Capítulo 11 - Parte I

EU DAVA voltas e voltas na cama sem conseguir dormir.

As palavras de Viktor se reproduziam no meu subconsciente como um toca-discos quebrado e eu sentia um aperto no peito cada vez que chegava à conclusão de que talvez ele tinha razão.

Isso era mais um golpe no meu ego já bastante ferido e tudo ficava ainda pior pelo simples fato de ter sido ele a pessoa que deixou em evidência o quão ridícula eu estava sendo.

Puxei o ar para dentro dos meus pulmões com mais intensidade do que era necessário e Chess se contorceu ao meu lado ao ser acordada pela milésima vez desde que me deitei.

Eu definitivamente precisava fazer algo, caso contrário iria passar a noite em claro e eu não precisava de mais um dia de mau humor por não ter conseguido descansar o suficiente.

Afastei os lençóis para o lado e me sentei na cama calçando a pantufa para não ter que pisar o chão gelado, embora os últimos dias estivessem sendo tão calorosos que fui obrigada a ligar o ar condicionado para não cozinhar enquanto dormia.

— Vou pegar um copo de leite quente e já volto. -Avisei para a minha gata como se fosse obter alguma resposta.

Caminhei até a porta e coloquei primeiro a cabeça para fora para conferir se o corredor estava vazio.

Não queria encontrar com ninguém e ter que conversar ou explicar os motivos de eu estar perambulando pela casa às três e meia da manhã, de acordo com o relógio do meu celular.

Eu simplesmente não tinha a habilidade de pensar com coerência enquanto estava com sono, ou nesse caso, com insônia.

Quando confirmei que estava sozinha, continuei dando passos lentos, atravessando a sala escura e chegando na cozinha em minutos.

Tentei ao máximo não esbarrar em nenhum móvel, nem mesmo respirei durante todo o caminho.

Era engraçado como qualquer cochicho virava um barulho de sirene quando a casa estava completamente submersa no silêncio noturno.

Do lado de fora, podia ver os seguranças fazendo suas rondas e corri até a mesa para que nenhum deles me vissem. Eu não fazia a menor ideia do que exatamente estava fugindo, mas tinha que admitir que aquilo era divertido.

Então assim se sentiam os criminosos. -Pensei comigo mesma.

Meu coração batia acelerado e minhas pernas tremiam pelo exercício fora de hora.

Eu precisava voltar a treinar antes que meus músculos começassem a perder massa.

Até porque isso também me ajudaria com essa insônia e ansiedade que não me deixavam em paz.

— Será que há alguma academia aqui? Não lembro de ter visto nenhuma... -Perguntei para mim mesma enquanto levava a mão até o interruptor para acender a luz em cima do fogão.

Não poderia achar nada na penumbra e muito menos correr o risco de quebrar alguma máquina ridiculamente cara de Viktor.

— Ao lado da piscina, você pode usar quando quiser. -Soltei um grito abafado que foi substituído por um grunhido ao escutar uma risadinha bem perto do meu ouvido.

— Ficou maluco, cara? Quer me matar de susto por acaso? -Soquei o botão para acender a luz e me virei com as mãos na cintura e o coração galopando quase na minha garganta.

Viktor me encarava com a sobrancelha levantada, se controlando para não rir da cara de espanto. Seu corpo descansava encostado no balcão à minha frente, uma mão apoiada no granito e a outra segurando um copo que parecia conter água.

Ele estava vestido apenas com uma blusa branca de mangas curtas que deixava à mostra os bíceps tonificados cobertos por algumas tatuagens e uma calça de pijama de um tecido que se ajustava perfeitamente à sua cintura, não deixando quase nada para a imaginação.

Oh por Deus.

Engoli em seco várias vezes para tratar de regular a minha respiração que começava a ficar desenfreada.

— E por que diabos estava com a luz apagada? -Continuei depois de alguns minutos travando essa batalha de olhares para ver quem cedia primeiro.

Eu estava bem consciente de que minha bermuda curta exibia minhas pernas torneadas e a blusa de alcinhas moldava meus seios, cujos mamilos entumescidos eram a prova viva de que por mais que eu negasse, Suzanna tinha razão.

Eu sentia tesão por Viktor e queria me convencer de que isso se devia apenas à sua aparência.

Quem nunca ficou excitado ao ver um cara bonito, não é mesmo?

— Porque essa é a minha casa e eu faço o que bem entender. -Viktor estalou a língua chamando a minha atenção antes de deslizar o olhar pelo meu corpo escassamente coberto. Sua voz rouca quase me distraiu da resposta estúpida.

Quase.

— Idiota.

Dei a volta para sair dali e voltar para o quarto o mais rápido possível, no entanto, antes mesmo de chegar até a porta, seus dedos seguraram os meus e me puxaram para trás.

E por mais que gostasse da sensação, aquilo já estava ficando irritante.

— Foi só uma brincadeira, Alícia. E já estava voltando para o quarto, de todas formas.

— Não precisa se incomodar... você está certo, essa é a sua casa. Eu só vim beber algo morno já que não conseguia dormir.

— Está tudo bem? -Seu olhar se suavizou por um segundo e levantei uma sobrancelha curiosa.

Viktor me dava sinais completamente ambíguos e que me confundiam cada vez mais.

Em um momento ele me ajudava com os policiais, no outro dizia que eu era hipócrita ou me tratava super mal e agora ele parecia preocupado comigo.

Respirei fundo e soltei o ar lentamente.

De uma coisa eu tinha certeza: cedo ou tarde eu ficaria louca com toda essa confusão e ele seria o único culpado.

— Estou ótima. Só fiquei com um pouco de insônia por conta desse calor infernal. -Murmurei abaixando o olhar o ponto onde seus dedos ainda apertavam de leve os meus e uma corrente elétrica percorreu todo o meu corpo. — Viktor eu... -Franzi o cenho sem saber realmente o que queria dizer.

Suas palavras de mais cedo me atacaram outra vez, me lembrando que por mais que ele parecesse mais tranquilo ou alguém normal sem aqueles ternos caros ou rodeado de seguranças vinte e quatro horas por dia, o cara ainda pensava coisas horríveis sobre mim.

Me afastei negando com a cabeça enquanto caminhava até a geladeira abrindo a porta cromada em seguida.

Eu não lhe devia nenhuma desculpa e muito menos uma explicação, mas como era de se esperar, Viktor me acompanhou a cada passo, parando quase em cima de mim conforme eu estendia a mão para uma das prateleiras frias e pegava a garrafa de leite.

Viktor então se debruçou sobre mim, cobrindo meu corpo com o seu, minhas costas praticamente coladas ao seu peitoral musculoso e minha pele inteira se arrepiou ao sentir o seu hálito quente no meu pescoço.

De repente, a ideia de tomar o leite quente parecia inadequada, já que só aumentaria ainda mais o fogo crescente no meu interior.

— O-o que diabos pensa que está fazendo? Quer se afastar, por favor? -Engasguei com a minha própria saliva ao mesmo tempo em que apertei as pernas para tentar aliviar a dor no meu lugar mais íntimo e que ameaçava acabar com o pouco que restava da minha dignidade.

— Do quê tem medo, hum? -Viktor indagou, seus lábios encostando na parte de trás da minha orelha e deixei escapar um arquejo baixinho. — Não estou fazendo absolutamente nada. -A falsa inocência na sua voz era irritante.

Droga, esse era o meu ponto fraco e ele parecia saber muito bem disso.

— Viktor, estou falando sério. Não tenho mais paciência para esse tipo de brincadeiras.

— E quem disse que estou brincando? -Meu corpo inteiro vibrava conforme ele falava e imagens completamente obscenas começavam a pipocar na minha mente, cada uma delas envolvendo nós dois em várias posições, em diversos cenários e situações onde roupas eram um artigo meramente opcional.

— Não sou aquela velha Alicia de quatorze anos. Não cairei mais nesse seu joguinho, como da última vez. -Me virei dando de cara com o seu olhar escurecido e me arrependi imediatamente por ter trazido aquele maldito beijo à tona.

Deus, eu era tão burra.

Viktor me empurrou contra a geladeira, um braço de cada lado da porta, me colocando em uma prisão musculosa e inspirei fundo sentindo seu perfume malditamente sensual.

— Então você ainda pensa nisso... interessante. -Eu podia ver a expectativa no seu olhar, como se ele quisesse que eu respondesse que sim, eu pensava cada maldito dia naquele beijo estúpido.

Ou talvez o que eu via, era apenas a arrogância e prepotência da qual estava acostumada...

De todas maneiras, não iria lhe dar esse gostinho.

Era a minha vez de jogar e eu sempre atacava com tudo o que tinha.

Neguei com a cabeça devagar e respirei fundo para criar coragem antes de responder.

— Não mesmo... Eu tinha até esquecido da sua existência e se não tivesse me resgatado, não faria ideia se continuava vivo e para ser sincera, nem mesmo me interessava por isso. -Levantei o queixo desafiante e ao contrário da reação que eu esperava, seus lábios se curvaram em um sorriso convencido que me fez experimentar uma sensação agridoce que me deixou com a boca seca de repente.

Viktor aproximou o seu rosto do meu até que nossa respiração se juntasse em uma só e por um instante desejei que ele me beijasse outra vez.

Que me levasse de volta para aquela tarde onde ele me abraçou e me pediu que não o odiasse, mesmo sabendo que naquele momento isso era praticamente impossível.

— É incrível como depois de todos anos, você ainda continua tão ingênua e transparente. -Seu olhar endureceu em segundos. — Boa noite Coelhinha.

Meus lábios formaram um círculo e minhas sobrancelhas se uniram em descrença.

Quem esse maldito pensava que era para falar assim comigo?

— E é incrível como você enche a boca para falar do meu passado, porque odeia o fato de que não tem nenhum acesso ao meu presente. -Rosnei empurrando seu peitoral com toda a força que possuía.

Viktor cambaleou alguns passos para trás com uma expressão de surpresa nos olhos tão engraçada, que não consegui evitar sorrir em deboche.

No entanto, o sorriso virou uma linha fina e apertada ao ver como um lampejo de culpa trespassou seu rosto angulado e um leve medo me atingiu fazendo meu estômago se contorcer.

— Aí é que você se engana, Medina. -Arregalei os olhos ao escutá-lo dizer meu sobrenome pela primeira vez depois de que voltamos a nos ver. — Se acha tão cuidadosa e tão boa no papel de detetive, que nem percebeu quando coloquei meus homens para te seguirem. Por certo, aquele seu... namoradinho é tão sem sal. Pensei que tivesse melhor gosto para homens, mas o que esperar de alguém que mora sozinha, cuja única companhia é um animal que só come e dorme. -Ele terminou de enfiar a adaga no meu coração e caminhou para fora da cozinha sem nem olhar para trás.

E assim, mais uma vez Viktor se retirou sem me dar uma chance de replicar.

Mais uma vez ele fez questão de deixar bem claro que sabia que tinha certo controle sobre os meus sentimentos, que me conhecia tão bem, talvez melhor que eu mesma e não duvidaria em usar isso contra mim.

E mais uma vez eu fiquei ali assistindo seu corpo se afastar sem poder fazer nada a respeito.

Meus olhos se encheram de lágrimas e voltei para o quarto sem nem lembrar do que tinha ido fazer na cozinha em primeiro lugar.

Me joguei na cama ao lado de Chess e apertei a cabeça contra o travesseiro para que não escutassem os meus soluços na medida que eu chorava sem parar.

Eu tinha prometido a mim mesma que não me abalaria por culpa de Viktor e se ele pensava que eu era uma ingênua, faria questão de prová-lo o contrário, por mais que não devesse fazer isso.

Estava cansada de ser ridicularizada e humilhada pelas suas palavras ferinas, e mais cansada ainda de desejar que ele me visse com outros olhos, que me enxergasse como a sua velha amiga, aquela em quem ele podia confiar, aquela que ele poderia chegar a gostar.

Depois de todos esses anos sendo escrava dos meus próprios sentimentos até ele, era hora de tomar as rédeas da situação.

Era hora de lhe mostrar que ele estava muito enganado.

Eu não era mais uma garotinha ingênua e bobinha e se Viktor achava que eu era arrogante e prepotente, pois eu seria exatamente isso.

Ty lia uma revista feminina, distraído com uma reportagem sobre o que elas não querem que você saiba sobre seus ex-namorados, enquanto eu nadava sem parar na piscina refrescante.

O final de semana tinha chegado e trazido com ele mais daquele calor infernal que me deixava de mau humor, ao mesmo tempo em que suava por lugares inimagináveis.

Já passava das duas tarde e eu sabia que a qualquer momento, Viktor chegaria com a mesma carranca dos últimos dias.

Depois do nosso encontro na cozinha, quem passou a me evitar foi ele, o que me deixou furiosa.

Quero dizer, quem deveria estar brava com as coisas horríveis que ele me disse era eu, e não o contrário.

E como ele ousou insinuar que minha vida era tediosa? E pior ainda, nomeou Josh como se ele fosse um cara sem graça.

Era óbvio que ele ficou sabendo das vezes que Josh se esgueirou pelo meu apartamento nas noites em que ambos estávamos em busca de algo de companhia.

O que Viktor não tinha a menor ideia, era que Joshua era apenas isso.

Um parceiro de trabalho e de foda.

Sorri para mim mesma ao lembrar de como, apesar do nosso pequeno acordo sobre nada de relacionamentos, Joshua era ótimo na cama.

Ele entendia como eu funcionava e se deixava dominar, já que eu era uma maníaca pelo controle.

E por mais que algumas vezes chegava a ser cansativo estar encarregada de tudo, eu não conseguia ceder.

Precisava saber que as coisas aconteceriam exatamente do jeito que eu queria.

Não gostava de surpresas e muito menos de mudanças de planos, isso me estressava e me causava um desconforto gigante.

Mergulhei mais uma vez ficando debaixo d'água o máximo que consegui.

Meu último recorde era de um minuto e vinte segundos, mas gostava de me levar ao limite, testar até onde eu chegaria.

Era eu contra mim mesma e embora perdesse na maioria das vezes, haviam aquelas em que eu vencia e isso enviava uma boa quantidade de ocitocina até o meu núcleo me fazendo experimentar sensações bastante similares às que eu tinha quando transava, por exemplo.

Confuso, eu sei, mas mesmo assim, eu me entendia. E isso era o suficiente.

— Alícia, volte para cima. -A voz do moreno soou distorcida bem como sua imagem bruxuleante na água cristalina quando abri os olhos.

Nadei até a superfície e me debrucei na beirada da piscina questionando sua ordem com um olhar condescendente.

— Não faça mais isso, por favor. -Ty continuou com os braços cruzados, a revista esquecida em cima da espreguiçadeira que ele ocupava minutos antes.

— Qual o problema? Eu sou uma policial treinada, caso tenha esquecido. -Brinquei inclinando a cabeça para o lado e sorri ao ver como o homem à minha frente rodava os olhos de maneira teatral.

— Sabe que se algo acontecer com você, eu sou um homem ferrado, não é mesmo?

— Até parece, Tyron. Além do mais, eu já estava subindo de volta. Preciso reforçar o protetor, hoje o sol está torrando mais do que nos outros dias.

Nadei até a escada para sair da piscina e caminhei a cadeira ao lado da sua.

Ty me passou a toalha e sequei meu corpo antes de lhe entregar o potinho branco.

— Pode me ajudar, por favor? Não alcanço minhas costas.

Puxei a cordinha do biquíni segurando a peça na frente para que ninguém visse as minhas meninas que embora não fossem tão grandes, também não eram tão pequenas e me deitei na espreguiçadeira ficando de bruços para que Ty esfregasse o protetor na minha pele que começava a adquirir um leve bronzeado.

— Hum, acho que talvez isso não seja uma boa ideia, Ali. -Levantei a cabeça e o encontrei encarando a embalagem como se fosse encontrar todas as respostas do universo no plástico desgastado pelo uso.

— Por quê? Sua namorada pode ficar brava? -Indaguei genuinamente. — Porque se for o caso, não tem problema... eu dou um jeito.

— Não é nada disso. Kelsey não é esse tipo de garota, ela confia em mim e sabe que nunca a enganaria. O que acontece, é que, bem... quer saber? Esquece.

Ty caminhou até a cadeira vazia ao meu lado e despejou uma boa quantidade de creme frio na minha pele quente pelo sol.

Ficamos em silêncio por alguns minutos enquanto ele espalhava o protetor solar com cuidado pelas minhas costas.

Confesso que não demorei muito para compreender qual era a sua preocupação: ele tinha medo do chefe.

Quero dizer, medo do que o homem rabugento pensaria se nos visse nessa posição.

— Não precisa ter medo de Viktor. Eu sou uma mulher adulta e não lhe devo nenhuma explicação, Ty.

Por mais que parecesse o contrário, eu realmente não devia nada a Viktor.

Quero dizer, ele tinha me ajudado e tudo mais, mas minha vida pessoal era minha e de mais ninguém.

— Diz isso porque não é você que corre o risco de ter suas bolas arrancadas cada vez que ele chega e... merda. -Seus dedos congelaram no mesmo instante e ergui novamente a cabeça para ver o que estava acontecendo. — Eu sabia que isso não ia dar certo. Droga -Ty completou, se afastando o máximo que pôde do meu corpo coberto apenas pelo biquíni minúsculo.

— Do que diabos você está falando, cara? -Me sentei amarrando a parte de cima outra vez nas minhas costas e segui o olhar arregalado do meu amigo até a porta que dava acesso à sala da mansão.

Meu coração quase parou ao ver Viktor parado atrás do vidro transparente, com uma expressão furiosa no rosto.

E tudo ao nosso redor pareceu ocorrer em câmera lenta quando ele começou a andar com aquela pose arrogante de sempre, parando a apenas centímetros de distância do seu segurança que só faltava desmaiar de nervoso.

Pude até mesmo ver uma enorme gota de suor deslizando pela sua nunca e contive uma risadinha.

Isso estava acontecendo mesmo?

— Te contratei para vigiar Alícia, Tyron, e não para passar o dia com as suas mãos em cima dela. -Viktor rosnou sem nem se dar ao trabalho de me olhar e meu queixo só não chegou até o chão, porque estava preso na minha mandíbula.

Como caralhos ele se atrevia a dizer uma coisa dessas?

— Escuta aqui, seu babaca...-Enfiei o dedo no seu terno macio sendo interrompida pelo olhar furioso.

— Não estou falando com você, Alícia. Faça o favor de ficar na sua. -Ao escutar como ele estava tratando tanto a mim quanto a Ty, meu sangue ferveu nas veias e me coloquei na sua frente sem me importar com o fato de que estava apenas de biquíni, provavelmente chamando a atenção de vários outros seguranças que passeavam por ali.

— É o seguinte, cara, eu estou falando com você. -Rosnei, no entanto, ele se virou para Ty sem nem me dar bola.

— Está proibido de tocá-la, entendeu? Na verdade -Viktor elevou a voz para que cada um em um raio de pelo menos dois quilômetros o escutasse — todos estão proibidos de tocar Alícia. Se eu vir alguém se aproximando dela sem ser estritamente necessário, pode juntar as suas coisas e dar o fora da minha casa.

Eu estava tão perplexa que não sabia como reagir.

Ty também parecia surpreso e me senti culpada por colocá-lo no meio dessa confusão.

— Qual é o seu problema, heim? -Gritei e Viktor voltou a olhar para mim. — Não tem nenhum direito de decidir quem me toca ou não!

Uma gargalhada sonora ressoou no ambiente.

— Na minha casa, nos meus funcionários, quem manda sou eu! -Sem nem perceber, estávamos tão perto um do outro que bastaria um passo para que nossos narizes se tocassem.

— Vá se foder você e a sua maldita casa! Se me trouxe para cá pensando que poderia ter algum controle sobre mim, lamento te informar que estava muito enganado! Se eu quiser que cada um dos seus empregados me toque, um por um ou todos ao mesmo tempo, eu vou fazê-lo. O meu corpo é meu e eu faço o que bem entender com ele, além do mais, Ty só estava me ajudando com algo que eu mesma lhe pedi. -Declarei com tanto ódio em cada palavra, que até pude sentir o sabor amargo na minha boca e uma vontade insana de vomitar.

Assim como ele tinha feito tantas vezes comigo, não permiti que Viktor respondesse ao jogar minhas coisas de qualquer jeito na bolsa e caminhar de volta para a casa, indo direto para o quarto.

Viktor não me seguiu.

Ele provavelmente deve ter continuado dando aquele sermão ridículo em Ty.

Eu era covarde em deixá-lo para enfrentar a fera sozinha, contudo, sabia que se não tivesse vindo, as coisas tomariam um rumo pelo qual eu tinha certeza de que me arrependeria.

Estava de TPM e com os nervos à flor da pele em um misto de explosão e choro que nem eu mesma entendia, o que não era uma boa combinação com a tensão que sentia cada vez que Viktor entrava em cena.

Fui direto para o banheiro tomar um banho para tirar o cloro do corpo e Chess me observou desde a sua caminha enquanto eu me secava e vestia uma blusa fina e uma bermuda fresca antes de me jogar no colchão macio.

Eu não deixaria que Viktor me dominasse e muito menos decidisse sobre com quem eu me relacionaria ou não.

Só esperava que Ty não se afastasse com medo de ser prejudicado.

Ele era um dos poucos amigos que tinha feito desde que cheguei, além de Bertha e Felícia, uma das cozinheiras.

E eu não abriria mão da sua amizade, Viktor gostasse ou não.

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