Cumprindo Promessas



Caos, era a única palavra que poderia definir o que aconteceu naquele fatídico dia. A tropa de exploração estava completamente destruída da missão, incapaz de fazer algo sem pessoas o suficiente para ser relevante. Primeiro Shiganshina e depois a Muralha Maria inúmeros civis, e soldados da guarnição mortos de um instante para o outro.

Os que sobreviveram se mudaram para a Rose, trabalhando em plantações com o objetivo de não morrer de fome; nem os refugiados, nem os moradores originais.

Com toda a desgraça que se desenrolou me parecia injusto estar em Yakell comemorando o aniversário de Briana. Alheia ao medo que cercava os adultos a pequena ria e brincava com outras crianças o céu estava claro e a brisa soprava fraco, estava sentada numa cadeira enquanto Arlo estava deitado ao meu lado com um chapéu sobre o rosto.

— Agora eu sei porque ficaram tanto tempo por aqui, é um lugar legal.

— Não fale merda — não precisei responder Levi mesmo fez isso por mim.

O homem estava sentado ao meu lado com o braço sobre a minha cadeira, todos estávamos com roupas comuns — de civis —, e aproveitávamos alguns dias de folga. Shadis se aposentou da tropa e Erwin assumiu como líder do reconhecimento. Levi foi promovido a capitão, de um esquadrão de elite e Arlo se tornou um tenente como Hange.

Suspirei alto e deixei meu corpo tombar até encontrar apoio em Levi — Com tudo que está acontecendo, é mesmo certo estarmos aqui?

— Os problemas que acontecem entre os adultos não podem roubar o sorriso de uma criança — Arlo se sentou grunhindo e ajeitando o acessório na cabeça. Estava com uma cara de sono e tinha algumas folhas nos cabelos ele chacoalhou os fios dando um bocejo em seguida —, não podemos matar a esperança que dorme nelas. Então tira essa careta feia do rosto.

— Ah cale a boca — resmunguei batendo o joelho em seu ombro, fechei os olhos em seguida.

Ronan e Aly reformaram a cabana e agora tinham uma vida tranquila no campo, tinham plantações e alguns animais. Pareciam estar bem, Brandon e Briana cresceram bastante mesmo nos meses em que passamos longe, chegamos na cidade principal na noite anterior e descansamos num dos casebres antes de pegar os cavalos e seguir para a cabana.

Arlo soube da história completa do que aconteceu em Yakell alegando não ter mais nada a fazer resolveu acompanhar.

— Tio, tio — a criança veio correndo com uma outra menina em direção de Arlo, pegaram suas mãos e o forçaram a levantar —, vem com a gente!

— Não sei — o homem fez graça quase de deitando de novo —, o que as senhoritas precisam?

As duas tinham as bochechas coradas e trocaram risos — Só vem.

— Vai tio Arlo — me meti no meio sorrindo —, vai alimentar a alegria dessas damas.

— Já que a minha presença é tão solicitada... Eu vou! — ele se levantou num salto fazendo ambas gritarem e saírem correndo da encenação barata do meu amigo. Seu chapéu ficou caído no chão e antes de voar eu me inclinei para o pegar, bati um pouco da terra e girei ele na mão, virei o rosto para Levi me pensando como ele ficaria de chapéu.

— Nem pense nisso — interrompeu meu pensamento me fazendo rir alto.

— Como sabia o que eu estava pensando?

— Não é muito difícil — revirei os olhos e me inclinei em sua direção usando o chapéu para tampar nossos rosto e proteger a inocência das crianças. Não era comum compartilharmos gestos de afeto na frente de outras pessoas muito menos beijos mas julgando como o homem estava rabugento dessa vez valia a pena.

O gosto de Levi era intenso, como os chás que ele mesmo adorava levou algum tempo para evoluir o gesto para um beijo profundo, mas agora parecia ser os favoritos dele. Lentos e profundos, me envolvia de maneira indescritível. O braço que estava apoiado na cadeira se mexeu e sua mão segurou o meu pescoço o puxando para mais perto.

Sua testa permaneceu colada com a minha e me ver refletida em seus olhos escuros era uma das minhas visões favoritas. Afastei-me lentamente vendo que o franzido entre seus olhos diminuíram, não segurei o riso que veio junto com meus pensamentos.

— Não precisa ficar com ciúmes, Briana não vai te trocar por Arlo.

Seus olhos se abriram levemente e Levi desviou o rosto escondendo o leve rubor que tomou seu rosto. Girei o chapéu na mão e coloquei em minha cabeça — Só estão animadas com um bobo que faz tudo que elas querem.

— Você bebeu escondida? Está alucinando — o homem se ajeitou na cadeira e curvado para frente apoiou os dois cotovelos sobre as pernas.

— Não doí ser sincero com seus sentimentos Levi — acariciei suas costas, na distância podíamos ver o nosso amigo bem animado com as meninas — Arlo deve estar lembrando da irmã dele. Se quiser um pouco de atenção pode se juntar a eles. Posso me virar sozinha por algum tempo.

Ele bufou e limpou a garganta — Eu vou pegar algo.

Sempre tão direto para algumas coisas e tão evasivo para outras, contudo comparado com o dia que fomos o buscar no subterrâneo já estava muito diferente. Levi era uma boa pessoa, muito leal, apenas mal interpretado.

O que me fazia pensar em seu esquadrão, os melhores dos melhores escolhidos a mão. Ele tentou tirar Ethan do meu esquadrão mas numa disputa verbal consegui manter o garoto sob meus cuidados, sua fama era conhecida por todos então estar no time Levi era uma grande honra para os soldados da tropa de reconhecimento.

— [Nome] — uma figura se aproximou. Era Brandon ele tinha as mãos juntas na frente do corpo e um rosto corado, o garoto estava com uma aparência muito mais saudável da que viu quando deixou Yakell a última vez.

— Brandon — chamei —, sente-se. Vi você correndo atrás de Bri o dia inteiro, descanse um pouco.

Ele se sentou na cadeira que antes era ocupada por Levi, sem falar nada apenas parecia nervoso e envergonhado. Tomei nota de suas mãos, tinham marcas e cicatrizes muito parecidas com as minhas próprias, estiquei o braço e peguei uma delas entre minhas. Vendo os calos em suas palmas. — Você tem escalado.

— Sim, todos os dias. Tem um rochedo ao norte e as árvores também são altas — me respondeu.

— Entendo, é bom treinar mas não esqueça que precisa cuidar de seu corpo também. Suas mãos são importantes, corra para treinar estamina e preste atenção em sua força também — ergui a mão até seus cabelos fazendo um carinho.

Brandon balançou a cabeça concordando, desviou os olhos por um instante parecendo galgar coragem para falar algo — Hum... Você e Levi são casados?

Engasguei tossindo em seguida balançando a mão — Da onde veio isso? Casados não, somos... Um casal, mas não casados.

— E você gosta dele? — continuou perguntando com inocência — Ele te protege?

Senti meu rosto esquentar e ajustei o chapéu de Arlo — Bem, sim. Para as duas perguntas, isso não é assunto para uma criança.

Apertei de leve sua bochecha.

— Não sou criança — reclamou —, Briana que é.

— Também não é um adulto, porque pergunta essas coisas?

Seu rosto ficou vermelho — Nada.

Tirei o chapéu e coloquei sobre sua cabeça, nesse ponto, nós dois estávamos com vergonha. Era tudo muito recente para sequer pensar em cogitar um laço matrimonial, mas alguma parte do meu interior pareceu se aquecer com a ideia; ainda que nunca tivesse surgido como assunto. Essa vida que temos não é fácil, morte é uma companhia diária, mas se fosse pensar em todos os dias que me restam, não pensaria em passar eles com outra pessoa que não seja Levi.









N/A: Aquele clássico de transição só para deixar o coração quentinho!

Obrigada por ler até aqui! Xx

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