Capítulo 07
PASSEI pela porta da delegacia com a cabeça explodindo de dor.
As segundas feiras por si só já eram horríveis, mas se você somasse uma enxaqueca, elas se tornavam insuportáveis.
Tudo isso devido a que tinha passado quase a noite anterior inteira chorando.
A dor era tanta, que minha visão estava embaçada e a audição extremamente sensível.
— Caramba, eu deveria ter ficado em casa. -Pensei enquanto procurava um analgésico dentro da minha mochila.
Caminhei tão alheia ao que acontecia ao meu redor, que só fui perceber a confusão dentro da delegacia quando Suzanna apareceu na minha frente tão pálida que mais parecia ter visto um fantasma.
— O que diabos deu nesse pessoal hoje? -Uni as sobrancelhas escaneando a recepção com o olhar confundido.
Vários agentes corriam de um lado para o outro, os telefones não paravam de tocar e Harvey vinha de encontro a mim com uma expressão furiosa no rosto enrugado.
— Alícia, eu não sei o que aconteceu, todos estão assim desde que cheguei! Tinha até mesmo uma repórter querendo falar com nosso chefe. -Suzanna sussurrou segundos antes que Harvey parasse bem ao meu lado.
— Medina, pra IT01, agora. -Inclinei a cabeça para o lado e procurei uma resposta que fizesse sentido no seu olhar frio como gelo. — Eu disse agora! -Ele rosnou com os dentes apertados.
— O-ok... -Murmurei obrigando meus pés a se moverem para a sala de interrogatório número um.
Suzanna até tentou ir comigo, mas desistiu ao receber uma advertência silenciosa para não se meter nesse assunto e por mais que não estava entendendo bulhufas, era melhor assim.
Pelo menos até eu descobrir o que ele queria comigo.
Andamos lado a lado até a sala sem dizer uma só palavra, e ao entrar, meu corpo inteiro se arrepiou ao ver a televisão ligada e uma câmera apontada diretamente para o lugar que ele me pediu para ocupar.
— Harvey, será que você pode me explicar o que estamos fazendo aqui? -Pedi baixinho e ele continuou sem dizer nada, apenas cruzando os braços na frente do corpo como costumava fazer quando estava interrogando alguém.
Mas o quê...?
— Para onde foi depois que saiu do bar na sexta-feira? -Ele se inclinou na minha frente, seu hálito a café golpeando meu rosto.
— Fui direto para casa, oras. -Eu acho... -Completei mentalmente.
Dizer que estava tão bêbada que não fazia ideia, definitivamente não era uma opção.
Mesmo assim, Harvey não pareceu convencido.
Na verdade, seu olhar tinha ficado ainda mais aguçado sobre mim.
— Alicia, você tem alguma coisa para me contar? -Encarei meu chefe com o cenho franzido.
— O quê? Não faço ideia do que está querendo saber. -A cadeira caiu no chão ao me levantar produzindo um eco metálico que me fez encolher.
O homem de meia idade balançou a cabeça para os lados antes de apertar um botão no controle da televisão e imediatamente um vídeo começou a ser exibido na tela plana.
Eram imagens de uma câmera de segurança da frente de uma casa e nesse momento minha respiração parou por alguns segundos.
Droga, eu conhecia aquele lugar.
— Assumo que você saiba do que se trata esse vídeo, não é mesmo? -Harvey indagou com sua voz robótica ao perceber minha reação.
— É a entrada da casa de Steven... -É claro que eu sabia. Tinha passado horas escondida ali, vigiando aquele nojento, observando como ele entrava e saía com várias garotas que não eram a sua esposa.
— E o que está vendo aqui? -Ele apontou para a tela outra vez e engoli em seco antes de responder.
— Um carro parando...
— O quê mais?
— Uma... uma garota descendo do carro e abrindo o portão...
Que merda era essa?
E por que eu tinha a impressão de que algo muito ruim viria a seguir?
— Não notou nada estranho?
Observei a cena com mais atenção e neguei continuando sem entender onde ele queria chegar com tudo isso.
— Alicia, eu vou te dar uma última chance. Não tem nada para me contar? -A insistência fez meu sangue ferver em questão de segundos.
— Mas que porra, Harvey! Já disse que não sei do que está falando!
— Essa garota é idêntica a você, Medina, não se faça de inocente! Essa gravação foi feita na madrugada de sexta para sábado. -Ele pausou o vídeo em uma parte onde a garota está parada na frente do portão e agora que parava para pensar, ela realmente estava com uma roupa bem parecida à que eu usei para ir até aquele bar na sexta-feira.
— Será que dá para você ir direto ao ponto, porque eu realmente não sei o que quer que eu diga!
Harvey puxou uma longa respiração e trancou a porta antes de voltar a ficar na minha frente.
— Steven foi encontrado morto entre as onze e quarenta de sexta à uma e meia da manhã do sábado e lamento te informar, mas no momento você é a única suspeita. -Ao escutar suas palavras, respirar se tornou uma tarefa quase impossível, como se uma mão invisível estivesse apertando minha garganta e meus olhos se encheram de lágrimas pela queimação e também pelo medo.
Steven morto?
E a única suspeita era eu?
Isso só podia ser uma brincadeira de muito mal gosto.
— E-eu jamais faria uma coisa dessas, Harvey... -Sussurrei levantando a cadeira do chão e me sentando outra vez, o metal frio fazendo meu corpo inteiro se arrepiar.
Meu chefe se aproximou até o meu lado, se ajoelhando para ficar na minha altura antes de falar.
— Eu sei, Alicia, no entanto várias pessoas te viram deixando o bar em um carro muito parecido a esse e a garota estava vestindo praticamente a mesma roupa que você, inclusive sua forma de andar cambaleando dá a entender que ela estava bêbada...
— Que merda é essa que está tentando insinuar, hã? Eu odiava Steven sim, mas queria que ele pagasse pelos seus crimes vivo, que fosse julgado e preso!
Minha voz subiu algumas oitavas e Harvey suspirou pesadamente.
— Escuta, eu não estou insinuando nada e pode ter certeza que acredito em você, afinal de contas, trabalha para mim há um bom tempo e te conheço muito bem. -Apertei as pálpebras para não derramar as malditas lágrimas que se formavam nos meus olhos. — Mas infelizmente, não posso passar por cima de todo o procedimento, você sabe como funcionam as coisas. Há muitos indícios contra você e...
— O-o que quer dizer com isso?
Encarei seu rosto subitamente.
— Eu vou precisar da sua arma para fazer o teste de balística, Medina. É isso que quero dizer.
— Nem fodendo! Eu não fiz porra nenhuma Harvey. -Meu coração batia tão acelerado que parecia que ia parar a qualquer momento.
— Alicia preste atenção! Se realmente não fez nada, não há motivos para não me entregá-la! Vou fazer questão de que esse exame seja prioridade e assim quando o resultado sair e der negativo, nós poderemos continuar com a investigação e descobrir quem o matou, o que acha?
Soltei uma risada debochada.
Tinha visto Harvey em ação incontáveis vezes como para saber qual era seu modus operandi.
Ele sempre era o policial bom e eu não cairia na sua armadilha.
No entanto, dessa vez infelizmente ele tinha razão.
Eu não tinha nada a temer, já que não era culpada e quanto mais demorasse para colaborar, mais suspeitas levantaria.
Caralho.
Estava em um maldito beco sem saída.
Se eu me recusasse a cooperar, aí sim pensariam que realmente tenho algo a ver com a morte daquele imbecil.
Mas que merda!
Retirei a Glock 17 do coldre preso à minha cintura e a empurrei sob a mesa sem dizer uma só palavra.
Como Harvey mesmo tinha dito, eu conhecia o procedimento, mas ao mesmo tempo eu não era idiota.
Se ele quisesse, teria que fazer todo o seu trabalho como com qualquer outra pessoa.
Observei como ele colocou luvas nas mãos antes de pegar a arma e retirar o cartucho me olhando com a sobrancelha levantada ao notar o desenho de coração vermelho desgastado na parte de dentro.
Dei de ombros sem nem preocupar em dar alguma explicação.
Não fazia nem diferença.
Minha arma, meu problema.
Harvey continuou sua tarefa retirando as balas e colocando-as uma ao lado da outra em cima da mesa.
Quando ele acabou, franzi o cenho mais uma vez ao notar algo muito importante: havia apenas nove balas ali.
Eu sempre vinha para o trabalho com a arma carregada e lembrava perfeitamente de não ter usado-a, o que significa que ela deveria estar com dezessete balas dentro do cartucho.
Tentei não demonstrar o medo que estava sentindo naquele momento, mas tinha quase certeza de que ele poderia ser visto a quilômetros de distância.
Harvey tirou uma foto das coisas em cima da mesa, depois guardou tudo dentro de uma sacola ziploc transparente e logo em uma caixa de papelão usada para transportar evidências.
— Também vou precisar do seu distintivo e da sua placa. -Sua voz adquiriu um tom sombrio e lhe entreguei as duas coisas com as mãos trêmulas.
Será que eu realmente tinha matado Steven?
Tentei retroceder as imagens daquele dia na minha cabeça, mas estava tudo tão confuso que não adiantou de nada.
No entanto, eu sabia que nunca teria coragem de matar alguém dessa maneira.
Eu não era assim.
— Olha, eu sei que você sentia raiva de Steven por tudo o que ele fez e juro que não te julgo, Alícia, mas se quiser falar algo, esse é o momento...
Engoli em seco e levantei o queixo com o semblante neutro.
— A partir de agora só falarei na presença de um advogado. -Declarei em um rosnado caminhando até a porta.
— Tudo bem, esse é o seu direito. -Harvey se aproximou e seus dedos apertaram meu ombro com cuidado. — Quero que saiba que estou do seu lado, ok? Vou apurar o teste e assim que ele sair, te ligo para que você venha pegar suas coisas de volta. Vá para casa e descanse um pouco, querida, tenho certeza que tudo vai se solucionar antes mesmo do que imagina.
— Hum... obrigada Harvey. -Saí do edifício com o coração pesando uma tonelada e sequer procurei Suzanna para me despedir e contar o que estava acontecendo.
Ali não era seguro.
Algo estava muito errado nessa história e eu precisava correr contra o tempo para descobrir o que era, caso contrário, acabaria sendo processada por um crime que obviamente não cometi.
Isso só me deixava ainda mais certa de que alguém nessa maldita divisão estava ajudando os Red Demons e que de alguma uma maneira bem sinistra, queriam se desfazer de mim.
Caralho, eu estava verdadeiramente ferrada.
Fui direto para casa e ao chegar enviei uma mensagem para minha amiga.
Eu: Está sozinha agora?
Suzy: Sim, está tudo bem? Você foi embora e nem me avisou...
Eu: Suzanna, algo muito estranho aconteceu e vou precisar que você faça algo por mim, posso te ligar?
Suzy: Claro que pode, Ali!
Imediatamente apertei no botão de chamada e ela atendeu no segundo seguinte.
Sem perder tempo fiz um breve resumo do que ocorreu mais cedo e o alívio me inundou ao perceber que Suzanna demonstrou estar do meu lado.
— O que quer que eu faça? -Seus olhos estavam arregalados e a voz entrecortada.
— Minha arma foi para a balística, quero que me diga o resultado assim que sair. Você consegue fazer isso? -Eu não queria colocá-la no meio dessa confusão, mas não confiava em mais ninguém, nem mesmo em Josh. Suzanna era minha única aliada.
— Vou dar um jeito, amiga, não se preocupe. -Esfreguei a testa com as pontas dos dedos, a dor voltando com tudo.
— Obrigada, Suzy, por favor tenha cuidado, ok?
— Pode ficar tranquila... e Ali?
— Hum?
— Eu acredito em você, está bem?
Nesse momento não consegui me segurar.
Saber que pelo menos ela não estava duvidando da minha palavra foi como um afago direto no meu coração e as lágrimas escorreram livremente pelas minhas bochechas.
Não sabia o que responder ou como reagir diante da sua afirmação, então apenas balancei a cabeça para cima e para baixo antes de encerrar a chamada e jogar o celular de qualquer jeito em cima do sofá.
Chess ficou quieta ao meu lado pelo resto do dia e eu tive certeza de que eles sentem sim quando algo não anda bem.
Minha mente fervilhava tentando compreender o que era tudo isso, de onde tinha surgido essa gravação e porquê aquela garota era tão parecida a mim. Mas o que não entendia mesmo, era como faltavam balas no cartucho da minha arma. Eu sequer tinha levado ela comigo para o bar na sexta-feira.
Abri uma garrafa de vinho para ver se conseguia pensar melhor, no entanto, o efeito foi o contrário.
Depois de várias taças, eu só enxergava a mim mesma presa dentro de uma cela como se fosse mais um criminoso qualquer. Como se fosse um dos vários que eu tinha levado para a prisão ao longo da minha carreira.
O medo se instaurou no meu peito e a ideia de passar anos encarcerada fez meu corpo inteiro estremecer.
Embora eu tivesse certeza de não fui eu, mesmo assim sentia que a qualquer momento a polícia bateria na minha porta me dando voz de prisão.
Era como quando você vai passar em um detector de metais e fica com medo de estar com uma arma ou drogas escondidos na cintura mesmo sabendo que não leva nada disso.
O que eu ia fazer? Como provaria que era inocente sendo que sequer lembrava se realmente tinha ido direto para casa naquele dia?
— PORRA! -Joguei a garrafa vazia contra a parede assustando minha gata com o barulho quando ela se estilhaçou em mil pedacinhos. — Droga, me desculpe Chess, por favor. - Abracei seu corpo peludo, minhas lágrimas molhando-a, mas ela não escapou de mim.
Suas patinhas pousaram no meu rosto e ela lambeu minha pele soltando um pequeno miado como se me dissesse que tudo iria ficar bem.
O problema era que os gatos não faziam a menor ideia de como funciona o mundo real.
Passei o resto do dia bebendo e pensando nos piores cenários, até que finalmente dormi com o coração apertado e a mente dando voltas.
Uma música irritante não parava de tocar e praguejei baixinho ficando zonza ao levantar do chão mais rápido do que o recomendado depois de uma noite embebida em álcool.
Como eu tinha ido parar ali?
O sol banhava minha sala indicando que já passava das oito da manhã e esfreguei o rosto com as duas mãos enquanto caminhava até a pia da cozinha.
Abri a torneira e bebi uma grande quantidade de água, saciando a sede provocada por uma ressaca filha da puta.
De repente aquele barulho voltou com força e demorei alguns segundos para lembrar de que esse era o toque do meu celular.
— Mas que inferno... -Procurei o aparelho entre a enorme bagunça que eu tinha feito na noite anterior e quando o encontrei, meu sangue gelou ao ver a quantidade de ligações perdidas de Suzanna.
Oh não, isso não era um bom sinal.
Como se soubesse que eu estava com o celular naquele exato momento, ela voltou a ligar e atendi com as mãos trêmulas e uma vontade insana de vomitar.
— Alicia, pelo amor de Deus, estou te ligando desde as seis da manhã! -Balancei a cabeça para os lados me sentindo péssima.
— Me desculpe, Suzy, estava dormindo e...
— Ali, não tenho muito tempo, então me escuta com atenção. -Meu coração errou uma batida e esperei que ela continuasse. — O resultado da balística saiu e não sei como, mas deu compatibilidade com a sua arma. Alguns policiais acabam de ir para a sua casa, você tem pouco tempo para dar o fora daí!
— M-mas que porra é essa? -Gritei correndo para o meu quarto.
— Eu também não estou entendendo nada, mas uma amiga que trabalha no laboratório me mandou uma mensagem me avisando.
— Droga, eu... droga! O que vou fazer? Para onde irei? - Enfiei algumas roupas na mochila que usava para viagens enquanto conversava com Suzanna pelo viva voz.
Também coloquei Chess na sua mochila de transporte junto com alguns sachês de comida e seu brinquedo preferido.
— Vá para algum hotel e pague em dinheiro, quando eu sair da delegacia te ligo para que resolvamos isso, ok? Preciso ir antes que desconfiem de mim, mas vou entrar em contato mais tarde para ver como você está. -Minha amiga sugeriu com a voz baixa como se estivesse se escondendo.
— Tudo bem, hã, obrigada Suzy. Te devo essa...
— Na verdade quem te deve sou eu, Ali. Prometo que vou te ajudar assim como você me ajudou. Até mais tarde.
O telefone ficou mudo de repente e aproveitei para continuar pegando o que julguei necessário.
Nunca tinha precisado fugir e não fazia ideia de como proceder.
Para onde iria? E se me encontrassem? Será que eles me levariam presa?
Será que...
Meus pensamentos foram interrompidos por batidas na minha porta me causando um sobressalto.
— Alicia, abra a porta, queremos falar com você. -Reconheci a voz abafada quase de imediato.
Rage Fanning, um dos policiais mais idiotas da minha divisão.
Merda. Merda. Merda.
O que eu faria?
Chess se remexeu descontente por conta da falta de espaço e girei no meu próprio eixo procurando uma saída que não implicasse ter que pular uma janela, por exemplo.
Péssima hora para morar no terceiro andar.
— Não adianta fugir, Medina. Sabemos que está aí, só queremos te fazer algumas perguntas...
Agora era Andrew quem falava com a voz suave como se eu não soubesse exatamente o tipo de pessoa que ele era.
Corri até a sacada e olhei para baixo sentindo uma leve vertigem pela altura sabendo que se eu pulasse dali provavelmente quebraria todos os meus ossos junto com Chess.
Droga.
Sequer seria capaz de pular até a sacada do vizinho, já que a distância entre as duas também me faria cair estatelada no chão.
A saída de incêndio ficava no corredor ao lado do elevador.
A minha única saída era a porta da frente.
— Vamos garota, estamos perdendo a paciência. -Rage parecia realmente irritado e não tive outra alternativa senão caminhar até a porta com o coração batendo tão rápido quanto um tambor.
Coloquei Chess no chão ainda dentro da bolsa e levei a mão até a maçaneta girando-a lentamente.
— O que querem comigo? Estava no banho... -Cruzei os braços tentando disfarçar o fato de que eu já sabia de tudo.
— É mesmo? Você sequer está molhada. -Andrew molhou os lábios com a língua e não consegui conter um arquejo.
— As toalhas existem justamente para isso. -Ralhei.
Os dois trocaram um olhar cúmplice me fazendo tremer.
— Podemos entrar? -Rage tentou empurrar a porta com o pé.
— Acho que não. -Neguei rapidamente.
O que eles tinham na cabeça?
Eu sabia que não podiam entrar na minha casa sem uma ordem, no entanto, essa formalidade pareceu não lhes importar quando os dois insistiram com a feição séria.
— Qual é, Alicia. Só queremos conversar um pouco. -Rage pediu outra vez.
— E não é isso o que estamos fazendo? Não precisam entrar na minha casa para falar, até onde sei. -Sorri debochada mostrando todos os dentes e isso pareceu lhe irritar ainda mais e em um movimento rápido, o idiota abriu a porta com o próprio corpo me fazendo dar alguns passos para trás.
Os dois entraram em seguida, o olhar indo direto para a bolsa jogada em cima do sofá.
— Estava planejando viajar? -Andrew indagou levantando uma calcinha de renda que havia caído sem que eu percebesse.
Revirei os olhos de saco cheio daquilo.
Nós três sabíamos muito bem o que aconteceria e não fazia sentido atrasar o inevitável.
— É o seguinte, dupla de idiotas, sei que vocês não vieram aqui para tomar um chá com biscoitos, então por que não acabamos logo com isso? - Tirei meus anéis colocando-os em cima da mesa com calma ao mesmo tempo em que virei o pescoço para um lado e para o outro produzindo um som de estralo.
Rage deu de ombros e Andrew abriu um sorriso macabro.
Eles definitivamente não pegariam leve comigo, mas eu não sairia dali sem lutar.
— Seu pedido é uma ordem, gata. Eu sempre quis saber se você era tudo aquilo que falavam por aí... -De repente os dois vieram para cima de mim e em questão de segundos estava recebendo e distribuindo socos e pontapés.
Eu tinha treinado durante vários anos e lutar não era uma novidade para mim, contudo, ter dois oponentes sempre implicava certa dificuldade e tive que me esforçar para conseguir atingi-los o máximo que podia antes de que ficasse cansada.
Eles alternavam entre si para me bater e pareciam estar se divertindo com o fato de que eu estava claramente em desvantagem.
Depois de vários minutos nesse impasse, consegui aplicar um jab de direita certeiro em Rage que cambaleou para trás caindo a poucos metros de Chess que para a minha sorte ainda estava dentro da mochila.
Andrew aproveitou minha distração para me puxar para trás pelos cabelos e gritei sentindo tanta raiva que minha garganta ficou rouca.
— Não sabe lutar, Andrew? Precisa apelar para um puxão de cabelo como uma menininha do colegial? -Provoquei rindo mesmo ao sentir a dor ao ter meu couro cabeludo arranhado pelas suas unhas nojentas.
De alguma maneira ele conseguiu me imobilizar levando meus braços para trás e Rage se levantou em um pulo caminhando lentamente até parar na minha frente.
Seus dedos apertaram meu queixo me fazendo soltar um gemido de dor.
— Pobrezinha, achou mesmo que conseguiria lidar com nós dois sozinha? -Seu olhar deslizou pelo meu corpo coberto com uma bermuda e uma blusa folgada. — Mas eu vou te mostrar o que acontece quando alguém não faz o que pedimos.
Sua mão livre se levantou em um punho e minha pele ardeu quando ela veio de encontro à minha bochecha.
— Maldito! Você vai pagar caro por isso. Vou fazer questão de que saibam o que você fez comigo. - Cuspi o sangue no seu rosto arrancando-lhe uma gargalhada divertida enquanto ele limpava algumas gotas que haviam caído no uniforme azul.
— É mesmo? E quem vai acreditar em você? Porque não estou vendo mais ninguém aqui... - Chess não parava de miar e curiosamente o meu maior medo naquela hora foi ser levada para longe e deixá-la desamparada.
Eu jamais me perdoaria se algo lhe acontecesse e só de pensar que ela poderia literalmente morrer de fome por minha culpa, meu estômago se contorcia de raiva e impotência.
O desespero me invadiu e apertei as pálpebras rezando para que um milagre acontecesse, que encontrasse uma maneira de me livrar daqueles dois e fugir para bem longe.
E já estava quase me resignando e aceitando o fato de que minha vida tinha acabado, quando uma voz grave e fria soou desde o corredor.
— Dê a volta então, imbecil. -Rage me soltou apenas para se virar bem a tempo de ver três homens gigantes entrando no meu apartamento.
NOTA DO AUTOR
Sextouuuuuu daquele jeito hahaha
Como prometido, aqui está o primeiro capítulo de hoje,
em seguida postarei o segundo!
Espero que tenham gostado.
Não se esqueçam de votar e comentar!
Amo vcs, 🥰
Bjinhosss BF 🖤🖤🖤
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top