentava entender o que se passava.
— Senhor, eu liguei para o senhor Taehyung e ele disse que não vê o senhor Jimin desde ontem, quando se falaram pela última vez. — Evangeline deu a notícia, um tanto cabisbaixa e preocupada.
— Cadê meu filho? — Sunghyung entrou ao lado de Jihyun, o ômega estava apavorado. — Me digam que acharam ele.
— Por Deus, onde mais ele pode ter ido? — Jihyun perguntou aflita. — Na casa de Jiwon ele não está, nem na médica...
O lúpus ali, esqueceu como respirava. Aquela sensação era aquilo, sabia que tinha algo errado, mas não estava conseguindo identificar o que acontecia, porém agora estava claro e não foi nem um pouco difícil ele perder as forças nas pernas e as não fosse pelo reflexo rápido de Evangeline em lhe dar apoio, teria caído no chão.
— Senhor! — A beta segurou fortemente em si, lhe conduzindo até o sofá. O alfa se encontrava petrificado, não conseguia compreender o que se passava e o medo estava lhe dominando.
— Eu vou comunicar às autoridades. — Hoseok declarou praticamente desesperado.
~*~
A tontura que sentiu ao abrir os olhos, era algo de outro mundo de tão ruim que estava sendo. Jimin recobrou a consciência aos poucos, se sentindo levemente enjoado. Seu lobo estava assustado, em estado de alerta e isso o fez se lembrar do que tinha acontecido. Rapidamente despertou, se levantando de súbito e se xingou mentalmente por não ter tido cuidado nenhum, suas costas doeram na hora.
— Onde eu estou? — Olhou ao redor e parecia ser um antigo armazém, porém tinham móveis, estava sentado no lugar que parecia ser o quarto. Se levantou, indo em direção aos três degraus que tinham ali, vendo que davam acesso a cozinha.
— Vejo que você acordou. — Olhou para sua direita, vendo o alfa estar com uma feição feliz e animada. — Senti falta de te observar dormindo, seu corpo mudou bastante, mas a gravidez te deixou muito lindo.
— Você tem noção de que eu posso te denunciar por sequestro, seu-...
— Não se preocupe, eu não serei preso, pois você nunca vai ter a chance de me denunciar. — Dongha sorriu se aproximando. — Não vai sair daqui.
— E você acha mesmo que não vão me procurar? — Perguntou se afastando.
— Ah, Doce... jamais vou deixar que te tirem de mim. — Suspirou, andando um pouco mais rápido, tentando encostar no loiro. — Que te procurem até no inferno, pois eu vou matar quem quiser tentar te levar.
— Você é louco. — rodou em volta das bancadas. — Não me toque.
— Ah qual é Jimin, sou eu. — Revirou os olhos para a atitude do ômega. — Você não era assim comigo antes, bem pelo contrário, sempre foi um amor.
— Você me deixou plantado no altar, desgraça! — Respondeu como se fosse óbvio. — Eu odeio você.
— Você me ama e sabe disso. — Sorriu confiante.— Não existe uma realidade onde Park Jimin não me ame.
— Olha, você está certo. — Jimin respondeu a princípio parecendo se render, ganhando um olhar terno. — Park Jimin te queria, mas veja bem, eu não sou ele, ele você deixou no dia que era para ser o mais feliz de sua vida, no dia em que ele fantasiou por meses e meses. Entretanto, agora você fala com Jeon Jimin e acredite, o único sentimento que ele sente por você é repulsa.
— Repulsa? — Dongha teve que rir. — Ainda me lembro dos seus olhos revirando e da sua doce voz me chamando.
— Por Deus, você é um museu por acaso? Pretérito perfeito, passado que foi totalmente terminado. — Relembrou quase gritando. — É bom me deixar sair daqui.
— E você vai fazer o que se eu não deixar, que eu saiba ainda tem um bebê aí dentro e tenho certeza que você não vai fazer nenhuma loucura que o coloque em risco. Nosso bebê tem que ficar bem.
— Esse bebê não é seu, nem nunca vai ser. — Rosnou, seu ômega interior estava em posição de ataque.
— Geneticamente é do corno com o qual você se casou. — Dongha gargalhou. — Ah Doce, você e o meu algodão sempre mereceram coisa melhor.
Jimin iria responder, porém parou para analisar um pouco, Algodão? Uma coisa de repente apitou em sua mente.
— Que disse? — Perguntou confuso.
— Ah, é uma história longa e acho melhor você se sentar para ouvir. — Avisou, após soltar um suspiro.
— Não quero senta-...
— Senta logo ali, ou eu vou ser obrigado a ser ruim com você e eu não quero ser ruim contigo, se tirar muito minha paciência... talvez você fique sem o bebê que está aí dentro. — Avisou, tocando sua cintura e foi então que o ômega notou que ele estava armado.
Engoliu em seco, seguindo para onde ele apontava e então se sentou, deu graças a Deus pelas bebês estarem quietinhas dentro de si e tentava manter a calma.
— Sabe, já que você mencionou nosso casamento, antes de tudo eu gostaria de te pedir desculpas, eu deveria ter escolhido você. — Confessou, parecendo até mesmo se sentindo frustrado. — Você e eu éramos um lindo casal, eu sonhava com nossos pequenos andando pela nossa casa, em te ver cuidando deles, brincando quando eu chegasse do trabalho. Entretanto, exatamente um ano antes do nosso casamento, eu conheci uma moça. Ela estava passando com uma bebê em seus braços, era uma verdadeira gracinha, você deve conhecer ela, Angie fica mais lindinha a cada dia.
— Você-...
— Shiu, Doce! Você sabe que eu me perco facilmente o raciocínio. — Balançou a cabeça voltando onde tinha parado. — Bem, eu conheci Jeon Yoona, ela era uma ômega simplesmente adorável, como você. Meu Algodão era simplesmente apaixonante... o problema, era que ela era casada com um nojento aí, um tal de Jeon Jungkook-...
— Eu sugiro que você tenha muita cautela com a forma que vai se referir ao Jungkook perto de mim. — Os olhos azuis do ômega brilhavam em um azul intenso, seu ômega estava irritado, primeiro ameaça seus filhotes e depois seu alfa? Ah, mas ele estava brincando com a morte.
— Ui, ele tem garrinhas. — Dongha revirou os olhos. — Tô morrendo de medo. Mas como eu ia dizendo, ela era casada e a gente começou a se envolver... eu sei, pode me xingar, você não merecia o chifre, não mereceu nada que eu fiz com você... — Suspirou, mostrando um arrependimento verdadeiro em seus olhos. — Eu cuidei de Yoona, amei seu corpo e principalmente sua alma. Ela provocava coisas loucas ao meu lobo, coisas que eu nunca sonhei sentir, que você nunca me provou.
— Ah, vai justificar sua falta de caráter botando a culpa em mim? Faz um favor? Vete al diablo! — Jimin sabia bem que Dongha entenderia o que aquela frase, ela resumia muita coisa.
— Que golpe baixo doce, usando a minha própria composição contra mim? — Se virou, se sentindo magoado. — Ao menos me anima saber que ainda lembra da letra.
— Lembra da letra, e se fode com ela. — Jimin respondeu, sentindo os olhos encher de água por conta da raiva que sentia naquele momento.
— Voltando a história, isso se você me deixar contar... — Suspirou com o olhar focado para qualquer coisa que não fosse o loiro. — Yoona e eu estávamos completamente apaixonados vivendo um romance proibido. Na véspera do nosso casamento, ela teve um surto e disse que queria ficar comigo, ser a minha ômega, se casar e tudo bonitinho e eu... ah, eu fui ingênuo, Doce. Eu acreditei que ela fosse deixar o Jeon, que teríamos a nossa família... — As lágrimas desciam pelo rosto do alfa. — E eu tive que escolher, entre você e ela. A escolha você já sabe qual foi, não estou certo? Porém, Yoona não conseguiu tirar os filhos de Jungkook e nem deixá-lo. Pelo menos não naquele momento, eu tentei... pedi tanto para que ela ficasse somente comigo, conforme os anos iam se passando e ela tentou... mas não conseguiu, quando engravidou do Wonho, foi o surto dela e então ela se foi após se matar.
— Que história comovente! — Jimin respondeu irônico. — Você é um desgraçado, você foi uma desgraça na minha vida Dongha! Você não teve respeito algum por mim, pelo que eu mais te pedia! A sua sinceridade! Quantas vezes você disse que me amava? Quantas vezes me jurou que eu era o amor da sua vida? Você simplesmente não sabe o que significa amor!
— Do-...
— Não me chama dessa porcaria, porque eu não sou nada seu. Eu um dia posso ter sido, mas eu te odeio! — Gritou. — Eu odeio você tanto quanto odeio ela. Eu achei que não conseguiria sentir mais nojo de você, entretanto eu estava tremendamente enganado. — Vociferou. — Mas... obrigado.
— Obrigado? — Se surpreendeu com o que ouviu.
— Muito obrigado por ter escolhido ela. Obrigada por ter me deixado naquele altar, porque eu aprendi a ser bem menos ingênuo em sete anos, eu aprendi a não ser bobinho, a não ficar abanando rabinho por palavras vazias e a me valorizar. E tem mais, muito obrigado por ter feito isso, ou talvez eu nunca tivesse conhecido Jeon Jungkook, o homem que eu verdadeiramente amo e que diferente de você, é digno do meu amor. — Rosnou novamente. — Yoona e você se mereciam, uma pena ela ter morrido, vocês deveriam é ter apodrecido juntos.
— Já chega Jimin! — Usou a voz de alfa, entretanto o ômega sequer se moveu, ficou parado, rindo em deboche.
— Se a sua voz de alfa funcionava com a Yoona, era porque a marca dela era praticamente nula, não sei se você sabe, mas eu sou marcado por um lúpus. Se nem medo dele eu tenho, imagine de você. — Os olhos do ômega ainda estavam totalmente azuis. — Mas prossiga com a sua trágica história, oh... espere, eu já sei o final dela. Ela nunca quis te dar um filho, porque ao menos uma coisa boa ela tinha dentro dela que era o amor de mãe e sabia que entre você e o Jungkook, o único capaz de ser um bom pai seria ele. Ela não conseguia deixar ele... porque ele sempre foi melhor que você.
— Não é isso que ela dizia quando-....
— Quando estavam transando? — Riu revirando os olhos. — Eu não vou mentir e dizer que você não sabia fazer, mas acho que a Yoona se contentava com pouco tigrão, você nunca conseguiu me fazer chegar a um orgasmo mais que duas vezes em uma noite e para não ferir o seu ego, eu prefiro não citar quantas vezes o Jungkook-ah conseguiu. — Sorriu provocativo. Sanidade não existia ali, a raiva estava lhe dominando e não se assustou quando viu o alfa derrubar tudo que estava na bancada em pura raiva.
— Eu vou esga-... — Parou ao ver um movimento presente na barriga do ômega e então lembrou de Yoona. — Melhor você acalmar os ânimos!
~*~
Jungkook estava aflito, sentia seu lobo uivar dentro de si, pedindo para que fizesse alguma coisa, corresse dali e fosse atrás do ômega. Porém com Wonho nos seus braços sentia que não poderia sair dali, o bebê só ficava quietinho em seu colo. Teria que dar um jeito de achar o ômega, de alguma forma teria que conseguir achar uma saída.
As pulguinhas se encontravam todas preocupadas e aflitas, Jiwon estava no quarto com elas e Jungkook estava apenas com Wonho em seus braços, enquanto Hoseok e Yoongi resolviam as coisas com a Delegada Thuany. Os pais do ômega se encontravam dopados por calmantes, dormindo em um quarto ao lado. Tinham tido um verdadeiro surto.
As horas iam passando e o desespero do alfa só aumentava, nenhuma notícia chegava. Jungkook em determinado momento fechou os olhos e tentou se focar no ômega, talvez conseguisse sentir algum fragmento de pista para achar a localização do ômega pela ligação. Seokjin disse que isso era possível e se Jimin entrasse em alguma situação de risco, então o alfa veria isso com mais clareza.
A única coisa que lhe confortava era isso, saber que o ômega estava bem, ou estava até um certo momento. Jimin estava sentado na cama, sentindo contrações de treinamento, eram naturais de acontecer, mas essas tinham uma diferencial.
Respirava profundamente, enquanto alisava a barriga volumosa.
— Vai ficar tudo bem, tá bom? — Falava baixinho, enquanto sentia o incômodo e a barriga endurecer. — Vou proteger vocês de qualquer mal, só fiquem quietinhas aí, por favor.
O ômega estava preocupado, sentia a barriga endurecer com frequência e a dor no final da lombar não estava diminuindo e sim aumentando conforme o tempo passava. Dongha não tinha voltando e sim, o loiro já tinha tentando achar uma saída, mas essa não existia além da porta central que não abria de forma alguma, não tinha como pular uma janela com aquele barrigão, era simplesmente alto demais.
As bebês mexiam bem pouco e ele não conseguia dormir, primeiro porque não queria e segundo porque a dor estava aumentando. Sentia contrações virem de forma desregulada, parecia algo mais como uma cólica.
Entretanto as hora iam passando e agora estava sentindo as dores de verdade, ficava em várias posições diferentes para aliviar a dor. O desespero era claro, sabia que ambas as duas bebês estavam encaixadinhas, mas elas não podiam não nascer naturalmente, Myerin precisava de cuidados médicos e isso deixava o ômega com medo.
— Agora não princesas... — Disse em um tom choroso, relaxando por mais uma contração ter passado. — Jungkook.... Eu tô com medo... — Apesar do alfa não estar ali, o ômega falava, com a esperança de que de alguma forma ele fosse lhe ouvir. — Acho que nossas princesas vão nascer e eu estou morrendo de medo.
O lobo do ômega parecia procurar uma saída, na intenção de proteger o loiro, uivava pelo lúpus precisava que o alfa lhe encontrasse. E Jungkook parecia ouvir.
— Eu vou atrás dele. — Declarou o lúpus, sem nem pensar, descendo as escadas rapidamente.
— Você não sabe onde está, como vai fazer isso? — Yoongi perguntou.
— Eu tenho algo dentro de mim e isso parece que vai me guiar. — Jungkook respondeu, indo em direção a porta. Iria seguir seus instintos e acharia Jimin.
— Vou com você. — Ouviu a voz de Taehyung, o ômega estava ali a algumas horas, tinha chegado pela madrugada. — Vai precisar de ajuda.
— Nós vamos também. — Hoseok tomou a frente. — Não gosto da ideia de você ir, amor.
— Não vou ficar aqui Hoseok, eu vou ajudar e se vocês dois vão é melhor não ficarem brigando. — Taehyung respondeu, pegando no braço de Jungkook e lhe guiando até o lado de fora da casa. — Me dá a chave, você não tem condições de dirigir assim.
Jungkook assentiu, dando a chave do carro para o alfa e ambos entraram no carro, Taehyung observou pelo retrovisor os outros dois alfas entrarem no banco de trás e ficarem em silêncio.
— Só se concentre na ligação de vocês e me diga as direções. — O acastanhado pronunciou ao sair da propriedade e sem dó alguma meteu o pé no acelerador e deixando o alfa surpreso.
Jungkook apenas fechou os olhos, se concentrando na sensação que sentia e era como se visualizasse uma linha definindo o caminho em sua cabeça, essa linha ficava cada vez mais nítida confirme os minutos passavam. Não sabia como isso era de fato possível, talvez Seokjin lhe explicasse mais tarde, todavia ali não era o momento para se preocupar com isso, então focava nas sensações que sentia dentro de si.
Seu lobo estava louco, totalmente insano com a sensações que o ômega transmitia para si e isso fazia com que ele gerasse um enorme aperto no corpo do alfa, fora que ele podia sentir um pavor que não vinha propriamente dele. Apertava as mãos em punhos enquanto dizia em que direção o ômega a sua frente tinha que ir.
Ainda era de madrugada, às ruas estavam desertas, o que fazia o ômega ao seu lado ir o mais rápido que o carro permitia. Taehyung era um motorista e tanto, se isso fosse em Velozes e Furiosos, com certeza ele seria o próprio Dominic Toretto. Apenas ouvia as instruções do alfa e ia para onde tinha que ir, sem medo algum de um acidente. Jimin era mais importante que essa preocupação, claro que o acastanhado lembrava que tinha um bebê dentro de si, mas ele estava bem quietinho na dele.
Porém enquanto Taehyung parecia pleno, Jimin estava apavorado por saber o que estava passando. Simplesmente as gêmeas estavam de brincadeira, não era hora de nascerem, estava de oito 36 semanas, faltavam quatro para as quarenta. As dores aumentaram gradativamente, o que lhe trazia certo consolo era que a bolsa ainda não tinha estourado.
— Você deveria comer algo. — Dongha declarou, enquanto estava sentado do outro lado. — Se aproveitar da minha bondade. Eu fiz o café com todo amor e carinho.
— Pelo amor de Deus, bondade? Que bondade é essa? — Suspirou ao ver que a contração tinha passado e então arrumou a posição que estava. — Se você ficar quietinho, me ajuda bem mais. Se você nunca mais aparecer na minha frente também.
— Logo eu poderei ver o rostinho do meu filho e eu estou tão empolgado com isso. — Ignorou o que o ômega disse começando a fantasiar. — Vou poder ensiná-lo a andar, a falar, brincar... será que será um alfa?
— Você está delirando se acha que vai tocar no meu filho. — O ômega declarou, respirando fundo, aproveitando enquanto a dor não vinha.
— Nosso filho, Doce! — Corrigiu. — Você no passado queria muito me dar filhos, me lembro bem de você dizendo querer engravidar logo após o nosso casamento.
— Graças a Deus você me deixou no altar. — Jimin declarou, mudando de posição novamente sentindo mais uma vez aquela dor, que parecia aumentar cada vez mais. — É só respirar Jimin... respira....
— Você não pensa assim, tenho certeza. — Dongha declarou, se perguntando se ia ajudar o outro. — Sabe, Yoona pedia para que eu fizesse alguns exercícios com ela, que ajudavam no parto. Posso te ajudar.
— Eu consigo sozinho, suas mãos em mim é a última coisa que eu quero. — Respondeu após a contração ter passado.
— Sabe, eu não sei porque você resiste tanto. Algodão era tão mais fácil de lidar, ela aceitava o meu carinho, o meu amor... — Deixou um suspiro triste sair por seus lábios. — Você já me amou um dia Jimin, me deu todo o seu carinho. Se lembra de quando nos conhecemos, você estava andando pelo parque, era inverno e eu estava cheio de livros da escola em mãos e cai com tudo por não ter te visto e desequilibrado quando nossos corpos se chocaram. Foi tão bonitinho ver você preocupado, achando que eu tinha me machucado. — Sorriu nostálgico. — Nosso primeiro beijo foi na minha casa, no dia em que você conheceu os meus pais.
— Desgraça, veja bem, eu não sou mais aquele Jimin que você conheceu e diz que amou. Eu era ingênuo, achando que príncipes encantados existiam e tá, o Jungkook existe, mas não vem ao caso. Eu fazia todas as coisas possíveis pra te agradar, pra ser um bom namorado e certo, você foi um bom namorado até, mas isso é passado! — Declarou um tanto irritado, pois ele estava sentindo que a contração viria mais uma vez.
— Eu te chamo de doce por conta disso, sabia? A sua personalidade gentil, meiga e fofa. — Declarou. — Sempre ajudando quem precisava, sempre pronto para um abraço, você é simplesmente um doce. E a Yoona foi meu algodão, acho que secretamente eu sempre quis os dois. — Confessou. — Já pensou eu falar Algodão-Doce e os dois podiam vir na minha direção?
— Meu Deus, agora eu sei porque você aceitava que ela te chamasse de tigrão. — Suspirou após a contração ter passado. — Dongha, se você diz que me ama, então me leva pro hospital.
— De forma alguma, quando não se tinham hospitais vocês ômegas e alfas fêmeas faziam como?! Você é capaz Doce, eu estou aqui, pronto para ver o nascimento do nosso filho. Sempre quis presenciar um momento tão lindo.
— Eu definitivamente odeio você, espero que você queime no inferno com a sua amada. — Jimin declarou se arrumando na cama.
A verdade era que o ômega queria muito gritar toda vez que uma contração vinha, mas sabia que isso ia piorar e que ele ficaria fraco. Tentava pensar positivo, em sua cabeça mentalizava que todas aquelas horas com dor, não tivesse dilatado nada. Pedia para que as bebês estivessem bem e principalmente pedia para que Jungkook lhe encontrasse. O pavor que sentia era algo intenso, mesmo que tentasse manter a calma, mesmo que respondesse o outro com todo ódio em seu ser, ainda estava morrendo de medo.
— Inferno... — O tom do alfa mudou de repente, e ele analisava o corpo do ômega, na posição em que este estava. — É um lugar quente e eu estou me sentindo estranhamente quente agora, Doce.
— Pega a faca e passa no pescoço, vai te ajudar a se sentir mais quente ainda quando sua alma for para o lugar o qual ela pertence. — Os olhos do ômega voltaram a brilhar em um azul intenso. Aquele tom era suspeito e a defensiva ligou na mesma hora.
— Eu já te disse que você está muito bonito assim, não é? — Perguntou se levantando e indo na direção do loiro. — Sabe eu estou a meses sem tocar em alguém ou ser tocado e eu me lembro muito bem do quão bom é ter você na cama.
— Dongha se afasta. — Jimin vociferou, se movendo pela cama, o pavor dentro de si começando a aumentar.
— Meu bem, fazer sexo ajuda a adiantar o trabalho de parto, eu vou apenas lhe ajudar. — Ficou por cima do Ômega, este que se debatida.
— Sai de cima de mim! — Gritou, sentindo todo desconforto por conta daquela posição, não conseguia respirar direito e pra piorar a situação, teve que contrair o corpo todo assim que a contração veio. — Desgraçado! Sai de... cima!
— Doce se acalme, você sabe que vai gostar! — Segurava os braços do ômega acima da cabeça deste, pressionando com força para que ele não conseguisse sair e levou os lábios até o pescoço deste, começando a distribuir beijos por sua derme.
— Me solta! — Se debatida com força, querendo conseguir respirar direito, mas não estava dando muito certo. — Você está me machucando!
— Shiu, calma... vai tudo dar certo! — Lhe olhou com malícia.
E naquele momento Jimin não conseguiu mais segurar as lágrimas, deixando todo o pavor tomar seu corpo. Queria tanto não ter saído de casa no dia anterior, queria tanto que Jungkook estivesse consigo, lhe protegendo daquele mal. Os soluços saiam, enquanto ele tentava se livrar do alfa em cima de si.
Em determinado momento, sentiu o corpo travar ao ouvir um estrondo alto. Abriu os olhos, não sentindo mais algo em cima de si e olhou para cima, piscando várias vezes ao ver quem estava ali.
— Se acalma por favor. — Taehyung pediu, lhe ajudando a sentar. — Sou eu, tá tudo bem, sim? Vem, eu vou te tirar daqui.
Não entendeu muita coisa, quando Taehyung o ajudava a se levantar, entretanto o que viu a sua frente era algo inacreditável. Tinha um lobo preto enorme em posição de ataque, Dongha estava no chão, em posição de defesa, tão surpreso quando o loiro estava. Jimin não ficou muito tempo ali para ver, não soube nem como Taehyung estava lhe carregando, só sentiu um cheiro muito familiar entrar por sua corrente nasal e seu lobo se sentiu acolhido.
— Calma, eu vou te proteger. — Yoongi disse para o irmão, enquanto lhe carregava até o carro e Taehyung estava vindo logo atrás. — Respira anjo.
A situação dentro do armazém era tensa, Dongha não sabia o que diabos era aquele lobo, mas ele estava irritado. Muito irritado.
— Hey amiguinho, vamos com calma! — Pediu rastejando para trás, tateando o chão e procurando algo que pudesse lhe ajudar contra aquela fera.
O rosnado superior daquele lobo foi ouvido e foi então que ele entendeu quem era, entretanto sua linha de pensamento não era mais rápida que aqueles olhos amarelos e raivosos, o bote foi mais perfeito que de uma cobra, os arranhões, mordidas não iriam ser poupados. Aquela fera estava verdadeiramente com raiva, nem ao menos sentiu quando o outro arranhou seu ombro tentando se defender. A mordida na costelas direita fez o alfa gritar de dor, o arranhão na barriga fez com que ele sentisse como se estivesse perdendo a consciência e o lobo não teria parado, se não fosse pelos sons das sirenes ecoando.
Foi então que ele se afastou, sentindo o corpo passar por toda a metamorfose novamente e a delegada responsável pelo caso, entrou no armazém.
— Oh meu Deus! — Ela exclamou ao ver Dongha respirando com muita dificuldade e os paramédicos entrarem logo em seguida. — Senhor Jeon, o que...
Jungkook nem sequer entendeu onde estava, mas sentia uma forte ardência no braço e observou a delegada ir até si e analisar.
— Vamos para a Ambulância. — Guiou o moreno, que estava um tanto estático até a ambulância, o paramédico olhou um tanto assustado.
— Sra. Thuany! O que está acontecendo? — Perguntou um tanto surpreso.
— Eu ainda não sei. — A delegada respondeu. — Mas vamos descobrir!
— Jungkook... — Só de ouvir aquela voz, então o alfa voltou a todos os seus sentidos, olhou para a maca que tinha ali e não demorou para ir até o ômega e lhe abraçar. — Você tá cheio de sangue. — Jimin comentou, com as lágrimas deslizando por seu rosto, em uma mistura de confusão, medo e alívio.
— Você tá bem, meu amor? — Ignorou totalmente o comentário, chorando junto com o ômega.
— Eu... — Jimin parou de falar ao ouvir o ouvir um "pluf" bem alto e sentiu então em abaixo de si ficar molhado. — Aí meu Deus...
Foi então que as peças do quebra-cabeça estavam nítidas na cabeça do alfa e ele se desesperou por um momento.
— Precisamos ir pro hospital, rápido! — Declarou e então a delegada saiu da ambulância, indo até os outros três ali fora e o paramédico fechou as portas para o motorista ir em direção ao hospital.
— O que aconteceu? Como você chegou? De onde você saiu? Como me achou? — Jimin perguntou, nervoso, sentindo as lágrimas saindo com cada vez mais abundâncias.
— Meu amor, eu te explico tudo depois. — Jungkook declarou, tentando se acalmar. — Você está sentindo dor? Se acalma, nesse momento você precisa se acalmar.
— A quanto tempo está sentindo dor, Sr. Jeon? — Perguntou.
— Desde ontem a noite. — Respondeu, respirando fundo, enquanto segurava fortemente na mão de Jungkook.
— Vão nascer de parto normal? — Perguntou com calma e Jimin negou várias e várias vezes de forma desesperada.
— Tem que ser cesariana, uma das bebês assim que nascer tem que ir para o centro cirúrgico. — Jungkook explicou tentando manter a calma de alguma forma.
— Jungkook... eu tô com medo!
— Calma, você vai conseguir, sim? As bebês vão ficar bem, ok? — Jungkook apertou sua mão. — Vai dar tudo certo, meu amor. Você tá indo muito bem.
O hospital parecia cada vez mais longe e as contrações aumentavam o ritmo, além da dor também estar ficando difícil demais de suportar, Jimin tentava não chorar, tentava com força e ao mesmo tempo ele sentia uma vontade imensa de fazer força, algo dizia que deveria fazer. Ele sentia algo descendo de onde não deveria descer. Começou a empurrar a calça que usava, tinha algo errado ali.
E quando chegou no hospital, sendo colocado às pressas na maca e ouvindo a Dr. Soyeon ser chamada também às pressas, com Jungkook andando ao seu lado, dizendo que tudo já dar certo. Estava com medo, as dores não paravam, porém tudo ficou pior quando a obstetra chegou.
— Jimin, você precisa manter a calma, si-... — Soyeon olhou para as pernas do ômega, contendo sua reação e não deixando Jungkook ver e nem o ômega, apenas pegou a bebê que estava ali e ela sabia que Jimin tinha sentido a bebê sair. — Cuidem dela. — Falou naturalmente, após cortar o cordão.
— Por que ela não chora, por que não me deixaram ver...? — Jungkook estava confuso.
— Tirem o senhor Jeon daqui por favor. — A obstetra pediu e continuaram a andar pelos corredores do hospital. Enquanto uma enfermeira impediu o moreno de continuar.
— Doutora... minha filha... pra onde vocês...? — O ômega estava chorando, não sabia qual tinha nascido primeiro, só sentiu uma delas saindo e ele tinha segurado tanto, não tinha feito força alguma.
— Jimin, você precisa fazer força, tá bom? — A doutora perguntou, subindo na maca. — Vamos sim? Comigo.
— Mas...
— Hyerin quer nascer também Jimin! — Foi a única coisa que a doutora respondeu e o ômega não sabia o que pensar, mas ainda sentia dores e tinha um bebê para colocar para fora. — Eu tô com você, eu vou cuidar de tudo, só por favor, empurra!
Toda força que ele não tinha feito antes, mesmo sem Jungkook ali do seu lado, com a doutora lhe olhando confiante enquanto empurravam a maçã em direção a sala de parto, ele empurrou. Fez a força que conseguia e descobriu que as bebês queriam mesmo nascer, pois não demorou muito para sentir novamente algo deslizar de dentro de si. Foi no mesmo instante que entraram na sala, Soyeon cortou o cordão com agilidade, prendendo e então deu para as enfermeiras cuidarem.
— Doutora, por que nenhuma das duas choraram? — O ômega perguntou, enquanto eram transportados para a cama oficialmente.
— Boas notícias Jimin, não tivemos laceração! — Respondeu após terminar de lhe examinar e antes que fosse responder a pergunta do ômega um chorinho foi ouvido. — Porque ela estava com preguiça de chorar. — Mentiu.
— Aqui, senhor Jeon. — A enfermeira entregou a neném toda embrulhadinha para si, depois de terem lhe limpado. — Doutora, está pesando 2,657Kg.
— Olha só, ela vai poder ir para casa com você. — Soyeon deu a boa notícia vendo o ômega chorar em ver que a pequena estava bem. — Que pulmãosinho forte o seu!
— Hyerin... — O ômega chorava em alívio, no fim, o medo de não amar aquele pacotinho foi em vão, pois olhando aquele rostinho inchadinho, seu peito enchia de amor.— Você é tão linda, princesa... tá tudo bem. — Balançava ela devagar e arregalou os olhos, quando viu os olhinhos de jabuticaba que ela mostrava ter ficarem ficarem verdes.
— E então, alfa ou ômega? — A doutora perguntou, preenchendo a ficha da neném.
— Ômega. — Respondeu contente, vendo a bebê se acalmando. — Doutora.
— Sim? — Soyeon lhe olhou, sorridente.
— E a Myerin? — Perguntou mordendo os lábios.
Soyeon deixou um suspiro escapar de seus lábios, não sabia o que tinha acontecido para o ômega entrar em trabalho de parto e chegar aqui, totalmente dilatado.
— Jimin, eu sei que não vai se fácil escutar o que eu vou te dizer agora. — A alfa deixou as emoções de lado, assumindo a pose. — Myerin já estava morta quando nasceu. A forma desesperada a qual eu pedi para que você empurrasse para que Hyerin nascesse, era para saber se ela teria alguma chance e felizmente, ela nasceu bem. Eu sinto muito.
O ômega não soube como reagir naquele momento, a não ser olhar para Hyerin e se focar nela, estava segurando o choro compulsivo. Tinha pedido tanto para que elas ficassem quietinhas dentro de si. Maldito alfa, maldito Dongha!
— Eu posso ver o Jungkook? — Perguntou a doutora.
— Vamos te transferir para um quarto e ele irá lhe encontrar. Espere apenas um pouquinho, tudo bem?
Falando no alfa, tinha acabado de sair do banho e cerrou os olhos na direção da alfa que lhe estendeu as roupas.
— Não mexeu nos pontos, certo? — Minhyoon perguntou após analisar seu ombro. — Vai cicatrizar logo, não se preocupe.
— Estou preocupado com o Jimin e com as minhas filhas. — Respondeu se sentando na cama, tirando as roupas da embalagem. Sabe-se lá onde Minhyoon tinha arrumado.— Esse é o quarto que eles vão vir?
— É sim, já mexi uns pauzinhos. — Minhyoon respondeu de costas, dando privacidade para o alfa se trocar. — Jungkook, sobre suas filhas...
— Myerin não resistiu, não é? — O alfa perguntou, e ao ver o silêncio da outra, apenas suspirou, deixando as lágrimas que queriam sair faz tempo cair. — Eu deduzi, Soyeon tirou ela muito rápido de lá e não me deixou prosseguir. Mas e a Hyerin?
— Felizmente nasceu com muita saúde. — Soyeon sorriu ao entrar no quarto com Jimin em uma cadeira de rodas. — Ela não quer desgrudar do pai, está com fome.
Jungkook observou a neném nos braços do loiro e deixou as lágrimas caírem em abundância. Observou a doutora ajudar Jimin a se deitar na cama e se aconchegar ali, enquanto dava de mama para a bebê. Ambas as médicas saíram dali, deixando ambos sozinhos.
— Kookie-ah, você chorando assim tá me deixando pior. — Jimin confessou. — Vem aqui.
Jungkook negou com a cabeça, tentando se acalmar, respirando entre os soluços. Porém Jimin insistiu: — Por favor, vem aqui. Me abraça por favor, eu preciso mais do que qualquer outra coisa você comigo.
O lúpus, suspirou indo na direção do ômega e lhe abraçando da maneira que conseguiu por conta da bebê nos braços alheios. Chorou e chorou mais, precisava chorar e Jimin lhe ficou ali, fazendo carinho em seus braços até que a enfermeira apareceu, Sun-hi entrou com cuidado, deixando o berço ali e pegando Hyerin dos braços de Jimin.
— Sua família queria muito ver vocês, porém a Doutora Soyeon só autorizou as visitas amanhã. — Explicou, colocando a bebê deitadinha ali. — Eu vou levar ela pro berçário, tudo bem?
— Promete não tirar os olhos dela? — Jimin perguntou e a beta assentiu.
— Quer que eu traga um calmante para o Jungkook? — O loiro negou. — Está bem, fiquem bem, sim? — Saiu com a bebê após ouvir um "pode deixar" do loiro.
— É culpa minha. — Jungkook declarou, de afastando brevemente, olhando nos olhos do loiro. — Me perdoa, Jimin. Por favor me perdoa!
— Do que você tá falando? — Franziu a sobrancelha.
— Se eu tivesse saído da Magic Shop, saído da reunião antes ou se tivesse te achado antes, a Myerin não teria-...
— Não, não! Por favor, não se culpe. — Pediu colocando as mãos no rosto do alfa. — Você não tinha como saber que o Dongha estava surtado. Não é sua culpa e nem minha, por mais que eu tenha tentado manter a calma para que elas ficassem bem, a doutora Soyeon nos tinha dito que a Myerin estava mais fraca que a Hyerin. E Jungkook, eu até agora não acredito que vou voltar para casa com apenas uma das nossas filhas, mas não é nossa culpa! Eu não permito que você se culpe.
— Jimin, eu não queria que você tivesse passando por nada disso, eu deveria estar com você o tempo todo nessas últimas semanas! — Declarou um pouco mais alto do que deveria.
— Se acalma, por favor. Você chorando assim me lembra das outras vezes. Jungkook, você grudou em mim nas últimas semanas, eu estava seguro, sabe-se lá como Dongha fez pra me sequestrar, mas não é foi culpa sua. Pode por favor, entender isso?
O alfa assentiu e abraçou um pouco mais apertado o outro. Suspirando fortemente, tentando parar de chorar, era para ele dar conforto ao ômega, mas Jimin parecia estar aceitando bem a situação. Quando ia falar mais alguma coisa notou que a respiração do ômega se encontrava calma e ritmada. Se afastou, notando que ele tinha dormido, não se surpreendeu com este fato. Jimin tinha passado a noite em trabalho de parto, provavelmente só estava acordado até aquele momento por pura preocupação consigo.
Naquela altura do campeonato não tinha ideia do que tinha acontecido com Dongha, ao menos sabia o que tinha acontecido consigo mesmo, então do outro era que não iria saber mesmo.
Se lembrava somente de começar a sentir o cheiro de Jimin e seu lobo tomar conta total de si, enquanto ouviam as merdas que aquele alfa falava para o loiro, tentavam abrir a porta e ao ver o desgraçado em cima do seu ômega, somente pulou em si com tudo, só não sabia que tinha virado literalmente um lobo ao perder a sanidade. Tinha uma vaga lembrança de Hoseok indo ligar para a Delegada e pedir socorro também.
Sabia que seria interrogado mais tarde, porém naquele momento só se importou em se acalmar e acariciar os cabelos claros de Jimin. Agora sentia ambos os seus lobos aconchegados e seguros. Por hora era aproveitar aquela sensação, aquela calmaria.
~*~
Como várias vezes aqui foi citado, tudo gira em torno do tempo, por maior que seja a bagunça, tenha certeza que o tempo irá arrumar, uma coisa de cada vez, pouco a pouco chegamos lá. Muitos acontecimentos e esclarecimentos chegaram aos poucos.
A primeira coisa que Jimin teve de fazer após acordar, foi dar seu depoimento sobre o que tinha acontecido. A delegada Thuany teve toda calma do mundo ao falar consigo e teve o dobro de cuidado para falar com Jungkook. Era até bizarro, ele estava bem pior que o outro. A explicação para o que tinha acontecido, quem deu porém foi Seokjin. O ômega – que se passava por alfa – contou que basicamente, em um momento de desespero o lobo de Jungkook usou o laço que tinha com Jimin, era como uma linha espiritual e o alfa podia ver pois deixou com que a sua alma tomasse conta de si e essa alma apenas se manifestou em sua verdadeira forma quando viu o perigo que seu parceiro se encontrava.
Não era comum deixar esse instinto tomar conta, mas claro que Jungkook não tinha sido o primeiro, muito pelo contrário, existem vários e vários casos. Porém, chegar ao estágio lupino exige uma concentração e controle fora do comum. Obviamente as ações do moreno foram totalmente impulsivas e que bem, ele fez aquilo para proteger Jimin, além de ser algo que ele não pode controlar.
O problema na cabeça do alfa, começou quando descobriu que Dongha tinha morrido. Foi então que Jungkook pensou que céus, ia preso, não ia poder ajudar Jimin, muito menos cuidar de sua mais nova pulguinha e nem as mais velhas. Céus, era informação demais e ele teve um pequeno surto, que arrancou uma risada da delegada. Jungkook não sabia onde estava a graça, até a delegada dizer que ele não tinha morrido por sua causa e sim por ter se matado.
Bom, acontece que o louco e surtado pegou os instrumentos que a enfermeira tinha em mãos e começou a se ferir loucamente onde não tinha ferimentos, começou a fazer força, os pontos abriram e ele morreu de hemorragia.
Nessa hora Jungkook respirou aliviado e Jimin soltou um "Fez um bem para o planeta, agora tá queimando junto do Algodão estragado dele".
Falando em Jimin, agora ele também passava com o psicólogo, afinal ele tinha acabado de passar por um trauma. Porém ele até que estava aceitando bem a situação, talvez por toda a composição da dela. Claro que sentia a morte da bebê e doeu demais chegar em casa só com uma neném nos braços, entretanto ele não tinha culpa e agora tinha um anjinho seu descansando no céu.
A família toda ficou abalada com a notícia, não era fácil ouvir aquela notícia, mas estavam contentes em saber que o ômega estava bem e que ao menos uma das bebês estava ali. Angie foi a que teve a pior reação, a garota chorou por uma semana seguida por uma das mortes da irmã e Jungkook não sabia como consolar a pequena, então apenas deram o tempo dela. Porém depois que a fase do choro passou, ela conseguiu aproveitar Hyerin junto dos outros irmãos, era ômega e a loira pulou de alegria por conta daquilo. Era seu mais novo tesouro.
Jimin não deixava nenhuma pulguinhas pegar a neném no colo se não tivessem sentadas, afinal o ômega morria de medo de alguma coisa acontecer com a pequena, céus, quando tinha gente vindo visitar e queriam pegar a bebê no colo, tinha um surto interno, mas ainda sim deixava pegarem e sair andando por aí. Não tirava os olhos, mas deixava brincarem com a bebê. Jungkook dizia que era favoritismo o fato de que quando era Taehyung o ômega não tinha isso, pois além de Taehyung só o próprio Jungkook podia pegar a neném sem ter os olhos corujas do ômega em cima de si.
Porém conforme os dias iam passando, isso foi melhorando, a terapia ajudava bastante com tudo e o ômega se sentia mais seguro com relação a tudo. Hyerin era a única que tinha puxado mais a si do que Jungkook, ele se gabava por isso.
— Tenho culpa que meu gene é mais forte? — Perguntou, terminando de passar o creme pelo corpo e fechando a embalagem e guardando em seu devido lugar. Jungkook estava com Hyerin nos braços, a bebê dormia tinha acabado de dormir. — Mas ela é uma mistura de nós dois, você não podia deixar ela ser parecida só comigo, não é?
— Não, não podia. — Sorriu olhando para a bebê adormecida, se levantou da cama, deixando a bebê aconchegada no Moisés. — Ainda bem que puxou o Wonho.
— Vamos ver até quando. — O loiro sorriu indo até o alfa e lhe abraçando.
— Que foi? — Perguntou, quando Jimin apertou os braços ao seu redor. Apenas colocou os braços ao redor do corpo do ômega também.
— Medo. — Respondeu, aspirando o cheiro de menta que o lúpus possuía. — Tô só... assustado, sabe?
— Com o que?
— Com o fato de você ser uma pessoa tão preciosa e alguém conseguir te trocar. — Explicou. — Tenho medo de você não ser real e eu estar com um tumor no cérebro, já pensou você é o meu estilista favorito e eu imaginei que a sua esposa morreu e que eu me casei com você?
— Meu bem, você não tá bem. — Jungkook falou após rir bastante e apertou o loiro em seus braços. — Eu sou real, sou seu amor.
— Uh, ele sabe que mexe com as minhas estruturas. — Brincou se afastando um pouco, apenas para olhar nos olhos escuros do outro.
— Sempre soube, e eu espero que mexa para sem, a coroa de galhos sobre a minha cabeça já tá grande o suficiente. — Comentou e Jimin riu.
— Olha, eu tenho uma também. — Contou. — Dongha e você tinham um péssimo gosto, quem me troca pela Yoona?
— Eu não trocaria.
— Uh, será que não? — Perguntou, tendo uma ideia de repente. — Será que você não ia preferir ela?
— Você iria preferir ele?
— Touché. — Selou brevemente os lábios finos do outro. — Você tem total ciência de que eu te amo, não é? Tipo, certeza absoluta?
— Eu sei que eu te amo, muito. Mais do que um dia amei alguém, já te disse que meu amor por você é simplesmente crescente de uma forma inacreditável. — Respondeu abaixando um pouco e dando um selinho demorado nos braços do loiro. — Amo tanto, que a ideia de te perder me fez quase ficar sem sanidade mental.
— Pois eu te afirmo aqui e agora, que eu sou muito, mas muito louco por você. É tipo um vício sabe? Mas um vício bom. Te amar é uma dádiva, Jeon Jungkook, você é como a água que a gente encontra no deserto.
— Por que estamos nos declarando um para o outro?
— Por que nos amamos e não a ainda não nos cansamos de dizer isso. — Mordeu os lábios, tomando um certo impulso e pulou no colo do alfa, sendo segurado rapidamente, apesar do olhar surpreso do alfa. — Agora vamos aproveitar que hoje faz sessenta dias que a Hye nasceu e eu tô sem medo algum de fazer amor com você. Vamos desfrutar do lindo fato de que enquanto eu estiver amamentando, nossos lobos interpretam que não precisamos de bebês!
Jungkook sorriu antes de juntar seja lábios, beijando o ômega com fervor e lhe jogar na cama em seguida.
Pode-se dizer que naquela noite, entre todo amor e carinho que trocavam, eles desfrutavam da experiência de ainda serem Recém Casados.
~^•^~
Porra, e aí?
O coração tá ok?
As notas eu acho que não vai ser tão grande, pq eu vou deixar tudo pro epílogo.
Delegada Thuany é em homenagem a Seokiebarb.
Bota procurar fanart!
Vai essa nenéns, até o epílogo que talvez eu poste amanhã, talvez...
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top