Capítulo 20

LÁBIOS carnudos roçaram meu pescoço ao mesmo tempo em que dedos grossos passearam pela minha pele em um caminho sinuoso até parar em um mamilo eriçado, torcendo-o sem dó enviando uma corrente elétrica diretamente ao meio das minhas pernas.

Deixei escapar uma respiração profunda e sonolenta conforme despertava para a maravilhosa realidade.

Uma realidade que esperei por muito tempo.

Acorda, dorminhoca... -A voz rouca fez meu corpo inteiro estremecer e abri os olhos lentamente, me virando para o lado à procura do mar azul que me encarava de volta.

— Bom dia, Coelhinha. -Viktor sorriu sereno, acariciando minha bochecha com ternura.

— Bom dia, Schultz.

Imitei a sua expressão sem conseguir conter a felicidade que sentia naquele momento.

Nós tínhamos dormido juntos de novo, mas dessa vez finalmente fizemos algo além de apenas dormir.

Eu transei com Viktor.

E caramba, foi transcendental.

Ainda podia sentir os seus lábios sobre mim, o cheiro do seu perfume misturado com nossa excitação e até mesmo o som da sua respiração acelerada ao chegar no limite.

O dia anterior se reproduzia uma e outra vez na minha mente e desejei em silêncio que tudo se repetisse em um loop infinito.

Droga, por mim eu nem mesmo sairia dessa cama para começo de conversa.

O quarto ainda estava banhado pela escuridão e me espreguicei de leve sentindo meu corpo se relaxando pouco a pouco.

Viktor continuou me tocando como se não pudesse manter suas mãos longe por muito tempo e em questão de segundos a temperatura subiu nos deixando ofegantes pelos toques e gemidos ansiosos.

— Parece que alguém acordou bem animado hoje... -Brinquei estendendo a mão até a sua cintura e bombeando seu membro rijo para cima e para baixo devagar.

— É difícil manter a compostura quando você está nua ao meu lado, liebe. -Franzi o cenho ao escutar novamente a palavra em alemão.

— O quê isso quer dizer?

— Que você é tão gostosa que me faz ficar com um tesão que...

— Não, -ri baixinho — a palavra, o que significa?

— Ah... -Viktor pareceu refletir um pouco antes de responder. — Significa Coelhinha. É o seu apelido em alemão.

Inclinei a cabeça para o lado, desconfiada com a sua pausa suspeita.

Era bastante óbvio que ele estava mentindo.

Durante os anos que compartilhamos nossa amizade, aprendi a ler suas expressões como se fossem um rio cristalino.

E tinha quase certeza que ele conseguia fazer o mesmo comigo.

Seu olhar se prendeu ao meu, azul contra o marrom.

Uma combinação estranhamente perfeita.

— Tem certeza? Porque eu posso perguntar para Bertha... -Provoquei baixinho e Viktor sorriu ainda mais.

— Desde quando você ficou tão curiosa, hum? -Seus dedos desceram até a minha virilha, se introduzindo lentamente um por um na minha vagina até que a pressão me atingisse em cheio.

Meu Deus.

— E-eu... -engoli em seco apertando as pálpebras em busca de concentração. — Eu sou uma detetive, lembra? Meu trabalho é fazer perguntas. - Meus gemidos ficaram cada vez mais altos com as suas investidas.

Uma detetive gostosa para caralho. -Viktor repetiu, me arrancando uma risadinha ofegante. — E eu estou morrendo de fome, vem aqui. -Seus dedos saíram de dentro de mim subitamente e ele me puxou para cima pela cintura me arrancando um gritinho agudo.

Em questão de segundos eu estava praticamente sentada na sua cabeça.

— Viktor! -Sibilei dividida entre rir e me segurar na cabeceira para não cair.

Sem dizer nada, ele deslizou a língua pela minha fenda, capturando meu clitóris com os lábios sem parar de me chupar, lamber e brincar com a minha sanidade.

— Oh, caralho... -Gemi enquanto rebolava no seu rosto ao mesmo tempo em que ele enfiava um dedo na minha outra entrada me levando à loucura.

Droga, ele realmente estava me torturando, me fazendo desejar com todas as forças ser fodida por trás.

"Não vai ser tão fácil, vou te fazer implorar para ser comida por trás" ele disse.

E isso não estava muito longe de acontecer.

— Hum... deliciosa... -Meu corpo vibrou com a voz abafada. — Isso, rebola para mim, Alicia. Mais forte...

Como se eu fosse comandada pela sua voz, comecei a aumentar a velocidade balançando para frente e para trás, para um lado e para o outro com empenho.

Seus dedos apertavam minhas nádegas, massageavam tudo dentro de mim e me faziam revirar os olhos ansiando por mais.

Geralmente era eu quem tinha o controle nesse tipo de situação.

Eu conduzia cada ação, cada movimento, no entanto, Viktor de uma maneira quase natural conseguia me dominar.

Ele me neutralizava, me reduzia a apenas uma enorme poça aos seus pés -nesse caso na sua cara- sem nenhum esforço.

Eu o obedecia sem duvidar.

E porra, eu nem mesmo sentia vergonha por isso, porque o maldito sabia muito bem o que estava fazendo.

— Vik, eu não vou... -ofeguei sentindo os primeiros espasmos cada vez mais perto — eu não vou aguentar muito.

Tentei me levantar, mas ele me apertou firmemente contra o seu rosto.

— Não resista, linda. Quero que se derrame em cima de mim.

— Puta merda... -Minhas pálpebras se fecharam com força.

Eu não parava de me mover, minhas pernas começando a ficar dormentes, mas eu continuaria por quanto tempo fosse necessário.

Não cometeria a loucura de parar.

Não quando Viktor trabalhava duro me penetrando com a língua e dedos, me lambendo e bebendo até a última gota como se estivesse perdido no deserto e eu fosse sua única fonte.

O orgasmo me atingiu em cheio minutos depois, mas aquilo não era suficiente.

Eu estava sedenta por mais.

Eu estava sedenta por ele.

Me levantei com cuidado para não cair e nos machucar e deslizei meu corpo pelo de Viktor, descendo até que meu rosto estivesse na altura do seu que brilhava com a minha excitação.

Com um sorrisinho safado, continuei meu caminho parando apenas ao chegar no seu membro duro como pedra e antes mesmo que ele pudesse dizer uma palavra, arrastei a língua da base até a ponta, seu olhar voluptuoso me queimando por inteiro.

Brinquei um pouco com as suas bolas, massageando-as com maestria e me divertindo com o seu desespero até que nem eu aguentei e enfiei tudo dentro da boca, chupando com gosto, subindo e descendo ao mesmo tempo em que levava uma mão até o meu clitóris, massageando-o em busca de um segundo orgasmo.

— Oh assim... isso... -Viktor gemeu depois de um tempo, seus dedos segurando meus cabelos e me movendo na velocidade que ele queria.

Não demorou muito para que ele ficasse cada vez mais inchado e duro e aumentei a velocidade tanto das minhas investidas quanto dos movimentos circulares em mim mesma.

Éramos um emaranhado de dedos, bocas e corações acelerados.

Cada um buscando o próprio prazer, mas sem esquecer do outro.

Não havia nenhuma gota de egoísmo ali, apenas afeto e uma chama crescente que uma hora ou outra queimaria todo o quarto.

Porra, que queimaria todo o universo.

— Eu vou gozar, Alícia... - Viktor rosnou tentando me afastar, no entanto, continuei estimulando-o com os lábios e língua até que ele despejou todo o seu gozo dentro da minha boca e engoli tudo enquanto meus dedos me levavam até a liberação entre gemidos abafados e respirações aceleradas.

— Acordar da maneira tradicional não vai ser suficiente a partir de hoje. -Sorri engatinhando de volta até parar em cima do seu peitoral, apoiando meu queixo nos braços cruzados.

— Só espero que Chess não tenha visto nada disso, ela ainda é uma adolescente.

Viktor gargalhou arrumando uma porção de cabelo atrás da minha orelha.

— Sua gata foi para o outro quarto há pelo menos meia hora.

Soltei um suspiro aliviado.

— Ainda bem... por falar nisso, que horas são?

— Seis e quinze. -Ele respondeu depois de revisar o celular que descansava em cima da mesa de cabeceira.

— Caramba, não acredito que me acordou tão cedo apenas para transar!

Ergui meu corpo fingindo estar realmente chateada.

— Vai me dizer que não gostou?

Seus dedos apertaram meu mamilo com picardia e fui obrigada a concordar.

Me levantaria na mesma hora todos os dias sem reclamar se fosse acordada com a sua língua entre as minhas pernas.

Touché... -pisquei um olho — mas por que a essa hora?

— Preciso ir para o cassino, lembra?

Beijei seu peitoral musculoso sentindo-o ficando duro outra vez, a cabeça do seu membro roçando de leve um ponto bem sensível.

— Oh... nesse caso, acho melhor a gente tomar um banho. Não quero ser responsável pelo primeiro atraso do grande Viktor Schultz. -Debochei me levantando de vez e correndo até o banheiro, sendo alcançada em segundos.

O tapa que recebi em uma nádega só serviu para me deixar ainda mais empolgada.

— Se eu não estivesse planejando te dar prazer quando voltar, te colocaria de castigo pelo dia inteiro.

— É mesmo? E qual seria esse castigo?

Sussurrei apertando a beirada da pia de mármore e empinando a bunda para provocá-lo ainda mais.

Era divertido e sensual ao mesmo tempo.

Eu queria que ele ficasse louco, que não parasse de pensar em mim enquanto estivesse longe.

Deus, Viktor nem havia saído e eu já desejava que ele voltasse.

Ainda mais quando ele segurou minha cintura atraindo meu corpo para trás em uma posição que me fazia sentir o quão pronto ele já estava.

— Eu te tocaria assim... -Seus dedos escorregaram por uma nádega até chegar no meu ânus, mas ele não foi além disso — Te beijaria assim... -Meu pescoço se arrepiou quando ele lambeu minha pele quente e expectante. — Eu faria você implorar por mais. -A mão livre beliscou meus mamilos e nesse momento eu só sabia gemer e suspirar.

Era como se as palavras se dissolvessem dentro da minha cabeça.

— Viktor... -O espelho ficou embaçado com o meu hálito quente.

— Então sabe o que eu faria depois?

Balancei a cabeça para os lados, as pálpebras tão apertadas que começavam a doer.

Eu tomaria um banho.

Viktor se afastou sem nenhuma gota de vergonha na cara e abriu o box entrando debaixo do chuveiro com um enorme sorriso no rosto.

— Filho da puta.

Rosnei levando minha própria mão até meu clitóris.

Aquilo não ficaria assim.

Eu estava quente e precisava daquele orgasmo.

Viktor ao perceber o que eu estava fazendo bem ali na sua frente, ficou sério de repente, seu olhar preso onde minha mão trabalhava sem parar.

— Venha cá, Alicia. -Ele ordenou, mas neguei com veemência, um sorrisinho prepotente se formando no meu rosto.

— Agora é você quem vai ser castigado.

Levantei uma perna apoiando meu pé na tampa do vaso e continuei enfiando dois dedos dentro de mim, minha cabeça pendendo para trás com o peso da excitação.

— Quero te ouvir, Coelhinha.

Sorri abertamente dessa vez.

— Viktor... -Gemi sabendo muito bem o que ele insinuava. — Oh, Viktor... Viktor... -Conforme eu aumentava a velocidade dos meus dedos, aumentava também o volume dos meus gritos.

Eu estava tão perto.

Quase na beirada do abismo, a apenas um passo de me jogar.

— Isso, toque-se para mim, só para mim... -Abri os olhos de repente experimentando uma vontade insana de vê-lo e não me arrependi de fazer isso ao encontrá-lo com os dedos sobre si mesmo, bombeando sua dureza para cima e para baixo.

— Eu... eu preciso de você, Viktor. -Exclamei baixinho com as sobrancelhas tão unidas que quase não acreditei no que eu acabava de falar.

Aquela frase tinha um significado bem mais implícito do que eu queria admitir.

Eu precisava de Viktor.

Sempre o fiz.

E era muito tarde para fingir que eu não estava louca por ele.

— Eu sou todo seu, Alícia, tome o que quiser de mim. -Seu olhar assustado também transmitia muito mais do que qualquer um poderia enxergar.

Era como se ambos não quiséssemos nos entregar, como se o medo nos impedisse de ir mais além, mas ao mesmo tempo não podíamos controlar nossas emoções.

Quando estava quase chegando no ponto máximo do prazer, me juntei a ele debaixo do chuveiro e capturei seus lábios com os meus, beijando-o sem reservas ao mesmo tempo em que ele levantou minha perna com cuidado, me penetrando com força até o talo.

— Oh Deus. -Mordi seu ombro me controlando para não gozar ali mesmo.

Só não escorreguei no chão molhado, porque ele me segurava firme.

— Eu sou todo seu, liebe. Todo seu. -Ele arremeteu rápido, chegando tão fundo que não aguentei mais e gritei seu nome pela última vez antes de atingir o terceiro orgasmo do dia.

Viktor deu um passo para trás e se liberou na minha barriga, esfregando a ponta do seu membro na minha pele como se quisesse deixar sua marca em mim.

Como se ele precisasse disso.

Eu já estava marcada desde aquele beijo no jardim entre as nossas casas.

E por mais que ele tenha desaparecido por quinze anos, ela ainda permanecia cravada dentro do mais profundo do meu ser.

— Não usamos camisinha... -Ele observou depois de alguns minutos enquanto nos secávamos calmamente.

— Eu estou limpa, não precisa se preocupar.

— Não me preocupo com isso. Só...

— Não quer ter um filho tão cedo? Eu também não. -Sorri apontando para o meu braço. — Tenho um amiguinho bem aqui que me protege, no entanto, eu sempre uso camisinha para não correr o risco de ganhar uma clamídia ou qualquer outra dessas merdas.

— Eu também estou limpo -Viktor afirmou rapidamente — na verdade, essa foi a primeira vez que eu esqueci de colocar uma, e porra, foi o melhor erro que já cometi na vida.

Suas mãos apertaram de leve meus ombros me atraindo para um abraço carinhoso e foi como se um milhão de borboletas eclodissem dentro da minha barriga.

— Há escovas de dente novas dentro do armário do banheiro caso não queira ir até o outro quarto. Irei preparar algo para que possamos tomar café da manhã, já volto. -Recebi um beijo rápido no topo da minha cabeça antes dele se afastar para colocar uma calça de moletom e uma blusa de algodão para só então me deixar sozinha com meus pensamentos.

Apertei a faixa do roupão e aproveitei para fazer xixi e escovar os dentes sem conseguir parar de sorrir.

Era engraçado como apenas lembrar do que fizemos me deixava quente e pronta para outra rodada.

Viktor além de muito bem dotado, resultou sendo uma pessoa extremamente carinhosa e boa de cama.

Deus, eu era uma vadia sortuda e safada.

Sequei o rosto com a toalhinha branca pendurada ao lado do espelho e voltei para a cama substituindo o roupão por uma das suas blusas inspirando profundamente para sentir o seu cheiro que estava impregnado em cada uma delas.

Viktor apareceu minutos depois com uma bandeja lotada de comida e meu estômago roncou no mesmo instante me lembrando de que eu precisava comer.

Me sentei para não correr o risco de derrubar tudo em cima da cama e tomamos o café juntos em um silêncio confortável.

Seu olhar não deixava o meu e a cada momento sorríamos como dois adolescentes depois de ter a sua primeira vez.

E era exatamente assim como eu me sentia.

Transar com Viktor foi completamente diferente de todos os outros caras com quem eu fiquei

Com ele parecia ser mais significativo, mais... emocional.

Nem mesmo Josh me fazia sentir aquelas borboletas no estômago durante todas as vezes em que dormimos juntos.

Eu sabia que isso aconteceria.

Sabia que uma vez que Viktor me tomasse para si, as coisas não voltariam a ser as mesmas.

Porque ele me possuiu de uma maneira que não podia nem chegar a descrever, por mais que ainda estivesse chateada por conta do que vi.

Por falar nisso...

— Não pense que esqueci do que você fez naquele barracão, Vik. -Afirmei dando uma mordida generosa no pão doce recheado com presunto e queijo.

— Alícia...

— Não vou te julgar. -Ele respirou fundo, o alívio ricocheteando nas suas íris azuis. — Mas também não quero que você continue fazendo essas coisas. -Pedi sentindo meu estômago se contorcer com medo da sua resposta.

— Eu... -Seus dedos pentearam os cabelos ainda úmidos para trás. — Eu passei dos limites, mas como disse antes, não me arrependo de nada.

Enruguei o nariz em uma careta descontente.

— Eu não posso lidar com você se arriscando dessa maneira por minha causa, Viktor. Além do mais, quero participar das investigações a partir de agora, afinal de contas, é a minha liberdade que está em jogo.

A última frase saiu em um sussurro me lembrando de que apesar de estarmos em um momento maravilhoso, eu ainda não havia sido inocentada.

— Você não vai ser presa, Alícia. Irei até o inferno se precisar para que saibam a verdade. -Suas mãos apertaram de leve minhas bochechas e ele beijou meus lábios como se estivesse selando a sua promessa.

— Obrigada, Viktor.

— Não precisa agradecer, linda. Já te disse que vou te proteger, custe o que custar.

Balancei a cabeça para cima e para baixo.

— Agora termine de comer, que quero te mostrar algo antes de ir para o cassino.

Levei a xícara com café fumegante até os lábios concordando em silêncio.

Continuamos comendo até que não sobrasse nada na bandeja e Viktor a colocou em cima da pequena mesinha de centro antes de voltar até o meu lado na cama.

— Coloque uma roupa, vou te esperar na entrada, tudo bem?

— O que está tramando, heim? -Indaguei desconfiada.

— Já verá. -Recebi um tapinha na bunda e novamente estava sozinha no seu quarto.

Sem perder tempo, fui até o meu quarto e coloquei a primeira coisa que encontrei na velocidade da luz, a curiosidade me corroendo por inteiro.

Acariciei Chess rapidamente antes de descer até a entrada como Viktor pediu e quase pulei de felicidade quando vi do que se tratava a sua surpresa.

O cara de quase dois metros de altura estava encostado na minha moto com um capacete em uma mão e a minha chave na outra.

— Isso quer dizer que vai me deixar pilotá-la? -Passei os braços pelo seu pescoço com o coração martelando contra o meu peito.

— Sim. -Sorri alegre como uma garotinha. — Mas com uma condição.

— Sempre tem uma condição... -Resmunguei baixinho arrancando uma risada divertida dos seus lábios carnudos que pairavam sobre os meus.

— Você não pode sair da minha propriedade, está bem? E por favor, use capacete e tenha cuidado com as estradas de terra, elas não são estáveis como o asfalto.

Concordei rapidamente.

— E em hipótese nenhuma vá para o lado do barracão. -Meu olhar endureceu novamente.

— Viktor...

— Não é nada disso que está pensando. -Ele colocou uma porção de cabelo atrás da minha orelha. — Aquela zona não é tão bem protegida como aqui. Não quero que se coloque em risco.

— Será que é só isso mesmo?

— Sim, Alícia. A partir de hoje, você vai participar de cada passo da investigação, incluindo os interrogatórios. -Engoli em seco.

— Não vou cortar o dedo de ninguém. -Declarei como a voz sombria e fiquei ainda mais irritada ao escutar sua risadinha debochada.

— Isso não será mais necessário. Já tiramos as informações suficientes daquele verme.

Arregalei os olhos levemente assustada.

— Ele não está morto, está?

— Não. Tyron fez um curativo no seu dedo e o deixou em um beco no centro da cidade.

Soltei um arquejo aliviado.

Por mais que aquele homem tivesse me causado dano, eu não gostaria de saber que ele morreu por minha culpa.

Não conseguiria lidar com essa responsabilidade.

— Tudo bem, só... não faça mais isso, por favor. -Reiterei e Viktor acenou com a cabeça.

— Preciso ir, não cause muita confusão enquanto eu estiver fora, ok? -Seus lábios roçaram nos meus mais uma vez.

— E você trate de não deixar que aquela sua secretária fique sentando no seu colo. -Grunhi me repreendendo mentalmente por parecer uma namorada ciumenta.

— Pode deixar, a partir de hoje ela só vai se ajoelhar na minha frente. -Arregalei os olhos desaforada e desferi um tapa no seu ombro com os olhos semicerrados.

Viktor caiu na risada me puxando para um abraço apertado.

— Tudo bem, hoje parece que fará calor e Ty deve estar chegando daqui a pouco para passar protetor solar nas minhas costas para que eu possa dar um mergulho na piscina... -Afirmei com a voz baixa e tranquila observando como seu corpo se retesou em segundos.

— Não me provoque, Coelhinha. -Sua voz adquiriu um tom sombrio e perigosamente sensual e seus braços afrouxaram me soltando lentamente.

— Você pode até tentar, Viktor, mas acontece que nesse jogo eu sou especialista. -Beijei seu pescoço sentindo um frio repentino pela separação.

Ao perceber que eu estava apenas zombando da sua cara, ele se relaxou pouco a pouco e segurou meu queixo inclinando minha cabeça para o lado.

— A única garota que quero que sente em cima de mim é você, Alícia. Não precisa se preocupar. -O sussurro no meu ouvido fez um sorriso dominar meu rosto de maneira involuntária.

Porra, Viktor sabia exatamente como me acender.

— Vá logo antes que eu te arraste de volta para o seu quarto. -Empurrei seu corpo para trás sem nenhuma delicadeza.

— Está morrendo de vontade de pilotar, não é mesmo?

Cruzei meus braços me sentindo péssima ao ser pega em flagrante.

Droga.

— Ok, sim, estou. Mas isso não significa que eu esteja mentindo. Só de lembrar o que fizemos no banheiro mais cedo, já me dá vontade de repetir tudo...

— Agora eu também vou pensar nisso o dia inteiro e quando eu voltar, pode ter certeza de que você poderá fazer o que quiser comigo. -Recebi um último beijo quente como o inferno e ele se afastou até o carro estacionado de qualquer jeito na frente da mansão. — Até mais tarde, liebe. -Viktor acenou com a cabeça ao mesmo tempo que abria a porta do que descobri ser o último modelo de um Tesla e entrava de um jeito sexy para caralho.

— Até mais, Vik. -Me virei rapidamente e entrei na casa antes que meus pés me levassem até ele e o obrigasse a ficar.

Passei pela porta acariciando meus lábios com um sorrisinho bobo ao lembrar de como o maldito beija bem.

Estava tão distraída que quase enfartei quando dei de cara com Bertha me encarando com os braços cruzados e um sorriso de orelha a orelha no rosto alvo como a neve.

— Caramba Bertha, quer me matar de susto? -Sorri me aproximando do seu corpo esguio vestido com um terninho preto que delimitava perfeitamente suas curvas.

— Pelo visto a conversa de ontem foi melhor do que esperava, não é mesmo?

Acenei sentindo minhas bochechas esquentando.

Caramba, eu era uma adulta e estava envergonhada por que uma mulher provavelmente sabia que eu passei a noite inteira transando?

— Saiba que estou muito feliz por vocês dois, Alícia. Eu sabia que a garota certa para ele ia aparecer e me conforta saber que é você. -Meus olhos se encheram de lágrimas ao perceber a profundidade das suas palavras mesmo sem saber exatamente o que ela queria dizer com isso. — Hoje de manhã ele só faltava levitar de tão leve que estava. Fazia anos que não o via assim...

— Bertha eu... -Respirei fundo soltando o ar lentamente. — Não diga nada a ninguém, mas eu sempre o amei, só que infelizmente não pudemos viver isso antes. -Ela nem mesmo expressou estar surpresa. — Eu o amo, com todo o meu ser. -Completei baixinho. — Só espero que isso seja o suficiente.

— E será, meu bem... ele também gosta muito de você, quando ainda estávamos na Alemanha, Viktor não parava de falar na sua amiga e vizinha que o deixava louco. -Sorri nostálgica.

De repente todas as memórias começaram a disputar pela minha atenção e saboreei cada lembrança sentindo meu peito estufar ao chegar à conclusão que, de uma maneira ou de outra, nós nos encontraríamos novamente.

Estávamos destinados a isso.

Por falar em destino...

— Bertha, não me leve a mal, mas você me contou algo sobre o seu primeiro amor que morreu e depois sobre seu ex que... bem, que era um idiota...

Seu olhar esverdeado como duas esmeraldas me encarou por alguns segundos, talvez decidindo se deveria me contar ou não sobre o seu passado.

— Bom, vou resumir para você, porque a história não é das mais bonitas. -Acenei com cautela. — Quando me casei com o primeiro namorado que tive na vida, nós éramos tão felizes que eu não podia acreditar que aquilo era real. Nossa vida era perfeita e eu o amava... quero dizer, ainda o amo com tudo o que tenho. No entanto, nem sempre as coisas são como desejamos e o universo adora nos pregar peças, não é mesmo? -Concordei com um suspiro. Eu bem sabia como o universo poderia ser comediante quando queria. — Meu primeiro e único amor foi levado para morar com o Pai e eu fiquei sozinha e desamparada.

Nessa época, já trabalhava com o tio de Viktor e andava tão triste e solitária que embora não estivesse interessada em mais ninguém, acabei cometendo o erro de dar uma chance para um homem que me cortejava incansavelmente.

Eu estava em uma fase de fragilidade e em busca de consolo, então cedi às suas investidas e começamos a namorar.

No início da relação ele era um príncipe e me tratava como uma princesa, contudo, o tempo foi passando e seu comportamento mudou como da água para o vinho.

Ele... -Bertha engoliu em seco várias vezes antes de continuar. — Ele me batia sempre que eu não fazia algo do seu agrado ou me dizia coisas terríveis que me deixavam ainda mais para baixo.

Isso aconteceu ao mesmo tempo em que Viktor foi morar com o tio.

Nós éramos como uma família de corações quebrados e por isso ele ficou furioso ao me ver naquele estado.

Não demorou muito para que ele voltasse para South Oaks e praticamente me arrastasse para cá pois sabia que eu estava tão dependente emocionalmente daquele idiota que eu provavelmente continuaria naquela relação tóxica e destrutível.

É comum as pessoas buscarem um companheiro depois de algum trauma para compartilhar as dificuldades da vida, no entanto, ao dar mais uma chance para o amor, eu jamais imaginei que ele viesse mascarado em agressão física e psicológica.

Viktor me salvou, Alícia.

Ele me tirou daquela cidade, daquele demônio que certamente acabaria me levando com ele para o fundo do poço e eu lhe devo muito por isso.

Seus olhos se encheram de lágrimas rapidamente e ela se apressou em limpá-los com um lencinho de algodão bordado com as suas iniciais.

— Droga, Bertha. Eu não queria te deixar triste...

— Não se preocupe, querida, prometo que essas são lágrimas de felicidade. Aqui eu posso ser livre e Viktor é como um filho para mim, por isso que estou alegre por vocês finalmente terem se resolvido.

Indo contra tudo o que eu aprendi sobre ela até aquele momento, puxei-a para um abraço carinhoso, meu coração quase pulando pela minha garganta.

— Não posso nem chegar a imaginar o quão forte você deve ter sido para tomar uma decisão como essas de deixar tudo para trás. -Afaguei seus cabelos perfeitamente penteados.

O que não nos mata, nos fortalece, meu amor. E se eu não morri quando perdi minha outra metade, nada mais pode me abalar. 

Era incrível como aquela mulher ainda se mantinha em pé depois de tudo pelo que passou.

Eu esperava que algum dia eu tivesse a metade da sua fortaleza.

— Hum, Bertha, posso te fazer outra pergunta? -Resolvi mudar de assunto para mandar aquele clima triste para longe.

— Claro, meu bem.

— O que significa liebe. -A mulher na minha frente soltou uma gargalhada sincera se divertindo com minha pronúncia desajeitada. — Sim, eu não sei falar certo, é só que Viktor fica me chamando por essa palavra e se eu pelo menos tivesse internet aqui, poderia ver o que diabos quer dizer. -Franzi o cenho pensando comigo mesma.

— Sabe que eles poderiam te achar facilmente se liberassem o acesso à internet para você...

— Sim, eu não ligo para isso, só quero saber mesmo porque ele vive me chamando assim, então pare de me enrolar, caso contrário terei que ir atrás de um dicionário, como nos velhos tempos. -Ameacei com os braços cruzados e uma sobrancelha levantada.

Bertha soltou uma risadinha travessa.

— Você tentou perguntar ao próprio Viktor?

Neguei revirando os olhos.

— Eu já fiz isso.

— E o que ele te disse?

— Que significava Coelhinha, o meu apelido em alemão.

Seus lábios se curvaram mais uma vez.

— É exatamente esse o significado, meu amor.

— Por que será que eu não acredito em você da mesma maneira que não acreditei nele?

— Porque você é uma garota inteligente e curiosa. -Bertha piscou um olho antes de se dirigir até a cozinha comigo no seu encalço.

— Não vai mesmo me dizer a verdade?

— Não. -Ela sorria cada vez mais, o que me deixava ainda mais curiosa, como ela mesma havia dito. — Aproveite o dia, Alícia. Está um sol maravilhoso para um passeio na sua moto.

— Tudo bem, eu vou, mas fique sabendo que não vou desistir. Uma hora ou outra vocês irão me dizer do que tudo isso se trata.

Bati o pé antes de me virar e sair porta afora como uma criança birrenta.

Eu odiava ser motivo de chacota e colocaria essa mansão de pernas para cima se fosse preciso em busca de um maldito dicionário.


NOTA DO AUTOR
Hellooooooo como estão nessa terça feira maravilhosa?
como puderam perceber, não postei cap ontem pq não tive tempo.
Minha apresentação do TCC é segunda feira que vem, então não se
assustem se eu sumir por esses dias! 
Espero que tenham gostado, 
Não se esqueçam de votar e comentar.

Amo vcs🥰
Bjinhosssss BF🖤🖤🖤

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