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CAPÍTULO DEZESSEIS:
꧁ Você não sente nada mesmo? ꧂
Brandon Evans Potter
Examino a correspondência que recebi hoje mais cedo com Kitty no meu colo, dormindo. A primeira carta é do meu irmão mais velho, Harry. Como as cartas dele sempre são mais curtas e diretas que as dos nossos pais, eu a abro primeiro.
Com aquela letra pavorosa dele, vejo que conseguiu entrar no time Poddlemere, mesmo que seja como reserva do apanhador. Por semanas fiquei afirmando que ele não conseguiria, mas no fundo não tinha dúvidas de sua capacidade. Ele não serve pra muita coisa, mas todos sabemos que Harry é um jogador e tanto. O melhor apanhador que conheço.
Estou muito orgulhoso dele, só que é óbvio que não é o que vou lhe dizer. Sorrio imaginando o tanto de camarotes que eu vou ter passe livre para entrar quando ele se tornar titular. Uh, as pessoas vão cair matando em cima do meu irmão, espero que Nixie esteja preparada.
— Brandon?— uma voz conhecida me chama e eu olho por cima da poltrona com preguiça, encontrando Ginevra de pé e com um longo vestido rosa de babados. Coisa pavorosa.
— E aí.— cumprimento, indo para a próxima carta que é de Cedric Diggory, meu segundo irmão mais velho que não é do meu sangue, infelizmente.
— O que está fazendo aqui?— a Weasley quer saber, dando a volta no sofá e vindo se sentar do meu lado, de frente para a lareira.
— A comunal é uma zona pública, princesa do fogo.— respondo, abrindo a carta de Cedric. Encontro primeiro uma barra de chocolate, junto de uma foto dele com uma cobra grande sobre os ombros.
— Eu sei, Potter.— ela estala a língua, arrancando a barra de chocolate da minha mão.— Estou perguntando o que está fazendo aqui nesse horário.— ela esclarece.
Está tarde, já deve ser uma da manhã, mas eu não estou com uma gota de sono, então vim ler a minha correspondência.
— Sem sono.— resmungo— E você?
— Estou com fome. Queria ir até a cozinha, mas também estou com preguiça demais para sair nesse frio.— ela abre o chocolate sem pedir permissão e dá uma mordida grande na barra. A olho em censura.
— Ei!— depois de umas três mastigadas, Gina faz careta e cospe de volta na embalagem— Porra, Ginevra!— reclamo com nojo.
— Tem pimenta.— ela diz um pouco rouca e completamente enojada— Quem é o doente que coloca pimenta no chocolate?— ela parece prestes a vomitar.
— Quem sabe um gênio que sabia que a primeira mordida seria roubada.— pego a embalagem da sua mão e a atiro no fogo. Gina esfrega a língua na manga do seu vestido, dramaticamente.
— Que nojo.
— Pronto, agora pode ir na cozinha e aproveita para me trazer um pouco chá.
— Eu não vou mais nem fodendo.— ela apoia o cotovelo no encosto do sofá e encolhe as pernas contra o peito.
— Você é uma péssima amiga.— balanço a cabeça em desaprovação.
— É, vamos fingir que eu me importo.— ela diz e eu sopro uma risadinha.— Fiquei sabendo que você e Dhara brigaram de novo hoje cedo.
— Merlin, Aspen consegue ficar um dia sem espalhar algo a meu respeito?
— Foi Joseph que me falou. Sentei com eles na aula do Snape, Aspen só acrescentou um detalhe ou outro.
— Bando de idiotas.... mas e daí? Fala uma novidade.
— Aspen disse que ela parecia com ciúmes, é verdade?
— Eu estava tentando mudar de assunto, mas já que você insiste...— reviro os olhos colocando as cartas de lado e me concentrando na Weasley— Sim, é óbvio que ela estava com ciúmes, a garota é obcecada por mim e eu não posso fazer nada a respeito. Mais alguma coisa?
Gina comprime os lábios e fica me encarando com os olhos cerrados. Se passam longos minutos e ela não fala nada. Eu tenho ansiedade.
— Desembucha, Weasley.
— Brandon, seja sincero....
— Depende.— sorrio maroto e ela ignora minha resposta.
— Você não sente nada mesmo?
— Sobre o que?
— Como "sobre o que?"?— ela dá um tapa no meu braço— Você não gosta nem um pouco dela?
Jogo a cabeça para trás e esfrego o rosto, frustrado.
— Não, eu não sinto nada por ela além de ranço. Por que teria que sentir qualquer coisa pela Lupin?
— Não é que você tem que sentir.— ela balança a cabeça e sorri, passando a mão nos longos cabelos ruivos.— Só me deixa curiosa...
— Primeiro queria que a gente fizesse sexo, agora sugere que a gente se case? Se concentra em só uma coisa, Gina.— digo com um tantinho de aspereza.
— Tá bem, mas se você não gosta nem um pouco dela, por que está acordado tão tarde?
— O que uma coisa tem a ver com a outra?— cerro os olhos, tentando assimilar.
Gina não para de me encarar como se me examinasse minuciosamente.
— No fundo, você sabe que se ela se apaixonar por ele, você vai perdê-la.
Fico incrivelmente confuso.
— Do que é que você está falando?— será que essa garota é sonâmbula e eu não sei? Belisco Gina para que ela acorde e ela me bate.
— Au, pra que isso?!
— Só estou vendo se você acorda e fala algo que faça sentido!
Ela fica calada por mais tempo que o necessário. Odeio essas pausas dramáticas dela.
— Ah, você não sabe ainda.— ela chega na conclusão óbvia.
— O que eu não sei?— me inclino na sua direção.
— O Durmstrang chamou Adhara para um encontro. E ela aceitou.
Fico calado por um tempo, mas aí noto que ela está esperando uma resposta minha.
— E daí?— dou de ombros, acariciando o gatinho no meu colo— Se ele quer acabar com a própria alegria desse jeito, o que é que eu tenho a ver?
Eu sei o que ela está tentando fazer porque foi o que nós fizemos ano passado, ao tentar bancar os cupidos para cima de Harry e Nixie. A diferença é que não precisamos de muito esforço para fazer com que meu irmão admitisse sua paixão pela nossa amiga de infância, porque era mais do que óbvio que eles se gostavam até demais. Só precisaram de um empurrãozinho, o resto foi tudo mérito deles. A diferença é que eu não sou o Harry e Adhara não é a Nixie. E nós nos desgostamos um do outro até demais. Não importa o que os outros dizem, eu nunca serei capaz de a olhar com outros olhos. Imagino que toda essa insistência esse ano seja porque eles estão entediados e cansados de nossas brigas, então querem que a gente fique constrangido com a sugestão de fazermos sexos para que assim a gente pare de brigar.
É, pode ser isso. É algo que eu armaria.
Gina sorri e encara o fogo na nossa frente. O reflexo das labaredas dançam em seus olhos castanhos.
— Vocês homens gostam de complicar as coisas, não é?— ela solta um suspiro— E é por isso que eu gosto de mulher.— ela se levanta, e vai se afastando, voltando para as escadas que levam ao dormitório feminino.
— Se isso fosse verdade— digo para as suas costas, ela para de andar, mas não se vira— Não sou só eu que estou complicando as coisas!
Ela solta uma risadinha.
— É, mas o drama combina bem mais com ela do que com você.
A deixei ir embora e afundei no sofá. Kitty acordou e se sentou, soltando um longo bocejo. O gatinho me encarou e eu franzi a testa.
— É óbvio que o drama combina comigo, você concorda, não concorda?
E no fim, o gatinho não me diz nada. Eu fui dormir uma hora depois, porque não queria que os outros pensassem que estava perdendo meu sono por causa de um encontro alheio. Que sejam felizes.... esse casal que não tem absolutamente nada a ver.
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