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CAPÍTULO DEZESSETE:

꧁ É meia noite e um ꧂

Adhara Black Lupin

É um pouquinho estranho, eu admito, mas vai acontecer mesmo assim. Estou nervosa, mal consigo me concentrar na minha tarefa do castigo. Em algumas horas, terei o primeiro encontro da minha vida e ainda não faço ideia do que vou vestir. Santa Rowena, vou surtar até lá. Estou passando mal.

— Isso não é aí.— ouço Potter me censurar, olho para as minhas mãos e vejo que coloquei uma ficha W na pilha de M. Brandon se aproxima e a pega da minha mão— Sei que faz parte da Corvinal ser desligada assim, mas dá para prestar mais atenção no que está fazendo?— ele provoca atraindo meu olhar para seu sorriso maroto.

Essas detenções vão durar para sempre? De segunda a sexta, eu não aguento mais passar tanto tempo com Potter e com Snape.

— É, tanto faz.— resmungo. Essa organização toda levou dias, mas está acabando. Só sei que não estou muito ansiosa para o que a dona Minerva vai nos mandar fazer a seguir. Ela quer que a gente se entenda, mas como a gente não briga na frente do Snape tem uma eternidade, não entendo porque ela não nos libera. Não fizemos nada demais desde que a detenção começou. Deve estar claro que não vamos matar um ao outro.

— Pode se afastar um pouco? Sua alegria toda está estragando a minha aura infeliz.— ele ironiza, porque é óbvio que eu sou a que parece infeliz.

— A gente pode ficar em silêncio como nos outros dias, não podemos?

— Acha mesmo que eu vou perder uma chance de te perturbar quando você menos quer? Ah, Lupin, assim você me ofende. Não passei anos a treinando para que você agisse como se não me conhecesse bem.

O olho com tédio e ele me lança um sorrisinho debochado.

— É sério, você tá um trapo. Pensei que estaria mais feliz já que vai ter o primeiro encontro da sua vida virgem amanhã. Que baita presente de aniversário.— ele fecha a gaveta da letra B e volta para a mesa, para pegar a pilha da letra C. Ou metade dela.

— Como soube disso?— franzo a testa.

— Não devia confiar tanto na Gina.— ele diz e eu reviro os olhos. Não era para ser um segredo, mas caramba!— O que vocês pretendem fazer amanhã que vai ser tão divertido a ponto de você desistir de dar uma festa?

Eu o encaro, pronta para lhe dizer que não é da sua conta. Mas não estou afim de brigar agora. Não estou com cabeça para isso. Brandon me encara de volta e eu percebo que ele está tranquilo também. Podemos ter uma conversa civilizada, sabe?

Solto outro suspiro e olho por cima do ombro. Snape está na exata mesma posição que sempre esteve: corrigindo tarefas em silêncio absoluto.

Comprimo os lábios e volto a encarar o Potter.

— Não sei. Não sei o que vamos fazer ou o que vamos conversar.— fecho a gaveta da letra M. Não estou seguindo a ordem alfabética, só pego uma pilha e começo a guardar. Agora é a vez da letra F.

— É, você não parece muito animada.— ele conclui— Quem te visse agora, diria que você não quer ir.

Mordo a bochecha e coloco os cabelos atrás das orelhas. Ficamos calados, mas o sinto me estudando.

— Você não quer ir.— ele repete e eu me encolho.

— Não é isso.

— É o que parece.

— Você gosta de agir como se entendesse tudo o que está acontecendo com os outros, não é?

— Me prove que estou errado.— ele desafia, dando de ombros.

— É que... sei lá, isso tá indo muito rápido. Eu nem tenho certeza se gosto do Durmstrang de qualquer forma, e agora nós vamos ter um encontro. É esquisito, mesmo que eu tenha ficado empolgada na hora que ele me chamou para sair. Porque nunca ninguém fez isso.— sinto meu estômago se embrulhar ao ouvir o que estou dizendo e encaro o Potter que ainda está com os olhos em mim, atentos. Ficamos nos encarando por uns segundos longos e eu senti meu corpo relaxar.

Mas Potter não é o tipo de amigo com quem eu desabafo, ele é a pessoa com quem eu posso ser grosseira e brusca. Eu desconto nele a minha raiva, não o uso de diário. Esse é o papel da Gina, ou até mesmo do Aspen, quando me vem a calhar.

Viro o rosto e meto as fichas na gaveta, tomando cuidado de não bagunçá-las.

— Mas não é como se isso fosse da sua conta.— resmungo. Brandon sopra uma risada e aumenta a distância entre nós.

— Não deveria ir se não quer de verdade. Além de desperdiçar seu tempo, vai magoar os sentimentos do garoto.

— Pensei que não gostasse dele.— admito. Não que tivesse tido um momento em que Brandon falou mal do novato, mas eu vejo as caretas que ele faz quando está conversando com Ian.

— Ele é... diferente.— Brandon arregala os olhos, soltando um suspiro— Com certeza não é um amigo que eu vou manter para o resto da minha vida, mas sei lá. Ele não fede nem cheira.

Sopro uma risada.

— É um jeito estranho de tomar partido de alguém.— digo. Brandon sorri para mim brevemente.

— Eu sei lá.... acho que não estou falando isso só por ele.— ele admite e depois franze a testa, como se não tivesse entendido o que acabara de falar. Não entendo tampouco, mas também não questiono o que ele quer dizer.— Você devia dar uma festa de aniversário. Sem ser a hipotética que só aconteceria na sua cabeça.

— Rá, rá. Muito engraçado.

— Falando sério. Seria melhor para um encontro, também. Se você vai, mesmo não querendo, pelo menos o lugar vai ser mais ideal e não vai ter tanto silêncio caso fiquem de canto.

Não quero nem pensar que Brandon Potter está me dando uma boa ideia, mas meio que está, sim. Cerro os olhos para o Potter, só que ele não parece estar tentando me sacanear ou tirar uma onda com a minha cara. São poucos os nossos momentos de bandeira branca, mas eles existem. E eu sei que tenho que ficar calada para que hoje continue assim.

Não voltamos a nos falar até todas as gavetas estarem fechadas e bem organizadas. Quando acabamos, nos viramos para o vice diretor. Ele estava de pé, lendo, e não parou o que estava fazendo.

— Dispensados.— ele disse naquele seu tom atípico. Brandon e eu trocamos olhares levemente intrigados e não nos movemos. Snape levantou os olhos do seu livros.— Os dois. Sumam.

Mesmo estranhando o fato de não termos sido mandados embora um de cada vez como todas as noites anteriores, nós pegamos nossas mochilas e saímos. Nenhum de nós realmente anseia em ficar mais uns minutinhos a sós com o rei da Sonserina.

Ao chegarmos perto da porta, Brandon me deixou passar na frente e ao me deparar com o corredor totalmente escuro, tirei minha varinha do bolso. Snape fechou a sala nas nossas costas.

Lummus.— disse e a ponta de minha varinha se acendeu. Potter me imitou. Está tarde e faz frio. Os corredores parecem mal assombrados e eu presumo que Pirraça esteja a espreita, pronto para nos dar um susto— Que horas são?

— Deve passar da meia noite.— Brandon responde, sua voz ecoa pelo corredor. Ajeito minha mochila no ombro e, por mais estranho que pareça, nenhum de nós fez qualquer movimento para ir para sua respectiva torre.— Se esse for o caso, acho que tenho que te dizer feliz aniversário, não é?

— É, acho que seria legal.— sorrio. O vejo revirar os olhos.

— Mas não vou fazer isso.

— Por que não?— levanto a sobrancelha.

— Porque eu não posso ir na sua festa hipotética, então não vou poder te dar um parabéns hipotético.— ele sorriu e foi embora sem dizer mais nada. Mordo o lábio e hesito por mais uns segundos no lugar.

Sopro uma risadinha baixa, por fim.

— Patético.— murmuro e saio andando. Tenho que dormir, porque em algumas horas terei um encontro.

[...]

Nota da autora:

Olá, minha vadia mais linda! Posso saber o que está achando?

Você já leu DUTY e SILLY BOY? Não? Tá esperando o que, vagabunda?

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