Capítulo 22 - Querido Eu do futuro

Hello, hoje é domingo, então é dia de atualização não é mesmo?
Eu estou muito feliz em ter terminando o capítulo 22 e eu tô aqui pra dar um aviso antes de vocês lerem ele.
Assim, eu não tenho tanta prática em escrever em primeira pessoa, a terceira pessoa me dá muito mais conforto e eu não me sinto limitada com ela, entretanto esse capítulo é a visão do Jungkook sobre tudo. Não foi um capítulo fácil de escrever, mas eu estava bem ansiosa e ele é bem especial para mim.
A leitura do capítulo, a forma como ele foi escrito é bem descontraído pois é a forma como o personagem fala com ele mesmo, ou seja, capaz de vocês verem bastante repetição de palavras, eu não quis que alguém betasse esse capítulo pq... Eu não queria que ninguém a não ser eu mesma alterasse algo nele. Quantos ao errinhos de ortografia, peço desculpas de verdade.
Por favor, comentem, pelo amor que vocês têm a história. Pq me deixa feliz ver vocês interagindo com a história e bem... Agora faltam oficialmente 3 capítulos para tudo acabar... Então comentem bastante!

Boa leitura, passo a palavra para o JK agora!

Crianças trazem sempre muita alegria para o lar, não é mesmo? Minha mãe, mais conhecida como Jiwon e meu pai, mais conhecido como Jungmin tinham planos e mais planos para o seu futuro. Meu pai era o único capaz de herdar a Magic Shop, pois por incrível que pareça a outra possível herdeira era uma ômega e vocês já devem estar cansados de saber o que a sociedade impõe diante dos ômegas, não estou certo? Então meu pai se casou aos 15 anos com a minha mãe e demoraram cerca de cinco anos para ter seu primeiro filho: Jeon Jaehwa.

O que eu posso dizer do meu irmão? Eu não sei como posso descrevê-lo, ele sempre foi uma pessoa bem reservada e era uma das apostas do meu pai, como futuro presidente da MS. Entretanto meu irmão nunca teve o menor interesse em moda e muito menos em ser um estilista o que sempre lhe cativou foram os números e ele não foi impedido de seguir com seus sonhos, afinal meus pais são os melhores que existem.

Bom, eu fui o segundo filho a nascer três anos depois. Jeon Jungkook, muito prazer. Meu pai me olhava com uma esperança fora do comum, como se eu fosse seu próximo prodígio e minha mãe teve grande contribuição com isso. Ela desconfiava do meu pai, então assim que eu saia da escola era para empresa que eu ia e lá eu presenciei as produções, desenhos, trabalhos... e nisso eu descobri que queria ser estilista, isso desde os meus quatro aninhos de idade.

Cinco anos depois, minha irmã mais nova nasceu. Jeon Jiwoo agora era a segunda ômega da nossa família, mamãe tinha ficado bem feliz em ter uma ômega e minha irmã sempre foi muito amada por todos. Na verdade todos nós fomos muito mimados, entretanto minha mãe sempre nos ensinou a dar valor ao que temos e sabemos sim, que fomos privilegiados.

Quando eu completei dez anos, meu irmão e eu fomos para Londres estudar, meu pai ia passar uma temporada lá e minha mãe ficou na Coreia com Jiwoo. E talvez tenha sido aí que eu me perdi.

Eu não me orgulho do tipo de adolescente que me tornei, na verdade eu me envergonho de boa parte da minha adolescência.

Quando você sofre uma mudança drástica na sua vida, sua personalidade tende a ser influenciada e eu confesso, foi culpa minha não ter conversado com meu pai sobre o que eu estava sentindo. Eu fiz algumas muitas merdas, me tornei bem inconsequente. Meus amigos, se eu que eu poderia chamar aquele tipo de gente de amigos, eram bem piores que eu.

Não me orgulho em dizer que já usei coisas que me faziam alucinar, ou que até mesmo já fiz pessoas com a classificação menor que a minha de sentirem inferiores.

Quando eu conheci Kate, aos meus onze anos eu dei uma melhorada no meu comportamento, pois ela era uma alfa toda certinha e vivia me dando sermões. Nessa época eu já criava modelos no papel em segredo, foi ela que inclusive me incentivou a mostrar as minhas obras para o meu pai e foi basicamente quando eu voltei para a Coréia, com uns doze anos. Eu meio que comecei a trabalhar na Magic Shop, como um assistente do meu pai.

Uma coisa muito interessante aconteceu nessa época, talvez algo que tenha me marcado demais, que me fez sentir certas coisas pela primeira vez na minha vida. Quando eu vi ela em um evento. Lee Yoona simplesmente me fez uma pergunta "onde fica o setor de moda?", Ela não sabia ler, afinal era uma ômega e eu dei a informação e acabou que ela estava presente em todos os dias daquele evento e sempre conversava comigo. Foi aí que a nossa amizade começou.

Foi engraçado, pois eu vivia da Coréia para Londres, de Londres para a Coréia e a nossa amizade continuava ali forte, mas diferente de como era com Kate, meu coração acelerava toda vez que eu via ou ouvia a voz dela. Meu estômago fazia coisas estranhos quando sentia o cheiro dela ou quando ela me abraçava. Basicamente ela foi a primeira pessoa que eu gostei, era como uma escada a cada dia eu gostava mais dela.

Não foi a primeira ômega com quem eu me envolvi, eu tinha beijado algumas outras ômegas, mas eu nunca sentia o que sentia quando estava perto dela. Era engraçado a forma como eu era um bobo por ela.

Criei meu primeiro modelo a mão pensando nela, um vestido para ela. Isso aos meus 15 anos, Yoona ficou verdadeiramente encantada com tudo. E eu podia jurar morrer ali, eu pelo menos partiria feliz. Quem não gostava dela era minha família, mas eles nunca me impediram de me aproximar, ficavam no meu ouvido e somente Jiwoo me compreendia.

Aos meus 17 anos eu criei coragem de me declarar para Yoona e eu me lembro do sorriso doce e radiante que ela me deu, como envolveu os braços ao redor do meu pescoço e me beijou debaixo de uma árvore que tinha perto de sua casa e ali se tornou o nosso cantinho especial.

Eu não posso dizer que fico extremamente feliz com a consequência que a nossa relação gerou, mas amo totalmente o que veio dela. Meu primeiro cio demorou demais para chegar, mas quando chegou... eu meio que não brinquei em serviço. Eu me lembro de tudo, diferente do que muitos dos babacas dos amigos que eu tinha me disseram, eu não fui agressivo com a minha ômega, muito pelo contrário, eu fui extremamente delicado e carinhoso e isso resultou de forma irresponsável no Junghyun.

Ser pai aos 18 anos não estava nos meus planos, mas eu não ia abandonar ela, principalmente porque ela não quis abortar - mesmo que eu sequer tenha sugerido isso -, então resultou no nosso primeiro bebê, nosso casamento e marca.

Minha mãe não queria de forma alguma aceitar, mas ela não podia fazer mais nada. Eu amava Yoona e ela não podia me impedir de ser feliz. Eu estava pensando em trabalhar em outro setor e estava decidido, até minha mãe me dar uma casa em troca de eu entrar para a faculdade de moda.

E foi na faculdade que eu conheci Yugyeom, na época ele ainda não cursava fotografia, mas se tornou um grande amigo meu, assim como Namjoon. A gente se divertia muito juntos e eu sinto muita falta dessa época.

Olha eu vou contar uma coisa, eu jamais esperava engravidar ela depois de um ano novamente... muito menos de trigêmeas. Eu levei uma bela bronca dos meus pais, mesmo que de alguma forma eu já estivesse independente afinal eu trabalhava criando para a MS com a minha esposa como musa e eu estava muito feliz.

Somin, Angie e Jungwa nasceram! Três meninas, duas alfas e uma ômega. De fato, foram uma alegria para a casa e eu via cada vez mais Yoona feliz cuidando daquelas quatro crianças, era um brilho tão lindo no olhar que me deixava sem ar.

Eu terminei a faculdade e foi a época que os gêmeos nasceram. Me perguntava porque sempre vinha em quantidade acima do esperado. Yoona queria mais um filho, vieram dois e eu particularmente fiquei desesperado. Não era fácil ter tempo para minha esposa, seis filhos e ainda para a moda, mas eu dei meu sangue, suor e lágrimas para suprir todas as necessidades e comprarmos uma casa maior, que fosse minha e não algo dado pela minha mãe.

Eu me tornei um tanto famoso e as pessoas gostavam das minhas criações, foi uma conquista e tanto para mim. Todavia, nem tudo foi um mar de rosas, por exemplo a forma como eu me ceguei e abaixei a cabeça para o que estava me acontecendo, mas isso eu entro em detalhes mais para frente.

Durante três anos eu vivi achando que estava tudo bem, até entrar em crise e não conseguir mais criar, a pessoa que eu usava de inspiração já não gostava mais do que eu fazia e então eu entrei em um bloqueio sem volta. Graças a uma força divina, foi quando meu pai resolveu passar a diretoria da Magic Shop para mim e também quando eu parei de falar com eles por estar errado em parar de criar por conta dela. Foi difícil, mas um ano depois tudo se resolveu.

Chegamos então a gravidez do meu sétimo filho, Wonho foi mais um acidente. Yoona e eu não planejamos mais nenhum bebê. E foi de longe a gravidez mais estranha, pois ela não gostava que eu tocasse muito nela, estava tão distante...

Eu jamais ia pensar que ela iria morrer após sofrer um acidente e bem, a partir daí muitos de vocês sabem o que acontece.

Minha mãe se viu sem saída, eu estava me afundando sem me dar conta e então ela resolveu usar medidas drásticas, pensando em mim e nos meus sete filhos. Eu me isolei durante três meses na MS, ocupando a minha cabeça com trabalho, era mais fácil que acreditar que minha esposa tinha ido, não estava mais aqui comigo, ao meu lado. Eu não fui racional, eu não pensei nos meus filhos, não me lembrei que eram crianças, que precisavam de amor e ajuda para compreender o que se passava.

Foi então que eu fui obrigado a me casar, no começo eu odiei essa ideia, achei ela ridícula e aceitei mesmo por medo. Não ia arriscar perder meus filhos, minha mãe nunca brincaria com um assunto tão sério.

Por conta disso, eu conheci Park Jimin. Posso dizer que tomei bem aonde você tá pensando ao achar que ele seria um monstro horrendo e faria mal às minhas pulguinhas. Jimin é um anjo, tudo nele é maravilhosamente perfeito. Céus, uma das primeiras coisas que me atraiu em si foi o cheiro de pêssegos em calda que ele possuía. Céus que homem cheiroso!

A beleza dele é sem igual e a inteligência dele é algo que supera a atração. Nos três dias que saímos antes de nós casarmos no civil, eu me diverti, pois ele tinha um bom papo e soube me distrair. Quando nos casamos, bem às pressas, apresentar ele para as pulguinhas foi complicado, pois eu não sabia como iam reagir e a única reação boa que eu tive foi da Angie.

O que foi completamente compreensível vindo dela, afinal ela se sentia sozinha demais naquela casa sem Yoona, os outros demoraram mais aceitaram, difícil mesmo estava sendo justamente o primogênito da família. Eu sabia que alguém iria reagir mal, seria um conto de fadas se todos pulassem de alergia.

Eu não podia culpá-lo, afinal se nem mesmo eu sabia da magnitude das coisas, imagine uma criança de nove anos.

No começo, eu achava que estava traindo minha esposa, eu ainda estava de luto e estava tudo uma completa bagunça e agi de forma babaca com quem estava tentando me ajudar, mas assim que eu entendi, comecei a tentar. Foram altos e baixos até que eu pudesse entender.

Não vou negar que a segunda vez em que beijei Jimin, tenha tido algum sentimento além da minha atração por ele, pois não tinha. Da mesma forma que o cheiro dele estava mexendo comigo, mas não seria aquele um momento para pularmos tantas etapas assim.

Felizmente fomos nos conhecendo aos poucos e eu tentei ao meu máximo me permitir sentir, pelo meu bem, o bem dos meus filhos e também pelo bem do anjo que agora eu tinha ao meu lado. Eu ainda tinha medo, eu ainda não entendia muita coisa e talvez ao longo do caminho eu tenha magoado o meu loirinho mais vezes do que eu posso contar. Porém nenhuma dessas vezes foi com intenção, pois eu não gostava de ver ele para baixo.

No dia que fomos ao parque... aquele foi o dia. Só eu mesmo sei como eu me senti e o quanto eu já gostava daquele ômega. As pessoas tendem a achar sexo só um ato de prazer, bom se você faz com uma pessoa somente buscando isso, então sim, ele pode se considerar assim, mas não quando se tem sentimentos envolvidos e minha primeira vez com ele não teria sido tão especial se tivéssemos feito em algum outro momento.

Eu tive recaídas, eu tive momentos onde eu não sabia se queria Yoona viva, se conseguiria deixar Jimin, se eu iria sobreviver... tudo isso, desde anos atrás abalou meu psicológico, acabou comigo. Não era fácil estar na minha pele, principalmente porque eu sempre fui bem LERDINHO, além de cego também.

Quando eu descobri dos meus chifres e notei que eu vivia em um relacionamento abusivo, eu piorei. Meu lobo parecia em pedaços, tudo que me trazia conforto era os braços de Jimin me envolvendo. Era ele ali, me dando carinho, conversando comigo sobre coisas banais. Ele se tornou a minha esperança e o meu maior medo era ter essa esperança arrancada de mim.

Graças a Deus tudo deu certo, ele e o Jun estão se resolvendo, nós casamos, eu marquei ele e tivemos meses de muita produtividade. E eu talvez esteja-...

- Jungkook... - Me chamou parecendo um pouco cabisbaixo. - Você tá a mais de dez minutos sem me falar nada. - Mordeu os lábios.

- Oh, meu amor. Desculpe! - Pedi lhe abraçando fortemente. - Eu fiquei pensativo com umas coisas, desculpa, desculpa! - Deixei inúmeros beijos por seu rosto. - A única coisa que eu posso dizer agora é obrigado.

- Obrigado?


- Sim, obrigado. - Movi a minha mão até seu ventre. - Eu não sei outra forma de reagir a um bebê, afinal é um presente. Quem vai gerar e passar por muitas fases é você, eu vou estar aqui com você, te apoiando, mas até nascer a barra pesada é com você. O fato de você querer ter me faz ficar agradecido. É um pedacinho de nós que está crescendo aí dentro.

- Dois... - Sussurrou.

- Que? - Eu não tinha entendido.

- São dois bebês, amor... - Respondeu me olhando apreensivo.

- Dois de uma vez? - Mordi o lábio. - Maravilhoso meu bem, eu quero cinco, assim você só precisa de mais três gestações depois dessa. - Brinquei e ele riu. - Parabéns papai! - Declarei. - Quantas semanas?

- Dezessete... - Respondeu-me.

- Mas você não me falou nada sobre sintomas e...

- Porque eu não tive, eu só descobri por conta dos exames de rotina. - Explicou escondendo o rosto no meu pescoço.

- Jimin eu tô sentindo um incômodo vindo de você, quer conversar sobre? - Perguntei, não hesitando em deslizar minhas mãos até estarem em suas coxas, impulsionando para cima, fazendo ele envolver as penas em minha cintura.

- Desde que eu soube, eu não sinto nada em relação a eles... - Desabafou quando estávamos sentados na cama, com ele em meu colo. - Eu sempre quis ter filhos, mas eu não sinto o amor que dizem sentir... e se eu amo que não nasceu de mim, como não amo quem está aqui dentro?

- Amor, olha pra mim. - Pedi segurando seu rosto. - Nem todo mundo fica pulando de alegria quando descobre uma gravidez. Tá tudo bem, pode ser que você passe a gestação toda sem sentir esse amor, pode ser que quando nascerem ainda não tenha ele, mas você vai amar com o tempo, da mesma forma que foi com as pulguinhas. Não tem que ter medo, não tem que pensar que está errado.

- Jungkook me desculpa por não querer essa gravidez. - Enterrou o rosto meu pescoço novamente e desta vez estava chorando. Eu apertei ele em meus braços, acariciando suas. - Eu queria sim te dar filhos, mas não agora.

- Meu amor, fica tranquilo....shi... tá tudo bem. - beijei seus cabelos. - Aconteceu, ok? Só aconteceu e vamos dar conta, já damos conta de sete, de nove vamos dar também!

- Eu queria tanto aproveitar com você, com o Wonho mais grandinho e não tão dependente da gente... - Soluçou. - Eu sei que eles não tem culpa, mas eu não tô pronto para ver meu corpo inteiro mudar, para sentir meu humor mudar da água pro vinho do nada... e eu principalmente não tô pronto para parir nada.

- Jimin se acalma meu amor, ok? - Pedi beijando o local da marca, para ver se ele ficava mais calmo. - A gente nunca tá pronto para nada amor, nem para levantar. Tudo é uma incerteza, lembra? Nunca sabemos o que vai acontecer no dia, mas mesmo assim a gente levanta e fazemos nossas obrigações. Eu vou estar aqui com você e você vai conseguir passar por tudo. Vamos ter dois brotinhos vindos do nosso amor. É normal ter medo. Eu estava com medo de morrer um tempo atrás, você ficou do meu lado e agora eu estou aqui do seu, príncipe.

Jimin aos poucos parecia se acalmar em meus braços, eu sentia toda a angústia que vinha de dentro ele. Ele me apertava bastante e eu tentava retribuir na mesma intensidade, afinal queria que ele se sentisse seguro. Eu já lidei com quatro gestações e todas muito diferentes umas das outras. Imagine uma gravidez de uma pessoa diferente? Só espero saber o que dizer quando ele estiver em momentos como esse.

Esperei ele estar totalmente calmo, até eu poder reagir da forma correta em relação a gravidez. Porque senhor, eu não consegui demonstrar antes o que eu senti ao ouvir a notícia pelo que ele está me transmitindo, mas agora sim eu surto!

- Jungkook, por que você levantou-... - Jimin parou de falar assim eu girei com ele no meu colo.

- Eu vou ser pai, eu vou ser pai! - Cantarolei sentindo ele me agarrar fortemente, com medo de cair. - Vou ter mais duas pulguinhas, mais duas! Meu Deus, vão faltar só três!

- Jungkook me põe no chão, por favor... - Pediu com medo na voz e eu ignorei, não ia deixar ele cair de toda forma. - Kookie! Por Deus, me põe no chão, você vai me deixar cair.

- Mas que falta de confiança em mim. - Lhe joguei um pouquinho para cima e ganhei um tapa no ombro. - Nossa, deixa de ser agressivo.

- Eu tô grávido e você fica fazendo essas coisas?

- Tá grávido, não doente! - Lembrei, me virando e colocando em com cuidado sentado na cama, me ajoelhando e em seguida. - Deixa eu conversar com essas duas pulguinhas aqui. - Apenas afastei um pouco o tecido da blusa que ele usava. - Quer dizer então que vocês dois são tímidos, uh? Não deram nenhum sinal de que estavam aí.

- Eu não sei se eles conseguem te ouvir. - O ômega comentou.

- Ainda não, mas em breve vão poder. - Sorri cintilante para o ômega. - Ah eu vou ter mais duas pulguinhas, meu Deus... quando será que aconteceu?

- Novembro, creio eu. - Jimin mordeu os lábios. - Você ficou eufórico assim de todas as outras vezes?

- Quase, menos da primeira vez, nessa o surto foi negativo. - Suspirei. - A princípio a ideia me era utópica e quando aconteceu... foi difícil, mas eu não ia ser irresponsável. Porém da segunda em diante eu vi que não era um bicho de sete cabeças, quando eu soube do Wonho, foi engraçado porque eu não esperava ter bebês de novo. E agora eu vou ter mais dois!

- Queria estar pulando de felicidade como você... - Jimin murmurou mais para si mesmo do que para o outro ouvir, mas eu ainda tinha uma ótima audição.

- Você não é um monstro, amor. Pare de se sentir assim. - Me "joguei" em cima dele e ouvi uma risada sua. - Vai ficar tudo bem, ok? Se de o tempo que precisar.

- A gente tem que contar não tem? - Perguntou de repente e eu não entendi o que ele estava querendo dizer. - Para nossa família, meus pais os seus... e para as pulguinhas também.

- Tenho a leve impressão de que a Angie vai soltar fogos de artifício. - Mordi o lábio de forma boba, pensando na reação dela.

- Espero que o Jun aceite bem. - Seu tom era incerto.

- Eu tenho algo dentro de mim que diz que só vamos ter que falar com mais cuidado com ele. - Suspirei. - Agora vamos dormir e amanhã a gente pensa pra quem conta primeiro.

- Pra minha mãe, ela vai ficar irada se souber que foi o Tae o primeiro a saber.

- Como assim? Que trairagem é essa? Você contou pra ele antes de mim? Nossa Jimin, eu pensei que você me amasse! - Declarei de forma dramática e ele revirou os olhos. - Tudo bem, então vamos a casa dos seus pais pela manhã.

~*~

A noite para mim tinha sido tranquila e pelo que eu senti, para Jimin também. Ele não estava contente com a gravidez e isso era notável de longe, não o julgava, pois isso é normal. Passar por uma gravidez não é fácil, o seu corpo todo muda, os seus hormônios viram uma loucura, os órgãos são comprimidos pelo útero e sem falar no parto.

Observei ele se arrumar, me aproveitava do fato de que agora a intimidade era tanta que ver um ao outro sem roupas não era algo que nos surpreendia, e ficava admirando o corpo maravilhoso que Jimin possuía. De fato eu tinha soltado uns 20 suspiros pelo processo, enquanto estava abraçado ao travesseiro.

- Sabe, você me olhando assim me deixa sem jeito. - Ele saiu do closet, arrumando os piercings em sua orelha. - Você já está pronto?

- Uhum. - Respondi suspirando bobo mais uma vez, quando ele parou de frente para o espelho, analisando seu reflexo e arrumando os cabelos. Está tão lindo naquela blusa de mangas longas branca, feita a mão por mim, minha avó teria inveja pelo "tricô" que fiz, a calça jeans bem justas e os tênis nos pés.

- Jungkook para de olhar assim! - Pediu me olhando repressivo, mas seu tom estava descontraído e soltou um riso na última palavra. - Estamos juntos a menos de um ano, eu ainda não me acostumei com essa admiração toda na minha direção. - Justificou, vindo na minha direção e tirando o travesseiro ao qual eu estava abraçado, substituindo pelo seu próprio corpo.

- É bom não se acostumar mesmo, eu pelo menos sei que não vou, afinal amo a sensação de borboletas que você causa. - Dei a resposta com um sorriso pequeno nos lábios e vi as bochechas dele ficarem mais rosadas. - Eu te deixo sem jeito?

- Sempre deixou. - Mordeu os lábios. - Por que está flertando comigo a essa hora do dia?

- Porque é sempre hora de mostrar que eu sou caidinho por você e uma ótima oportunidade para te convencer a me mimar. - Dei de ombros e ele pareceu pensar no que eu disse.

- Queria ter te conhecido quando era adolescente... - Contou baixinho, como se fosse um segredo que só eu devesse saber.

- Deus foi generoso em não fazer isso, amor. - Declarei fazendo ele me olhar surpreso. - Eu não era lá muito responsável, eu não era como sou hoje.

- Eu também não. - Foi rápido ao falar. - Mas seria interessante te encontrar mais jovem, será que você teria se apaixonado por mim? Eu era bem bobinho pelo amor, vivia pensando nos contos de fada.

- Imagino que seu primeiro beijo tenha sido com o tal Dongha. - Comentei e ele negou.

- Meu primeiro beijo foi com uma ômega. - Contou desviando o olhar.

Eu fiquei de fato um tanto surpreso, digamos que não seja muito aceito pela sociedade que tirando os betas, quem tivesse a mesma classificação e fizessem juntas seria considerado errado.

- Se me julgar ou me dizer que tem preconceito, tenha certeza que a minha mão vai acertar esse seu rostinho lindo com força. - Declarou devido ao meu silêncio, tive que rir.

- Eu nunca senti vontade de ficar com um alfa, mas quem sou para falar um A sobre a vida dos outros? - Divaguei. - Me conta, como foi?

- Era uma amiga da minha irmã, ela brincava lá em casa direto. Eu tinha onze anos, a família dela foi almoçar lá em casa por conta do aniversário da Hyosun. - Parecia tentar recordar dos pontos da situação. - Ela tinha pedido pra esconder o presente da minha irmã no meu quarto e eu deixei. Digamos que eu achava ela uma ômega muito bonita e simpática, paixão de criança, pelo menos da minha parte, já que ela era mais velha. - Ela parecia com medo das minhas reações. - Ela tinha catorze anos, minha irmã é mais velha que ela. Bom, daí no quarto eu fiquei vermelho pela proximidade que ela estava de mim, ela me beijou e eu retribuí. Tudo bem que eu demorei um tempinho para entender como fazia, mas ela era bem paciente e me "ensinou" como fazer.

- E vocês namoraram? - Perguntei entretido, amava saber o passado dele.

- Não, mas eu beijei ela mais algumas vezes. - Explicou brincando com os botões da minha blusa. - Comecei a namorar do Dongha com 16 anos, até antes disso, foi somente a boca dela que a minha tocou e não vou mentir, a bichinha beijava bem.

- O que te impediu de ficar com ela? Pois, mesmo que não seja regra, você não me parece que não gostava dela.

- Meu pai. - Falou olhando para um ponto fixo qualquer. - Ele olhava um pouco torto para a forma com o qual Yoongi se portava perto do Hoseok e ficava no ouvido da minha mãe, digamos que o Yoongi não fale com ele por conta disso.

- Mas nessa época eles já tinham um relacionamento a três? - Perguntei curioso.

- Não. - Ele riu. - Nessa época Taehyung já era meu melhor amigo e o Yoongi gostava dele e do Hobi, era só o começo de tudo. Meu irmão nunca foi de esconder as intenções perto do amigo de escola e Hoseok? Bem, ele gostava do Tae e o Taehyung dos dois. Daí um tempo depois o Yoongi e o Hoseok se declararam para o Tae e aí deu no que deu até hoje. Meu pai não gostava do Hoseok vir em casa e muito menos o Taehyung, pois achava que seria uma influência para mim e eu até queria namorar a Miyeon, mas tinha medo.

- Talvez teria sido melhor você ficar com ela, algo me dá certeza que ela não te deixaria no altar. - Ponderei.

- Preferia ter amado ela ao Dongha. - Suspirou pensativo. - Porém foi o melhor, olha com quem eu sou casado hoje em dia. - Me olhou sugestivo e eu neguei com a cabeça. - No fim eu fui recompensado. Agora você.

- Ah Jimin, eu não lembro nem do rosto da menina. - Neguei com a cabeça. - Mas era uma ômega e não foi ruim, apenas isso que eu me lembro. Marcante mesmo foi a minha primeira vez, eu até me casei com a pessoa.

- Eu quase me casei com a pessoa. - Me abraçou.

- Que sorte a minha que ficou só no quase, não é mesmo? - Brinquei lhe apertando nos meus braços. - Melhor a gente ir.

Ele assentiu se levantando e eu fiz o mesmo, saímos do quarto e Evangeline estava colocando a mesa para o café.

- A gente não vai demorar muito, Evangeline. - Declarei, procurando Wonho pela sala e encontrei ele sentado bonitinho no chiqueirinho brincando. - Se as crianças fizerem muita bagunça, pode deixá-las sem sobremesa. - Peguei o pequeno no colo.

- Pode deixar senhor.

Jimin tinha pegado as coisas que Wonho podia precisar e então saímos de casa antes que as pulguinhas acordassem. Eu fui dirigindo, enquanto Jimin ficou no banco de trás com Wonho. Eu ainda não tinha ido na casa de seus pais, tenho quase certeza que meu sogro me detesta, mas não é como se o meu antigo e eu fossemos chegados, então estou acostumado.

Quando entramos na mansão dos Park, um certo receio se apossou do meu corpo. Talvez eu não goste do meu sogro por algumas coisa que o Jimin tenha me falado? Sim, mas não posso o acusar sem lhe conhecer direito. Os empregados por ali eram todos muitos gentis e ao entrarmos na sala, os pais de Jimin estavam juntos no sofá. Era engraçado ver minha sogra com moletom largo, descalça, os cabelos presos em uma trança e óculos de grau.

- Olha só quem finalmente veio me visitar! - Jihyun se levantou animada, vindo na nossa direção e abraçando um por vez. - Olha só o tamanho dessa bolinha, vem com a vovó gracinha, deixa de grude com o Jimin um pouco. - Wonho riu e foi para o seu colo.

Jimin me puxou para sentar no outro sofá e se sentou ao meu lado. Minha sogra tinha voltado ao lugar de antes e pude ver Sunghyung sorrir para Wonho.

- Sunghyung, sabe sua mãe não lhe deu educação? - Jihyun perguntou ao marido. - Perdoe ele Jungkook, é um velho rabugento.

- Não há problemas. - Declarei após sentir Jimin entrelaçar seus dedos aos meus.

- Mas me digam, o que lhes trás aqui?

- Temos uma notícia importante para comunicar. - Jimin respondeu no meu lugar.

- O divórcio? - Ouvi o resmungo do senhor Park, ele realmente parecia não gostar de mim.

- Sunghyung, por que você não vai no jardim, ver suas flores? - A alfa perguntou e eu senti um aperto em minha mão. - Deixe de ser desagradável.

- Eu gostaria que ele ficasse. - Jimin falou, suspirando. - Eu vou fazer rodeios, bem... vocês finalmente terão netinhos vindos de mim.

O sorriso que Jihyun esboçou em nossas direções chegou a dar um certo medo, senhor Park pareceu ficar um tanto paralisado pelo que tinha ouvido do filho, mas aparentemente ficou feliz pela notícia.

- Isso é incrível! - Jihyun declarou contente. - Não que você não seja meu neto Wonho, é só que agora serão oito.

- Nove. - Corrigi e ela pareceu pensar um pouco até entender.

- Aí meu Deus, gêmeos! - Ela deu um pulo no lugar. - Sunghyung, você vai ter dois netinhos! Meu pai, eu pedi tanto, mas tanto por isso vindo do Jimin! Eu vou chorar.

Jimin forçou um sorriso, se aconchegando em mim. Eu sentia seu desconforto, com certeza estava se culpando e eu apenas abracei seu corpo, tentando ajudar em pelo menos alguma coisa.

Não me surpreende o fato da "festa" que Jihyun fez durante toda a manhã, ela paparicou bastante Jimin, que sempre que podia fugia para os meus braços ou os do Wonho. Seu pai não trocou uma palavra comigo e apenas algumas com ele. Depois que saímos da casa e já estávamos a caminho da casa dos meus pais, Jimin começou a chorar no banco de trás. Eu não podia fazer muita coisa a respeito, o meu apoio ele sabia que tinha.

Não tenho ideia do que se passa na cabeça dele agora, também não posso dizer que entendo, mas julgar seria a última coisa que eu faria e ao menos isso tenho certeza que ele sabe. A notícia era muito recente e ele teria o tempo dele para se adaptar.

Ouvi o choro parar após dez minutos e faltava pouco para chegar até a casa dos meus pais. Bom, a notícia de que seriam avós obviamente ia ser bem recebida, afinal já estavam acostumados comigo dando esse tipo de notícia.

Jimin foi quem contou para os dois, eles ficaram bem felizes, mas não tiveram nem de longe a mesma reação que Jihyun. Jiwoo ficou conversando com Jimin e meu pai ficou com Wonho, enquanto eu estava ajudando minha mãe a fazer torta de frango. Era uma das poucas coisas que ela cozinhava, com certeza um dos meus pratos preferidos.

- Jimin não me parece feliz com a gravidez. - Minha mãe e a mania dela de ler muito bem as pessoas. - E pela sua cara, me parece que ele realmente não está.

- Ele já tem sete pra cuidar Omma, Wonho é pequeno e ele queria aproveitar um pouco a gente e isso vai ter que ser adiado por mais tempo. - Ela pareceu entender.

- A cabeça dele deve estar uma bagunça. - Cortava os componentes do recheio. - Muitas das minhas amigas passaram por isso, de não querer e de não amar o bebê desde a barriga. Muitas aprenderam a amar com o tempo, criaram o vínculo com conforme os dias foram se passando. Eu amei você e seus irmãos desde o momento em que soube da gravidez, mas existem casos e casos.

- Ele se sente culpado.

- Não deveria, não tem como forçar o amor. Nenhum sentimento tem como ser forçado, na verdade. - Observei a silhueta dela se mexer, até colocar os legumes junto ao frango.

- Engraçado a senhora dizer isso. - Olhei para o nada e ela me olhou.

- Jungkookie... - Suspirou, tornando a mexer as coisas dentro da panela. - Eu acho que te devo desculpas. - Declarou. - Mas não sei se quero te pedir, pois eu não me arrependo em nada do que fiz. Apesar de eu ter parecido fria naquele dia, me partiu o coração falar tudo o que eu disse. Eu sei que foi drástico, que muitos procurarão outra forma de resolver algo do tipo, mas eu não conseguia pensar na ideia de ser tarde demais. No fim, meu maior medo era te perder e eu estava disposta a fazer qualquer coisa para que isso não acontecesse.

- Omma, não me peça desculpas. Realmente, não peça. - Ela me olhou surpresa. - No começo eu não entendia, te considerei um monstro, alguém que estava me punindo... quando você sempre teve a razão da história. Você é minha mãe e sempre pensou no meu bem e eu nunca me coloquei no seu lugar. Afinal, toda vez que eu olho para qualquer um dos meus filhos, eu sei todos os medos que rondam a minha cabeça sobre o futuro deles e se eu pudesse era dentro de uma bolha que eles viveriam... eu era egoísta o suficiente para não te entender. Eu tenho é que te agradecer pela mãe maravilhosa que eu tenho, que mesmo eu fazendo as escolhas erradas, ainda está aqui de braços abertos, para me abraçar se necessário. - Suspirei. - Omma, obrigado por ser essa mulher incrível; por ter me feito casar com o Jimin e principalmente por me amar, e cuidar tão bem de mim.

Ela me olhou com os olhos marejados, desligando o fogo e me abraçando em seguida. Parecia que alguma culpa tinha saído de cima de seus ombros. Aqueles braços quentinhos me abraçaram ternamente e posso dizer que naquele momento eu chorei junto com ela. Apesar da gente não ter demonstrado, parecia ter nascido uma barreira feita pela mágoa entre nós dois.

Hoje em dia eu me sentia culpado por muita das vezes ter sido egoísta, não só com ela, mas com todo mundo ao meu redor. Porém eu não era egoísta por mim, era egoísta pelo que eu estava sentindo, não me fazia bem e a raiva me consumia quando alguém tentava me alertar sobre.

~*~

As últimas pessoas que deveriam saber sobre a gravidez, agora estavam eufóricas. Angie nunca pulou tanto em animação, os irmãos seguiram o embalado, até mesmo Junghyun tinha participado da pequena farra.

Jimin estava quieto na hora de dormir e eu voltei a lhe abraçar, cantando para si, ele pareceu apreciar. Acabei ficando pensativo demais após deixar Jimin dormindo na cama e indo em direção a varanda olhando as estrelas

Minha vida mudou drasticamente em um ano. Em um ano Jeon Jungkook tornou a evoluir, voltou a ser ele mesmo. Isso era algo que me confortava. O processo de amadurecimento acontece por toda a vida, quando eu tiver quarenta anos, vou estar mais maduro do que hoje em dia, as experiências da vida nos ensinam sobre a maturidade e principalmente sobre o respeito.

Hoje, eu respeito a mim mesmo e aos outros ao meu redor, principalmente quando se trata de sentimentos. Agora eu sei o que é o perdão, sei o que é seguir em frente e sei como superar um obstáculo que parecia impossível de se superar. O que aconteceu na minha vida, fizeram-me quem eu sou e é com felicidade que digo ao Jungkook de antigamente, que tenho orgulho do que me tornei.

Creio que o alfa lúpus que eu era antigamente não acreditaria em traição, relacionamento abusivos ou até mesmo na hipótese de amar outra pessoa. A palavra "nunca", deveria deixar de existir no vocabulário, pois não sabemos em que circunstâncias seremos colocados. Independente do erro ou do acerto que cometemos aprender a se entender, se repreender e se perdoar é a base para se amar.

Ao JK do passado, eu desejo apenas ele saiba mais do que eu nesse momento, sobre ele mesmo.

~^•^~

E então esse foi o capítulo 22. A visão do Kookie sobre a história dele, quem era Jeon Jungkook do passado e quem ele é hoje.
Escrever esse capítulo não foi nem de longe fácil e eu fiquei muito sensível escrevendo, pois o Jungkook é um personagem que eu criei e por mais que tenha um JK na vida real, sabemos bem que eles não tem nada de semelhante, só a doçura não é mesmo?
É difícil demais passar um ponto de vista, céus... Espero que vocês tenham gostado.

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