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CAPÍTULO DEZ:
꧁ Garoto atrapalhado ꧂
Adhara Black Lupin
— Será que terá algum baile esse ano?— eu ouvia a conversa de dois rapazes na minha frente enquanto seguia os meus colegas de casa até a estufa para nossa aula. Não foi porque eu queria, mas porque eles estavam na minha frente e falavam muito alto— Minha mãe me comprou um terno novo nas férias e está enchendo o meu saco porque quer que eu o use antes que o perca.
Isso me parece uma desculpa, penso e tenho vontade de rir. Eles não me notam por mais que eu esteja quase roçando seus calcanhares.
— Espero que não.— suspira o outro.— Minha garota é péssima dançando, cara, não tem sapatos que aguentem.— os dois riram e entraram na estufa comigo logo atrás.
— Isso eu pagaria para ver.
— Se eu não ficasse com ciúmes, o deixaria levar ela para dançar.
— Sabe que eu não faria nada, cara!— o mais alto fica ofendido.
— Não era de ciúmes dela que eu falava.— eles riem mais alto e eu sacudo a cabeça. Esses garotos estranhos. Saio de trás deles e procuro por um rosto conhecido com quem eu possa me juntar durante a aula, mas o mais conhecido que encontro é o do Durmstrang.
Ele está com a capa fechada e os cabelos perfeitamente arrumados em um topete. Ele já estava olhando para mim quando o encarei e nós sorrimos ao mesmo tempo. Por mais que nosso primeiro encontro tenha sido para lá de embaraçoso, vejo a oportunidade de ajeitar as coisas. Me aproximo dele e paro do seu lado.
— Olá...— tento me lembrar do seu nome porque não dá para ficar com um apelido tosco— senhor Romanoff.— é esse mesmo? Acho que é, pelo sorriso dele deve ser.
— Olá, senhorita... Black?— ele une as sobrancelhas e eu assinto.
— Uhum. Bom dia.
— Bom dia.
Silêncio.
— Sabe, foi bem estranha a forma como nos conhecemos, teria como começarmos de novo?— quebro o gelo e ele suspira, nós rimos.
— Seria interessante, admito.— ele concorda, e eu lhe estendo a mão.
— Eu sou Adhara Black Lupin. Pode me chamar como quiser.
— Eu sou Ian Romanoff.— ele aperta minha mão, tudo o que sinto é sua luva de couro.— Também pode me chamar como quiser.
— Está gostando da escola, Ian?— puxo assunto já que a professora aproveitou para fazer o mesmo com outros alunos da Grifinória.
— Bastante.
— E aposto que não presenciou muitas coisas estranhas ainda fora... aquela vez.— dou de ombros e ele me imita, encolhendo-os em seguida. Parece tímido.
— Ainda não, mas garanto que me prometeram que o ano será bem longo.
— Ainda bem que avisaram.— dou uma risadinha, mas nós acabamos nos interrompendo, porque a aula começou.
[...]
Eu consegui pontos para a Corvinal depois de algumas respostas certas e me seguro para não sair saltitando da estufa, orgulhosa de mim mesma. Depois de recolher meus livros, decido esperar por Ian mesmo que ele não tenha pedido.
— Por que você veio para Hogwarts, afinal de contas?— fico curiosa embora já tenham se espalhado muitos rumores a seu respeito pelo castelo. Sou do tipo que gosta de ir direto para a fonte.
Ele passa a mão nos cabelos como se o seu topete tivesse se desmanchado e enfia os livros de baixo do braço. Saímos juntos, mas com uma distância segura entre nós.
— Bem, a gente teve que fugir do meu país.
Franzo a testa.
— Por que?
— Porque meu pai se casou de novo, e casamento com pessoas do mesmo sexo não é permitido.
— Ah!— então essa parte dos rumores é verdade. Ian me olha de rabo de olho, estudando minha reação. Eu abro um sorriso meio triste.— Eu sei como é. Tenho dois pais, sabe.— dou de ombros— Eu sou adotada, e por incrível que pareça, ainda nesses tempos questionam a minha sanidade ao conviver com eles dois, como se seu amor fosse algo infeccioso e ruim.— me irrito só de me lembrar das caras de pessoas que nos viam andando juntos na rua. Eu odeio cada uma delas— É cansativo e irritante, mas eu sei que eles passam por coisa pior então nem costumo desabafar com eles sobre essas bobagens que me falam. Foi uma luta de quase cinco anos até eles conseguirem me levar para casa.
— Ah!— sua expressão se suaviza e ele retribui o sorriso triste— Não posso dizer que é bom ver alguém passando pelo mesmo, mas é bom ter alguém que entende como é para mim.— ele fala e eu baixo a cabeça. Fui muito sincera com ele e apesar de ele me entender, não quero falar disso.
Não gosto de falar de coisas que me chateiam.
— Eu os amo, entende? Mas as vezes só queria que eles fossem mais... normais.— ele resmunga e eu viro o rosto para que ele não veja minha careta. Acho que escolheu as palavras erradas agora. Por mais estressante que seja, eu nunca poderia querer outros pais além dos meus. Mesmo não sendo os de sangue.
— Ou mais aceitos, né?— o dou uma segunda chance.
— É. Também.
É...
Nós ficamos em silêncio enquanto caminhamos. Não sei se vamos para a mesma sala, mas não pergunto nada.
— Você conhece eles? Os seus pais biológicos?— ele quer saber. É uma curiosidade boba, todos pensam que eu sou obcecada com a vida que eu poderia ter vivido se não tivesse sido largada em um orfanato.
Eu não gosto de falar disso.
— Ah... não....
— Nem tem vontade?
Não. Nenhuma. Por que teria vontade de conhecer quem não fez a mínima questão de me conhecer? De me amar e cuidar de mim? Os únicos pais que eu tenho são Sirius Black e Remus Lupin. Os únicos pais que eu sempre vou ter e sempre vou aceitar com todo o meu coração.
Eu não me lembro de nada dos anos em que fiquei no orfanato nem nunca perguntei a ninguém como fui parar lá, mas não podem ter sido anos tão maravilhosos para que eu precisasse reprimi-los em algum canto do meu cérebro.
Não desejo outra vida diferente da que tenho hoje.
— Sei lá.— digo com um tom vago. Não quero ficar nesse assunto nem quero que ele me ache estranha por não estar caçando pelos meus pais biológicos agora mesmo com tudo de mim. Não estou em busca de respostas. Não tenho perguntas.— Qual é sua aula agora?— quero deixar implícito que esse assunto está encerrado.
Ele parece voltar a si e arregala os olhos quando o encaro. O garoto já é normalmente pálido, então acho que estou vendo coisas quando penso que ele ficou mais branco ainda.
— Não é pra lá!— ele começa a correr pela direção que nós viemos e eu fico atônita por uns segundos antes de começar a rir do seu jeito desajeitado. Ele se esbarra com umas garotas e as ajuda a recuperar os livros do chão, com pressa— desculpe!
— Nos vemos depois?— grito no corredor movimentado. Ele se vira para sacudir a mão para mim lá no alto e se esbarra com mais gente, quase caindo e levando umas três pessoas junto. Dou risada e balanço a cabeça, parada no meio do corredor.
Eu acho que gostei dele.
[...]
Nota da autora:
Tá cedo para perguntar o que estão achando? Vadias, queria tanto viver um romance, fico até triste escrevendo minhas fics kkkkkkkkkkkkkkk mas que ódio!
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