01
CAPÍTULO UM:
꧁ Uma pequena bagunça ꧂
Brandon Evans Potter
Reviro a pilha de roupas na minha cama ainda sem encontrar aqueles malditos óculos, e não é que eu queira levá-los comigo na viagem, mas a mamãe não vai me deixar ir para a estação amanhã sem eles.
— Hazz!— grito para meu irmão mais velho que provavelmente está dormindo no quarto ao lado. Depois do jantar, nossos pais vão ir para o seu quarto, então tenho que aproveitar enquanto posso gritar. Harry foi deitar cedo, aparentemente só quer dormir por mais tempo já que amanhã ele vai ter um encontro importante com o capitão da União de Poddlemere, graças a ajuda do nosso antigo capitão de time, Oliver Wood.
Harry se formou recentemente em Hogwarts e agora precisa correr atrás de um emprego para que não fique desamparado quando nossa mãe o chutar de casa — claro que ela nunca faria uma coisa dessas, mas sonhar não arranca pedaço. O quarto dele vai ser meu assim que ele atravessar aquela porta.
Ele não me responde, é claro. Deve estar no quinto sono, mas minhas coisas estão bagunçadas e meus óculos não estão na pilha onde eu deixei. Se tivesse sido a mamãe a passar aqui ela não sairia do meu quarto até ter arrumado tudo. Tem que ter sido ele a pegar, porque as caixas que guardam nossos óculos são parecidas e ele acha que pode entrar no meu quarto quando quiser. Esse trasgo idiota.
Me levanto e saio irritadiço. Se a dona Lilly pede alguma coisa temos que achar e mostrar pra ela, se não ninguém descansa. Ela é uma ditadora, mas esse é o tipo de coisa que não falamos em voz alta porque aqui em casa ela contém todo o poder.
Sejá lá qual ele for.
Entro no quarto do meu irmão e pouco me importo que ele, na verdade, esteja acordado e que as luzes estejam acesas. Não me importo de tê-lo assustado a ponto de fazê-lo cair da cama sem que ela fosse totalmente desocupada.
— Brandon, mas que diabo!— Harry levantou do chão correndo e foi fechar a porta. Fui xeretar seu guarda roupa, mas sua bagunça é igual a minha e seria impossível achar qualquer merda pequena— Porta fechada não é convite para entrar caso nunca tenham te contado, cacete.
— Ela que o diga. Oi, Nixie!— cumprimento minha cunhada, a olhando por cima do ombro. Eu sei lá como ela entrou aqui, mas não quero descobrir tampouco. Nixie Black Diggory, filha de Camille Diggory e Regulus Black, aqueles que não ficariam nada felizes em saber que os dois estão fechados em um quarto e prestes a seguir com a linhagem Potter. A loira sorri para mim e ajeita os cabelos lisos, abraçando as pernas contra o peito. As bocas dos dois estão muito vermelhas. Que.nojo.
— Oi, Brandon.— a Black me cumprimenta carinhosamente. Ela é muito adorável quando quer, eu a amo como uma irmã mais velha.
— Desaparece do meu quarto!— Harry expulsa sem a menor hospitalidade sendo que eu claramente os peguei com as calças nas mãos. Ele devia ser mais educado.
— Cadê os meus óculos?
— Como é que eu vou saber?
— Porque foi você quem pegou.
— Eu não pegaria aquela merda, nem tem o mesmo grau que os meus!
— Você já confundiu nossas caixas várias vezes só nessas férias!— acuso. Harry dá um passo na minha direção e sacode as mãos praticamente me implorando pra baixar o tom.
— Shh! Já tentou usar magia para encontrá-los, gênio?
— Eu usaria, se sua mãe não tivesse confiscado minha varinha para me dar uma lição.
— Ah, agora é minha mãe?
— É! A sua mãe!— aponto na sua cara e ele bate na minha mão. Harry segura a própria cabeça e a joga para trás bufando, irritado por eu ter atrapalhado sua foda.— Você merece mais do que um ladrão.— digo a Nixie. Harry me dá um murro e eu o empurro.
— Santo Deus, meninos.— Nixie se levanta da cama abotoando a blusa e se inclina para a mesa de cabeceira de Harry para apanhar a varinha dela. Usando accio, Nixie logo tem o que eu queria em mãos. Por isso que eu amo ela. Muito mais útil.— Pronto.
— Você é um anjo, Nixie.— digo com um sorriso e me aproximo dela com a mão estendida, mas a loira recolhe a caixa contra o peito me lançando um olhar curioso.
— Por que sua mãe queria te dar uma lição recolhendo sua varinha?
— Intrometida, né?— levanto a sobrancelha. Nunca escondi nada de Nixie, mas isso é meio embaraçoso.
— O cachorro da rua de baixo mordeu a bunda dele outro dia— Harry começou, cruzando os braços e colocando um sorriso de satisfação no rosto— Depois o cachorro apareceu sem pelo nenhum no corpo e com a pele pintada de verde e amarelo. A mamãe sabia que tinha sido ele...
— Embora não houvessem provas e eu nunca vá admitir porque eu amo os animais.— reviro os olhos e estendo a mão outra vez. Nixie cerra os olhos azuis para mim e sorri de um jeito um tanto indecifrável que é típico dela. Não sei se ela acha graça ou se está me julgando quando faz essa cara.
— Você é um monstrinho.— diz. É, isso é bem esclarecedor. Meu sorriso se torna debochado e ela finalmente me devolve o que é meu.
— Obrigado, Nixie, Nixie.
— Urra.— Harry acrescenta nas minhas costas. Eu o ignoro porque não gosto dele.
— Vai á estação amanhã?— pergunto e ela sorri docemente.
— Vou acompanhar os Weasley porque estou na casa da Gina essa semana. Nós nos veremos, sim.
— Ótimo.— vou para a porta e coloco metade do corpo para fora.— Ah, e já ia me esquecendo.— encaro o casal uma última vez, um sorriso malicioso cresce nos meus lábios— Se vier uma menina o nome vai ter que ser Brenda em minha homenagem.— zombo do seu coito e Harry vem forçar a porta contra mim, mas a este ponto já estou correndo escadas abaixo.
Passo pela sala de estar onde o fogo dança na lareira e vou para a cozinha, onde vejo meu pai — o produto original que Harry e eu copiamos — debruçado na ilha enquanto come a sua macarronada e minha mãe no fogão, provavelmente esquentando mais molho porque James Potter nunca fica satisfeito com só um prato. A mulher ruiva olha para mim quando o piso range sob os meus pés, me delatando.
Sacudo a caixinha dos meus óculos e sorrio satisfeito.
— Onde estava?— mamãe pergunta. Papai nos observa por trás dos óculos. A culpa dos problemas de vista dessa família é toda dele, mas pelo menos Harry foi quem ficou com a pior parte. Eu só ando com dor de cabeça quando leio sem os meus.
— Debaixo da cama.— invento. A mentira veio de forma bem automática.
— Ótimo, já o deixe na sua mochila para não esquecer.— ela aponta o queixo pra bancada onde me obrigou deixar a mochila só para me ver guardando os óculos.
Eu vou "perdê-los" na viagem e não vou contar até acabarem as aulas. Acaba com o meu visual.
Jogo a caixa para o fundo da mochila e a fecho com descaso.
— Pronto, rainha, satisfeita?— olho para minha mãe e me apoio na bancada preguiçosamente. Ela sorri e assente.
— Perfeitamente. Além de usar os óculos se lembra do resto do nosso acordo?
Olho para cima depois para meu pai, que fica tentando segurar a risada pelas costas da esposa.
— Nada de vandalizar a escola nem me meter em brigas.— digo com infinito tédio. Todos os anos temos essa conversa, mas ela ficou mais chata esse ano porque eu ignorei completamente nos anteriores.
Como se ficar mais no meu pé fosse mudar alguma coisa, resmungo internamente.
— E...?
Solto um suspiro.
— Nada de festejar.— essa parte me dói, mesmo que eu não vá obedecer.— Você quer acabar com minha vida e alegria, mãe?
— Quero que priorize seus estudos esse ano, Brandon. Se você tiver uma boa formação vai poder ter a carreira que quiser quando sair.
— Primeiro: eu já mandei bem nos NOMS no quinto ano, o que me garante até uma carreira como auror, e segundo: os gêmeos Weasley tiveram uma péssima formação e agora são donos de um negócio próprio e de sucesso no Beco Diagonal!
— Sim, eu sei que você foi muito bem no NOMS e eu nunca vou me cansar de dizer como fiquei orgulhosa— ela põe as mãos na cintura e se vira para mim— mas agora tem de focar nos NIEMS porque os desafios não acabaram e, a não ser que você tenha um negócio próprio montado e escondido há anos, mocinho, recomendo que me obedeça.
Fiquei quieto.
— Ela acabou com você.— disse papai em tom provocativo, levantando e indo para o lado da ruiva para encher o próprio prato pela segunda vez. Faço careta para ele. Mamãe sorri e ajuda meu pai com o molho porque detesta que ele suje a cozinha.
Urgh, futuro. Eu só queria poder adiar o futuro.
— Vou até me retirar depois dessa.— digo fazendo caminho para fora da cozinha.
Mas aí eu me lembro. Finco os pés no chão e giro nos calcanhares.
— Ah, é, mãe! Harry está acompanhado e muito acordado lá em cima, só pra deixar avisado caso vocês ouçam algum gemido no meio da noite; não será de uma assombração.— abro um sorriso maléfico e meus pais trocam olhares. A mulher comprime os lábios e leva a colher de pau suja de molho escadas acima, meu pai arrepia os cabelos e me encara enquanto coloca seu prato de volta na ilha.
— Eu fico feliz de não ser seu irmão.
— Não se gaba demais, se eu achar algum podre sobre o senhor, vou dedurá-lo na hora se não servir de nada para mim.— zombo, papai se aproxima depressa e envolve meu pescoço com o braço, abaixando-me e bagunçando meus cabelos. Eu ri. Estava preso.
— Me respeita que eu sou seu pai, moleque!
— Nunca!
Minutos depois, papai me solta porque agora assistimos Harry correndo pela casa com o zíper da calça aberto e uma Lilly furiosa indo atrás dele.
Me vinguei pelo soco que ele me deu.
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