Reencontro


                   No dia seguinte Kate acordou bem cedo, foi para tenda de seu irmão, encontrou-o pronto e tomando desjejum com sua mulher e Livia. Sentou-se na mesa, serviu-se de frutas, bolo e um copo de suco de laranja, fruta muito comum no sul.
- Preciso falar com você. Falou Kate.
- Sim, fale minha irmã, do que se trata?
- De Guilhe, quando chegará?
- Está a caminho, mas são muitos homens, do jeito que o conheço, será o último a embarcar.
- Estou pensando em ir para Romari, não quero ficar no forte, aquelas terras são nossas, não são?
- Sim, elas são, mas lá vive o povo nômade de Tifala, ele jurou lealdade a min, junto com Akaladebe. Indo para lá, fique com eles escondida nas montanhas, aquele povo sobrevive todos esses anos por ser arisco e secreto, tudo que você precisa ser, se por acaso Baldoc vencer a guerra, vai persegui-la, sabe disso.


                                                      265
- Sim eu sei, estava pensando no litoral, mas fica realmente muito exposto, como vou fazer para encontrá-lo?
- Siga para passagem, depois vá beirando a raiz da montanha em direção oeste que ele se revelará, te entregarei uma carta, mas só por formalidade, porque ele te conhece e a guardaria com sua vida se for necessário.
- Então está decidido, quando Guilhe chegar, ficarei o tempo possível com ele, depois partirei com nosso povo.
- Agora, minha irmã, tenho que ir para ao palácio, vou procurar Ostácio para decidir o que será feito.
                   Levantou, despediu-se de todos e foi para o palácio do governador, Kate continuou com Tala e Livia conversando.
- Acha que nossa escolha por Romari será melhor? Perguntou Kate a Tala.
- Com certeza será melhor, lá é nosso país, já estamos tempo demais em terra estrangeira, chegou o momento de começarmos nossa própria história, lá nascerão nossos filhos. Respondeu Tala.
- Nossos filhos, o que quer dizer?
- Foram sonhos que tenho tido com frequência, nossos filhos nascerão em nossa terra, é isso que tenho visto, que terra será, senão Romari, é a única que temos!
                   Kate ficou calada pensando, e perguntou a Livia, que também tinha o dom da visão.
- Está também vendo isso Livia?
- Sim, sempre de uns tempos para cá, Deutro também, ele tem falado.

                                                        266
- Tem falado muito mais, disse que a profecia não se cumprindo, no caso dos corações dos homens se endurecerem com a divisão do poder, todas as cidades livres caíram, um herdeiro terá que viver para seguir o destino de Rave. Falou Tala.
- Quer disser que meu irmão morrerá?
- Não consigo ver este futuro, está muito confuso, sabemos que apenas temos que levar a semente dos herdeiros dos reis, nós somos a continuidade, se perdermos a guerra.
                   Um silêncio tomou conta do ambiente, quebrado apenas com a chegada de Mica e Krita.
- Morreu alguém? Perguntou Mica. - Por favor, me falem! Continuou com pressa em falar.
- Não, ninguém morreu, estamos falando sobre o nosso destino. Disse Kate.
- E o que tem ele? Perguntou Krita.
- Está incerto, vamos convocar todas as capitães, decidiremos nosso destino e partiremos quando os homens chegarem do norte, agora vamos falar de algo que nos traga alegria. Concluiu Kate.
                   Perguntaram a Krita sobre a terra de Romari, de como era lá. A menina falou de planícies cortadas por muitos rios, campos sem fim, com pasto suficiente para criar grandes rebanhos, uma terra muito fértil, que faz calor no dia e a noite esfria, mas uma brisa quente vinda do sul não deixa o clima ficar muito frio. No inverno chega a nevar em poucos dias da temporada, e tem anos que não neva, só nos picos da montanha fria, que pode se ver a neve. A primavera é linda, os campos ficam repletos de flores de todas as

                                                      267
cores, é uma bela terra, que não sabe porque ninguém a ocupou. Kate falou que agora pertencia a Rave, que seu reino será lá, todos ficaram felizes com a descrição do lugar e curiosos em conhecê-lo.
                   Mica perguntou sobre o litoral, e a Cambarita descreveu-o com praias com areia muito branca e fina como farinha de trigo. Ela não conhecia bem o litoral, falou apenas da parte que viu. Seu pai e Corete saiam com a cavalaria pelos campos daquelas terras, iam muito longe, ela estava sempre junto, amava cavalgar. Lembrou-se de seu amado, de seus passeios na primavera sob a luz do luar. Começou a chorar e foi consolada pelas suas amigas. Logo recuperou-se, não poderia enfraquecer, tinha responsabilidade de muitas crianças a sua pessoa, alegrou-se rapidamente e mudaram o assunto.
                   Chegando Rave ao palácio, dirigiu-se direto para o gabinete do governador, ele o estava esperando, Ostácio ofereceu que o acompanhasse no desjejum, mas o caçador recusou, dizendo que achar-se satisfeito. Conversaram assuntos triviais, sobre família e Cambari, perguntou sobre o enterro de Corete, o luto, o estado de destruição de Norabi e o que conseguiram restaurar. Rave interropeu a conversa, pedindo que a saída da passagem fosse de uso mútuo, Ostácio quis deixar para depois da batalha que aconteceria brevemente, mas Rave insistiu.
- Se não pudermos usar a passagem, como seremos um único país, nosso povo é de Norabi e Romari, a passagem é primordial para nossa soberania, diferente de vocês, que não a utilizam.
                   Ostácio sentiu-se pressionado, nunca discutiu assuntos políticos com Rave, entretanto percebeu que sua solicitação não era somente um pedido.
- Estamos em uma guerra, temos assuntos mais importantes para

                                                      268
tratar.
- Eu sei, até agora lutei pelo seu país sem pedir nada em toca, aquela estrada é muito importante para a sobrevivência de nosso país, hoje somos aliados, você e eu somos ligados por amizade e respeito, mas no futuro pode ser que a distância nos afaste. Como seria meu povo marchando com um exército para o norte, ao lado da cidade de Bigam? Ostácio ficou pensativo e Rave continuou. - Passando por dentro de seu território, só queria documentar, porque precisamos daquele acesso, isto uniria ainda mais nosso povo, seria como um voto de aliança perpétua, de mutua ajuda em caso de guerra.
                   Ostácio sentiu a reivindicação de Rave justa, e perguntou.
- E como faríamos?
- Nossa fronteira é a partir do vale de formalem, se fizermos uma linha reta. Pegou o mapa que já estava com ele, pôs na mesa e traçou uma linha que partia do ponto de subida da passagem, ligou a queda do rio olireu, e depois desceu com uma reta para o sul até a praia, e continuou. - Sendo assim, Bigam ficaria exatamente na fronteira e a passagem seria de uso comum de nossos povos, uma terra neutra, entende?
                   Ostácio olhou para o mapa e viu que realmente não perderia nenhuma de suas cidades de seu território, só regularizaria a situação da fronteira.
- Sim, para min está muito justa sua divisão, quanto a passagem, vocês já controlariam mesmo do lado norte, isso me daria uma oportunidade de documentar as minhas caravanas para o norte através de Norabi, sem pedágio ou algo parecido?


                                                          269
- Sem pedágio sim, mas dividindo a manutenção da estrada.
- Como faremos então?
- Podemos usar este mesmo mapa e regularizar em cartório de Cambari, e com minha assinatura de Romari, pedimos ao rei de Quedas e o líder de Tebas assinarem como testemunhas, sei que estarão aqui daqui a pouco mesmo!
                   Ostácio chamou seu secretário, pediu um mapa igual para ter as duas vias, o tabelião de Cambari logo chegou ao gabinete e todos os tramites foram desenrolados. Ao chegar Filipus e Salitu, foram convocados para assinarem o tratado de fronteira, o pai de Rave sentiu uma mudança no proceder de seu filho, de nunca ter testemunhado uma atitude política de sua parte. Fez o que fez no sul e não pediu nenhuma vantagem, achou que aquela procedência era por causa da conversa com ele no dia anterior, sentiu que Rave não confiava mais neles, e quis resolver sua fronteira enquanto todos necessitavam de seu bom retrospecto nas batalhas que liderou e falou para testá-lo.
- Por que isso agora? Não poderia ser depois da guerra.
- Depois da guerra posso estar morto, e meu povo merece um lugar para viver, só quero o bem estar dos meus.
- Sim, você está certo Rave, é sempre bom negociar antes de uma guerra, porque depois tudo pode mudar. Falou Salitu.
- Então vamos ao que interessa. Pediu Ostácio.
                   Rave estava calado, sua atitude mudou com aqueles homens, queria ver até onde a ambição deles iria. Filipus pediu a palavra, por ser o mais indicado para falar sobre o inimigo, pois tinha lutado com Baldoc recentemente no sul.

                                                      270
- Senhores, nosso inimigo é bem mais poderoso que vocês estão achando, ele tem uma esquadra que ultrapassa uma centena de navios, pois ficaram com toda minha frota e a de Rondar, fora a ajuda que poderia ter de outros portos locais. Mais cinquenta mil soldados, podendo aumentar depois da conquista de Tebas, lá poderá encontrar partidários e engrossar ainda mais sua tropa, eu tenho um plano, mais talvez destruiria Cambari.
- Qual é o plano? Perguntou Ostácio.
- Não poderemos confrontar-los no mar, seria suicídio, a sua esquadra é muito grande, mas se deixarmos desembarcarem, eles entrariam na cidade e a destruiriam. Logo após viriam até nós, no forte. Aí que o plano começaria, dividiríamos nossas forças com uma no forte e outra sendo a grande cavalaria para atacá-los do lado de fora, investiríamos contra a força deles depois que se posicionassem com suas máquinas de guerra e infantaria ao lado de fora da muralha. Conseguiremos surpreendê-los, talvez até acabar com uma grande parte das torres e catapultas, já que eles não tem muitos cavalos para defenderem-se, o que acham? Perguntou Filipus.
- O plano é bom, sabendo do conhecimento que você tem do inimigo, mas quem ficaria do lado de fora? Perguntou Salitu.
- Eu ficarei, tenho quase onze mil cavaleiros, mas precisaria de mais uns cinco, poderia ceder-me a tropa da reserva Ostácio? Perguntou Rave para o governador.
- Sim, poderia.
- Não, deixe a tropa da reserva dentro do forte! Não estão tão treinados e a batalha externa, será a parte mais complicada do plano. Eu cederei minha cavalaria, possuo oito mil cavaleiros treinados e eles cavalgaram ao nosso lado, pois eu estarei com você Rave. Falou Salitu.

                                                      271
- Então ficarei no comando dentro do forte. Complementou Filipus.
- O plano é ótimo, mas podemos fazer melhor. Pegou o mapa e colocou na mesa e mostrou pontos que o inimigo poderia desembarcar. Mostrou lugares de outeiros para colocar arqueiros, pontos de valas de óleo, para empurrar o inimigo com chuvas de flechas e queimá-los nas valas incendiadas. Cavalarias escondidas em vales, que ao passarem a tropa inimiga, um assalto rápido atropelando e fugindo. Catapultas escondida na praia, para lançar projeteis nos navios em chamas e de pedra. Armadilhas de óleo, atrairiam o inimigo e incendiariam campos com todos eles dentro. Respirou um pouco, olhou para reação deles e continuou. - Teremos que aterrorizar com muito medo, para quando chegarem no forte ou na cidade, a moral deles estarem bem baixa. Quanto a cidade, poderemos deixar parte da cavalaria, e atrairmos para pontos que mataríamos muitos com fogo e flechas, fora atropelarmos tropas inteira em ruas, colocando iscas para serem perseguidas entre as ruas da cidade.
                   Mostrou tudo no mapa, a reunião tornou-se dele, ninguém falava, pelo contrário, a admiração de todos era imensa, Ostácio chegava a bater palmas com as idéias, no fim do seu esquema de guerrilha, todos ficaram calados, não tinham palavras para comentar sobre a mente daquele rapaz. Filipus reconheceu o que foi falado por Talode no dia anterior e pediu a palavra.
- Meus aliados e irmãos, ontem fui visitar Rave e descobri que ele mais sua irmã são meus filhos. Muitas palmas e risadas pararam seu discurso. - Queria convocar dois homens para nossa reunião, eles são Talode e Deutro.
                  Rave olhou para seu pai admirado, não esperava esta atitude dele, depois da conversa de ontem e interrompeu.

                                                          273
- Não precisa chamar os dois, eu sei o que vai ser dito. Filipus tentou interromper, mas Rave prosseguiu. - O que eles falarão eu posso fazer, sem precisar colocar pessoas que eu amo tanto, em meio a políticos que hoje estão planejando a guerra, mas amanhã voltaram para seus países. Isto se sobreviverem e continuarão com seus acordos de comércio e tal, com Baldoc, ou outros que surgirão, esperando mais uma vez um louco desses atacarem vocês. Eles acreditam na profecia e na volta dos tempos de supremacia dos reis, onde o mal não vencia, se vocês não acreditam, porque chamar eles? Aquele discurso de Rave foi carregado demais de verdade e abalou todos os ouvintes, pela sinceridade do caçador.
- O que quer dizer com isso Rave? Também será um rei e terá que fazer política para sustentar seu povo e julgar os infratores. Falou Salitu.
- Justamente por este motivo que não permitirei que Talode e Deutro venham aqui, se me tornarei como vocês, só o tempo dirá, mas hoje tenho acreditado na profecia que me falaram um dia, e digo, sempre achei que não era eu, nunca busquei poder e posição, e o que eles vão falar é que vocês, reis e governadores teriam que jurar fidelidade a min, como seu senhor e rei supremo, senão perderiam a guerra, e aí, vocês fariam isso?
- Eu jurarei. Disse Filipus, surpreendendo Rave.
- É muito fácil você jurar Filipus, Rave como disse, é seu filho e seu país foi tomado. Falou Salitu.
                  Ostácio ficou calado e uma discursão entre os dois outros começou. Rave não falava nada e percebeu que o governador de Cambari o observava, de repente Ostácio interrompeu a discursão entre Filipus e Salitu falando.

                                                          273
- Eu jurarei, como faremos isso Rave?
- Eu não sei, mas Talode e Deutro sabem.
- Você está louco Ostácio, seu povo concorda com isso? Teria que fazer um plebicito para autorizar. Falou Salitu.
- Não sabe de nada Salitu, o meu povo já é dele, todos meus generais e capitães são fieis a Rave, como posso impedir algo que é maior do que eu?
- Eu não jurarei, vocês são governadores, eu sou rei.
- No fim da guerra, todos seus homens estarão sob o comando de Rave, esqueceu que vai lutar com ele, é irresistível, ceda logo, pois terá que fazer isso depois. Pelo menos cumpriremos a profecia e que importa, se perdermos todo nosso povo morrerá. Falou Filipus.
- Não aceitarei, os planos estão prontos, quando começaremos a organizá-los? Falou Salitu, cortando aconversa sobre a profecia, e o juramento.
- Começaremos depois do almoço, leve seus homens que tenha talento com construção, para porta do forte da ferradura. Falou Ostácio.
- Estaremos lá, passem bem. Despediu-se Salitu de todos e saiu.
                   Filipus abraçou Ostácio, que ficou sem jeito.
- Vamos chamar Talode e Deutro aqui, poderemos fazer o juramento e depois conversaremos sobre a profecia, assim terei informações da procedência que meu povo deverá tomar em relação a Rave, parabéns por vocês, pai e filho, quem diria. Falou Ostácio.
                   Em pouco tempo, os dois mestres chegaram a presença

                                                          274
do governador, o juramento começou com Talode pedindo para repetirem suas palavras, mas com seus próprios nomes e posições.
- Eu Talode, mestre das tradições, juro defender e ser leal ao meu rei e senhor Rave, nas guerras e na paz, na colheita e no semear, na fome e na fartura, na tempestade e na bonança, na riqueza e na pobreza, defendendo e amando o enviado da profecia, para julgar e punir aqueles que não defenderem seu povo, nem ajudarem os oprimidos, até que o meu corpo seja levado pela morte.
                   Os dois senhores de seus povos juraram e ficaram com a sensação de dever cumprido, como se tudo em suas vidas fossem em prol daquele dia. Ostácio comentou seu sentimento e Talode confirmou.
- Vocês não foram reunidos aqui pelo acaso, assim deveria ser feito e foi. Não tenham temor por Salitu, antes do seu fim, ele jurará na frente de todos seus homens, seu juramento será mais válido do que o de vocês, pois o número de testemunhas ultrapassará de milhares. Falou Talode.
                   Todos ficaram sem entender as palavras de Talode. - O que elas significavam, antes de seu fim... Na frente de milhares...
                   Os participantes da reunião foram interrompidos, pela pressa em todos colocarem os planos em prática.
- Agora vamos almoçar, estou faminto, lá você me conta os detalhes da função de Rave com meu país. Falou Ostácio, interrompendo o pensamento de todos em relação, as palavras de Talode.
                   Todos seguiram para sala de jantar, sentaram-se e começaram a ser servidos. Talode começou a falar das responsabilidades de Rave com eles e a deles com Rave.

                                                        275
- Rave terá que cuidar de vocês, digo protegendo seus países. Continuaram a ser livres, mas haverá uma convocação de soldados por todo o reino, uma inspeção em seus governos dentro do juramento, um tribunal para jugar e derrubar um mau administrador e coisa parecida, todavia na dificuldade, o rei terá que encontrar formas de vencer as crises que virão, no caso de Tebas, depois da guerra Rave terá que reconquistá-la. Quanto as leis, são as suas próprias, nada mudará. Serão contra a escravidão e tudo que herdaram do código de leis dos reis antigos, não perderam seus poderes quem agir corretamente, já os maus sofrerão com a mão pesada do rei, acham isto impossível de cumprir?
- Não, na verdade não mudará muito do que vivo hoje. Falou Ostácio.
                   O fim da reunião acabou com a refeição, foram direto para o forte da ferradura, para começar os preparativos da defesa da cidade.
                   Durante este tempo que a cidade se preparava para uma batalha, a grande cavalaria estava se deslocando para Cambari. Guilhe era seu comandante supremo, tudo corria conforme suas ordens, muitos navios tinham partido com homens e cavalos do porto de Otis. Ele entrou no último navio ao lado de Enzo e Prisco, os feridos ficaram em Bigam, inclusive Atila, que estava possesso com a idéia, mas não adiantaria, seus ferimentos eram gravíssimos e ele não tinha a mínima condição de lutar.
                   Em Cambari, as embarcações começaram a chegar depois do quarto dia de navegação pelo belo rio Olireu. Muitos familiares receberam seus entes queridos com grande preocupação por causa da batalha da passagem, eram homens transformados, como Talode

                                                        277
e Ostácio disseram, a fidelidade a Rave era irresistível. O caçador era o maior assunto da cidade com a chegada dos homens da guerra, seu nome era falado e cantado, Salitu observava aquela mudança depois da chegada dos soldados e pensou. - Realmente Rave é um grande homem. Mas não dava o braço a torcer.
                   Quando Guilhe chegou foi direto para casa, estava com muitas saudades de sua mulher e com ele Enzo, Prisco e todos os capitães do povo do caçador, que passaram aquele dia de folga com as suas famílias. Kate falou sobre a ida para Romari, mostrou o título das terras com a fronteira demarcada que Rave confiou a sua irmã. Guilhe ficou muito orgulhoso de seu amigo, que ali garantiu a permanência de seu povo em terras tão belas e férteis. Ela também falou que seu irmão disse, que seu marido seria governador de Norabi, Guilhe se emocionou com a tamanha confiança e consideração que teve por ele, falando que deixaria a cidade linda e percebeu que Kate não estava tão empolgada com a notícia, que sonhava com o mar e assim não moraria na praia.
- Meu amor, depois da guerra teremos a paz tão sonhada, poderemos ter uma bela casa na praia, para passarmos o tempo que você quiser.
                  Ela percebeu como seu amado era observador, sabia interpretar suas vontades sem que ela pedisse.
- Você é o melhor e mais lindo marido do mundo.
                   Deu um beijo e um abraço forte, ficaram durante todo aquele dia sem sair um perto do outro, foi um dia feliz para aqueles que retornaram da guerra, e encontraram suas famílias bem e também protegidas da ameaça de Baldoc.

                                 278

___________________________

O cerco está se fechando em torno da nova aliança de reis, que ainda não está consolidada pela falta do juramento de Salitu. O palco desta queda de braço será a cidade de Cambari, o ódio dos sulistas por Rave, "o justiceiro de Rondar". Junto a repulsão que possuem de Filipus, que os punia nos acordos comerciais no sul, devido a prática da escravidão. Isto oportunamente será usado por Baldoc, que apesar de querer todo o poder, quer também a cabeça de Rave, desejo antigo de Doge que corre por fora de tudo isso, com um único intuito. Ter Kate e ser seu próprio senhor.
Grato,
J.B.Brown

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top