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CAPÍTULO DOIS:

꧁ Sai da frente, Potter ꧂

Adhara Black-Lupin

— Tem certeza de que não esqueceu nada em casa?— ele me pergunta pela milésima vez e eu dou risada balançando a cabeça.— Eu não mandarei nenhuma coruja para te socorrer desta vez, Dhara!— ameaça Remus Lupin.

— Eu tenho, pai! Nós podemos mudar o disco, por favor? Todos os anos o senhor me pergunta a mesma coisa repetidamente antes de eu entrar no trem, já estou treinada, prometo!— bato o pé como uma criança. Foi uma atitude bem contraditória considerando que eu quero que eles me tratem como adulta. Meus pais ainda me veem como se eu tivesse cinco anos, e, por algum motivo que eu desconheço, é como eu me comporto na sua frente. Talvez eu não me canse de ser mimada.

Eu vou fazer dezessete em breve, então estou muito perto da vida adulta e todas suas empolgantes responsabilidades. Almejo tanto pela independência! Assim que eu encontrar um emprego — que eu ainda não sei sobre o que será — vou ir buscar minha casa própria. Não que eu não ame viver com meus pais, é claro, mas eu sonho muito mesmo em sair de casa, ter tudo e saber que fui eu quem conquistou aquilo.

— Desculpe por não nos convencermos já que todo ano você esquece alguma coisa, meu pequeno diabinho.— acusa Sirius Black com um sorriso debochado no rosto. Reviro os olhos e coloco as mãos na cintura, sem perder o sorriso.

— Tem que escolher um lado nessa briga, meu senhor.— zombo, papai odeia ser chamado de senhor.

— É lógico que eu escolho o seu, minha nuvem negra carregada— ele desliza para o meu lado correndo a mão pelos meus cabelos.— mas eu não vou fazer isso calado. Aliás, trouxe a sua tiara?— ele pergunta e eu cerro os olhos, pensativa.

— Hã.... disso eu já não tenho tanta certeza.... mas, olha, em minha defesa— me apresso para acrescentar— ela não é vital, então eu posso tê-la esquecido...

A minha frente, Remus bufou e esticou a mão para a cabeça de Sirius, puxando de lá o que deveria ser a minha tiara. É claro que eu a notei antes, mas nós temos muitos arquinhos parecidos, então não liguei uma coisa à outra. Meu pai rouba os meus de vez em quando, mas eu não me incomodo de dividir com ele. É divertido até. As diferenciamos porque sempre pintamos a pontinha das tiaras, eu pinto as minhas de azul e papai pinta as dele de vermelho.

Papai Lupin colocou a tiara ondulada em minha cabeça com muito mais carinho do que teve para arrancá-la da cabeça do marido e segurou meu rosto logo em seguida com suas mãos quentes, seus cabelos em tom de areia caem sobre seus olhos castanhos, mas ele não parece se incomodar com isso.

— Está pronta, meu amor?— ele me pergunta, esboçando um sorriso pequeno. Respiro fundo e deixo o ar sair.

Ansiosa, eu sacudo a cabeça.

— Nasci pronta.— digo. É mais um mantra meu do que uma verdade, gosto de pensar que um dia vou me convencer disso. Pronta pra quê? Eu não sei bem.

— Aposto que você consegue fazer com que Minerva se aposente de vez!— papai Black diz e nós dois olhamos para ele como se tivesse dito algo altamente ofensivo.

Não é novidade que, apesar de ser uma excelente aluna, eu goste de me divertir um pouco durante minha estadia na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, mas é ultrajante meu pai insunuar que eu ajudaria a melhor professora a deixar a escola.

Claro, é tentador, mas a Minerva me assusta um pouco ao mesmo tempo que me encanta. Nós temos uma relação linda. A relação que ela teve com os meus pais ajuda muito, mas eu finjo que o mérito é todo meu.

— Não a dê ideias para fazer com que a diretora se demita no seu primeiro ano no cargo.

— Não foi o que eu quis dizer, aluado meu amor.— o moreno passa a mão nos cabelos os ajeitando para trás e sumindo facilmente com a bagunça que seu marido o causou— Só estou dizendo que vai demorar até ter uma geração nova de Potters ou Blacks ou Weasleys para animar aquela espelunca. Que diabos ela fará até lá? Tricô?

— Não!— aponto para a cara do meu pai— Não ouse dizer uma palavra contra o tricô, você sabe que é meu hobbie favorito, papai!

— Mas é entediante!— ele se aproxima para sussurrar pertinho do meu rosto e eu o olho feio. Ele até tenta refletir minha careta, mas é o primeiro a falhar na missão de ficar sério. Eu sorrio logo depois de vê-lo perder.— Não sei de onde você tirou essa alma de velha, francamente.— ele cruza os braços. Desacreditados, Remus e eu trocamos olhares do tipo: ele tá falando sério? Ele está usando literalmente a blusa de tricô que eu fiz pra ele com um leão estampado.

Antes que possamos ter tempo para continuar o papo furado, o último apito soa pela estação movimentada chamando todos para o embarque. Eu abraço meus pais antes de subir correndo, já havia deixado minhas malas no compartimento com Gina e Luna só para ficar mais uns minutinhos com eles. Antes do trem deixar a estação eu me grudei numa janela para não perder tão cedo o contato visual com meus velhotes. É. Eu amo muito eles.

— NÃO SE ESQUEÇA DE ME MANDAR CARTAS CONTANDO AS NOVIDADES TODA SEMANA!— Sirius gritou por cima da barulheira do trem começando a se mover e das outras famílias se despedindo.

— EU DIGO O MESMO!— gritei de volta. Nós ficamos sacudindo as mãos um para o outro que nem dois idiotas, enquanto o papai Lupin nos assistia com as mãos enterradas nos bolsos e um sorriso singelo no rosto coberto de cicatrizes.

Quando finalmente os perco de vista, solto um suspiro e tiro o nariz da janela. Quando olho para o lado noto meu odiado amigo Brandon Potter se aproximando, mas não é sua feiura sem igual que me faz gritar e sim a tarântula em seu ombro, a qual eu cumprimento com um soco.

— Mas que porra, Lupin! O que foi isso!?— ele arregala os olhos castanhos para mim e eu estremeço, sacudindo a mão com extremo nojo.

— Eca, eca, eca, eu toquei nessa coisa!— fico dando pulinhos nervosos.

— Caralho, começou cedo! Eu tomei banho antes de vir!— ele reclama, ajeitando a jaqueta e tirando os cachos castanhos de cima dos olhos.

— Por uma vez na eternidade, não é, Potter!?— digo rispidamente— Por incrível que pareça eu não estava falando de você e sim daquela coisa!— aponto para os sapatos e o moreno baixa a cabeça, sem se incomodar com o bicho peludo e asqueroso que tenta subir nele outra vez.

— Não fala assim do Spider, Lupin.— ele balança a cabeça negativamente e me olha como uma censura.

— Essa coisa se chama Spider? É sério?— me abraço sem conseguir ficar olhando o bicho.

Brandon dá de ombros.

— Criatividade não é o forte de Aspen, por isso ele não foi para a Corvinal, senhorita pomposa.— ele afina a voz para zombar de mim e se abaixa para pegar com as duas mãos a tarântula de seu melhor amigo, Aspen Greengrass. Eu recuo uns três passos, cerrando os punhos dos lados do corpo.

— Tá. Nossa conversa acaba aqui.— infelizmente, recuar não me leva para o meu compartimento, eu tenho que passar pelo Potter. E aquele.... monstrinho nas suas mãos.

Ele percebe meu conflito e logo mete um sorriso perverso no rosto. Que animal.

— Então tá.— ele se aproxima e ergue a aranha para a altura do meu rosto. Aquela coisa levanta as duas patinhas da frente e as suas presas batem— Deixo você passar depois que pedir desculpas para o Spider. Ele não está gostando muito de você agora, mas nós podemos superar isso com uma conversa civilizada.— Potter avançou querendo enfiar o animal na minha cara. Eu tenho certeza que ele vai me morder!

— Sai da frente, Potter!— o empurrei desviando da aranha que roçou a pata no meu rosto e corri.

Para minha infelicidade, eu sabia que ele não desistiria fácil assim, então Brandon correu atrás de mim e nós empurramos muitas pessoas no meio do caminho.

Ok, empurrar é eufemismo, nós atropelamos meio mundo. Ele está me alcançando muito rápido.

— Tá com medinho, Lupin!?— o Potter provocou nas minhas costas.— Covarde, covarde, que garotinha covarde!— ele cantarola rindo.

— Vai se ferrar, Potter!— digo, sacando a varinha. Antes que eu atingisse seus pés com uma azaração, o espertalhão pulou para dentro de uma cabine aberta e escapou.

— FRANGA!

— TRASGO!

— Você vai pagar por isso, Lupin! Eu cuido da moral dos meus amigos!

— Isso é engraçado porque você sabe que não tem nenhuma!— debochei e então senti mãos agarrando meu colete e me puxando para dentro de uma cabine. Tropecei nos meus pés e cai sentada no banco arregalando os olhos para minha melhor e mais bruta amiga, Ginevra Weasley.— Au?!— ela não foi nada delicada com meu corpinho lindo.

A ruiva coloca um sorriso debochado no rosto, contente consigo mesma por ter me surpreendido.

— Te vi correndo e não quis perder a oportunidade.— diz ela fechando a porta com força bem na cara de Brandon Potter que bateu a mão no vidro, indignado. Lhe mostrei o dedo com um sorriso largo e Gina desceu a cortina fingindo que nada estava acontecendo.— Ficou sabendo? Tem um aluno novo vindo cursar o último ano. Ele vem de Durmstrang!— ela morde o lábio e levanta as sobrancelhas, empolgada.

Faço careta, ofegante, alguns alunos de Durmstrang já vieram nos visitar, mas eu mais me incomodei com sua presença do que me permiti aproveitar. Era ano de Torneio Tribruxo, eu tinha mais com o que me preocupar já que meu primo mais velho, Cedric Diggory, estava participando.

— Estão dizendo que a aparência dele é bastante agradável.— Luna Lovegood, a loira com cara de sonhadora sentada à minha esquerda, se pronunciou levantando os olhos azuis da revista que seu pai coordena: o Pasquim. Gina se senta na nossa frente, com toda a elegância que pode oferecer.

— Eu dei uma volta pelo trem, mas não o encontrei. Krista Parkinson veio nos dizer que ele parece meio tímido.

Suspirando, ajeito a postura no banco.

— Eu ia dizer que parece seu tipo, mas nós duas sabemos que você não é muito seletiva.— zombo e Gina me faz uma careta engraçada. Seus olhos castanhos passam de mim para a Lovegood.

— Pode até ser, mas estou com outros planos esse ano.

Eu sinto que logo vou descobrir o que isso significa.

[...]

Nota da autora:

Foi particularmente difícil escrever esse capítulo, eu tenho aracnofobia :) oq eu não faço pelo meu publico?

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